A Rosa indomável escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 7
Novas lições




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Scorpius olhava a garota a sua frente sem saber o que responder, queria namora-la é claro, nem que fosse de mentira, mas não com todas essas regras e pior com punições se desrespeitasse alguma delas. A única que queria e tinha que desrespeitar era a do beijo. Mas pensou em uma solução.

― Posso só acrescentar um parêntese nessa história do não beijo?

― Não existe parêntese na regra do beijo – negou automaticamente.

― Só me escute – pediu. Ela deu de ombros o que fez ele prosseguir – Poderia ter o beijo sem nascer furúnculos se...

― Não existe beijo sem furúnculos – negou automaticamente.

― Se... – ele levantou o dedo indicador na frente do rosto dela fingindo que não tinha ouvido suas palavras – você me beijar.

― Eu? – ela começou a rir – É claro que não vou te beijar.

― Já que nunca vai acontecer pode colocar isso no contrato então.

Rose estreitou seus olhos para ele.

― Se eu te beijar não nasce os furúnculos. Agora se você me beijar nasce?

― Digamos que ter a iniciativa do beijo. E aí, tem como colocar esse pequeno detalhe no contrato? – ele ergueu o papel no ar – Ou você está com medo de sucumbir a vontade de me beijar?

― Faz me rir – ela deu uma risada sarcástica a ele. Pegou o papel da mão dele e acrescentou palavras no final.

Ambos assinaram o papel selando o acordo.

Enquanto assinava Scorpius pensou que ainda bem que era um contrato e não um voto perpétuo, não tocaria no assunto para não dar ideias para a garota. Já era louca o suficiente.

xx

Sempre que estavam juntos Anne e Dave estavam se agarrando. Parecia que tinham nascidos grudados um ao outro. Pelos corredores as pessoas ficavam rindo e comentando. Inclusive Lily escutou pessoas chamando eles de “casal sucção” e aquilo era extremamente constrangedor. Beijavam-se como se não houvesse amanhã, mas quando se separavam era um silêncio ensurdecedor.

Ficavam olhando um para o outro ou para os colegas em volta. Era Hugo quem acabava tentando puxar assunto enquanto Lily tentava não demonstrar a dor em seus olhos. Lembrava-se do beijo que trocara com seu grande amor e não compreendia como ele conseguia fingir que aquele momento não tinha acontecido e ainda por cima continuava beijando Anne na sua frente.

― Estou começando a anotar a lista de artefatos trouxas que nossos colegas têm interesse, deixarei vocês colocarem no topo da lista e faço um pequeno desconto. - Hugo disse interrompendo o beijo que estava se iniciando. Arranhou a garganta e fez os amigos ficarem atentos.

― Hugo, qualquer dia a diretora descobre esse seu “negócio” que eu chamaria de contrabando. – Lily finalmente esboçou um sorriso.

― Se nenhum cliente contar ela não descobrirá. E se algum cliente contar ele ficará sem nada e os outros transformarão a vida dessa pessoa em um inferno. – Hugo deu de ombros.

― Os garotos jamais contariam. – Dave disse rindo. As revistas que a maioria dos meninos compram são aquelas que escondem embaixo da cama.

― Sua irmã contaria, ainda mais com essas revistas que Markus e seus amigos encomendam. – Anne disse rindo.

― Rose nunca contaria. – Hugo defendeu a irmã. Podia ser maluca e agressiva, mas não era o tipo de pessoa que dedura outras. – Ela já queimou revistas depois que entreguei, o que na verdade ajudou porque compraram outras.

― Ai Hugo... – Anne ria.

Lily Luna Potter observou à amiga e o quanto ela era bonita mesmo rindo. O olhar de Dave para ela era como facas em seu coração. E até mesmo Hugo admirava a beleza da garota. Nunca na vida Lily teria aqueles olhares para ela, nenhum garoto iria admira-la rindo. Quando ria era exagerada e às vezes até saiam sons esquisitos, e suas sardas tão exageradas e nem ao menos teve a sorte de herdar os olhos do pai. E Dave não tinha mais respondido a última carta que Lily escrevera, parecia que permanecia mais perto dele com as cartas, sentia falta da rapidez das trocas.

― Desculpa... – Lily deu um pulo. – Preciso ir, me lembrei de algo.

