Segunda chance para o nosso amor escrita por Denise Reis


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!

Este capítulo é dedicado a "Adriana Tatsch", "Bethlopes", "Rita Vieira", "Glaucia", "Luana Lima SKKB", "AleRodriguez", "Pande", "Thalia Bueno", "Ravena", "Glaucia", "Kerem Hapuque" e "Géssica Nascimento" que conseguiram achar um tempo para vim deixar seus comentários maravilhosos que me alegraram muito e me impulsionam, ao longo do enredo, a continuar a história. Eu também incluo a leitora "Marla Carmo" que me enviou um comentário tão maravilhoso quanto os outros que citei. Acho que a partir do próximo capítulo ela irá postar aqui no Nyah. Obrigada a vocês, viu, queridas!!

Boa leitura.
Em 01/05/2020, 01:06 --------- Fiquem agora com o CAPÍTULO 14



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Saber que o Castle estava vivo e de volta à convivência com a família, modificou completamente a atmosfera e o comportamento na mansão dos Hamptons.

Os sorrisos estampados nas fisionomias de todos e o tom de voz radiante, antes desanimados, deixava claro que a alegria havia retornado.

Durante os seis meses em que o Castle estivera desaparecido, o plano mais importante de Kate, Martha e Alexis era procurar o Castle. Agora, com ele ali, dentro de casa, o plano era viver e ser feliz.

Apesar de elas quererem que a memória do Castle retornasse, estavam aprendendo a conviver com aquele novo homem enquanto esperavam o retorno do antigo.

Lógico que a amnésia preocupava a todos, mas, segundo o Dr. Burke, o fato de o Castle estar com as demais condições físicas e mentais em perfeito estado, já era algo a comemorar, pois a perda da capacidade para recordar experiencias e fatos anteriores, não atrapalharia o convívio familiar. Óbvio que todos o queriam de volta, mas sabiam também que, especialmente naquele momento, ele precisava relaxar, ser acolhido e se acostumar com a família antes de começarem as sessões e exames médicos.

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Por volta das nove horas da manhã, Martha se encontrava muito feliz por saber que, finalmente, seu filho passara a primeira noite em casa depois do seu desaparecimento.

Assim, ela se dispusera a retornar à rotina.

Sentada à mesa da varanda lateral da casa, ela se divertia com sua neta em uma partida de jogo de tabuleiro, quando a garota se lamentou – Eu pensei que o papai iria acordar cedo para preparar todas aquelas guloseimas que ele adora fazer, principalmente as panquecas com carinhas felizes, já que ele adora fazê-las para alegrar meu dia.

— Confesso que eu também pensei que ele fosse acordar cedo, querida, já que, ultimamente, como pescador, ele acordava quando os primeiros raios de sol despontavam no horizonte.

— Já passam das nove horas, vovó. Nunca vi o papai acordar tão tarde, principalmente aqui nos Humptons. – Alexis torceu a boca, entristecida.

— Oh, meu anjo, não fique assim. Daqui a pouco ele acorda.

— E a Kate, ehm... Ela também está dormindo até agora. Estranho, né, vovó?

Martha ficou a refletir... “- Será que aqueles dois, finalmente, se tornaram um casal? Será que passaram a noite juntos?” –  Martha até riu feliz diante daquela hipótese maravilhosa, já que antes dela se recolher na noite passada, deixou o filho junto com a detetive. Enquanto tinha esses pensamentos, Martha riu e nem percebeu.

— A senhora tá rindo sozinha, vovó? – Alexis indagou.

— Ih! Nem percebi, querida! Estou tão feliz! – ela desconversou e achou melhor desviar o assunto. Daria um palpite justificando porque a detetive também ainda estar dormindo até aquela hora – Bem, querida, acho que a Katherine resolveu colocar o sono em dia, viu, já que vinha dormindo muito mal por conta da saudade que ela estava de seu pai e da ansiedade de encontra-lo.

— Deve ser isso mesmo, vovó.

— E tem mais uma coisa, Alexis, mesmo depois que nós o encontramos, antes de podermos trazer seu pai para casa, a detetive estava muito tensa porque precisava que a Justiça não condenasse seu pai por fraude. Mas, ainda bem que tudo terminou bem. Resumindo, meu anjo, a Kate está cansada.

A garota aceitou a explicação e continuou atenta ao jogo de dados.

