O Destino Escondido no Relógio de Bolso escrita por Temy


Capítulo 5
CAPÍTULO 4 - Relíquia


Notas iniciais do capítulo

Justificativas nas notas finais.

Enjoy!



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CAPÍTULO 4

Relíquia

Naruto pegou mais um pedaço da deliciosa torta de maçã que Hanabi havia preparado enquanto esperavam por Sasuke chegar.

Enquanto eles esperavam em silêncio, Naruto sentiu-se desconfortável sobre o olhar atento de Hinata que parecia considerar ele um objeto de estudo merecedor de bastante atenção, mas após a chegada do Uchiha, as coisas ficaram mais tranquilas principalmente com a deliciosa torta.

Enquanto Hinata explicava a situação para Sasuke, Hanabi o mimava com doces e ele não se incomodava nem um pouco com isso, o ajudava relaxar sobre o fato da conversa dos dois a sua frente deixar claro que ele não estava incluído mesmo ele sendo o assunto.

— Talvez papai simplesmente não tenha prestado atenção. – Disse Hanabi que pareceu se cansar de ser excluída assim como Naruto.

— Impossível. – Disse Hinata.

— Altamente improvável. – Concordou Sasuke.

Os dois estavam sentados no lado oposto a Naruto e Hanabi. Vendo a forma como eles conversavam, Naruto sentiu-se incomodado, ele queria poder discutir com Hinata sobre qual seria o problema, mas ele não tinha a menor ideia do que dizer sem fazer papel de bobo.

— Você já fez coisas estranhas acontecerem?

— Como assim? – Perguntou animado, pois era a primeira vez que ela se dirigia a ele desde que Sasuke chegou.

— Já fez uma pedra mudar de forma...

— Ou uma planta crescer muito mais rápido do que o normal. – Completou Sasuke. – Qualquer coisa desse tipo.

Naruto sentiu-se angustiado, pois a resposta que ele tinha para dar era bem diferente da que ele gostaria. Como ele queria realmente fazer parte daquele mundo, como ele queria que eles estivessem certo e ele fosse um bruxo. Então ele poderia simplesmente cancelar sua matrícula e começar a estudar na Academia junto com Hinata, poderia comer os doces de Hanabi quando quisesse. Eles poderiam ser amigos e ele teria todo tipo de habilidades mágicas.

— Não. Minha vida é bem cheia de normalidade, exceto por vocês e pelo meu cansaço constante. – Disse de mal humor voltando sua atenção para a torta de maçã.

— Hn.

— Então ele realmente não é um bruxo. – Comentou Hanabi. – Toda criança bruxa revela seus poderes antes de completar cinco anos.

Naruto já esperava por essa conclusão, mesmo assim se sentiu chateado em ter que escutar em voz alta. Ainda que sua mente soubesse que essa era a verdade, seu coração havia se enchido de esperança.

— Facilmente contornável. – Sasuke falou com tom sábio que Naruto notou ser muito comum ao rapaz.

— Como assim? – Hanabi perguntou por ele.

— Se tiverem criado uma relíquia ele não poderia praticar magia nem se fosse bruxo. Não sem estar com a relíquia. – Hinata falou encarando os olhos azuis de Naruto.

— Você tem algum objeto feito de algum material achado na natureza? – Perguntou Hanabi. – Algo que tenham lhe dito que era importante.

— Como o meu relógio.

— Nada que eu consiga pensar.

— Se ele tem uma relíquia, não está com ele. – Constatou Sasuke.

— Afinal, o que é uma relíquia? – Naruto perguntou impaciente. – Porque vocês seriam loucos ao ponto de se prenderem a um objeto para usar magia?

— Posso contar? – Perguntou Hanabi olhando para irmã que apenas assentiu. – Muitos anos atrás, séculos atrás, nasceu uma Ekasha.

— O que é uma Ekasha?

— Nossa magia é regida pela natureza, cada um de nós tem mais afinidade com alguns elementos e menos com outros. Uma Ekasha é a filha suprema da natureza, ela tem igual afinidade com todos os elementos, abençoada por cada um deles com igual carinho. Em suma, uma bruxa com poderes extraordinários. Normalmente bruxos demoram de dois a cinco anos para desenvolverem completamente seu núcleo mágico, mas Ekashas já nascem com o núcleo completamente desenvolvido, isso significa que ela poderia praticar magia desde que nasceu, mas bebês não possuem qualquer consciência sobre os poderes. Então uma noite, atraído pelo enorme poder que emanava da criança, um demônio tentou sequestrá-la, assustada com aquele ser desconhecido tentando separá-la de sua família, a pequena Ekasha chorou e ela se sentiu em tanto desespero que lançou um feitiço sobre toda a aldeia.

