Segunda chance para o nosso amor escrita por Denise Reis


Capítulo 8
Capítulo 8




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O sol estava lindo desde o primeiro dia em que chegaram nos Hamptons.

Usavam chapéus para se protegerem do sol e quando havia pessoas estranhas nas proximidades, as três agiam como turistas, tirando fotografias de todos os lugares e perguntando as pessoas sobre o jeito de ser das pessoas da região.

Nos restaurantes, mesmo quando não estavam fazendo refeição, perguntavam sobre os tipos de peixes, sobre a culinária. Procuravam ser as mais simpáticas possível, de modo a conseguir saber tudo que pudesse levar ao Castle.

Ninguém desconfiou da investigação, nem mesmo os poucos policiais que encontraram pelo caminho, fazendo as rondas de praxe.

Estavam confortavelmente instaladas na mansão do Castle nos Hamptons.

Kate viu no escritório do Castle o melhor local para arquitetar as buscas.

Ela comprou um mapa bem grande da região e o pendurou na parede no local onde, anteriormente, estava pendurado um quadro.

No mapa estavam indicadas todas as praias da região e, com a valiosa ajuda de Martha, traçou um plano de pesquisa. Todas as manhãs, partiam em busca do Castle e, quando retornavam, passavam a limpo as anotações feitas durante a jornada diária.

Alexis acompanhava as duas na diligência e fizeram um pacto de silêncio para que ninguém jamais suspeitasse da real intenção delas.

A cada dia que passava, Kate ficava mais ansiosa em continuar a busca, pois algo dentro dela tinha certeza que encontraria o Castle. E esta confiança dava uma esperança imensa que ela passava para Martha e para Alexis.

Apesar da esperança ser infinita, ela tinha muita preocupação com a Alexis, pois a garotinha vivia falando que estava morrendo de vontade de abraçar o pai.

— Alexis, preciso que você saiba que estamos aqui por conta de uma esperança, entendeu, querida?

— Eu sei, Kate.

— Pois é. A polícia já procurou seu pai por dois meses e não o encontrou. Ficaremos aqui por um mês inteiro para repetir as buscas. Não é certo que seu pai esteja vivo. Eu e sua avó estamos muito preocupadas com você.

— Não se preocupe, Kate. Eu sei disso. Apesar de eu também ter esperança de encontrar o meu pai, eu sei que isso é difícil.

— Bom saber, meu anjinho. – Martha comentou.

— Mas também não podemos esquecer que desde criança o papai me fala que as coisas podem ser difíceis, mas nunca impossíveis.

Martha e Kate se entreolharam e derem um sorriso leve diante daquele comentário prático e inteligente da menina.

No terceiro dia das férias, como de hábito, foram almoçar antes do meio dia para que, assim, pudessem fazer as perguntas próprias da investigação sem atrapalhar o trabalho do garçom. Escolheram um restaurante do roteiro das buscas.

Era um restaurante que ficava cerca de trezentos metros acima da areia da praia, longe, portanto, da arrebentação das ondas.

Era uma casa grande, com varandas laterais e uma imensa varanda frontal onde estava estavam distribuídas as mesas do restaurante. Não havia luxo, mas muita beleza rústica. A imensa varanda, cuja cobertura era de telhas de cerâmica vermelha, iguais às que cobriam as varandas lateria e também a casa, dava um charme a mais ao local.

Assim que Kate entrou, percebeu que o restaurante, propriamente dito, ficava na varanda. Na entrada havia uma placa em madeira, onde estava esculpido “Restaurante Sol Dourado”.

Era um local limpo e arejado. Havia dez mesas grandes em madeira de demolição. Cada uma das mesas possuía seis cadeiras também em madeira, cujos assentos e encostos eram lindamente trançados de palha de coqueiro. Era um rústico muito charmoso.

Um belo arranjo de folhas e flores silvestres, inclusive de bananeira, enfeitavam uma mesa central onde estavam expostos souvenirs para serem admirados e vendidos para os clientes.

Kate, Martha e Alexis escolheram uma mesa bem na frente e, rapidamente, foram atendidas por uma linda moça loira, cujos cabelos estavam trançados num penteado lateral, ornado com uma vistosa flor vermelha.

— Este restaurante é uma beleza! – Martha elogiou para a jovem garçonete, dando início a investigação. A moça era belíssima. Devia ter por volta de vinte e cinco anos. Usava um vestido largo que deixava evidente o ventre dilatado por conta da gravidez.

Após analisar o cardápio, escolheram ensopado de peixe.

A moça serviu o peixe e ficou ao lado da mesa. Muito desinibida, queria conversar – Meu nome é Ana e qualquer coisa pode me chamar que eu venho com o meu pescadorzinho... Se for menino... – Ana falou sorrindo, referindo-se ao seu bebê e alisou a barriga.

— O pai do seu bebê é pescador? – Alexis indagou.

— Sim! – respondeu animada – Olha, vou à cozinha e depois retorno. – Ana respondeu e saiu.

Como prometera, Ana retornou e ficou ali, junto da mesa de Kate.