Mesmo sendo criança, Alexis ficou sabendo que o atestado de óbito e o testamento do pai dela foram anulados, já que tanto a Polícia quanto o Advogado provaram que ele ficara desaparecido somente poque estava se recuperando do acidente e que depois, por estar desmemoriado, ficara vivendo como pescador em um pequeno vilarejo.

— Bom dia, meninas! – Kate se aproximou e deu um beijo estalado na bochecha de Alexis e, amorosa, jogou um beijo no ar para Martha.

— Oi, Kate! Bom dia! Acabamos de falar de você... – Alexis se levantou e a abraçou pela cintura – Você demorou para acordar hoje... – a menina voltou a se sentar.

Martha estava morrendo de curiosidade para saber se seu filho passara a noite com a detetive, mas, obviamente, não perguntaria nada. Caso sua intuição se confirmasse, ela fiaria sabendo.

Kate se sentou em uma das cadeiras da mesa, deu um bocejo e se espreguiçou, mas logo pediu desculpas por fazer isso – Desculpem-me! – Kate passou os dedos pelos longos cabelos – Acordei, mas ainda estou sonolenta... – se queixou – Muitas coisas na minha cabeça – ela voltou a passar os dedos pelo cabelo e o torceu, fazendo um nó frouxo no alto da cabeça – A noite foi longa! Não consegui conciliar o sono e fiquei rolando de um lado para o outro.

— Eu também – Castle comentou ao se aproximar da mesa onde estavam sua mãe, sua filha e a sua linda vizinha de quarto, uma mulher apaixonante, que lhe tirara o sono.

Só o fato de ouvir a voz do Castle já fez com que o coração de Kate batesse descompassado.

Com tanto lugar para o Castle ficar, foi justamente atrás da cadeira de Kate que ele parou.

Como um imã, os ombros dela atraíram as mãos dele e, como se fosse a coisa mais natural a se fazer, ele passou a massagear suavemente o pescoço e os ombros da moça.

Martha, muito atenta, percebeu o sobressalto que a voz do seu filho causou em Kate. No entanto, o que mais chamou a atenção de Martha foi o modo como Kate fechou suavemente os olhos e inclinou o pescoço suavemente para os lados e para trás, a meio giro, em total abandono, assim que sentiu as mãos másculas tocando seu pescoço e seus ombros numa suave massagem.

Pelo que Martha conhecia da Kate, o normal (dela) seria ela rechaçar o toque do Castle, mesmo que estivesse adorando. Mas não era isso que acontecia.

O toque suave das mãos do Castle, deixaram a pele de Kate arrepiada.

Esta linda cena não foi interrompida, nem mesmo quando Alexis, inocente, chamou a avó – Vovó, preste atenção no jogo! É a sua vez de jogar.

Martha jogou os dados e mexeu a pecinha vermelha de plástico sobre o tabuleiro.

— Que bom que você acordou, papai! Senti sua falta no café da manhã.

Ainda massageando os ombros e o pescoço de Kate, ele respondeu a filha –Quando consegui dormir o sol já havia nascido. Perdi a hora, filha.

Neste momento, Kate se deu conta que estava se deliciando com a massagem.

Fingindo estar chateada, Beckett o afastou com as próprias mãos – Hey, que confiança é essa, eihm... – ela o repreendeu.

Neste momento, Martha se controlou para não dar risada. Ela se divertia em ver aqueles dois.

Ao ser repreendido, ele abaixa a cabeça até o ouvido dela e faz um comentário bem baixinho – Tente de novo, Kate, porque essa sua bronca não me convenceu. – para continuar a provocação, ele deu um beijo estalado no pescoço dela e isso a fez puxar todo o ar do mundo para seu peito e, abalada, ficou boquiaberta.

— Bom dia, Kate! – ele a cumprimentou logo em seguida.

Contente ao perceber aquela reação da moça, Castle sorriu satisfeito e se afastou para dar vários beijinhos estalados na filha. – Oi, meu anjinho! Bom dia! – ele rodeou a mesa, se dirigiu para a mãe e deu um beijo na testa dela – Bom dia, dona Martha!

Alexis ficou muito satisfeita com os beijos do pai, mas continuou jogando com a avó.

— Então quer dizer que apenas eu e você não tomamos o café da manhã. -  Castle comentou e retornou para o lado de Kate, dando um novo beijo no pescoço dela.

O beijo a deixou novamente tensa e deu um pulo na cadeira.

Além de não estar acostumada com aquele tipo de tratamento, pois o relacionamento que tivera com ele no passado nunca chegara a este nível de intimidade.