— Ela era só uma criança, não tinha o menor controle sobre seus poderes. – Hinata falou baixinho e só então Naruto percebeu o quanto ela parecia triste. – Ela só queria se livrar do demônio.

— Ela matou todos os membros da aldeia. – Sasuke falou.

— Depois disso, ela quis se certificar que nunca mais isso aconteceria e quando ela cresceu ela desenvolveu uma maneira de ligar um bruxo a um objeto para que todos tenhamos tempo de aprender a controlar nossa magia. – Disse Hanabi.

— Mas então essa relíquia é capaz de limitar a quantidade de magia que vocês podem usar? – Naruto perguntou olhando para Hinata.

— Sim. Todas as crianças bruxas devem ser batizadas e o batizado bruxo consiste na criação da relíquia.

— O que acontece se a relíquia for quebrada?

— A magia retorna para o dono. É como se você tivesse depositado sua magia naquele objeto e só você pode usar sua magia então não há perigo de outros roubarem ou pelo menos não deveria a haver. – Sasuke cerrou os olhos para Naruto que se sentiu desconfortável. – Uma relíquia não serve para mais ninguém além do dono. Se torna apenas um objeto.

— E quando você precisa, a relíquia te empresta a magia necessária, ela também funciona como um filtro para que você não exagere. Quando alcançamos a maioridade podemos escolher se queremos continuar com a relíquia ou não.

— Mas apesar de você ter capacidade de usar magia, sem a relíquia você não irá conseguir realizar nem o mais simples dos feitiços.

— Então eu realmente sou um bruxo? – Naruto perguntou com os olhos brilhando de animação. – Eu só não tenho minha relíquia, certo?

— É uma opção.

Hinata trocou olhares cheios de significados com Sasuke.

— Não, não, não! – Gritou Hanabi assustando Naruto. - Digam o que vocês têm a dizer em voz alta. Eu quero saber também. – Disse decidida.

Hinata mordeu os lábios.

— Não é nada demais. – Sasuke desconversou.

— Eu acho que eu tenho o direito de saber também. – Naruto falou de forma séria olhando de Hinata para Sasuke. – É sobre mim, não?

— É só que você tem olhos azuis.

— E daí? Você também tem.

— Claro que não. – Ela disse como se ele tivesse a ofendido.

— Como não? Estou vendo agora mesmo seus olhos azuis.

— Meus olhos de humana não contam porque sou uma bruxa. – Disse Hinata com orgulho. – Meus olhos são brancos como névoa. De todo o meu clã é. Assim como os olhos de Sasuke são vermelhos.

— Bom, se eu for um bruxo, meus olhos são de outra cor, não?

— Não necessariamente. – Sasuke disse com naturalidade. – Os Yamanakas possuem olhos azuis.

— E qual o problema de ter olhos azuis? – Rebateu Naruto irritado.

Os olhos de Hinata fugiram dos de Naruto e ela encarou apenas a torta sobre a mesa enquanto falava.

— Olhos azuis significam resistência a coisas antinaturais.

— Isso é ruim?

— Todos os corpos possuem um limite. – Explicou Sasuke. – Corpos humanos não são resistentes a magia e bruxos possuem diferentes níveis de resistência a magia. Olhos azuis significam resistência e os demônios sabem disso, por isso eles procuram por hospedeiros de olhos azuis.

Naruto piscou rapidamente três vezes atordoado com tanta informação.

— Você está dizendo que eu estou possuído? – Perguntou por fim.

— É uma opção. Explicaria seu núcleo de magia. – Hinata deu de ombros e apoiou as duas mãos abertas sobre a mesa pegando impulso para se levantar. – Mas eu não tenho tempo para lidar com isso agora. Preciso ajudar Gaara com um dever de casa.

— Ajudar Gaara? – Hanabi perguntou curiosa. – Desde quando você ajuda o Gaara?

— É um dever muito difícil.

— De quê?