— Delicioso! – Martha comentou após experimentar o primeiro pedaço – Ana, este peixe está maravilhoso!

— Obrigada! Minha mãe é a cozinheira. – a garçonete deixou claro o orgulho que sentia da mãe e naquele momento seus expressivos olhos azuis brilharam de alegria.

— E você também sabe cozinhar, Ana? – Alexis perguntou, curiosa.

— Eu sei cozinhar também, mas eu fico atendendo as mesas. – Ana respondeu.

— E os peixes... Quem pesca? Seus irmãos? seu pai? Seu tio? Sua mãe? Um amigo? – Alexis perguntou e, neste momento, Kate quase engasgou, pois achou que a menina exagerou na pergunta.

Kate avisara que deveriam agir com cautela, caso contrário, as pessoas podiam recuar.

No entanto, aquele não foi caso de Ana, que, muito simpática, estava morrendo de vontade de conversar. Parecia uma tagarela falava tudo, sem parar.

— Eu e a mamãe ficamos somente aqui no restaurante. Meu tio não fica aqui, pois trabalha na empresa de limpeza urbana da cidade. Meus irmãos são carpinteiros e marceneiros... eles que fizeram todos os móveis, as mesas e as cadeiras daqui do restaurante e também fizeram a cobertura desta varanda. – Desinibida, a moça apontou para as peças que mencionou – Eu e minha mãe até que sabemos pescar, mas quem pesca todos os dias é o meu pai. Só que no mês passado o meu pai quebrou a perna e o médico recomendou repouso de um mês inteiro. Acredita? – Além de ingênua, Ana era mais comunicativa do que o normal e isso deixou Kate feliz, pois assim poderia descobrir mais facilmente as coisas da região.

— Ah... Seu pai tem que ter repouso mesmo. – Martha assentiu e mostrou-se simpática, mas estava mesmo compadecida com o estado de saúde do pai da moça.

— Se seu pai está de repouso... Então, quem pesca? – Alexis continuava curiosa.

— Vejam que coincidência... Ainda bem que apareceu um homem na região. Ele está pescando todos os peixes para o restaurante. Já tem quatro meses que ele vem ajudando o papai.

— Um pescador novo? – Kate indagou, já com esperanças, apesar desta atividade ser apenas um hobby para o Castle quando ele estava nos Hamptons.

— Sim, um pescador novo. Hey, agora que eu percebi que não servi bebida para vocês. Vocês querem beber alguma coisa?

Depois de uma rápida indecisão, as três optaram por suco de limão.

Assim que Ana foi providenciar o suco, Kate deu uma dica para Alexis.

— Querida, cuidado com a forma que você pergunta, meu anjo! Tenho receio dela ficar assustada e parar de falar, entende?

— Ih! É verdade! Vou tomar mais cuidado.

— E esse novo pescador, eihm, Kate... – Martha indagou – Pode ser o Richard... Ele adora pescar quando vem para os Hamptons...

Depois de uns cinco minutos a garçonete retornou com uma bandeja contendo os três copos de suco.

— Obrigada! – Alexis sorriu para a moça – Que bom que você pode ficar aqui com a gente, Ana, porque só tem a gente no restaurante.

— É, ainda está cedo. – Ana admitiu, extrovertida – Os turistas começam a chegar depois das treze horas.

— Que bom mesmo, assim você pode ficar aqui e conversar com a gente. – Kate mostrou-se mais simpática do que o normal – Adoramos conhecer você, Ana!

— Obrigada! Adoro encontrar turistas assim como vocês. – Ana confidenciou.

— Nada como comer um peixe fresco, eihm? – Martha voltou a falar sobre o peixe, pois queria saber mais sobre o tal pescador – Huuummm! Esse pescador é bom, eihm... O peixe é grande e saboroso.

— Ah, sim. Ele sai cedo para pescar os peixes que servirmos no almoço. Ele também traz polvo, lagosta e outros mariscos.

Enquanto conversavam, Martha, Kate e Alexis comiam, para disfarçar a ansiedade em saber das coisas. Estavam com sorte porque a garçonete, além de ser muito simpática e desinibida, não tinha outras mesas para atender e ficou ali do lado delas, conversando. Parecia mais uma jornalista de revistas de fofoca, no entanto, era muito simpática e sorridente.

— Você nasceu aqui na região, Ana? – Alexis quis saber.

— Sim, eu e minha família somos daqui.

— E esse pescador, também é daqui da região das praias? – Kate indagou.

— Não... Quer dizer... Na verdade, nem sabemos de onde ele veio. – Ana fez uma expressão de incerteza – Ele apareceu aqui há pouco tempo, antes mesmo do papai quebrar a perna. Aliás, ele está aqui há uns... – a moça franziu a testa tentando fazer as contas dos meses em que o pescador aparecera – Ele está aqui há uns seis meses. Isso... Seis meses.

— Seis meses? – Kathy perguntou mais alto do que queria e quase nem conseguiu disfarçar sua aflição, devido a coincidência do tempo em que o Castle estava desaparecido.

— Sim, seis meses. – Ana confirmou – Vejo que você ficou espantada... Normal!