― Lily? Lily? – Anne chamou, mas a garota já estava longe deles como se tivesse se lembrado de que esqueceu algo ligado e o mundo estivesse pegando fogo. – O que houve?

― Sua prima é engraçada Hugo. – Dave comentou rindo da reação da ruiva.

Hugo não gostou do comentário. Apenas resolveu ir atrás dela. Talvez fosse seu destino estar sempre atrás de Lily, limpar suas lágrimas e dizer o quanto ela é ótima.

Dave voltava a se aproximar de Anne para continuarem.com os beijos.

― Estou atrasada também.

A garota gostava de beijar Dave, ele era lindo e popular. Beijava muito bem e as cartas dele faziam ela se sentir especial. Mas estava cansada da dinâmica de muito beijo e pouco papo. Seus lábios estavam inchados e ela precisava de uma folga.

Quisera Lily precisar de uma folga. A única folga que ela queria era dela mesmo.

― Lily espere – era Hugo como sempre em seu encalço.

― Preciso ficar sozinha – pediu a ele continuando a andar.

― Não vou te deixar sozinha – anunciou ainda atrás dela.

― Ele não respondeu minha última carta! – ela finalmente confessou ao primo, achava que ia enlouquecer se não falasse.

― Respondeu sim – ele tinha respondido, já tinha entregado a Dave.

― Não respondeu Hugo, aparentemente desistiu das cartas, sinto que é como se meu último fio de esperança tivesse sido cortado.

Ela voltou a andar para longe dele. Hugo ficou parado encucado.

xx

Scorpius e Rose andaram juntos pelos corredores durante o dia todo, vários alunos do castelo estranharam e começaram a comentar. Na hora do jantar a garota fez menção que ia se sentar com seu irmão e Scorpius a seguiu.

― Não precisa ficar atrás de mim o tempo todo, parece um carrapato.

― Adoro seu apelido romântico para mim – ele sorriu continuando a segui-la.

A ruiva sentou-se na mesa de frente ao irmão, percebeu que ele estava incomodado com alguma coisa.

― Oi Weasley, eu e sua irmã estamos namorando – Scorpius deu logo a notícia, queria que todos soubessem que ele tinha dobrado a espinhenta.

Hugo levantou o rosto e olhou para a irmã espantado.

― Rose se não te conhecesse acreditaria nele – comentou.

― Na verdade estamos mesmo namorando – ela confirmou como se a informação fosse rotineira.

Hugo engasgou com o suco que estava bebendo.

― Não minta – ele negou com a cabeça.

― É verdade cunhadinho – Scorpius pegou a mão de Rose em cima da mesa e segurou fortemente. A garota o olhou brava e quase arrancou a mão, mas resolveu deixar que ele a segurasse.

Rose suspirou e cobriu seus olhos com a outra mão para que Hugo não a ficasse encarando.

― Irmãzinha, me explique essa história, você nunca o namoraria, feminista do jeito que é nunca ficaria com um cara machista que fica se exibindo e ilude a maioria das garotas dessa escola. – Hugo pensou um pouco. – Está tentando se vingar do papai ou enfartá-lo?

― Fique tranquilo Hugo, Rose me transformará em um feminista. – Scorpius sorriu confiante. – O que o pai de vocês tem contra mim?

― Ah Scorpius por favor não fale besteira – ela falou brava com ele. A menina revirou os olhos. – Hugo, não ouse contar isso para nossa família. E não deixe Lily contar.

O irmão apenas assentiu voltando a comer. Tinha desistido de entender sua irmã desde que tinha cinco anos e ela deu uma palestra como era errado empurrar as meninas no parquinho perto de casa. Com três anos ele empurrava até as árvores.

― Mas, mas... – Scorpius ainda estava esperando uma resposta.

― Você não pode ser feminista pelo simples fato de ser um homem – explicou como se fosse uma criança.

― Ah... – Scorpius disse ainda confuso – Me explique então.

― Você não pode ser feminista porque não está no lugar de fala da mulher.

― Lugar de fala?

― Sim lugar de fala, você não sofre as dores das mulheres, não sabe o quanto é desgastante ter que provar a todos que você tem voz nos lugares, não entende o quanto uma mulher tem que se esforçar mais para chegar ao mesmo lugar que um homem chega sem esforço algum.

― Sério?- Malfoy parecia interessado.