— Magia negra.

Hanabi fez uma careta.

— Sabia que deveria ter escolhido cursar magia negra. Parece tão legal.

— É muito difícil, acredite, você está melhor sem essa matéria.

— É sobre o quê, o dever?

— Temos que descobrir uma forma de identificar uma alma corrompida.

— Isso é fácil. Basta achar um animu. – Disse Hanabi retirando os pratos usados e colocando-os sobre a pia.

— Animus não são comuns, Hanabi. Precisamos achar uma forma mais geral, que qualquer bruxo possa usar, não apenas alguém que realizou o estudo de almas durante anos para alcançar o nível de animu.

— Sério? Nossa, isso deve ser realmente complicado.

— Sim e é bom eu começar logo, você sabe como Gaara é impaciente.

— Crianças do fogo... – Disse Sasuke também se levantando. – Vou para casa então, tenho que revisar minhas anotações de poções antes da prova.

— Vamos, Naruto. – Chamou Hinata. – Tchau Hanabi.

A voz dela parecia cansada e ela não esperou por qualquer resposta ou reação por parte dele ou da irmã. Apenas saiu da cozinha com Sasuke.

— Tchau. – Disse Naruto para Hanabi após se levantar.

Hanabi sorriu para ele e o abraçou em seguida.

— Fico feliz que Hinata tenha ido lhe salvar.

— Obrigado. Foi muito legal da parte dela. – Disse sorrindo sem graça.

Hanabi assentiu.

— Sabe, ela teoricamente não podia fazer isso, então se por acaso você encontrar com a Sakura ou outro bruxo, não comenta sobre isso. É proibido pelo nosso povo usar magia para salvar humanos.

Naruto se surpreendeu com a informação.

— Prometo nunca falar nada.

E então saiu da cozinha.

— Para onde vamos? – Perguntou ao encontrar Hinata fora da casa esperando por ele, Sasuke já tinha sumido. – Para a Academia de novo?

Hinata arqueou uma sobrancelha.

— Por que iríamos para a Academia?

— Não vamos pesquisar o motivo do seu pai ter visto um núcleo de magia em mim?

Hinata se aproximou dele com os braços cruzados e aquele simples movimento deixou Naruto paralisado de encantamento. Ela o fascinava das formas mais simples e mais complexas também.

— Eu vou tentar descobrir o motivo disso, prometo. – Ela disse encarando os olhos dele. – Mas tenho provas na escola essa semana. – Ela apoiou uma mão sobre o ombro dele e Naruto sentiu todo seu corpo se esquentar imediatamente e ele tinha a impressão de que ela causou esse calor propositalmente. – Eu gosto de você. – Naruto nunca antes havia se sentindo tão preso aos olhos de alguém. – Eu realmente gosto de você e eu nunca achei que fosse conhecer um humano da qual fosse gostar tanto. – Ela sorriu e Naruto sentiu seu coração bater mais rápido. Ele provavelmente teria corado por completo se não estivesse paralisado demais para ter uma reação. – Mas Gaara faz parte do meu coven, não temos a melhor das relações, mas ainda assim ele é como um irmão para mim e o problema dele é muito sério. Mas assim que eu achar uma forma de ajudar ele, vou descobrir o que está acontecendo com você. – Ela colocou a outra mão sobre o ombro dele e fechou os olhos.

Naruto percebeu que eles não estavam mais em frente ao casarão de Hinata e sim no corredor no lado oposto à casa de Naruto.

Ele suspirou, havia entendido o que ela disse, mas ela não entendia que para ele, descobrir o que o senhor Hyuuga havia visto nele provavelmente iria mudar a vida dele completamente.

Hinata soltou os ombros dele e deu um passo para trás, Naruto sabia o que viria a seguir e por isso ele segurou o pulso dela antes que ela sumisse.

— E se eu precisar ver você? – Hinata deixou a cabeça pender sem entender o motivo daquilo. – Digo, em relação ao meu machucado. Você tem um celular?

Hinata fez uma leve careta envergonhada.

— Um daqueles aparelhos de comunicação que todos os humanos possuem? Não.

— Então me diz onde você mora.

— Não posso. Sou impedida por magia de indicar onde fica. – Hinata olhou ao redor aparentemente em busca de algo. – Não tem nada aqui que eu possa usar, obviamente. Vamos fazer o seguinte, depois eu volto aqui com algum item que você possa usar sem precisar de magia.

