A Rosa indomável escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 8
Kahlo




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Rose teve uma noite tranquila como há dias não conseguia ter. Talvez devesse continuar com os problemas para dormir, com a consciência pesada por estar usando aquele trasgo do Malfoy, mas muito diferente disso dormiu como uma rainha.

― Olá Rose. – Uma garota muito loira parecia muito feliz em vê-la e Rose não fazia ideia do nome da garota. Apenas acenou e sorriu.

― Bom Dia Rose! – agora uma morena.

― Como vai Rose?

― Tudo bem Rose?

― Quer sentar comigo Rose?

― Adorei seu penteado!

― Seu tênis é muito bonito!

E a ruiva não sabia o nome de nenhuma daquelas pessoas. Garotas que pareciam interessadas em fazer amizade com ela, ou fingir que se importavam.

― Bom dia. – Rose sentou em frente ao irmão. Observou que ele estava péssimo, certamente não dormira tão bem quanto ela. – Você está bem?

Preocupou-se. Todos podiam pensar que era uma espinhenta irritada ou que não tinha sentimentos, mas não era verdade. Rose tinha sentimentos demais por isso queria mudar o mundo. Por isso queria igualdade. Por se preocupar com as pessoas.

O irmão soltou apenas um grunhido esquisito que não fazia sentido.

― Você dormiu? – Rose se ergueu para conseguir colocar as mãos na testa do ruivo. – Está um pouco quente.

Hugo deu de ombros.

― Precisa ir à enfermaria. – Rose parecia exasperada. – Sabe que suas febres pioram rápido.

― Rose, não é nada. – Hugo disse sem realmente olhar para irmã. – Só tive uma noite ruim.

Ela o examinava com cuidado. Não tinha certeza se poderia confiar na palavra do garoto. Seu irmão podia ser teimoso como uma mula, herança genética dos pais.

― É sério. – Hugo a encarou. – Estou bem.

Rose não ficou confiante com a afirmação. Iria ficar de olho no garoto.

Scorpius observava a cena de longe. A mesma garota que o chutava, jogava tinta em seus cabelos, arremessava livros e balaços era a que estava carinhosamente falando com o irmão. Como que uma pessoa podia ser duas ao mesmo tempo ele não fazia ideia, mas gostou de observar.

― Bom dia. – O loiro sentou-se ao lado da namorada. – Não me esperou para virmos juntos.

― Argh! Eu disse que não precisamos fazer tudo junto.

― Mas namorados tomam café da manhã juntos. – Scorpius pegou na mão dela.

Rose estava pronta para empurra-lo para longe, mas o coro de “ah" tomou conta do lugar e ela apenas sorriu. O dia mal tinha começado e já estavam a enlouquecendo.

― Cunhadinho? Está bem?

Hugo e Rose falaram ao mesmo tempo.

― Não me chame de Cunhadinho.

― Não o chame de Cunhadinho.

Malfoy apenas deu risada e continuou apertando a mão de Rose.

― É mal de amor? – Scorpius perguntou.

Hugo arregalou os olhos e quis enfiar a cabeça na tigela a sua frente. Porém não respondeu. Ignorou a irmã e o suposto cunhado e ficou lendo uma revistinha em quadrinhos que gostava.

Sua pele cada vez mais rosada.

― Preciso resolver umas coisas. – Rose disse distraída. – Pode ficar de olho nele?

Ela estava pedindo um favor para Scorpius Malfoy. Não acreditava. Mas a quem pediria? Não tinha mais amigas.

O loiro acenou afirmativamente. Rose se afastou planejando sua retomada. Precisa de planos concretos começou a ganhar a atenção necessária.

            xx

Desta forma, estava parada olhando o portal de entrada para a sala da diretora. Andava de um lado para o outro ensaiando o que ia falar. Afinal a última vez que havia se encontrado com ela tivera umas atitudes que McGonagall poderia tê-la quase expulsado da escola. Sabia, por causa do café da manhã, que seu namoro falso com Scorpius estava tendo efeito sob sua influência sobre as pessoas, mas não achava que isso era um ponto a favor em relação à diretora. Antes, porém que ela subisse a própria mulher que esperava resolveu descer e ficou de frente a ela.