― Sim. Uma mulher ganha menos que um homem que ocupa o mesmo cargo que elas, e muitas vezes ganham menos mesmo fazendo mais. Mulheres são desacreditadas quando se propõem a fazer trabalhos em que existe um protagonismo masculino, como por exemplo cargos de liderança.

Enquanto Rose falava seus olhos brilhavam e Malfoy pode perceber o quanto aquilo realmente era importante para ela e até mesmo para todos.

― E o que mais?

― Está falando sério? – Rose questionou erguendo apenas uma sobrancelha.

― Estou...

― Bom...também existe a relação de patriarcado que colocam a mulher como segundo plano. O feminismo muito diferente do que pensam é a busca pela igualdade e não supremacia feminina. Não me olhe dessa maneira, o meu jeito é escolha minha e somente minha. Não têm nenhuma relação com o movimento. A mulher tem direito dê: usar o que quiser, ser quem quiser, se relacionar com quem quiser, mas precisa sim respeitar outras mulheres sempre. Sororidade é importante.

― O que é sororidade?

― Sororidade é a união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum. ... A origem da palavra sororidade está no latim sóror, que significa “irmãs”. – Rose explicou.

― Uau...

― Por isso você não pode se tornar feminista, é algo que nós mulheres vivenciamos. Um branco não vive o racismo como um negro. Um magro apesar de sofrer pressão estética não sofre o mesmo que um gordo, a luta contra a gordofobia existe porque a sociedade não é estruturada para receber corpos gordos e antes que pergunte sobre magrofobia não existe, racismo reverso não existe. Existe sim pressão estética e todos acabam passando por ela.

― Se homens não podem fazer parte do feminismo como querem que sejamos diferentes? – Scorpius questiona sinceramente não compreendendo.

― Somos simpatizantes. – É Hugo quem esclarece. – Entendemos a luta delas, apoiamos essa luta, respeitamos e quando presenciamos atos machistas corrigimos nossos colegas. Não passamos pano nem para amigos.

― Muito bem. – Rose sorriu e se ergueu para bagunçar o cabelo do irmão. – Fico tão orgulhosa.

― Vocês Weasley são esquisitos. – Molfoy afirmou voltando a comer, mas anotou mentalmente que pesquisaria mais sobre o assunto. Talvez pagasse um dos livros esquisitos que Rose sempre carregava com ela. Certamente teriam livros sobre o assunto.

― Lembrando que toda minoria merece respeito, não falei sobre os homossexuais porque não estou no lugar de fala deles, por exemplo, assim como os outros que usei como exemplo. Mas Hogwarts é enorme e temos todos os tipos de alunos. Não apenas as diferenças de sangue e famílias. – Rose concluiu.

Era contra aquilo que ela lutava, buscava mudar as coisas por todas as minorias. Ninguém , no entanto, parecia se importar com ela.

― Então é por isso que teve a ideia de um namoro falso? – Scorpius perguntou a ela vendo as coisas mais claramente depois da explicação da garota – No caso eu te ajudaria porque é muito mais fácil eu como homem ser influente sobre as pessoas que você uma mulher.

Rose o olhou surpreendida pela primeira vez falava algo certo e estava compreendendo onde ela queria chegar com toda aquela encenação.

― Ah! – exclamou Hugo raciocinando – entendi tudo Rose. Está usando Scorpius para conseguir aliados.

― Logo se vê que você é muito mais inteligente que ele irmãozinho – falou Rose.

― Assim você me ofendeu – disse o loiro chateado.

― Se me dão licença, preciso resolver umas coisas pendentes – Hugo levantou-se e saiu antes que os dois começassem a discutir.

Hugo estava encucado desde de manhã, já havia escrito uma carta para Dave entregar a Anne e ele aparentemente não tinha enviado a resposta.

― Dave preciso conversar com você – o amigo estava beijando Anne como sempre.

A melhor amiga de Lily pareceu suspirar aliviada quando Hugo o chamou.

― Vou deixar vocês sozinhos – era a deixa que ela queria para escapar do namorado.

Hugo esperou que ela estivesse longe para começar a conversar o que tanto queria.

― Você entregou a carta a ela ou não?

― Que carta?

― A última que te dei – explicou lembrando das palavras escritas, queria tanto ver a reação de Lily lendo.

― Resolvi parar com as cartas, não mandei – explicou a ele.