Ela puxou levemente o braço, mas Naruto segurou mais firme.

— Não. – Disse decidido e Hinata se assustou com algo no olhar dele. Não parecia o mesmo Naruto que ela havia conhecido, parecia uma pessoa completamente diferente, muito mais séria e assustadora e definitivamente bem mais perigosa. – Você vai me deixar com uma forma de contatá-la.

— Tá. Tá bom.

A expressão perigosa sumiu do rosto do garoto e um brilho animador apareceu nos olhos azuis juntamente a um sorriso encantador. No mesmo momento ele soltou o braço dela.

Hinata sentiu-se atordoada e levemente tonta como se tivesse levantado muito rápido após um longo tempo sentada e levou a mão a testa tentando acalmar a visão.

— Mas eu realmente não sei o que fazer para que você possa entrar em contato comigo.

Ela então subiu o olhar e se deparou com os olhos azuis de Naruto, eles estavam tão próximos assim da última vez que os viu segundos atrás? Logo ignorou esse questionamento irrelevante, pois teve uma ideia para resolver o problema.

— E então? – Ele perguntou ainda sorrindo.

— Diz meu nome. Hinata Hyuuga.

— Quê? Por quê?

— Só diz.

— Hinata Hyuuga.

Após escutar o próprio nome sendo dito por ele, antes que ele pudesse dizer ou pensar em qualquer outra coisa, ela selou os lábios dele com os próprios lábios.

Naruto ficou completamente sem reação, não fechou os olhos como ela, nem moveu suas mãos como ela que havia colocado as duas mãos sobre as bochechas dele puxando o rosto dele para mais próximo ao dela. Mas ele certamente gostou do momento.

Quando Hinata se separou dele, Naruto continuou exatamente na mesma posição.

— Eu vou estar bem ocupada essa semana, então só me faça vir aqui se sentir dores muito fortes e constantes. Se precisar, basta dizer meu nome como você acabou de fazer. Não fale meu nome em voz alta se não quiser que eu apareça.

Naruto sorriu animado e Hinata desapareceu.

— Hinata Hyuuga.

Com a expressão bastante fechada, Hinata apareceu na frente dele parecendo muito irritada.

— O que foi? – Perguntou entredentes.

— Estava só testando para ver se funciona.

— Testa mais uma vez e eu quebro esse feitiço.

E ela sumiu novamente.

— Você vai quebrá-lo da mesma forma que o colocou? – Perguntou com um sorriso de canto encarando o lugar onde ela estava até um segundo atrás.

Hinata chegou em casa aproximadamente às cinco horas da tarde naquele dia. Sua irmã não estava em casa, provavelmente ainda estava na academia para aula de astronomia. O silêncio absoluto indicava que a casa estava vazia e, portanto, ela estava completamente sozinha.

A bolsa que carregava estava tão lotada que ela teve que carregar três livros em suas mãos. Foi direto para a cozinha e levitou uma maçã da fruteira no centro da mesa até colocá-la sobre seus livros. Da mesma forma, abriu a geladeira e pegou um chocolate.

Subiu para o quarto e colocou tudo que estava a segurar sobre a mesa e então ela deitou no chão comendo a maçã.

A semana havia sido exaustiva e Hinata estava completamente decepcionada consigo mesmo, havia ignorado completamente o assunto de Naruto como o planejado e focou no problema de Gaara, mas de nada adiantou, não progrediu minimamente e ela sabia que isso havia se tornado uma tortura para o ruivo. Para completar o desastre, Hinata tinha a impressão de que não tinha se saído muito bem na prova, afinal quando ela deveria estar estudando poções, estava estudando maneiras de ajudar Gaara.

E assim ela comeu a maçã deitada no chão e ficou ali por mais dez minutos, pelo menos.

Quando escutou batidinhas no vidro da porta da sua varanda, ela apenas virou o rosto de maneira preguiçosa e praguejou mentalmente ao ver Gaara. Mesmo assim, se levantou e abriu a porta para ele.

— E então? – Ele perguntou fechando a porta e seguindo atrás dela dentro do ambiente.

— Nada. – Hinata falou se jogando na cama.

— Como nada? Você falou que ia me ajudar! – Gaara gritou.