― Bom dia diretora – a cumprimentou o mais meiga que conseguiu.

McGonagall olhou séria para a garota e já imaginou que seu dia seria longo e com muita dor de cabeça.

― É rápido – Rose lhe assegurou assim que viu a cara de poucos amigos dela – Sei que nosso último encontro foi um pouco perturbado.

― Nem estou lembrando – mentiu a velha senhora ainda tinha dores de cabeça lembrando-se daquele dia.

― É... eu só queria autorização para usar uma sala de aula vazia durante uma ou duas noites por semana para reuniões – disse o mais desinteressada possível como se aquilo não fosse a coisa que mais queria no mundo.

― Para a senhorita destruir como fez na biblioteca?

― Aquilo foi atípico – tentou se justificar – Foi porque estava brigando com Scorpius, mas agora já fizemos as pazes.

― Pazes? São amigos? – cruzou os braços na frente de seu corpo estranhando mais ainda o rumo que aquela conversa estava indo.

― É... – ela não sabia o que responder.

― Então o senhor Malfoy participaria dessas reuniões?

― Ele na verdade é o elo da reunião – confessou apreensiva.

― A resposta é não! – Rose abriu a boca indignada – Imagine o estrago que fariam brigando nessas reuniões.

― Mas a gente tá namorando, não brigaríamos – odiava ter que falar desse assunto para um adulto, ainda mais a diretora que podia dedurar ela a sua mãe no qual era muito amiga.

― Namorando?

― É... Tanto ódio né... – começou a coçar a cabeça tentando arrumar mais desculpas – ódio se equivale ao amor.

McGonagall a olhou analisando o pedido, já havia emprestado tanta salas para alguns alunos se negasse a garota ela com certeza não ia largar do seu pé, a fazendo ter mais dores de cabeça.

― Não me convenci dessa história de namoro, mas – ela respirou fundo como criando coragem de dizer o resto – te emprestarei com algumas condições. Vai assinar um papel prometendo que cumprirá tudo o que estiver escrito lá. O que envolverá não destruir o aposento.

Rose abriu um sorriso de orelha a orelha e quase a abraçou.

― Passe na minha sala depois da aula para assinar.

― Obrigada diretora! – disse empolgada – Não vai se arrepender.

Ou talvez se arrependesse já que ela infernizaria a cabeça dela durante um bom tempo se conseguisse apoiadores para suas ideias a serem implantadas no castelo.

xx

Scorpius estava tomando seu café da manhã olhando o livro que tinha roubado emprestado de Rose, se assim poderia dizer, queria terminar de ler logo para a garota não notar seu sumiço. Levantou os olhos da leitura e reparou em Hugo a sua frente.

Os olhos dele estavam vermelhos, seu rosto inteiro estava vermelho, parecia que estava quase desmaiando.

― Weasley cara! – Scorpius exclamou preocupado – Você está se sentindo mal?

― Eu só não dormi muito bem essa noite – disse tão baixo que o sonserino quase não ouviu.

Rose apareceu do lado dos dois sorrindo. Scorpius apressou a guardar o livro antes que ela visse.

― Rose, seu irmão... – Scorpius começou a chamar a atenção de Rose, mas antes de terminar sua fala Hugo desmaiou em cima da mesa.

― Hugo! – ela gritou desesperada – Não te disse pra cuidar dele?

― Eu estava... Eu... – engasgou ao dizer – Nunca cuidei de ninguém antes.

― Venha me ajude a levá-lo na enfermaria.

Pediu exasperada. Scorpius colocou um dos braços dele em seu ombro e outro no de Rose tentando se equilibrar para levá-lo dali.

― Meu Deus ele está queimando em febre – ela comentou mais desesperada ao sentir a pele de seu irmão na dela.

Assim que chegaram a enfermaria a responsável pelos cuidados com alunos levou um susto ao vê-los por lá. Lembrava-se muito bem de Rose e já foi logo deixando claro que não queria que ficassem a atrapalhando.

