O Destino Escondido no Relógio de Bolso escrita por Temy


Capítulo 4
CAPÍTULO 3 - Coven




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CAPÍTLO 3

Coven

 

— Essa é uma péssima ideia. – Disse o rapaz de cabelos loiros pela segunda vez, mas a insistência do amigo era tanta que ele se sentia dizendo isso pela quinquagésima vez, talvez essa sensação viesse do fato de ele ter repetido as palavras mentalmente várias vezes.

— Qual é? Só precisamos ir buscar lá na escola e entregar na casa do Shino. Quer trabalho mais rápido, simples e lucrativo? Em menos de meia hora terá acabado e cada um de nós vai embolsar duzentos.

— Kiba, não seja idiota, ninguém paga tão bem por um trabalho fácil, se é simples e rápido, com certeza é perigoso.

O rapaz de cabelos castanhos escuros revirou os olhos.

— Não seja tão medroso. Você conhece os dois lugares que temos que ir, sabe muito bem que no domingo à noite ninguém aparece perto da escola, ainda mais meia noite.

Naruto olhou para um ponto aleatório em sua frente e por fim suspirou alto.

— Tudo bem, mas essa será a primeira e a última vez. Nem adianta me infernizar depois porque eu não vou aceitar.

Kiba abriu um sorriso ao escutar as palavras do amigo e tirou um cigarro e um isqueiro.

— Tudo bem, embora não acho que acharemos algo mais lucrativo.

— Não compensa. Muito tempo de cadeia se formos pegos e todo mundo sabe que lidar com traficante é uma das formas mais eficientes de alcançar a morte. E você também não deveria mais se envolver com essas merdas... não é como se você precisasse de dinheiro. – Disse observando o amigo acender o cigarro. – Olha, se quiser ficar aqui fora congelando só para intoxicar seus pulmões, amarelar seus dentes e se impregnar com um odor nojento, a escolha é sua, só não me peça para ficar também.

Ignorando os chamados de Kiba, o menino entrou no estabelecimento que eles estavam na frente. Uma cafeteria de esquina, belíssima e confortável. Ao ser protegido do frio pelos aquecedores do estabelecimento, Naruto sentiu a necessidade de retirar seu casaco mais grosso. Com o agasalho na mão, ele olhou ao redor.

Agora, ele havia virado um freguês rotineiro da Nina’s Cafeteria pelo simples motivo de ter sido onde a conheceu. Desde o dia em que ela sumiu de sua casa, deixando para trás apenas um pote de biscoitos caseiros feitos por sua irmã mais nova, Naruto não conseguia deixar de procurá-la em todos os lugares que ia, sempre se decepcionando quando não encontrava.

Hinata Hyuuga era simplesmente a coisa mais fascinante que tinha acontecido em sua vida, ela lhe apresentou um mundo que ele sequer imaginava que poderia existir e depois ela desapareceu deixando-lhe apenas memórias de uma vida que ele gostaria de ter, mas era inalcançável.

Mais uma vez, o rapaz de olhos azuis se decepcionou ao notar que ela não estava lá, desistindo da possibilidade de encontrá-la, apenas seguiu para o balcão de atendimento para pedir por um café que aquecesse seu corpo.

Do outro lado do ambiente, em uma reservada mesa de canto, um rapaz de cabelos negros e olhos vermelhos observava o loiro esperando por um pumpkin latte enquanto batucava no balcão de pedra.

— Sasuke?

O chamado distraiu o rapaz e os olhos vermelhos se tornaram negros.

— Hã?

O rapaz de cabelo vermelhos olhou na direção em que o moreno olhava anteriormente.

— É alguém que você conhece?

— Não muito.

O ruivo cerrou os olhos duvidoso, mas resolveu deixar de lado.

— Tanto faz. Mas então? E você e a Sakura?

— O que tem eu e a Sakura? – Perguntou sentindo seu rosto começar a ficar vermelho e bebendo o café para se esconder.

— Vocês estão namorando? – Perguntou o rapaz de olhos verdes.

— Não! Não, não... não.

— Achei que nós fôssemos amigos.

— Nós somos.

— Amigos não mentem.

— Eu não menti, não estou namorando a Sakura. Se eu estivesse, você seria a primeira pessoa para quem eu falaria.

— Nós dois sabemos que isso é mentira e que a primeira pessoa com certeza seria a Hinata. – Disse o ruivo revirando os olhos.

— Gaara...