— Para com isso, Castle! – ela o repreendeu.

— Que bobagem, Katherine... Foi só um beijinho de bom dia. – Martha sorriu, dando corda para o filho.

— Martha! – Kate comentou, boquiaberta.

— Você está certo, filho! – Martha confirmou – Somente você e a Katherine ainda não fizeram refeição nesta manhã.

— Então, que tal prepararmos o nosso café da manhã, eihm, moça? – ele propôs animado.

Confusa por ter que ficar sozinha com ele na área da cozinha, ela olhou para Martha e sem que o Castle percebesse, Kate fez uma careta de pedido de socorro, mas o socorro não aconteceu, já que o que Martha mais queria é que Kate se resolvesse logo com seu filho, pois se amavam.

— Claro que esta linda jovem vai com você, Richard. – Martha respondeu por Kate.

Kate ficou atônita com a reação de Martha, mas a idosa prosseguiu naquela função de juntar os dois – Hey, Katherine, levanta desta cadeira, garota. Vão logo tomar o café da manhã porque já está tarde.

Alexis estava alheia ao clima tenso entre o pai e a Kate.

Sem alternativa e agindo como uma adolescente revoltada, Kate arrastou a cadeira para trás e se levantou, seguindo Castle até a cozinha. Lá chegando, ficaram parados próximo ao cooktop que ficava na grande ilha de mármore branco.

Só que ao invés de começar a pegar os mantimentos, ele parou diante dela, a admirou abertamente, dos pés à cabeça e gostou do que viu.

— Adorei te ver assim, Kate... Descalça, de shortinho jeans e camisetinha branca e... despretensiosa. Você está linda, como sempre.

Ele tocou nos cabelos de Kate e, com habilidade, desfez o nó no topo da cabeça dela, fazendo os longos cabelos cascatearam pelos ombros nus.

— E cabelos soltos. – ele completou – Adoro!

— Obrigada! – ela sorriu e, involuntariamente, pegou uma mecha do seu cabelo e passou a enrolá-los nas pontas assim que ouviu os elogios – Você também não está nada mal com esta bermuda jeans e camisa de algodão. E adorei que você nem penteou os cabelos como antes. Adoro vê-los caindo pela testa.

 Naquele momento, o Castle passou os dedos pelos cabelos, mas Kate tentou impedi-lo – Não faça isso! – e prosseguiu com o elogio – Está um charme!

Beckett não queria ter elogiado, mas, quando percebeu, sua língua tinha falado mais do que ela pretendia.

— Ah, obrigada! O dia está maravilhoso! – ele anunciou, feliz da vida, parecendo um guia de turismo.

— Para quem passou a noite em claro, você está muito sorridente, Castle.

Ainda de frente a ela, tocou-lhe os ombros, a olhou nos olhos e deu um sorriso que a deixou arrepiada – Realmente, o sono custou a chegar, mas, sendo bastante sincero, eu não vejo motivo para eu ficar mal humorado. Veja bem, Kate... Vou listar... Eu sobrevivi a um naufrágio. Eu recuperei minha saúde com a ajuda milagrosa de uma curandeira, cuja família, maravilhosa, me deu não somente abrigo, mas também emprego...

Enquanto o Castle falava, ele tocava seus próprios dedos, enumerando os itens.

— Depois vocês apareceram lá no restaurante e me descobriram. Fiquei sabendo que você moveu céus e terra para me encontrar e até correu o risco de perder seu adorado emprego. Eu tenho uma mãe formidável e amorosa, uma filha que me ama e que estava morrendo de saudades de mim e...

Neste momento ele fez uma pausa e a olhou com ternura – ... E, claro... Você, Kate. Você está aqui... Uma mulher linda, forte e extraordinária, que, apesar de querer me manter a distância, se derrete toda com o meu toque... – ele a provocou – Então, Kate, tenho ou não tenho motivos para ficar feliz da vida mesmo não tendo uma boa noite de sono?

Ao terminar de falar ele a trouxe para um abraço apertado e deu mais um beijo no pescoço dela.

Afastando-se dele, ela concordou – Verdade! Fico contente que você procure ver o lado bom das coisas. – mas ela logo o provocou – pensei que você ia incluir esta linda mansão na relação de motivos felizes. – Kate acrescentou com ironia e fez uma careta, para atiçar a provocação.

Castle entendeu a intenção por trás da provocação dela e sorriu – Pensei ter ouvido você falar ontem que eu não deveria dar tanta importância a estas coisas materiais, Kate. – ele devolveu-lhe o sarcasmo.