― Olha não quero brigas aqui, já vou logo avisando.

― Por Deus! – exclamou Rose já sem paciência – Não está vendo que meu irmão está ardendo em febre?

Scorpius reparou na garota e o quanto ela estava preocupada.

 A enfermeira deu uma poção ao garoto e o cobriu com cobertor e pediu para os dois irem para a aula e que avisaria quando ele melhorasse.

Rose tinha os olhos apertados de preocupação, parecia até que ia chorar.

― Ele vai ficar bem – disse a ela tentando consola-la.

Estavam indo para a aula de poções que dividiam naquele dia.

― Eu lembro uma vez que ele ficou doente de repente. Eu tinha oito anos e ele seis, estávamos brincando na frente de casa e ele começou a ficar quieto, estranhei, mas não chamei minha mãe, no minuto seguinte estava ardendo em febre e acabou desmaiando como hoje – ela suspirou tristemente, não acreditava que estava desabafando com ele – Eu lembro dos meus pais levando ele de carro para o pronto socorro, eu sentada atrás com ele e de repente Hugo começou a convulsionar.

Scorpius engoliu em seco sem saber o que dizer.

― Eu lembro da cena claramente e agora fiquei angustiada achando que podia acontecer de novo, na minha frente.

Scorpius relou sua mão no ombro dela como que a consolando. Rose encostou a cabeça no peito dele cansada, assustada, pedindo um ombro amigo.

O garoto não acreditou no que estava acontecendo, será que era permitido ele a abraçar? Ou acariciar seus cabelos?

― A culpa é sua! – ela levantou a cabeça dando um soco no ombro do rapaz – Pedi pra cuidar dele!

― Eu... Eu...

― Rose! O que aconteceu com o Hugo? – era Lily desesperada chegando perto da prima.

Rose virou sua cabeça e observou a prima angustiada ao lado dela.

― Fez alguma coisa com ele Lily?

― Eu?

― Ele não estava bem desde ontem e quando ele não está bem é sempre por causa de você!

― Por minha causa? – ela questionou intrigada – Eu não fiz nada, juro. O que aconteceu com ele?

― Está ardendo em febre – respondeu mais calma a.

― Ele vai ficar bem – disse Scorpius a Lily.

― Você não sabe – Rose colocou o dedo indicador no peito do garoto – E a culpa é sua.

Dizendo isso deu as costas para os dois e resolveu entrar na sala de aula.

xx

Quando Hugo abriu os olhos encontrou uma das enfermeiras verificando sua temperatura. Não se lembrava como tinha chegado até a enfermaria. Não queria ter chegado até ali.

― Hei... – ele falou chamando atenção da enfermeira.

― Que bom que acordou. Mas a febre parece não querer baixar. – A enfermeira parecia insatisfeita.

― Sempre demora um pouco mais que o normal. – Hugo avisou.

― Terá que ficar de observação. – Ela o avisou.

― Pode me fazer um favor?

― Claro querido. – Pela primeira vez ela sorriu. – O que quer?

― O que não quero na verdade. – Hugo virou-se para a enfermeira não ver seus olhos. – Pode dizer que ninguém pode me ver?

A essa altura Lily já deveria saber do ocorrido, as notícias corriam pelo castelo. Não queria vê-la. Nem nenhum deles. Dave, Anne e Lily. Precisava de um tempo de todos eles. Precisava de um tempo até dele mesmo.

― Sua irmã... – Aparentemente nem mesmo as enfermeiras queriam lidar com Rose.

― Só ela?- Hugo pediu. – Só Rose.

― Claro querido. Agora descanse.

Hugo sentia a face quente. Detestava o jeito como sua febre era exagerada. Ele tentava ser sempre discreto, mas quando a febre aparecia ele deixava de ser quase invisível para chamar a atenção de todos. Fechou seus olhos e tentou organizar os pensamentos.

Desvantagens de morar na sua escola, quando as coisas dão errado você não pode correr para casa e esconder em seu quarto.

xx

Scorpius analisava Rose ao longe na aula de Poções, ia sentar-se com ela, mas achou que ela precisava de um tempo para assimilar tudo o que estava acontecendo. Chegou perto de seus amigos e já ouviu besteiras.