— Olha, eu não estou tentando ser intrometido, só quero saber se é por minha causa que vocês ainda não estão namorando. Eu já falei com ela, por mim está tudo bem. Já faz anos que terminamos.

— Hã... obrigado. Espera, o que você falou para ela?

Gaara sorriu maliciosamente.

— Nada demais.

— Gaara, o que você falou para ela?

Mesmo com o moreno perguntando ansioso, o ruivo apenas continuou com o sorriso malicioso no rosto e se levantou.

— Vamos logo, se não vamos chegar atrasados para a reunião e você sabe como o senhor Hyuuga é com atrasos.

— Pois bem, - disse o senhor Hyuuga depois de um interminável discurso que incluiu diversos assuntos como filosofia mágica, escritas antigas, simbologia, segurança dos bruxos e até mesmo o eclipse que estava por vir – é hora de compartilharmos nossa magia para multiplicá-la. Kefir, por favor.

Ao falar isso, dois jovens bruxos se prontificaram para pegar a bebida e servir para todos os presentes. Uma jovem com longos cabelos negros e olhos azuis que vestia um vestido doll curto de mangas largas nas pontas com gola branca e um rapaz de cabelos tão vermelhos que pareciam tingidos, olhos verde-água vestindo roupas completamente pretas e uma jaqueta de couro em mesmo tom.

— Não precisa se incomodar, Gaara. – Disse a moça entre dentes sorrindo. – Pode deixar comigo.

— Que isso, Hinatinha. Como poderia permitir que você, com sua tamanha beleza, servisse a nós? Você deveria ser servida. – Respondeu o rapaz em mesmo tom.

Sentados no primeiro banco, próximos o suficiente para escutarem toda a conversa estavam Sasuke e Hanabi que reviraram os olhos ao notar a discussão.

Hinata forçou uma risada.

— Obrigada, mas realmente não precisa. Eu sirvo a todos essa noite. – Disse a menina pegando a jarra.

— Realmente não precisa digo eu. Não se preocupe, eu dou conta do serviço. – Disse o rapaz tentando pegar a jarra das mãos dela, mas a moça não soltou.

— Gaara, - disse a moça lutando para manter o sorriso forçado e a jarra em suas mãos – solta.

— Não.

— Solta. – Agora ela não mais sorria.

— Não acredito nisso. – Hanabi sussurrou para Sasuke escondendo o rosto nas próprias mãos com a tamanha vergonha que sentia.

Gaara e Hinata eram inimigos declarados desde crianças, ninguém sabia explicar bem o porquê. Por pertencerem ao mesmo coven, eles se conheciam desde que nasceram e por acaso do destino, também possuíam os mesmos interesses, eram excelentes alunos na academia, cursavam basicamente a mesmas matérias e possuíam os mesmos sonhos. Eles tinham tudo para serem melhores amigos, mas algo deu muito errado no relacionamento dos dois desde cedo e então eles tinham a necessidade de competir por tudo, absolutamente tudo. Quem seria o melhor aluno, quem seria o mais ativo nas cerimônias, quem possuía mais responsabilidade, quem era o melhor irmão e por aí seguia uma lista enorme. Como bruxos muito bem criados, a inimizade deles não era nociva, eles nunca prejudicavam um ao outro, mas o problema surgia quando os dois queriam ocupar uma posição que tinha apenas uma vaga disponível, como quem serviria o Kefir na reunião do coven.

As reuniões do coven foram criadas em tempos conturbados para os bruxos, tempos que acima de tudo exigiam união do povo e por isso foram criados grupos de bruxos para que eles pudessem discutir com tranquilidade suas necessidades e alargassem suas capacidades mágicas e embora, atualmente as reuniões não fossem uma absoluta necessidade, eles continuavam a realizá-las por tradição. Por isso, toda vez que chegavam a reunião, cada membro do coven colocaria uma pequena parte de sua magia na bebida e ao fim da reunião, todos tomariam da bebida para que pudessem amplificar seus poderes.

Era uma honra servir o kefir e por isso, Hinata e Gaara sempre discutiam sobre quem deveria ficar com a honra.

— Se os dois querem tanto assim essa honra, então que a dividam. – Disse o senhor Hyuuga em tom autoritário.

Os dois jovens olharam para o senhor por alguns segundos antes de voltarem a se encararem irritados. Sem muita opção de ação, os dois serviram a todos os membros do coven juntos e depois, recolheram todas as taças e as levaram para a cozinha.

— É impressionante como você não cresceu nada. Daibanet (lavar). — Após falar com as mãos estendidas sobre as taças, elas começaram a se lavar.

