Segunda chance para o nosso amor escrita por Denise Reis


Capítulo 18
Capítulo 18




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O dia seguinte à noite de amor...

Como já vinha acontecendo há alguns dias, Kate e Castle acordaram depois das nove horas da manhã, quando Alexis e Martha já estavam aproveitando o dia.

Só que nesta manhã, em especial, ao descer do seu quarto, Castle já encontrou aroma de torradas amanteigadas no ar e logo viu Kate ao fogão fazendo ovos mexidos ao mesmo tempo em que vigiava uma frigideira com bacon fritos.

Diferentemente dos outros dias, ele estava introspectivo e forçava um leve sorriso. Parecia triste.

A área da cozinha era um espaço aberto que se dividia com as salas de jantar e a de estar e o marco divisório era uma enorme ilha retangular em mármore branco onde do lado interno estava um cooktop de cinco bocas e do lado que dava para a sala de estar, havia quatro banquetas altas que serviam de apoio para refeições rápidas.

Castle passou pela cozinha e seguiu direto para falar com a mãe, dando um beijo na testa dela.

Kate não o viu passar nem ele a cumprimentou.

— Bom dia, mamãe!

— Oi, filho! Bom dia!

— Onde está a Alexis? – ele olhou para os lados a procura da filha.

— Ela está na praia aproveitando o sol. Foi com algumas vizinhas... São as amiguinhas de sempre que também estão de férias.

— Ela levou protetor solar? O sol está forte e ela é tão alvinha...

Martha sorriu diante da preocupação tão evidente nele. Achou lindo!

— Sim, Richard! Ela foi protegida. Além dos riscos maiores, ela também não quer mais sardas do que já tem.

Castle viu um livro nas mãos da mãe, mas não se sentiu animado em perguntar o título. Martha sabia que este era um interesse do Richard Castle e não João Marinho, e essa situação a deixava preocupada.

Ele estava visivelmente abatido e isso não passou despercebido por Martha que sempre queria o bem de todos que amava.

— Insônia novamente? – Martha indagou.

Ele não falou nada, apenas confirmou, fazendo um sinal positivo com a cabeça.

— Sem querer ser indelicada..., parece que você foi atropelado por um trator, minha criança.

Ele fez uma expressão de desânimo que toda criança faz quando é excluída de uma brincadeira – Sim!

Ao confidenciar seu sofrimento para a mãe ele olhou para Kate. Só que fez isso sem perceber – Fui atropelado por um trator chamado Kate Beckett.

Martha apertou a boca, reconhecendo que, infelizmente, acertara o motivo do desânimo dele e de Kate, mas precisava sondar mais sobre isso. Conversaria com os dois, separadamente, porque tinha certeza que eles estavam tensos pelo mesmo motivo. Era muito amor e muita paixão envolvida. Muitas dúvidas e isso sem falar no mundo escuro onde a mente do Richard estava vivendo nos últimos dias.

— A Katherine também está igual a você... – Martha confidenciou – Não conseguiu dormir e ficou a noite toda acordada. Mas...

— Imagino... – ele deixou escapar, mas logo calou-se.

— Depois a gente conversa, Richard. – ela olhou na direção de Kate e voltou a olhar para ele – Vá tomar café da manhã com a Katherine, querido. Ela já começou a preparar. Mas antes jogue fora essa cara de tristeza e substitua por um sorriso lindo e vá lá dar um bom dia para aquela moça linda. Vá, filho. Ânimo! – ela o aconselhou.

— A senhora é sempre assim, mamãe? Uma Fada Madrinha? – ele sorriu ao brincar com a mãe, já que não se recordava de nada antes dos últimos seis meses de vida.

— Com vocês, eu até tento... Mas vou te contar um segredo: Saiba que toda Fada Madrinha tem seus dias de Bruxa, viu... – ela sorriu ao fazer a pilhéria e, em seguida, deu uma piscada de olho para animar o filho.

Castle deu um sorrido diante do trocadilho burlesco que sua mãe fizera.

— Mas preciso te dizer também que a Katherine tem uma notícia para te dar e espero que você saiba reverter a situação.