— Eu sei que falei. – Disse a Hyuuga sentando-se rapidamente. – E eu juro que tentei, devo ter lido pelo menos uns cinco livros sobre o assunto.

— Hinata, eu preciso fazer alguma coisa! – Disse o ruivo em tom histérico e então ele respirou fundo e sentou-se ao lado de Hinata. – Está piorando. Está se aproximando. – Disse com o olhar distante.

Hinata o abraçou de lado e deitou a cabeça no ombro dele, mas Gaara sequer se moveu.

— Eu sei. Eu juro que estou procurando uma forma de te ajudar, já tentei um monte de livros de feitiços, fora os de magia negra, mas os únicos feitiços que achei são extremamente complexos. – Hinata respirou fundo e se jogou na cama novamente. - Se pelo menos tivesse alguma coisa que fizesse isso por nós.

E então os dois ao mesmo tempo arregalaram os olhos. Hinata sentou-se rapidamente ficando de frente para Gaara.

— Objeto! – Gritaram os dois ao mesmo tempo e um sorriso formou-se no sorriso dos dois.

— Não acredito que não pensei nisso antes.

— Tão óbvio. Mas como conseguimos um daqueles?

— Nós sabemos quem tem um daqueles.

— Você acha que Sasuke consegue pegar o do pai dele?

— Não acho uma boa ideia.

— Por quê?

— Porque o senhor Uchiha vivia perdendo o trevador dele, então a senhora Uchiha lançou um feitiço de localização precisa sobre o objeto para que ele possa saber onde está a todos os momentos.

— Então, o que vamos fazer?

Hinata respirou fundo olhando para o tempo fechado do lado de fora da janela.

— Nós poderíamos roubar um.

— Dos seguranças? Na estação? – Hinata dirigiu ao rapaz um olhar como resposta. – E como vamos fazer isso? Não podemos tocá-lo com magia que ele já reage.

— Eu sei, mas não precisamos.

— Você vai roubar como um humano?

— Não eu. Eu não tenho esse tipo de habilidade.

— Então quem?

Poucos minutos depois, Hinata e Gaara estavam em um beco escuro do outro lado da praça que ficava na frente do prédio de Kesas High School.

— Como mesmo que você conheceu esse humano? – Gaara perguntou encarando o menino de casaco verde e cabelos conversando energeticamente com um rapaz moreno.

— Ele roubou a minha relíquia.

— Sério?

— Sim.

— E você vai colocar um humano para entrar na estação? Eles vão notar à primeira vista.

Hinata olhou para o ruivo com um sorriso confiante.

— Ele tem um núcleo de magia.

Gaara olhou espantado para o loiro do outro lado da rua. Ele se equilibrava sobre uma pequena mureta de pedra andando enquanto o outro menino fazia manobras no skate.

— Ele? – Gaara apontou incrédulo.

— Sim.

— Ele é um bruxo?

— Alguma coisa assim... – Hinata falou fugindo do olhar de Gaara.

— Como assim alguma coisa... – Gaara se cortou. – Ele tem olhos azuis?

— Talvez. – Hinata respondeu ainda não olhando nos olhos dele mesmo que Gaara procurasse pelos olhos dela.

— Ele pode ser um demônio.

— Ou alguma coisa assim... – Disse sorrindo, mas Gaara continuou sério.

— Hinata!

— Ok, ele pode ser um demônio, mas ele não consegue praticar magia de jeito nenhum, juro. Me certifiquei disso.

— Água corrente? – Questionou.

— Água corrente.

— E você acha que vamos ficar seguros perto dele? Que nossa vila vai ficar segura?

— Como eu falei, ele não tem o menor domínio de magia. Nós com certeza conseguimos controlá-lo.

— E se alguma coisa acontecer? E se ele sair controle?

— Então eu e você vamos morrer juntinhos. – Disse Hinata abraçando o ruivo para provocá-lo, pois sabia que ele estava bem sério sobre assunto. – Beeem romântico, não acha?

— Hinata?

Os dois jovens bruxos olharam para o lado. O loiro – que antes estava do outro lado da rua – agora estava bem ali perto deles e foi ele que chamou pela Hyuuga.

Hinata soltou Gaara e sorriu para Naruto que olhava dela para o ruivo confuso.

— Oi, Naruto? Como você está?

— Eu estou bem. – Disse sério olhando para Gaara. – O que faz por aqui?