— Eu não cresci? – Perguntou o rapaz irritado. – Como se você pudesse falar algo sobre isso. Todo mundo sabe que o anfitrião deve ser aquele a servir.

Hinata olhou para o rapaz com um sorriso de canto.

— Isso é ridículo, o último a servir foi você e estávamos na casa dos Uchihas.

— Eu sou quase um anfitrião na casa dos Uchihas. – Disse Gaara se aproximando para pegar as taças e colocá-las no lugar.

— Por favor, você é tão anfitrião na casa dos Uchihas quanto eu sou na sua. – Disse cruzando os braços e se apoiando no balcão da pia.

Os dois ficaram em silêncio até que Gaara terminasse de guardar todas as taças.

— Pronto? – Perguntou Hinata ainda na mesma posição.

Não era regra, mas era costume que quem servisse, fosse o responsável pela limpeza da jarra e taças.

Gaara assentiu e olhou para a porta que separava a cozinha dos Sabakus do resto da casa. Ao notar que ninguém parecia estar por perto, ele se aproximou da morena. Hinata observou ele se aproximar curiosa, poucas vezes ela viu o rapaz agir daquela forma com ela.

— Hinata, tem algo que... – ele engoliu em seco olhando nos olhos dela.

— Que...

— Eu queria sua aju... opinião em uma coisa.

— Você quer a minha opinião? – Perguntou a Hyuuga chocada e preocupada. – No quê?

— Posso te mostrar? – Gaara perguntou se aproximando ainda mais.

A morena assentiu e Gaara passou por ela saindo da casa pela porta da cozinha que levava aos fundos do terreno dos Sabakus. No fundo da casa havia uma horta e um jardim e logo depois vinha uma floresta fechada e densa.

Gaara seguiu para floresta com Hinata logo atrás dele, eles entraram cada vez mais na floresta e em determinado momento, Hinata teve que parar para jogar um pouco de magia em sua bota de forma a facilitar a trilha. Hinata não tinha a menor noção do caminho que estava fazendo, embora tivesse brincado naquela floresta durante toda a sua infância, mas ela não se preocupava, pois tinha certeza de que Gaara sabia.

Os dois caminharam mais quinze minutos antes até se depararem com uma parede pedra não muito alta, então Gaara a ajudou a subir na pedra. De cima, a visão que Hinata teve tirou seu fôlego de forma tão intensa que Gaara a segurou para que ela não caísse.

Eles estavam de frente para uma clareira grande belíssima, iluminada apenas pela lua cheia e os eventuais vagalumes. No chão estavam vários animais mortos, veados, esquilos e até mesmo pássaros. A Terra parecia consumi-los em uma velocidade assustadora.

Hinata sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto enquanto Gaara a encarava preocupado. Ela levou algum tempo para se recuperar e o rapaz aguardou ansiosamente.

— O que você acha que pode ter causado isso? – Perguntou por fim.

— Magia negra. – Ela respondeu em um sussurro que o silêncio ao seu redor tornou audível. Hinata engoliu em seco e sem olhar para Gaara, disse: – Alguém na sua casa está praticando magia negra.

Ao contrário do que ela imaginava, ele não pareceu irritado ou ofendido. Ele só parecia triste.

— Eu tinha esperanças que você não dissesse isso. – Disse com a voz fraca.

— Eu tenho certeza de há uma razão.

— Para causar esse tipo de destruição? Trazer esse tipo de morte para a nossa casa? Você sabe tão bem quanto eu, nada justifica isso.

— Gaara...

— Vamos voltar! – Ele cortou rapidamente.

O rapaz a abraçou e em menos de um segundo eles estavam em um quarto escuro que Hinata logo reconheceu como sendo o de Gaara. Ele a soltou e acendeu a luz.

— Obrigado por ter ido comigo. Será que você poderia não falar para ninguém? Não acho que o coven lidaria bem com isso.

— Tudo bem. Se eu descobrir mais... sobre, eu te aviso.

Gaara deu um sorriso fraco e Hinata retribuiu. Ela não disse mais nada antes de sair do quarto. Antes que chegasse ao final do corredor, Sasuke apareceu.

— Onde você estava? Estou te procurando a meia hora.

— Tava com o Gaara.

— Com o Gaara? Por quê? – Perguntou o amigo confuso.

— Depois te falo.

Talvez você possa pensar que Hinata estaria traindo a confiança de Gaara ao contar o que ele havia mostrado para ela, mas ela não pensaria da mesma forma, Sasuke era a pessoa para quem ela contava tudo e todos sabiam disso, até mesmo Gaara.