Emocionada e ansiosa com a coincidência, Martha começou a chorar e Ana ficou preocupada – A senhora está chorando?

— Foi a pimenta! Coloquei pimenta demais! – Martha tentava disfarçar e parece que deu certo pois a moça correu para a cozinha e trouxe mais um copo de suco de limão.

— Beba, senhora, vai passar o ardor da pimenta.

— Ah, obrigada! – Marta bebeu alguns goles e limpou as lágrimas com um guardanapo.

— Esse homem era um andarilho, a procura de emprego? – Kate sondou.

— Ah, não! Não é um andarilho. Quando o papai o encontrou, ele estava muito machucado.

— Meu Deus!!! Seu pai o encontrou? Ele estava machucado... – Martha respirou fundo demonstrando que estava realmente angustiada com todas aquelas novas informações – Foi um acidente na praia? – arriscou.

— Acho que foi, sim, um acidente de barco, pois havia alguns pedaços de madeira no local onde ele foi encontrado... Aquele tipo de madeira usada em barco, sabe...  – a moça tentava explicar.

— Sim... eu sei... – Kate comentou, tentando, ao máximo, disfarçar sua ansiedade.

— Papai o encontrou desmaiado na areia da praia e até pensou que estivesse morto. Na cabeça dele havia muitos ferimentos, inclusive um corte profundo na nuca. Também havia ferimentos nos braços, nas pernas e no peito dele.

— Quase morto!? Meu Deus! – Martha e Kate repararam em todas aquelas coincidências e, por conta disso estavam muito emocionadas e com a respiração e o coração acelerados.

— E vocês não pensaram em comunicar à Guarda Costeira acerca deste moço? Eles possuem médicos e são equipados com aparelhos para salvar vidas.

Eloquente, Ana parecia não reparar o estado de aflição das clientes. Talvez pensasse que era apenas uma curiosidade normal, então continuou a narrar o acontecimento – Ih, é mesmo... Nem pensamos nisso. Mas a minha avó cuidou dele com algumas ervas curativas e em dois meses ele ficou bom e, como ele não tinha onde morar, o meu pai o convidou para morar em um quarto, atrás do restaurante. Ele aceitou e adorou a ideia, porque gostou muito da nossa família.

Kate ouviu aquela última informação e começou a descartar a hipótese do pescador ser o Castle. Apesar de ser muito comunicativo e simpático, o Castle não moraria ali, porque tinha casa. Óbvio que ele voltaria para casa. Contudo, ainda tinha uma pontinha de esperança de que podia mesmo, ser o Castle, mas disfarçou bastante e a moça não percebeu nada, nem mesmo o forte interesse na vida daquele pescador.

— Ah, ele quis morar aqui... Ele gostou mesmo de vocês, né? – Kate indagou.

— Ele mostrou ser um homem de caráter. Ele é um homem muito bom e demonstrou reconhecimento pelo que a vovó e o papai fizeram com ele e se propôs a retribuir os cuidados que recebeu e passou a ser o pescador do restaurante, pois comentou que adorava pescar. Há quatro meses ele está novinho em folha. Ele passou a ser da nossa família e o meu bebê vai adorar conhece-lo.

— Você está grávida de quanto tempo? – Alexis perguntou, curiosa.

A moça alisou a barriga – A médica do posto de saúde falou que estou com 17 semanas, mas prefiro falar que estou com quatro meses.

Diante de tantas coincidências, Kate engasgou ao ouvir o tempo da gravidez da linda jovem, coincidente com o tempo que o tal pescador, que podia ser o Castle, ja que estava “novinho em folha”.

Educada, Kate usou o guardanapo para tossir e, em seguida, bebeu um gole do suco de limão.

— Vocês comem muita pimenta! – a moça sorriu ao ver a Kate engastar e tossir.

— Ah, sim... Muita pimenta! – Kate disfarçou.

Kate fazia cálculos na cabeça... O tal moço foi encontrado acidentado há seis meses, mas ficou restabelecido em dois... E a moça estava grávida de quatro meses. Meu Deus!!! Ela foi rápida, eihm... E o Castle, mais rápido ainda. – O rosto de Kate ficou vermelho de raiva, de ciúme e de aflição.

Kate parou de comer e a moça reparou isso – Estou sentindo que você ficou chateada... Está vermelha... Você não gostou do peixe, ou foi a pimenta?

— Ãããhhnn!? – Kate indagou, voltando a realidade.

— Você não gostou do peixe ou a pimenta está ardida demais? – a moça repetiu.

— Ah, não... Eu estava distraída. – Kate recomeçou a comer e tentou parecer simpática – Está uma delícia!

Naquele momento entraram quatro novos clientes no restaurante.

— Fiquem à vontade. Vou atender àquela mesa. – a garçonete saiu, sorridente.

 

 

... Continua...


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Notas finais do capítulo

E agora?
Diga para mim sua impressão sobre este Capítulo.
Será que a Beckett, Martha e Alexis irão encontrar o Richard Castle?
Deixe um comentário.


Em 26/04/2020, às 02:58



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