— Nós... – Hinata ia dizer que eles tinham vindo falar com ele, mas foi brutalmente interrompida.

— Saindo. – Gaara respondeu dando de ombros. – Aproveitando o lindo dia. – Disse sorrindo.

Naruto olhou para o céu nublado e escuro anunciando que a chuva não ia demorar mais que meia hora para cair e depois voltou o olhar para os dois.

— Vocês estão juntos?

— Sim. – Hinata perguntou confusa com a pergunta sem entender porque ele perguntaria se os dois estavam juntos considerando que ele estava os vendo ali.

“Nos apresente. ” Disse Gaara na mente de Hinata.

— Claro. Naruto, esse é o Gaara, acho que te falei sobre ele.

— Sim, você falou. – Disse Naruto com o tom levemente hostil. – Não é a sua família que está praticando magia negra? – Perguntou com um sorriso irônico.

Hinata praguejou mentalmente sabendo que Gaara nunca a deixaria em paz depois dessa.

“Você contou para ele?! “ O ruivo gritou na mente de Hinata.

“Não foi bem eu que contei, na verdade ele escutou nossa conversa... “

“Não estou falando sobre isso. Estou falando do nosso povo. “

“Ele não pode falar a ninguém.

Gaara ia argumentar fervorosamente contra isso quando se tocou do que ela disse.

“Por que ele não pode falar a ninguém? “

“Eu o amaldiçoei. “

“Você amaldiçoou com um voto de confidencialidade alguém que não tem o menor conhecimento sobre magia? ”

“Eu expliquei para ele. “

“Você sabe muito bem que isso não é desculpa. “

Naruto observava os dois se encarando, não desviavam o olhar para nada que fosse e ele sabia muito bem que eles estavam se comunicando mentalmente e quanto mais demoravam, mais irritado ele ficava.

”Prioridades, Gaara. Quer ou não quer conseguir um trevador? “

Os olhos verdes de Gaara se fixaram nos de Hinata, ele estava claramente incerto quanto ao que queria mais, mas por fim apenas ficou calado.

Os dois olharam para Naruto que estava com a feição fechada.

— Terminaram? – Perguntou com o tom de voz levemente áspero.

— Naruto, eu estava pensando se você não poderia me fazer um favor já que eu salvei sua vida e tals? – Hinata pediu ignorando o tom hostil que ele estava usando mesmo que ele normalmente não falasse assim com ela.

Naruto queria dizer que não devido aquela ceninha que tinha acabado de presenciar, mas não tinha coragem de recusar qualquer oportunidade que tinha de conhecer um pouco mais sobre Hinata e o mundo dela ou simplesmente de ficar com ela.

— O que quer que eu faça?

Hinata sorriu para Gaara.

— Nós gostaríamos que você roubasse uma coisa.

— Não se esquece, um pequeno pedaço de madeira com um líquido transparente dentro.

— Eu sei, você já disse isso um monte de vezes. – Disse Naruto ajeitando o casaco que Hinata tinha o obrigado a usar.

Mais uma vez ele estava usando o uniforme da academia, não um igual ao de Gaara que por algum motivo desconhecido parecia bem mais legal que o que ele usava, mas não interessava, por algum motivo, ele adorava usar aquela roupa.

— Ok, vamos fingir que não existimos por lá. – Disse Gaara apontando para o outro lado da rua. – Assim que sair, venha direto até nós, não temos muito tempo até perceberem.

— Entendi.

— Boa sorte. – Hinata falou sorrindo.

Naruto acabou sorrindo também, mas logo Gaara a puxou e o sorriso se desfez. Esperou que eles se distanciassem antes que entrasse no lugar a que os outros dois se referiam como estação.

O lugar era quase todo trabalhado na pedra, mesmo assim era muito bem iluminado e tinha várias mesas espalhadas pela sala circular, cada uma com uma pessoa. Mas a parte mais incrível era árvore de folhas brancas bem ao centro. Era simplesmente linda. Naruto passou um bom tempo encarando a árvore até perceber que estava chamando atenção.

Ele olhou ao redor reparando em várias pessoas sentadas fazendo as coisas mais aleatórias. Uma mulher de aproximadamente vinte anos escrevia rapidamente no que parecia ser um pergaminho e era tão grande que se estendia pelo chão. Outro homem de uns quarenta anos observava um objeto redondo sobre a mesa tão atentamente que parecia esperar que algo surpreendente acontecesse a qualquer momento.