— Não pode falar aqui?

— Prefiro não falar aqui. – Disse passando pelo amigo e indo para a escada.

— Estava te procurando justamente para irmos para casa.

Hinata olhou para o amigo no topo da escada.

— Você quer andar até em casa?

— Prefiro.

Os dois amigos passaram pelos vários membros do coven e saíram da casa dos Sabakus seguindo para suas próprias casas que ficavam apenas a três ruas de distância, no caminho Hinata contou a Sasuke o que Gaara havia lhe mostrado e ele, infelizmente, chegou a mesma conclusão que ela.

— Mas eu não entendo como alguém do nosso próprio coven poderia fazer algo tão maligno e ingrato. – Sasuke comentou caminhando com as mãos no bolso.

— Algumas pessoas simplesmente fazem coisas que não devem e ser do nosso coven não é impedimento para isso.

— Por falar em pessoas fazendo coisas que não devem... você nem acredita quem eu vi hoje.

— Quem?

— O humano que roubou a sua relíquia um ano atrás.

— Naruto? – Perguntou a menina cerrando os olhos. – Uau, achei que nunca mais fosse ouvir falar dele.

— Também. Mas eu fui na Nina com o Gaara e algum tempo depois, ele apareceu com um amigo dele, ficaram em frente à loja um tempão.

— Hn. E como ele está?

— Acho que ele continua roubando coisas que não lhe pertencem.

— Que horror.

— Sim, mas acho que ele vai receber punição do destino.

— O que quer dizer?

— Eu meio que escutei a conversa dele com o amigo.

— Meio que? – Perguntou Hinata com os olhos semicerrados.

— Ok, eu propositalmente escutei a conversa deles. Com um feitiço.

— Sasuke! – Repreendeu a amiga.

— Eu sei, mas Naruto é um humano tão interessante, não segurei a curiosidade. Enfim, ele estava combinando com o amigo dele de se encontrarem atrás da escola dos humanos hoje à meia noite.

— Como isso poderia ser uma punição do destino? Fazemos isso com frequência.

— A escola dos humanos é diferente, isso não é comum. Parece que ele vai fazer alguma coisa errada, ouvi ele comentar sobre como é perigoso.

— Hn. Bom, não é nosso problema, né? Talvez esteja na hora dele pagar pelas coisas que ele faz. – Disse com tranquilidade.

Pouco depois eles chegaram às suas casas que ficavam lado a lado e se despediram. Sabendo que teria aula durante a manhã, Hinata logo tratou de ir para cama, onde ficou a repensar sobre seu dia. O fato de alguém de seu coven estar usando magia negra lhe perturbava tanto que mesmo duas horas depois, ela ainda estava a se remexer na cama acordada.

Olhou para o relógio pela trigésima vez na última hora. 11:50. Hinata observou os pontinhos brilhosos piscarem e sua mente foi levada até sua conversa com Sasuke horas antes. Engoliu em seco dizendo a si mesma que não tinha nada a ver com o humano e que se algo acontecesse a ele, foi uma consequência de suas escolhas, mas mesmo assim seus olhos não conseguiam se fechar. 11:52.

— Maldição! – Disse irritada enquanto se livrava das cobertas e começava a trocar de roupa.

Hinata vestiu a mesma roupa que tinha usado para ir a reunião em segundos e pegou sua relíquia guardando-a cuidadosamente no bolso do sobretudo que tinha acrescentado.

Engolindo em seco, ela se transportou para a rua em que ficava a escola de humanos da sua idade.

Observou o prédio escuro nervosa e se apressou para chegar até ele e dar a volta. Antes que chegasse aos fundos da escola, Hinata começou a escutar vozes.

— É bom esses cretinos aparecerem na hora. – Escutou a voz do Naruto.

Com cautela, usando o muro da escola para se esconder, ela observou o rapaz.

Naruto estava exatamente como ela se lembrava, inclusive usava o mesmo casaco verde musgo com capuz, as duas mãos estavam escondidas nos bolsos e suas costas apoiadas no muro. Ao seu lado um rapaz de cabelos castanhos soltava fumaça pela boca.

Hinata observou o ambiente e logo viu um grande carvalho próximo a onde eles se encontravam. Concentrando-se, ela sumiu da lateral da escola e reapareceu atrás do carvalho, agora ela tinha uma visão bem melhor de Naruto e do amigo. Ela agachou-se e ficou esperando.