— Uaauu! Gostei disso! Muito bem, Castle! Vejo que aprendeu a lição.

— Bela tentativa de me provocar, viu... Mas vou seguir à risca seus conselhos que, aliás, combinam muito com o meu estilo de vida. Vou manter o foco nas batidas do meu coração ao caminhar por aqui – ele olhou em volta se referindo a casa.

Kate o escutava com atenção.

— Sabe, Kate, durante a madrugada eu fiquei emocionado ao apreciar as ondas do mar lá da varanda do meu quarto e na hora que o sono chegou, parece que reconheci as sensações ao deitar no colchão da minha cama... Senti que já tinha feito isso antes, mas não consigo me lembrar de nada, em especial, apenas as sensações, mas já acho que é um grande avanço.

— Excelente! Já é um ótimo começo, Castle! – ela demonstrou gostar muito do que ouviu – Então, vamos começar logo esse preparo do café da manhã, porque estou morrendo de fome. – ela brincou e pegou a vasilha de pó de café, mas ele, de um jeito suave e divertido, retirou o pote das mãos dela deixando-a sem entender o que acontecia.

Mas ele logo se justificou.

— Hey, moça, sem querer parecer chato, mas já sendo... – Castle deu uma leve piscada de olho para ela com um sorriso maroto que derreteu o coração dela – Eu preciso fazer o café da manhã sozinho, tá certo?

— Mas eu só... – ela ainda tentava ajudar.

— Nem se preocupe, ok? – ele continuava enviando aquele sorriso que a fazia tremer.

— Você nem sabe se era você quem preparava o cafá da manhã, Castle.

— Também não sei. – ele sorriu e deu uma nova conferida ao redor – Mas eu estou com vontade de fazer. Eu quero seguir seus conselhos. Acredito que isso é muito importante para eu me reconectar com o meu EU. – ele olhou em volta, por toda a área da cozinha – Não faço a mínima ideia onde estão as coisas por aqui... Tudo é tão grande. Tantos armários... tantas gavetas. Mas eu sei que preciso achar os mantimentos nos armários. Tenho que pegar os talheres e os utensílios nas gavetas, ligar o fogão – ele olhou o fogão e ficou impressionado com o modelo sofisticado – Meu Deus, que fogão incrível! Pois é, vou me concentrar nos aromas do café e dos temperos que vão espalhar pelo ambiente quando eu começar preparar o nosso café da manhã aqui nesta cozinha.

Kate ouvia comovida cada palavra que o Castle falava, pois sentia-se querida por ele e isso era maravilhoso.

Ela tentou se retirar para se sentar numa banqueta próxima, mas ele, com delicadeza, a puxou para mais perto, olhando-a nos olhos – Estou muito feliz, principalmente porque tenho certeza que estou acompanhado de você, Kate, que desde o primeiro segundo, eu vi que é uma pessoa especial, incrível e muito querida, além de... além de linda de morrer! Ops! Aliás, não vamos falar em “morte”, né, não quero falar nessa palavra. Então, Kate... Você é linda de viver.

Aquilo tudo era muito novo para Kate, que até enrubesceu por conta dos elogios que nem esperava. Sorriu diante do posicionamento dele e do modo como ele se expressava, bem do jeito Castle de ser e ela amava isso – Fico satisfeita que você queira mesmo se reencontrar Castle.

— Tenho pressa de me reencontrar, Kate. Você não faz ideia!

Ela respirou fundo ao ouvir aquele comentário, mas ele continuou – Apesar de me sentir seguro e amado por minha mãe, minha filha e por você, sei que preciso reconhecer vocês, verdadeiramente, desde antes do naufrágio. Ainda estou naquela de vibrar com a novidade e sei que estou encarando muito bem esta mudança e esta nova situação. Por enquanto eu estou bem e muito animado, mas receio que se eu falhar, as coisas dentro de mim possam mudar, pois é óbvio que não posso viver num mundo onde só existem três pessoas além de mim, que, aliás, nem conheço de verdade. Sinto que estou num mundo onde eu não conheço ninguém. Não reconheço minha mãe, minha filha e você e...E o pior é que eu também não conheço o Richard Castle. Eu olho no espelho e vejo o João Marinho. Sou resiliente e muito brincalhão, mas estou assustado! – a voz dele falhou, demonstrando estar emocionado – Mas não vou esmorecer. Ainda bem que tenho vocês. Vamos em frente! – ele falou em tom firme e sorriu, demonstrando que queria se fortalecer e vencer.