Naruto ignorou sua tentação de observar o que cada uma das pessoas fazia e seguiu pelo ambiente dando a volta da árvore até que achou um homem que apenas olhava o nada a sua frente.

O loiro sorriu e foi na direção dele.

— Olá, como posso ajudar? – Perguntou o homem sorrindo disposto.

— Olá. – Naruto cumprimentou se aproximando com um sorriso. – Eu tenho um trabalho sobre como identificar magia negra e eu gostaria de saber se pode me ajudar. Estou justamente citando os trevadores. – Disse sorridente.

O homem tinha cabelos castanhos e aparentava ter pouco mais de trinta anos. Ao escutar o que Naruto disse, o sorriso que ele tinha no rosto aumentou ainda mais.

— É mesmo? Magia negra é uma excelente matéria, não é?

— Eu adoro. – Naruto disse sorrindo e sentando-se na cadeira a frente da mesa do homem.

— Você veio no lugar certo. – Ele riu. – Claro que sim, você veio porque sabe que temos poderosos trevadores, não é mesmo? – Disse o homem satisfeito. – Olha, esse é o meu. – Disse colocando um pequeno pedaço de madeira com um líquido transparente dentro de um pequeno vidrinho em cima da mesa. Naruto observou o objeto com fascínio. – São objetos extremamente encantadores os trevadores, conseguem reconhecer um bruxo que praticou magia negra mesmo que eles não tenham feito nada relacionado há meses e basta colocá-los no mesmo ambiente. Incrível, não?

— Incrível mesmo. – Disse Naruto retirando sorrateiramente uma moeda do bolso.

Naruto lançou a moeda que ele tinha roubado da casa de Hinata por baixo da mesa com um movimento que o homem não viu mesmo estando olhando para ele. A moeda quicou e deslizou para o outro lado da mesa parando atrás do homem que atraído pelo barulho imediatamente olhou para trás. Ele logo virou-se completamente para pegar o objeto.

Nesse pequeno intervalo de tempo, Naruto agilmente substituiu o objeto sobre a mesa por um de aparência idêntica que Gaara tinha lhe entregado, mas que aparentemente era apenas uma cópia oca sem qualquer poder.

— É sua? – Perguntou o homem sorrindo.

— É sim, muito obrigado. – Naruto sorriu pegando a moeda. – Foi muito bom conversar com você...

— Yamato.

— Yamato, foi de grande ajuda poder ver um trevador. Tenho certeza que consigo fazer uma descrição precisa para o meu trabalho, mas melhor correr para terminá-lo. Novamente, agradeço.

— O prazer foi meu. – Disse o homem guardando a cópia do trevador. – Qual o seu nome mesmo?

— Naruto. – Disse e saiu o mais rápido que pôde para evitar outras perguntas, aquela já tinha sido perigosa o suficiente.

Assim que saiu da estação, Naruto viu Gaara e Hinata do outro lado da rua onde eles haviam avisado que estariam e correu até eles.

— Conseguiu? – Perguntou Gaara ansioso.

Naruto retirou o objeto do bolso e entregou a ele.

Gaara comemorou alegre e tanto Hinata quanto Naruto riram da animação dele. O sorriso de Naruto só durou até o momento em que Gaara puxou Hinata e deu um intenso beijo na testa dela.

— Você cuida dele? – Perguntou para ela que apenas assentiu. – Ótimo, vou logo tentar resolver isso.

Ele desapareceu no segundo após o término de sua fala.

— Muito obrigada. – Hinata agradeceu olhando para ele. Os olhos azuis dela pareciam verdadeiramente gratos. – Isso vai ajudar muito o Gaara.

— Eu fiz por você. – Ele disse olhando nos olhos dela.

Hinata riu.

— Eu sei. – Disse imediatamente.

Mas ela não sabia, ela não sabia que ele quis dizer que ele fez porque queria agradá-la e não porque achasse que devia algo a ela, embora soubesse que provavelmente tinha uma dívida eterna com ela.

Hinata pegou a mão dele e m foi transportado para o corredor próximo a sua casa.

— Hinata, - chamou depois que ela soltou a mão dele – você descobriu alguma coisa sobre mim?