Vinte minutos depois, ela já estava sentada no gramado e bocejando com uma frequência incômoda, havia sido uma estúpida ideia vir até aqui. Aparentemente, Naruto também concordava com ela, pois logo em seguida ela ouviu ele falar.

— Vamos embora, deixa essa merda pro Shino lidar.

— Calma, cara. Eles já estão chegando.

— Já estamos a quarenta minutos aqui, Kiba.

— O que custa mais dez minutos?

Naruto não respondeu.

Poucos minutos depois, Hinata teve sua atenção atiçada pela aproximação de dois homens que pareciam bem mais velhos que ela e Naruto.

Os homens se aproximaram dos rapazes e lhe estenderam um pacote sem dizer nada. Naruto recebeu o pacote enquanto Kiba parecia entregar algo aos homens que logo depois viraram-se para ir embora, para o alívio de Hinata que estava assustada com a aparência deles.

— Ou, espera aí. – Escutou Naruto falar. – Aqui não tem um quilo.

— Como?

Hinata sentiu o coração bater mais rápido.

— Nós pagamos por um quilo, aqui não tem um quilo. – Disse decidido pegando uma faca a abrindo o pacote sem qualquer cerimônia. – A maior parte disso é isopor!

Naruto jogou o pacote no homem e estendeu a mão.

— Passa o dinheiro.

— Não vamos passar merda nenhuma. – Disse um deles se aproximando de Naruto.

Hinata sentiu o coração bater ainda mais forte.

— Maldição, o que esse garoto tem na cabeça? – Perguntou para si mesma.

— Então temos um problema.

O homem avançou para cima de Naruto, mas ele rapidamente se livrou dele.

— Ele tem uma arma! – Gritou o rapaz que estava com Naruto antes dos homens chegarem.

Segundos depois ele já estava correndo na direção oposta. Mas Naruto não teve tanto tempo para reagir.

O grito que Hinata soltou foi encoberto pelo som do tiro.

Com o coração batendo rapidamente quase saltando do peito e as duas mãos na boca, Hinata viu o homem pegar o pacote do chão e sair correndo enquanto o corpo de Naruto caia no chão.

Com as lágrimas banhando seu rosto e o vento balançando seus cabelos fazendo com que fios rebeldes grudassem em seu rosto molhado ela correu até o rapaz, escorregando algumas vezes antes chegar até ele.

Quando o alcançou, ela notou que ele ainda tinha os olhos abertos e respirava com dificuldade fazendo um chiado a cada inspirada.

— Hi-nata.

— Shiu, shiu, shiu. – Ela falou enquanto tirava o casaco dele para ver onde estava o problema.

— E-eu estou tão feliz que você será a última coisa que eu vou ver. – Ele sorriu durante poucos segundos, pois logo começou a cuspir sangue.

— Não fala nada. – Disse ela finalmente identificando onde ele havia sido acertado. Pulmão.

— Eu procurei tanto por você.

Hinata olhou para o rapaz uma última vez e viu que ele ainda sorria. E então ela o abraçou e fechou os olhos. Quando abriu os olhos novamente ela estava em seu quarto. Enquanto tirava o sobretudo que ela usava, usou magia para tirá-lo do chão e colocá-lo em sua cama.

Modi (venha). — Disse com a mão sobre o buraco que havia no dorso dele.

Segundos depois, a pequena bala ensanguentada estava em sua mão. Tremendo ela colocou o objeto sobre a sua cômoda e se ajoelhou ao lado dele que agora estava com olhos fechados.

Siskhli, nu miat’oveb skheuls (sangue, não abandone esse corpo), siskhli, nu miat’oveb skheuls, siskhli, nu miat’oveb skheuls.— Repetiu vendo o ferimento se fechar. - Daubrundi shens adgils (retorne ao seu lugar). – Ordenou para a costela quebrada.

Ela sabia que a bala tinha acertado uma das costelas e perfurado o pulmão e, portanto, só isso não seria o suficiente, mas bastaria para mantê-lo estável até que ela preparasse tudo que necessitava para trazê-lo, embora ela tivesse pouco tempo para recuperar o osso quebrado antes que ele inflamasse, afinal ela apenas tinha o colocado no lugar para que ele conseguisse respirar.

Naruto tossiu sangue algumas vez mais enquanto Hinata revirava seus livros de poções em busca da receita para recuperar ossos quebrados. Torceu o nariz ao notar que precisaria de luz do sol, o que significava que não ficaria pronta até que amanhecesse.