― Problemas no paraíso? – perguntou Otto.

O loiro logo imaginou que ele achava que tinham brigado. Parou de olhar Rose e reparou em toda sala, alguns olhares eram lançados a ele e Rose e cochichos por todos os cantos.

― Ela só precisa de um tempo sozinha – respondeu calmante.

― É assim que começo a ganhar a aposta – disse Markus rindo abertamente.

Rose escrevia rapidamente em um papel, estava concentrada e nem reparou que a sala praticamente inteira olhava para os dois. Decidiu ir até ela mesmo que fosse levar mais espinhos.

― Não brigue comigo – pediu assim que viu a cara zangada da garota quando notou ele ao seu lado – Estão achando que estamos tendo nossa primeira briga no namoro.

Rose ergueu a cabeça e viu que praticamente a sala inteira estava os olhando.

― Vocês não tem nada para fazer?! – gritou sem se importar que estava no meio da aula.

― Senhorita Weasley, controle-se por favor – pediu o professor de poções que até então estava explicando os passos para fazer a poção do morto-vivo.

Rose suspirou cansada e continuou a escrever. Scorpius ergueu seus olhos por cima de seus ombros e reparou que não era nada relacionado à aula.

“Lista de coisas urgentes para se fazer antes da primeira reunião:

Pedir para o Hugo desenhar um cartaz com alguma imagem chamativa do nosso movimento.

Inventar um nome para nosso movimento.

Chamar pessoas de diferentes classes sociais, cores e aparências.

Tentar chamar algum elfo.

Ir até a sala da diretora assinar o acordo para saber em que sala vamos poder nos reunir...”

― O que está fazendo? – perguntou brava a ele reparando nos olhos apertados de Scorpius lendo seu papel.

― Só estou curioso.

― A curiosidade matou o gato.

Ele sorriu abertamente. Não ia deixar de azucrina-la.

― Também te acho gata.

Rose suspirou cansada. Estava sem paciência nenhuma, não queria brigar com ele. Estava pensando em Hugo ao mesmo tempo que tinha tantas coisas para resolver para ter finalmente a primeira reunião.

Quando foi almoçar mais tarde com Scorpius em seu encalço carregando todos seus materiais decidiu que não iria nas aulas da tarde.

― Preciso conversar com meu irmão. A essa altura ele já deve ter acordado.

Scorpius apenas concordou com a cabeça e viu ela sair de perto dele. Ainda encarregado dos materiais dela, vasculhou em sua bolsa até achar a lista que Rose tinha feito mais cedo na aula de poções.

― Sua irmã está aqui – anunciou a enfermeira e Hugo viu a garota chegar perto dele com um olhar de preocupação. O mesmo olhar de sua mãe.

― Como está se sentindo?

― Melhor, não havia necessidade de me trazerem aqui.

― Claro, você desmaiar de febre não é nenhuma necessidade de te trazer aqui.

Hugo abriu a boca para retrucar, mas ela logo o cortou.

― Não quero brigar, quero conversar – o garoto suspirou – Sei que está acontecendo alguma coisa.

― Não está acontecendo nada – mentiu.

― Podemos ficar o dia inteiro aqui se preciso. Sei que pediu a enfermeira para proibir de virem de visitar. Todos menos eu. Precisa desabafar Hugo.

O garoto olhou a irmã a sua frente, Rose sempre conseguia o que queria com ele, nem se fosse aos gritos ou sendo insistente demais. E além de tudo precisava desabafar com alguém.

― Vou te contar tudo, mas em certa altura se decepcionara comigo.

― Comece logo – ela exigiu e o rapaz começou a contar tudo.

xx

Lily não conseguia comer, mexia em seu prato brincando com a comida. Havia saído das aulas da manhã e correu na enfermaria para ver Hugo, mas foi barrada na porta. As palavras de Rose estavam a assombrando. Ficou pensando consigo o que poderia ter feito para deixar o primo doente.