— A Kate vai me dar uma notícia? E eu tenho que reverter? – ele indagou, preocupado, deixando visível a testa vincada – O que é, mamãe?

 Martha não respondeu ao questionamento do seu filho - Vá lá, querido! – a idosa direcionou seu olhar para Kate – Mas lembre-se de exibir um belo sorriso.

Seguindo o conselho de sua mãe, ele foi até a cozinha, com um sorriso, não tão alegre como pretendia, mas era o único que ele podia exibir naquele momento.

— Oi, Kate! Bom dia! – ele deu um sorriso fraco, mas não obteve resposta ao seu cumprimento.

Kate nem mesmo olhou para ele, muito menos um sorriso, o que o deixou desanimado.

Mas isso mudou, pois ela respondeu ao cumprimento uns sete segundos depois, como se estivesse sob o efeito ‘delay’. – Oi! Bom dia, Castle! – e dirigiu a ele um sorriso não muito diferente do dele e esse detalhe não passou despercebido por ele.

Na verdade, Kate estava com o coração partido.

Beckett estava magoada, entristecida e insegura pelo comportamento de ambos naquela madrugada, principalmente o dela.

Ela se cobrava muito e por mais conselhos que recebia de Lanie Parish, sua grande amiga, Kate não conseguia mudar seu modo de ser.

Ainda estava refletindo sobre tudo que acontecera, principalmente depois de uma noite mal dormida, cheia de dúvidas, após momentos maravilhosos de amor.

Castle conferiu os ovos mexidos, as torradas e o bacon e percebeu que havia quantidade suficiente para os dois, ou seja, ela pensou nele para preparar o dejejum, mesmo assim, preferiu perguntar – Posso tomar café da manhã com você, Kate? – ele tentava quebrar a barreira.

— Claro!... Fiz para nós dois. – ela respondeu com o tom de voz e o olhar já mais leve.

— Não estou vendo café... Quer que eu faça? – ao oferecer seus préstimos, Castle continuava querendo romper a barreira.

— Deixei para você fazer, porque o seu, indiscutivelmente, é melhor que o meu. – ela o elogiou, sinal de que o clima já melhorava.

— Sério? Meu café é tão gostoso assim? – Ele ficou pasmo com aquela informação, além de muito contente por ser inserido no preparo do café da manhã deles.

— Seríssimo! Ninguém consegue te vencer nisso, Castle.

— Nossa Senhora! Fico feliz... você ainda não tinha me falado sobre isso. – ele sorriu.

— É que eu não quero nem posso ficar te dando dicas sobre como você era, entendeu?

— Ah, sim, claro! - sorriu, mas logo ficou tenso – Eta!! E agora... Será que vou acertar fazer o café com essa pressão de eu ser “o bom”? – ele pilheriou.

— Claro que vai, Castle! Todos os dias você tem feito o meu café igualzinho como você sempre faz há mais de quatro anos.

— Então, posso ficar tranquilo...

— Pode!

Da chase localizada na sala de estar, Martha lia seu livro e, discretamente, conferia o clima entre o casal e ficou satisfeita ao ver que as carinhas tristes já se transformaram em sorrisos e a conversa seguia animada.

Alegre com o andamento do café da manhã do filho e da Katherine, Martha resolveu sair dali.

Martha se levantou e passou pela porta francesa na direção da área da piscina.

Fugindo do sol, ela se recostou em uma espreguiçadeira, mas antes de retomar a leitura ficou a meditar – “Espero que meu filho consiga fazer a Katherine mudar de ideia. Mas se ele não conseguir, eu vou me intrometer... Preciso tentar.”

Muito rapidamente, Castle e Beckett já se deliciavam com o dejejum, sentados nas banquetas da ilha.

Eles conversavam enquanto se alimentavam, não tão animados quanto nos dias anteriores, mas a conversa fluía.

Ao final da refeição, lavaram e guardaram a louça e os demais utensílios, deixando a cozinha limpa e cheirosa.

Pensando sobre o que a mãe dele dissera, Castle ficou curioso para saber qual a notícia que a Beckett teria para lhe dar.

— Quer conversar? – ele indagou, sutilmente.

— Nós conversamos tanto durante o nosso dejejum. – ela ponderou.