Abriu os olhos devagar e piscou algumas vezes tentando se acostumar com a claridade. Ainda sem se mexer, apenas de olhar para o teto, constatou de aquele não era seu quarto ou qualquer lugar a qual já tivesse ido, afinal ele nunca tinha visto um teto tão enfeitado quanto aquele teto branco em perfeitas condições cheio de estrelas e planetas.

Aos poucos, suas memórias foram voltando e com isso, ele engoliu em seco. Tinha levado um tiro, estava certo disso. Teria sobrevivido? Tudo indicava que sim. Lembrou-se da última coisa que viu antes de apagar, os olhos brancos de Hinata cheios de lágrimas.

Com dificuldade, sentou-se a cama e tirou o cobertor. Ele estava vestindo uma camiseta e um short folgado que eram seus, mas definitivamente não era a roupa que ele estava usando da última vez que esteve acordado. Logo tratou de puxar a camisa para ver o estrago que foi feito pela bala, mas para sua surpresa, sequer uma cicatriz estava lá. Nada. Mas ainda assim a região doía, uma dor interna e aguda, porém suportável.

Olhou ao redor, o quarto era grande, mas não gigante como o de Kiba, embora provavelmente fosse o dobro do seu. Ele estava em cama digna de uma princesa – uma princesa alternativa, mais ainda assim uma princesa -, ao seu lado haviam cortinas brancas transparentes cobrindo uma porta francesa branca e do lado de fora haviam uma varanda com algumas plantas, ao lado da porta havia uma arara de roupas que continha apenas roupas pretas e ao lado dela, de cima abaixo haviam vários nichos brancos com várias botas, todas pretas. Do outro lado da porta e ao lado da cama, embora distante haviam um armário branco. A sua frente tinha uma janela também com cortinas brancas transparentes de frente para uma bancada preta que era usada como mesa e seguia por toda a parede da janela, ao lado da janela várias prateleiras brancas estavam nas paredes com livros diferentes e grossos, além das mais diversas decorações.

Pelas roupas e decorações, o quarto era definitivamente de uma garota que tinha um gosto um tanto quanto peculiar misturando um estilo gótico e assustador com coisas fofinhas.

Curioso, Naruto levantou-se da cama e assim que colocou os pés no chão notou pisar em algo adoravelmente fofo e macio, era um enorme tapete preto redondo que cobria todo o chão ao redor da cama e contrastava com a madeira branca da qual era feito o piso. O quarto todo era monocromático, não havia nada que não fosse branco ou preto, desde o chão as paredes, haviam várias coisas escritas e vários símbolos espalhados na decoração do quarto.

Com cautela, para não aumentar a dor que sentia, Naruto se aproximou da mesa, vários papeis estavam espalhados de forma desorganizada e ainda assim organizada, um enorme e volumoso livro estava aberto e Naruto experimentou ler, parecia ser uma receita, mas os ingredientes eram os mais estranhos, como sebo de lã de ovelhas, cinzas de ossos de mamíferos, penas de patos e até mesmo gelatina de bexiga de peixe. Mas aparentemente a “poção” ajudava a recuperar ossos quebrados e perdidos.

— Perdidos? – Naruto se perguntou franzido o cenho. – Como alguém perde um osso?

Não teve muito tempo para refletir, pois em seguida escutou um barulho parecendo vir do lado de fora da porta branca que deveria unir o quarto ao resto da casa. Pouco tempo depois a porta foi aberta.

Quando ela passou pela porta com aquele mesmo chapéu fedora que ela usava na primeira vez que a viu, Naruto não resistiu e um sorriso se formou em seu rosto. Era ela, era Hinata Hyuuga, a menina que ele estava procurando há um ano e agora ele estava no quarto dela e provavelmente ela havia salvado sua vida. No entanto ela não parecia tão feliz quanto ele, na verdade ela parecia preocupada.

— Santa Terra. – Disse Hinata ao se deparar com o rapaz usando uma folgada camiseta branca e um short azul escuro em pé em seu quarto.

Em seguida, ela fechou a porta rapidamente.

— Oi. – Naruto disse ainda sorrindo enquanto prestava atenção em cada detalhe dela.

Os longos cabelos estavam presos em duas longas tranças, ela usava um vestido colado de veludo negro com mangas longas que continham rendas babadas nas pontas e cavado, mas ela cobria o pescoço com uma gravata de laço preta, com uma fivela prateada no centro. O vestido acabava no meio de sua coxa, mas ela usava uma meia calça preta transparente com vários símbolos como luas e gatinhos. Nos pés, como sempre Naruto reparou com felicidade que ela usava botas negras com saltos absurdamente grandes. Essas eram particularmente mais bonitas, na opinião de Naruto, tinham um adorável laço de cetim.