― Me dê um tempo Dave – disse Anne saindo de perto do rapaz que tentava beijar ela de novo.

Lily ergueu o rosto e reparou que a melhor amiga estava com a feição cansada.

― Achei que...

― Está me sufocando – confessou o que fez o namorado sair de perto das duas.

Lily continuava analisando o comportamento da amiga. Será possível que estava desencantando de Dave?

― Não me olhe assim, às vezes só preciso conversar – confessou à amiga.

A ruiva aproveitou que estava a sós com ela e resolveu desabafar.

― Anne diga para mim, reparou se fiz alguma coisa ruim para o Hugo ontem ou esses dias atrás?

A morena olhou a amiga tentando pensar em algo.

― Está se culpando por ele estar doente? Não fez nada Lily fique tranquila.

― É que minha prima me falou uma coisa que me deixou... – ela começou dizendo a amiga, como se fosse um segredo – Disse que ele estava estranho e que toda vez que fica assim é por minha causa.

― Ah Lily, não dê ouvidos para o que sua prima fala, sabe que ela é sempre muito intensa.

A ruiva não se convenceu com a amiga. Precisava falar com Hugo urgentemente. Não podia lhe ver, mas se lhe enviasse uma carta?

xx

Rose estava sentada encarando o irmão sem expressar nenhuma reação. O que era um péssimo sinal já que a garota era muito expressiva usando sempre caretas ou revirando os olhos.

Enquanto Hugo falava sua pele mudava de pálido com sardas para rosado com sardas finalmente chegando em vermelho com sardas quando chegou na parte em que expunha suas cartas e também as cartas de Lily.

No fundo não acreditava que estava confessando tudo para sua irmã, mas apesar do que todos pensavam e conheciam da garota Hugo conhecia a de verdade. Sabia que só Rose ficaria acordada ao seu lado quando teve convulsões no passado, sabia que ela era ótima em fazer sanduíches de madrugada, que às vezes ela apenas deitava nos ombros dele quando ser ela era cansativo demais e precisava de uma folga. Os dois se conheciam como ninguém mais.

― Tudo bem. – Hugo disse por fim. – Pode acabar comigo.

Rose estava um pouco sensível. Era forte e quase nunca chorava. Mas os dias estavam tão difíceis. Era para ser um último ano cheio de manifestações, cartazes, lutas, junto com as amigas. Mudaria o castelo para sempre e deixaria seu marco. Precisava descobrir se era capaz de mudar tudo. Mas agora tinha um namoro falso para conseguir apoio, suas amigas viraram as costas para ela e seu irmãozinho em estado febril por causa de amor. Certamente não era esse tipo de mudança que ela esperava.

― Ai Hugo...- Ela o abraçou e deixou as lágrimas caírem uma a uma. – O que está acontecendo com a gente?

A questão era que crescer nunca seria fácil, é uma mudança drástica de comportamento e de ideais.

― Eu sinto muito... – Hugo disse nos cabelos da irmã. – Você sabe né? As coisas saíram do controle.

― Enganar as pessoas é errado Hugo. – Rose suspirou. Como se ela não estivesse enganando o castelo todo com um namoro falso – Vocês todos estão errados...

― Eu sei...

― Você tem um pouco mais de culpa por saber de tudo e continuar querendo que continuem com as cartas. – Ela respirou fundo.

― Vou parar, mesmo que mudem de ideia. – Hugo disse cabisbaixo.

― E tem que contar para Anne e Lily.  – Rose determinou. – E dizer para elas contarem para Dave.

Hugo resmungou insatisfeito.

― Se não contar eu conto. – Rose determinou.

O ruivo concordou. Não saberia como fazer, mas sabia que a irmã seria capaz mesmo de contar para todos. E seria uma tragédia grega.

― Preciso que você se cuide.- Rose disse fazendo cafuné.

― Vou me cuidar.

― Hei, você continua sendo o melhor garoto desse castelo. Um deslize não te transforma em um monstro. Eu estou te lapidando para ser o melhor cara do mundo. Quando for velho terá uma fila de mulheres espertas querendo você na vida delas. – Rose sorriu orgulhosa. – Não se humilhe nunca por ninguém. Não importa quem seja a pessoa.