— Ainda não. – Ela respondeu chateada por não ter outra resposta. – Mas vou começar a pesquisar assim que voltar para casa. Prometo. – Ela respondeu sorrindo.

— Tudo bem. – Disse também sorrindo. – Você quer tomar um café? – Perguntou de imediato. – Não agora. Sábado?

Naruto esperou ansiosamente pela resposta dela, sua respiração havia ficado mais pesada e ele se sentia nervoso.

— Claro. – Ela respondeu prontamente sorrindo.

Ele deveria ficar feliz por ela ter dito que sim e uma parte de si estava feliz, mas a outra parte havia ficado decepcionada. Mais uma vez ela não tinha entendido o que ele queria dizer. Será que ele realmente tinha que dizer com todas as letras que estava interessado nela? Provavelmente.

— Ok, nos vemos no sábado então. – Disse aceitando sua condição momentaneamente.

Momentaneamente, pois ele estava decidido a mudar a forma como Hinata o via. Não mesmo que ele ia ficar na friendzone.

Hinata sorriu e fez um gesto na direção da roupa dele que logo voltou a ser a que Naruto usava antes dela alterá-la e Naruto admirou a mudança, acabou sorrindo, sempre adorava ver as magias de Hinata.

Hinata estava olhando para o rosto dele quando ele sorriu como uma criança assistindo a algo incrível e isso a fez se sentir radiante de felicidade. Ela também sorriu e por reflexo, passou a mão no cabelo dele querendo tirar os fios rebeldes que caiam sobre os olhos dele.

Naruto fechou os olhos ao sentir o toque e aproveitou cada segundo e soltou um inaudível grunhido de infelicidade quando ela parou.

— Tchau, Naruto. – Disse Hinata com o sorriso aberto de sempre.

— Tchau, Hinata. – Disse com um sorriso de canto.

Hinata voltou para casa e foi direto para o quarto, se sentia muito cansada, mas tinha prometido que ia começar a pesquisar sobre Naruto. No entanto, assim que se sentou para começar suas pesquisas, sua mente foi direto para o problema de Gaara.

Ela havia evitado pensar sobre, mas agora, da próxima vez que Gaara voltasse a falar com ela, ele saberia dizer quem foi e saber que era alguém de seu coven a fazia querer chorar.

Hinata foi arrancada de seus pensamentos pelas batidas na porta do seu quarto.

— Posso entrar? – Perguntou seu pai passando a cabeça pela porta.

— Claro.

O Hyuuga mais velho sorria.

— Como está a Academia?

— Muito bem. – Respondeu Hinata.

— Ótimo, ótimo. E aquele seu novo amigo? Naruto? Como anda? – Perguntou o senhor Hyuuga se aproximando.

— Está bem. Eu encontrei com ele hoje.

— Fico muito feliz em escutar isso. – Disse sorrindo. – O coven dele, qual era mesmo?

Hinata engoliu em seco.

— Corvo. – Disse fugindo do olhar do pai.

— Tem certeza, Hinata? – O tom de seu pai não era mais amigável e Hinata acabou olhando para ele. – Engraçado você dizer isso porque eu conversei com a Mei e ela me disse que não há nenhum Naruto entre os corvos. – Disse com os olhos oscilando entre o azul e o branco cravado no rosto dela. - Quem é aquele garoto, Hinata?


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Notas finais do capítulo

Eu não abandonei essa história por causa das outras. Antes de começá-la eu tracei todo o caminho que ela seguiria então tenho os acontecimentos bobos e bestinhas (porque essa fanfic foi criada apenas para descarregar minha vontade de brincar com magia) de todos os capítulos, portanto não me falta a história. Mesmo assim, mesmo tendo quase tudo que preciso anotado na minha agendinha, eu ainda assim não estava conseguindo colocar em prática. Não sei o que aconteceu e eu pensei em excluir a fanfic, mas os poucos que gostaram dessa fanfic realmente gostaram muito dela, então eu não criei coragem para excluir. Vou tentar finalizá-la já que ela não é muito grande e já está chegando na metade, realmente vou tentar, mas não vou garantir porque meu bloqueio realmente está muito forte.

Obrigada a todas as mensagens privadas, todo o carinho, todas as imagens que me enviaram, eu realmente olhei todas elas e elas me inspiraram, muito obrigada.



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