— Me diz que você não saiu desse quarto. – Hinata disse jogando o grosso livro que segurava em cima da cama e se aproximando dele rapidamente.

— Não, acabei de acordar.

Hinata pareceu aliviada, mas logo começou a olhá-lo de forma diferente.

— Não estava esperando que você fosse acordar tão cedo. Como se sente?

— Ótimo. – Disse sorrindo alegremente. – Você me salvou, não foi?

— Sim. Foi um pouco trabalhoso, para ser sincera. – Ela disse parecendo cansada. – Mas pelo menos você está bem.

— Graças a você. – Disse olhando nos olhos que agora estavam azuis novamente.

Hinata sorriu gentilmente.

— Você deve tá com fome, após ter passado quase mais de um dia desacordado.

— Mais de um dia?

— Sim, o processo de reconstruir tecidos e ossos é bastante doloroso, por isso preferi te deixar desacordado. Deixa eu ver como está.

Hinata se aproximou rapidamente e levantou a camisa para observar o local do incidente. Sobre o olhar analítico dela Naruto engoliu em seco pensando que gostaria de ter malhado mais ao longo de sua vida. Para piorar a vergonha de Naruto, Hinata colocou a mão sobre sua pele.

— Uau. Você se cura absurdamente rápido. Se você não tivesse um resquício de magia em você, diria que você é um bruxo. – Comentou se afastando dele. – Se você sentir alguma dor é normal, só evita atividades físicas por mais alguns dias e você vai estar zerado. – Ela piscou para ele. – Eu também recomendaria ficar longe de humanos perigosos capazes de causar esse tipo de dano.

— Como você me achou?

— Eu já estava lá. – Naruto a encarou confuso. – Sasuke ouviu você e o seu amigo na cafeteria. Ele disse que parecia perigoso, então eu resolvi checar, só por via das dúvidas.

— Obrigado por salvar minha vida.

— Tudo bem, só tenta cuidar mais dela, por favor.

— Está preocupada comigo? – Naruto perguntou com um sorriso de canto para provocá-la.

— Claro. – Disse a menina sem hesitar pegando o rapaz de surpresa.

Naruto sentiu-se envergonhado diante a naturalidade como ela proferiu a resposta rápida e sincera, mas logo ele deduziu que ela não havia compreendido a malícia em sua voz e que se ela realmente se importasse com ele, teria ido atrás dele durante todo o ano que passou. Seria mentira falar que isso não o incomodava, mas não importava, ele estava feliz demais de ter reencontrado ela.

— Obrigado. – Agradeceu novamente.

Hinata apenas deu de ombros.

— Mas então, tá com fome? Vou pegar alguma... Oh-ow. – Disse a menina olhando para um ponto atrás de Naruto.

Rapidamente, Naruto se virou para olhar na direção que ela olhava.

Um rapaz havia aparecido na varanda, ele estava sentado na proteção contra quedas completamente tranquilo, sem o menor medo de escorregar dali.

— Qu-

— Shiu! Não fala nada. – Disse Hinata sussurrando. - Ele não pode te ver, mas pode escutá-lo. Já volto, não faça barulho.

Naruto queria lhe dizer para ela não ir, para ficar ali com ele, fazia tanto tempo desde a última vez que eles tinham se visto, mas apenas assentiu.

Hinata passou pela porta tomando o cuidado de abri-la apenas o suficiente para que ela passasse.

— O que faz aqui?

— Você usa khedva ara (sem visão) no seu quarto? – Perguntou o rapaz com uma voz grossa e agradável.

— Claro, não quero pessoas como vocês possam me ver lá dentro. Você não tem? – Perguntou Hinata dando de ombros.

Dentro do quarto, Naruto aproximou-se silenciosamente do dois. Por entre as cortinas, ele pode reparar no rapaz que falava com Hinata, ele tinha cabelos vermelhos como sangue e a pele clara como algodão. Todas as peças de roupas que usavam eram da mesma tonalidade de preto, desde a bota, até o suéter de gola longa escondido em maior parte pela jaqueta de couro. O cabelo caia bagunçado em seu rosto e os olhos claros eram bem marcados por um lápis de olho muito forte.