— Talvez você queira me falar mais alguma coisa...

Kate até pensara em puxar assunto com o Castle, então ficou a pensar se ele queria falar algo sobre a noite passada. Pensou também na possibilidade de ele ter pressentido que ela teria algo importante para falar para ele naquela manhã.

Sem querer quebrar a cabeça ao ficar imaginando o que o Castle pensava, preferiu seguir seu plano original. – Sim, Castle, quero conversar. Aliás, não é conversar... Na verdade, sendo bem direta, eu quero te comunicar que estou voltando para casa. Vou para Nova York. – ela apontou para sua mala e sacolas que estavam empilhadas ao lado da porta principal da casa.

Então era essa a decisão da Kate que ele teria que tentar mudar?

Por mais que a mãe tivesse dito que Kate tinha uma notícia para dar a ele, essa bomba o pegou desprevenido e o deixou assustado.

— Não acredito! Você está indo embora, Kate? Como assim!? – ele não escondia sua aflição com a notícia.

— A nossa noite de ontem, Castle... Acredito que depois desta madrugada eu não deveria mais continuar aqui...

— Não, Kate! Não existe esta possibilidade de você ir embora. Você prometeu que não sairia de perto de mim. – ele suplicou – Por mim e por você... Por nós dois.

— Meu coração está cansado. Eu estou sofrendo. – ela comunicou – Eu não posso mais, Castle.

— Pode sim, Kate! Você já tinha me dito que tirou férias para me procurar... Você está completamente comprometida nisso, que eu sei, tanto que me achou no terceiro dia das suas férias e depois disso já se passou uma semana, ou seja, você ainda tem vinte dias das suas férias.

— Você continua muito bom em matemática. – ela brincou, mas ele não sorriu.

— Sem ironias, Kate, por favor! – estou falando sério!

— Desclupe...

— Você não pode ir embora. – ele estava arrasado com a aquela notícia.

Ele foi até a porta da rua e começou a recolher a bagagem dela, mas ela o impediu.

— Eu já estou decidida. Aliás, nem sei porque ainda não tinha colocado tudo isso no carro. Fica até parecendo que estou fazendo charminho com você...

— Você não colocou as malas no carro, simplesmente, porque não vou deixar você ir emborra, Kate. Eu preciso de você. Eu não posso permitir que você vá embora.

— Mas isso não é sobre você, Castle. É sobre mim.

— Não, Kate! Não é sobre mim ou sobre você. É sobre nós dois. – ele estava sendo muito sincero e sua aflição estava estampada na face e na voz dele.

Aquela afirmação fez o peito de Kate arder.

— E só para você ficar sabendo... mesmo se as malas já estivessem no carro, eu tiraria uma por uma. – ele afirmou. 

— Castle, sejamos francos... Creio que minha presença aqui não vai ser benéfica para a sua recuperação, porque, sem que eu perceba, estou te dando muitas dicas do seu passado e isso não é bom. Se você souber das coisas por outras pessoas, ninguém terá certeza se você se recordou de tudo... Nem você mesmo terá esta certeza.

— Ah, Kate... Isso não é justificativa para você ir embora. Se é só por isso, a solução é você se concentrar e não deixar escapar mais nenhum detalhe sobre o meu passado. Simples assim. Claro que você consegue! – ele foi franco.

— Mas não é somente isso, Castle e você sabe disso... Acho, inclusive, que se eu permanecer aqui, corro o risco de ficar magoada a cada dia, pois a minha esperança de você voltar a me amar como amou um dia me atormenta e isso não me faz bem. A nossa noite foi maravilhosa, mas depois eu fiquei muito mal, Rick. Não posso viver assim.

Ela parou de falar pois sua voz embargou e ele percebeu.

Beckett fechou os olhos e pôs as mãos na boca, como se esse gesto interrompesse o choro, mas não foi isso que aconteceu.

Castle a abraçou forte e, apesar de tentar recuar, Kate se rendeu e passou os braços pelo pescoço do homem que amava e chorou. Ele apertou seus braços em torno de sua cintura, de modo carinhoso.

Passados alguns segundos, Alexis entrou em casa e, feliz com a cena que presenciou, faz um comentário ingênuo – Que beleza!! Finalmente vocês estão juntos! Adorei! Estão namorando! Maravilhoso!