― Não irei me humilhar. – Hugo respondeu pensando que já era humilhação suficiente ficar com febre emocional.

― Olha pra mim. – Rose pegou no rosto do irmão. – Me promete.

― Eu prometo.- Hugo disse sentindo o abraço da irmã.

― Ótimo. – A ruiva parecia aliviada. Se algo podia a preocupar esse algo era o irmão. – Agora não entendo qual a graça desse Dave, o ruivo dele nem é assim tão bonito quanto o nosso.

Ela jogou os cabelos para trás fazendo Hugo rir.

Ficaram um bom tempo conversando e rindo. Lembrando da infância e do quanto sempre estavam assustando o pai com alguma queda estranha ou ossos quebrados. Ron se desesperava e somente a mãe deles conseguia resolver. Mantinha a calma os pegava no colo e resolvia tudo. Depois deixava que ficassem passando o nariz em seu cabelo.

Hugo sentia-se um pouco melhor, apenas precisava resolver como iria deixar tudo normal novamente.

― Terei que resolver muitas coisas agora. – Rose disse se levantando.- Nem sei se conseguirei fazer tudo.

― O que está aprontando?

― Estou mudando o mundo Hugo. – Ela sorriu confiante. – Quando sair daqui vou precisar da sua ajuda. Fica bem logo.

Deixou o irmão dormindo mais um pouco. Assim que saiu uma carta flutuou até Hugo pousando suavemente em seu peito.

xx

As paredes do castelo estavam cheias de panfletos coloridos, chamavam a atenção de qualquer um, tinham um rosto bem conhecido de Rose. A imagem da mulher, por muitos considerada feia, mas uma das caras do feminismo principalmente na América. Rose pensou que Nancy tinha sido mais rápida que ela e estragaria sua reunião, sua chance de conseguir o que sempre quis. Voz.

― Não acredito que a Nancy está – ela bufou nervosa. Não podia nem cuidar do irmão que a ex-amiga atacava com tudo.

Arrancou um deles da parede e só de perto conseguiu ler.

“Kahlo!

Você que se sente indiferente.

Venha amanhã para sala do corredor três, depois da janta.

Nós não nos calamos. Não perca!

Rose Weasley e Scorpius Malfoy”.

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― Meu Merlim...

― Gostou? – Scorpius parou orgulhoso atrás da ruiva quase a matando do coração.

― Você... Você fez isso? – perguntou surpreendida virando-se para encara-lo.

― Bom... - abriu o maior sorriso do mundo – Vi que você tinha escrito aquela lista na aula e como estava preocupada com seu irmão resolvi adiantar as coisas. Pedi para um amigo desenhar e escrever no cartaz, fiz várias cópias magicamente. Depois fui conversar com a McGonagall, que me fez assinar um papel, estou assinando muitos papéis esses dias, e ainda passei na cozinha para convidar alguns elfos para a reunião, porque queríamos ouvi-los. Então estava nos corredores terminando de colar os cartazes e te encontrei.

― Como? Bem... – ela ainda estava sem palavras, seu cérebro estava pensando mais rápido do que conseguia proferir em palavras – Como pensou no nome do clube? Você conhece Frida Kahlo?

― Bem tem isso – ele ergueu seu dedo indicador, não queria falar que tinha roubado/emprestado o livro da garota então resolveu contar uma mentirinha de leve – Outra coisa que achei nos seus pertences, o livro da biografia dela. Achei que seria interessante.

Rose sorriu feliz pela primeira vez depois de tanto tempo, finalmente seus planos estavam dando certo.

― E então o que achou? Gostou? – ele precisava de sua resposta. Quem sabe de um abraço de agradecimento. Poderia pelo menos voltar a cheirar o cabelo dela. Seu cheiro preferido.

Ela estava radiante reparando nos detalhes do cartaz, passava o dedo pelo nome do grupo, seus olhos brilhavam.

― Você foi... – ela o encarou ainda sorrindo, ia falar que tinha sido genial – Você foi...