― Mas, mas... – Hugo começou, mas não sabia ao certo o que falar – Ela precisa das cartas, ela precisa! Achei que tínhamos combinado de continuar.

― Se faz tanta questão – ele tirou o pedaço de pergaminho que tinha em sua mochila – Passei para a minha letra, mas resolvi não mandar. Agora ela é sua de novo.

Hugo pegou o papel sem saber ao certo o que fazer com ele.

xx

Rose tinha conseguido o que queria, atenção voltada para ela, todos já sabiam que os dois estavam juntos. Ou pelo menos pensavam que isso estava acontecendo. Só não tinha decidido ainda se essa atenção era boa ou não. Colocaria seu plano em prática nos próximos dias. Não via a hora de ir para sua sala comunal para se ver livre de Scorpius que a perseguia por todos os lugares que fosse, até no banheiro ele a esperava do lado de fora. Estava lhe sufocando.

― Pode ir para onde quiser. Não precisa me seguir agora – pediu a ele quando viu o garoto ir junto com ela para a torre da Grifinória.

― Estou cumprindo nosso combinado não quero meu belo rosto cheio de furúnculos.

Rose bufou e resolveu apertar o passo para se livrar dele mais rápido.

― Escute, eu estive pensando agora enquanto jantávamos em tudo aquilo que me falou.

― Está aí uma coisa que não sabia que você sabia fazer: pensar.

― Não é sério – disse a ela calmamente, não queria brigar – Estive pensando o quanto fui machista com várias garotas.

― Realmente está começando a pensar.

― Só me escute – pediu a ela. Tinham chegado à frente do quadro da mulher gorda que guardava a porta para entrar na Grifinória.

― Diga de uma vez – ela cruzou os braços na frente do corpo e ficou o encarando. Queria entrar logo, tomar um banho e se deitar.

― Eu só... Percebi que as tratava como objeto. E que acabei fazendo uma grande besteira quando te beijei a força.

― Como eu disse, foi assédio.

― É percebi isso e quero te pedir desculpas.

― O que? – questionou sem acreditar no que ele tinha acabado de lhe falar.

― Vamos passar algum tempo juntos agora e não quero que fique um clima pesado entre a gente. Então me desculpa?

Rose estreitou seus olhos desconfiada do garoto, mas resolveu dar um voto de confiança a ele, pelo menos sua aula de feminismo agora a pouco tinha surtido um pouco de efeito nele.

― Ok, te desculpo e preciso entrar agora – ela virou as costas para ele pronta para passar pelo buraco do retrato.

― Não vou mais fazer nada sem sua vontade, quer dizer não vou te forçar a nada.

― Eu já entendi – parou de andar sacudindo a cabeça afirmativamente para ele.

― Então para concluir esse pedido de desculpas me dê um abraço? – ele esticou seus braços no ar e levantou as sobrancelhas esperançoso.

― Sabia que tinha uma coisa muito estranha nesse pedido de desculpas - não ia ser fácil dobra-la – A resposta é não.

Nesse momento ouviu suas ex-companheiras chegando perto dos dois para entrar na Grifinória.

Ellie e Chloe pararam de andar e ficaram encarando os dois curiosas. Rose não pensou duas vezes e resolveu ceder ao abraço. Scorpius não pode deixar de sorrir assim que sentiu o corpo dela perto do seu. Já fazia tanto tempo que queria senti-la assim. Scorpius a apertou no abraço e enfiou seu nariz no cabelo dela a fim de sentir o cheiro que tanto ficava em sua memória todos esses dias.

― Então até amanhã – disse Rose se distanciando dele. Scorpius notou que as orelhas da garota estavam vermelhas.

― Até amanhã – ele piscou para ela e se virou indo embora.

― Rose ouvimos os boatos, mas não estávamos acreditando – começou Ellie – Está mesmo com o Malfoy.

― Não estou conversando com vocês – foi enfática e finalmente entrou pelo buraco do retrato deixando as duas chocadas para trás.

Enquanto se afastava sorriu satisfeita. Agora que iriam prestar atenção nela.

xx

― E aí cara ficamos sabendo! Dobrou a espinhenta – Era Markus o parabenizando assim que entrou na sala comunal da Sonserina.

― Está mesmo pegando ela? Se estiver você é nosso herói! – Otto fez coro ao amigo.