Aquelas palavras dele a emocionaram muito e, num impulso, ela se pôs nas pontas dos pés, o abraçou pelo pescoço e o apertou forte passando conforto, força, companheirismo e amor.

A vontade que tinha era de nunca mais soltá-lo – Nunca vou sair do seu lado, Rick! Nunca!

O abraço continuava apertado e Castle, sentindo a energia, o amor e o apoio que emanava de Kate, aceitou o abraço e passou os braços pela cintura dela, trazendo-a mais para perto de seu corpo.

— Rick, eu estou aqui do seu lado. Sempre estive e sempre estarei. – ela repetiu.

— Eu sei, Kate. Eu sinto isso. – ele murmurou.

— Tenho certeza que as portas do seu passado se abrirão, a nuvem escura desaparecerá, tudo vai se clarear e você verá que o mundo do Richard Castle é de muito trabalho, mas é maravilhoso, amplo, alegre, divertido e com muitas pessoas boas ao seu redor. E neste mundo você vai me encontrar, Rick... Esta mesma que está aqui – neste momento ela interrompeu lentamente o abraço, se afastou um pouco e o olhou com um pouco de medo e tristeza.

— Hey! – ele a trouxe de volta – O que aconteceu? – ele se preocupou.

Ela tentava um sorriso fraco – É que... Só que além das qualidades que você mencionou agora, você também vai se lembrar de uma Kate com atitudes esquisitas, Castle... Uma pessoa um tanto quanto reservada, estúpida, medrosa e as vezes até grosseira e sem paciência, que, aos olhos do puro João Marinho, você nem aprecie muito, mas garanto que sou eu mesma, esta aqui, que, por ter um medo terrível de te perder, está numa edição revisada, atualizada, mais leve, sem armadura, sem muros, mais receptiva, ansiosa para ser feliz, pronta para amar e ser amada e completamente apaixonada por você.

Castle ouviu cada palavra que Kate disse, captando e imaginando cada situação, percebendo, inclusive, que, segundo Kate, ela era uma Kate melhorada. E era o que ele via ali. Ele a via inteira, pronta para melhorar a cada dia e disposta a ajuda-lo neste momento de mudanças e descobertas.

O abraço voltou a ficar apertado e emocionado até que ela se afastou.

— Então... Café da manhã ou almoço? – ela brincou.

— Sente-se neste banco alto e pode ficar de olho em tudo que vou fazer. Vou abrir muitas portas de armários e muitas gavetas até encontrar tudo que preciso, mas vou conseguir. Nada de dicas, ok? – ele piscou o olho, divertindo-se com a situação.

— Sim, senhor! – ela pilheriou.

Aos poucos ele foi encontrando o que procurava e, com habilidade, foi preparando o café da manhã deles.

Kate percebia que os gestos dele continuavam ali, inabalados, e o humor e a confiança também e isso era excelente. Era o próprio Castle. Só restava recobrar a memória que era algo importante para todos e para ele, principalmente.

Em certo momento, Castle olhou para Kate e percebeu que ela o olhava com intensidade.

— Pode me admirar bastante, é de graça e faz bem às vistas. – ele fez um trejeito sensual, divertido e piscou o olho para ela de um jeito sedutor e finalizou com um sorriso maravilhoso que seria impossível a Kate não sorrir de volta.

— Como eu já te disse outro dia, a modéstia passou longe de você, né? – ela zombou e sorriu.

— Faço o que posso! – ele brincou.

— Hey, uma coisa que eu queria te perguntar... Uma curiosidade.

— Pode perguntar. – ele riu, mas continuou o preparo da refeição.

— Pois é... Depois do naufrágio, você disse que quando acordou já estava sobre a cama em uma cabana... A cabana da “Vovó”, a Curandeira.

— Sim, uma pessoa maravilhosa e muito inteligente. Sabe tudo sobre as ervas, curativos e emplastos. Devo minha vida a ela.

— Sei disso. Ela te perguntou o seu nome e você não sabia.

— Isso, eu não sabia e meus documentos não foram localizados.

— Então, quem começou a te chamar de João Marinho? E como chegaram a este nome e sobrenome? – ela indagou curiosa – Sim, porque não te deram apenas um apelido. Te deram um nome e um sobrenome. Achei interessante!

Enquanto preparava os alimentos ele ia explicando.