― Fui espetacular não fui?

― Foi razoável – o cortou lembrando-se que o garoto era convencido demais e não merecia um elogio seu – Eu faria muito melhor, mas dá pro gasto. Vamos ter que trabalhar com isso.

― Você não gostou? – perguntou realmente chateado. Tinha dado duro a tarde toda, levou bronca dos professores por estar elaborando o cartaz em aula, ouviu sermões da diretora para cumprir o acordo e não destruir a sala, sendo que ele nem tinha destruído a biblioteca da outra vez, fez um discurso ensaiado aos elfos tentando convence-los a irem ao clube para deixar ela mais feliz e no final era recebido com um razoável?

― Já disse, dá pro gasto. Conseguiremos trabalhar com isso.

Ele mudou sua feição para ela. A garota percebeu que ele havia ficado chateado.

― Eu vou... – ele começou a dizer pensando em uma desculpa – Vou só embora...

Virou as costas para ela sem se despedir. Rose ficou observando ele sair chateado de perto dela. Sentiu seu coração se apertar, havia sido muito dura com o rapaz? Bom, melhor assim. Ele não merecia um voto de confiança, afinal tinha feito tantas coisas horríveis com ela e outras garotas da escola. Então porque estava sentindo um aperto no peito e um arrependimento de não ter agradecido todo o esforço dele?

xx

Hugo abriu a carta na enfermaria e logo reconheceu a letra. Seu coração começou a disparar acelerado. Começou a passar os olhos pelo que ela havia escrito.

“Hugo me desculpe, não sei o que fiz, mas me desculpe. Rose me disse que toda vez que você fica estranho é por minha causa e que estava assim ontem e hoje cedo. Me desculpe.

Sei que sou uma péssima amiga, só falo de mim e de meus problemas. Deve ser um saco ser meu amigo tentando me aconselhar na minha trágica vida amorosa.

Eu sempre faço tudo errado. Me desculpe.

Quando fiquei sabendo que estava com febre lembrei da vez que te vi ficar muito doente na minha frente, você não conseguia ficar com os olhos abertos. Fiquei com medo de não te ver mais de olhos abertos. Me desculpe.

Senti tanto a sua falta hoje, você é meu melhor amigo, meu confidente, o melhor primo do mundo, o garoto mais incrível que já conheci. Me desculpe por ser uma péssima amiga.

Só me desculpe.

Lily”

Hugo tremia, estava suando, sentiu que sua febre estava voltando. As inúmeras reações que Lily lhe causava.

Pegou um pedaço de papel e uma pena em cima do criado mudo. Começou a lhe responder.

“Lily...

Há tantas coisas que preciso lhe dizer, tantas coisas que preciso lhe contar. Não é sua culpa eu estar doente e nunca será. É só meu corpo combatendo alguma coisa errada dentro de meu organismo.

Talvez seja só meu coração que anda fazendo algumas besteiras ultimamente. Meu coração é um órgão que parece gente. Fala sozinho, tem vontades próprias, adora se meter em enrascadas. Talvez esteja na hora de eu dar uma repreendida nele. A febre veio para me ajudar a combatê-lo, me ajudar a colocá-lo em seu devido lugar e faze-lo se calar e parar de fazer bobagens.

Meu coração está cansado de lutar, cansado de errar, cansado de ser deixado para trás.

Não é sua culpa.

Hugo”

Não sabia ao certo o que ela iria pensar da carta, nem se entenderia a parte do coração, mas pediu para a enfermeira mandar por uma coruja suas palavras a prima. Dobrou o papel com as palavras de Lily e colocou ele em cima do seu peito, do lado esquerdo, em cima do coração.  A verdade era que estava feliz de estar se correspondendo com ela sem máscaras e amarras. Podia ser ele mesmo pela primeira vez.


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Notas finais do capítulo

Tentei de todas as maneiras colocar a imagem no meio do capitulo e não consegui. tem no link, espero que tenham conseguido ver. Então estamos esperando comentários, nos digam o que acharam desse capitulo bem maior que os outros.



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