Scorpius lembrou da conversa no jantar que tivera com Rose e percebeu o quanto as palavras que seus  amigos estavam dizendo eram ofensivas.

― Bom, primeiro não dobrei ela, foi um acordo mútuo para que namorássemos – Markus e Otto se entreolharam estranhando as palavras do amigo – Segundo não estou pegando ela. É um namoro falso.

― Então não está mesmo pegando ela? Não venceu a aposta? – perguntou Markus esperançoso. ― Não venci. Ainda! – ele esticou o dedo indicador no ar – tenho até o natal, se lembra?

― Nunca pensei que te veria amarrado em uma garota – comentou Otto balançando a cabeça.

― Eu preciso me deitar – ele resolveu ir para o quarto, não estava aguentando a conversa dos dois.

Não sabia ao certo o que estava acontecendo com ele, mas sentia-se estranho com as palavras ofensivas dirigidas a Rose por seus amigos. Algo estava mudando, mais rápido do que imaginava. Scorpius tinha pegado discretamente um livro de Rose, afinal ele estava carregando todas as coisas dela tinha o direito de dar uma olhadinha nos materiais que carregava poderia ser uma bomba tratando de quem se tratava.

Pegou um com uma mulher esquisita na capa. Aparentemente algumas mulheres tinham apenas uma sobrancelha e um pouco de bigode. Rose era tão bonita, não entendia porque a garota andaria com um livro de alguém tão diferente. O idioma não era comum para ele o que fez com que o garoto usasse a varinha e traduzisse para seu idioma.

― Frida Kahlo, o que Rose vê de tão interessante em você?

Sua leitura começou e percebeu que era uma biografia interessante. Quem sabe lendo os livros que a ruiva lia conseguisse entender mais sobre quem ela era. E Scorpius queria conhecê-la como nunca quis antes.

xx

Hugo estava com a carta em mãos e não sabia ao certo o que fazer. Tinha uma ideia muito egoísta em sua cabeça e se sua irmã descobrisse o que pretendia fazer provavelmente lhe chamaria de machista e manipulador. Sentiu-se sujo mentindo a Lily, mas já estava tão enrolado naquela história toda que precisava continua-la.

Desta forma estava parado no portal de entrada para a sala comunal da Corvinal esperando magicamente que Lily saísse de lá e pudesse conversar com ela. E foi o que aconteceu minutos depois.

― Hugo o que faz aqui? – suas pálpebras estavam vermelhas seus olhos fundos. Não aguentava mais vê-la assim.

― Tenho algo para você e não podia esperar amanhã – confessou se aproximando dela.

― Estou cansada Hugo, não estou com cabeça. Só sai porque precisava de ar fresco. Estou enlouquecendo – explicou tristemente a ele.

― Mas vai gostar do que tenho para te entregar – tirou de seus bolsos o pedaço de pergaminho que havia escrito para ela, mas que estava na letra de Dave.

― O que é isso? – perguntou olhando assustada para o papel.

― Sua resposta – respondeu sorrindo – Ele desistiu de responder as cartas por hora, mas consegui pegar a última carta que ele escreveu e não teve coragem de enviar.

Outra mentirinha não iria ferir seu coração mais gravemente não é?

Lily pegou o papel em mãos, mas não teve coragem de abrir.

― Se ele desistiu das cartas é melhor não ler – disse decidida entregando a ele novamente.

― Não! – disse a assustando – Quer dizer, merece sua resposta.

Lily voltou a pegar o papel em mãos. Encarou o primo e lhe falou algo que Hugo jamais esperava.

― Estou cansada, pensei muito, decidi que é melhor eu parar, parar de ler suas cartas, parar de me ferir todos os dias. As cartas eram meu último fio que me unia à paixão por Dave e sei que ele sempre vai pertencer a Anne – Ela suspirou cansada – De certa forma acho que é melhor assim. Ele não me mandar mais cartas, mesmo que seja para ela. Decidi não me iludir mais.

Entregou o papel a ele novamente e entrou não se despedindo. Hugo ficou parado encarando a porta fechada lamentando toda aquela história que ele tinha inventado. Ele era o culpado de tudo aquilo.


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Notas finais do capítulo

Scorpius começando a aprender certas lições. Obrigada aos leitores que aqui aparecem. Continuem nos dizendo o que acham da história :*



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