— Sempre que era necessário a Vovó chamava pessoas para ajudar a me carregar, até mesmo me virar de lado, pois eu estava todo machucado e não tinha forças. Meu corpo doía todo. Ora vinha o filho dela, ora a nora, os netos e até alguns vizinhos bem bacanas. E como não sabiam o meu nome, passaram a me chamar de Marinho, porque me encontraram no mar e depois puseram o “João” porque é um nome simples.

— Ah, beleza! Gostei da história.

Kate ficou a refletir que, se fosse o Castle a ouvir aquele relato, ele logo diria que daria um bom tema para um livro.

O Castle interrompeu suas divagações.

— Mas quero confessar que quando as moças, as mulheres e as turistas da praia me viram, começaram a me chamar de “Bonitão”, mesmo todo machucado... – ele riu – pois diziam que eu era o peixe “Bonito” que tinha sido entregue diretamente na praia... Segundo elas eu era o “Bonitão delivery”. – o sorriso sedutor não saia do rosto dele e Kate riu muito do jeito divertido que ele narrava os fatos  – Não estou me gabando, viu, muito menos reclamando... Mas, já me disseram que a voz do povo é a voz de Deus! Poderiam ter me apelidado de Badejo, de Atum, de Dourado, de Xeréu, mas, não... Preferiram me dar o apelido de “Bonito”. Fazer o que, né?

Kate não conseguiu parar de rir com a explicação dele, mas achou um jeito de provocá-lo.

— Acho que a galera da praia não pensou bem, Castle, porque se deixassem para escolher seu apelido ou seu nome, depois que você já estivesse saudável, já à vontade e espirituoso, com certeza seu apelido seria “Palhaço”... Aquele peixinho com listras brancas e cor de abóbora e pequenos detalhes pretos.. – Kate riu, referindo-se ao peixinho “Nemo”.

— Oh, como ela é engraçada! – ele ironizou, mas riu muito também – E a senhorita, se fosse encontrada na areia da praia, como eu fui, não tenho dúvidas que seu nome seria “Sereia”, pois é muito linda e... – ele a olhou com desejo - ... E deliciosa!

— Castle! – ela o reprendeu e ficou rubra, mas ficou óbvio que ela adorou a opinião dele.

— Deixe de bobagem eu sei que você amou meu comentário. Então, você é a “Sereia” e eu, obviamente, o “Bonito”... Tá, literalmente, na cara, né? – ele sorriu, provocando-a.

— Realmente, viu, Castle, a modéstia não é mesmo seu forte. – ela riu – Mas devo confessar que as mulheres da praia estavam certas, viu... Nem de “Badejo”, nem “Atum”, nem “Dourado”, nem Xeréu, nem mesmo o “Palhaço”, que aliás, seria uma ótima segunda alternativa. O pessoal escolheu o peixe que melhor combinava mesmo com você: “Bonito”.

A expressão de surpresa e contentamento marcou o rosto dele – Ah, quer dizer então que a senhorita concorda...

— Cala a boca, Castle! – ela ralhou, sem deixar de sorrir – E adianta aí o nosso café da manhã... Estou com fome.

Ambos se divertiam e parecia que fizeram aquilo a vida toda.

O aroma se espalhou pelo ambiente e a conversa deles não parava, os assuntos fluíam com muita facilidade e não pararam nem mesmo quando se sentaram para se alimentar com as delícias que ele havia preparado. Quem olhava de longe, pensava que eram um casal.

A cozinha da casa era muito ampla e em estilo aberto, ou seja, não havia paredes divisórias e dava para ser vista de qualquer canto da casa, inclusive da varanda lateral.

Da varanda lateral, onde continuava se distraindo com “Ludo”, um jogo de tabuleiro com a neta, Martha estava de olho no filho e na detetive e, mesmo sem ouvir o que conversavam, ela se entusiasmava com cada olhar, cada sorriso e cada toque que os dois trocavam, inclusive os abraços. Ela continuava na torcida para que o casal se acertasse, pois eles se amavam muito.

— Vovó, a senhora só andou duas casinhas no tabuleiro, mas o dado que a senhora jogou, caiu o número cinco. Parece que a senhora não está prestando atenção. – a menina, inocente, não percebeu que sua avó, apesar de estar presente ali, na sua frente, estava mais concentrada no casal da cozinha.

— Ih, Alexis, desculpa!! Eu me atrapalhei.

— Agora sou eu.

A garota jogou o dadinho amarelo e o jogo seguiu.

 

... Continua...

 


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Notas finais do capítulo

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