A garota estava muito feliz com a notícia e correu para abraçar o pai e a detetive.

— Abraço coletivo! – a menina brincou ao abraçar o casal.

Só que ao final do abraço tanto Kate quanto Castle estavam com as carinhas tristes e a menina percebeu. Kate, inclusive, estava com os olhos e o nariz vermelhos.

— Hey... – a menina indagou tristonha.

— Eu e seu pai não estamos namorando, Alexis...

— Mas...

— E eu estou indo embora, meu anjo.

O queixo de Alexis tremeu, seu peito oscilou e seus olhos ficaram vermelhos e cheios d’água, indicando que começaria a chorar, pois as duas notícias a pegaram de surpresa, principalmente depois de ter visto o abraço do casal.

Comovida com a situação, Kate abraçou a menina – Oh, querida, não fique assim.

— Não entendi porque você vai embora, Kate. Todos nós te amamos. O papai precisa de você. Eu também preciso de você... Você me dá força para superar esse período difícil em que o papai não se lembra do nosso passado... Vocês se amam, que eu sei. Não tem motivos para você ir embora.

A menina soluçava e isso partiu o coração de Kate e do Castle.

— Ah, Kate, você tem que me escutar... Não vá embora, Kate, por favor. – Alexis continuou seu discurso e Kate continuava abraçando a menina.

Kate pegou a menina pelas mãos e a levou para o sofá.

Castle acompanhava a cena e não se intrometeu. Confiava que a filha teria o êxito que ele não conseguiu.

No sofá, Kate tentava convencer a garota.

Com muito tato e carinho ela explicava – Eu te amo tanto, Alexis, mas preciso ir embora. – ela deu um beijinho na face da menina – Eu vou embora porque o mais importante eu já fiz, que foi ajudar vocês a encontrarem o seu pai, querida.

A menina ouvia, mas as lágrimas desciam pela face.

Kate a apertou nos braços e continuou explicando – Agora, meu anjo, é esperar que seu pai recupere a memória no tempo dele, sem pressão. E acho que a minha presença aqui pode atrapalhar, mesmo que a minha intenção seja ajudar, entende?

— Mais ou menos... – a menina interrompeu o abraço ao responder.

— Você é muito esperta que eu sei... – Kate afirmou.

A menina não falou mais nada.

— Veja bem, Alexis, eu vou embora, mas continuo amando vocês e por isso eu peço que você continue como está, ou seja, não revelando a seu pai sobre as coisas do passado. Posso confiar nisso?

— Pode! Senão a gente não vai ficar sabendo se o papai recuperou mesmo a memória, né? – a menina provou que ‘aprendeu a lição’.

— Isso, querida! – Kate passou seus dedos para secar as lágrimas da criança – Não quero sair e deixar você assim, meu anjo. Gosto de te ver alegre, sorridente e cheia de vida, minha linda.

A menina fungou e mostrou-se confiante, mas não conseguiu exibir um sorriso forte.

— Então, eu já vou, mas antes vou me despedir de sua avó.

Naquele momento Martha aparece vinda da biblioteca e demonstrou que ouviu o comentário da detetive – Estou aqui, querida.

— Ótimo!

— Quer dizer, então, que o Richard não conseguiu te dissuadir de partir. – Martha comentou.

— Não, Martha, o Castle até tentou, mas eu preciso mesmo ir embora.

— Nem eu consegui, vovó. – Alexis lastimou.

Martha enviou à moça um olhar amoroso, demonstrando estar triste pela saída dela, mas, divertida, deu de ombros – Eu fico triste, mas não posso te amarrar aqui Katherine. Se eu pudesse, pode acreditar que eu o faria... – ela sorriu – Ah, querida, mas antes de você ir, preciso falar contigo. Venha aqui.

Kate olhou para o Castle e para Alexis antes de seguir Martha até a biblioteca e ficou surpresa quando a idosa fechou a porta, deixando óbvio que queria conversar em particular, coisa que nunca acontecera antes... Mas Kate não se opôs, tampouco comentou nada sobre isso.

 

 

... Continua...


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