Naruto era definitivamente heterossexual, mas aquele rapaz definitivamente era bonito, bonito até demais considerando que até ele tinha notado. Muito mais do que Sasuke, ele combinava com Hinata e esse pensamento lhe incomodava. Mas talvez todos os bruxos combinassem com Hinata e o único que não combinasse com ela era ele, o delinquente humano.

— Na verdade não. – Respondeu o menino passando a mão nos cabelos e jogando água para todos os lados.

Naruto e Hinata reviraram os olhos.

— É assim que você corteja suas amantes? – Perguntou Hinata cruzando os braços.

— Não. É assim que eu tiro o excesso de água do cabelo. – Ele sorriu de forma convencida. – Por que a pergunta, Hinatinha? Quer se tornar uma das minhas amantes?

Hinata revirou os olhos mais uma vez.

— Bem que você gostaria, né? Mas não, você está bem distante dos meus padrões.

— Se estou dentro dos padrões da Sakura, devo estar nos seus ou pelo menos próximo.

— Fala logo o que você quer.

— Eu preciso da sua ajuda. Eu preciso saber quem está causando tudo aquilo. – Disse o ruivo com um tom bem diferente do anterior. – E já que você é a pessoa que eu conheço que tem mais experiência em magia negra, depois de mim...

— Antes de você...

— Depois.

— Antes.

— Depois.

— An-

— Não interessa. Eu quero chamar um Simurgh.

— O quê?!

— Simurghs são criaturas incrivelmente sábias que sentem o cheiro de uma alma corrompida a metros de distância.

— Não! – Disse Hinata em tom sério que Naruto não se lembrava dela usando, era muito mais Hanabi do que Hinata.

— Mas eles absorvem magia negra e...

— Não. Nós não vamos chamar uma das criaturas mais sábias do mundo para colocá-la sobre nosso domínio. Isso é ultrajante.

Gaara suspirou alto.

— Eu sei – disse o rapaz passando as mãos no rosto – mas... tenta imaginar isso – ele se aproximou de Hinata e para o desgosto de Naruto, ela não afastou, será que ela não percebia que ele estava claramente dando em cima dela? Pensou irritado consigo mesmo. – Imagina que fosse alguém da sua família, você não se sentiria responsável? E você sabe como é afrontoso acusar um bruxo de praticar magia negra. Eu preciso ter certeza de quem é.

Hinata deixou os braços cair.

— Eu sei. Eu entendo o seu ponto e eu estou disposta a procurar por uma solução com você. – Disse a menina abaixando a cabeça para olhar nos olhos do rapaz que ainda era bem mais alto, mas estava olhando para o chão. – Eu só estou dizendo que não devemos chamar um Simurgh.

Gaara olhou na direção de Naruto e por reflexo ele deu um passo para trás.

— Eu sei que você está certa, é só que não consegui pensar em mais nada.

— Tudo bem. – Disse Hinata passando a mão sobre o ombro dele. – Eu vou achar outra solução, prometo.

— Valeu. Desculpa por vir ao seu quarto sem autorização. – Disse o rapaz com o sorriso brincalhão de antes fazendo Naruto revirar os olhos mais uma vez.

— Como se você tivesse avisando alguma vez.

Gaara sorriu e então sumiu. Naruto correu até a cama para fingir que não estava escutando a conversa e pouco tempo depois Hinata estava de volta ao quarto.

— Desculpa a demora.

— Tudo bem. Quem era? Seu amigo?

— Não diria que somos amigos. O nome dele é Gaara e ele é do meu coven.

— Coven? Você quer dizer um grupo de bruxas?

— E bruxos, é isso mesmo.

— Para que isso?

— Era uma forma de nos protegermos na época em que éramos caçados. Atualmente é só pela tradição e por isso crescemos todos juntos, nos conhecemos desde crianças.

— Como faz para entrar no coven?

— Não tem uma maneira. Isso é decidido quando você nasce.

— Como assim?

— A maior parte dos covens foram decididos séculos atrás através de um ritual bastante complexo. Um coven é composto de cinco clãs, o que significa que muitos séculos atrás, um ancestral meu e um do Gaara se uniram a mais três chefes de clã para performar o ritual. É uma magia tão pura e poderosa que fica no sangue da família mesmo que ela se misture.

— Entendi. Sasuke faz parte do seu coven?

— Sim. Nosso coven é composto pelo clã Hyuuga, que você conhece eu e minha irmã, o clã Uchiha, você conhece o Sasuke, Haruno, como a Sakura, Sabaku, como o Gaara e o clã Mitsashi.

— Hn. Então... você gosta desse tal Gaara?

— Quê? – Hinata perguntou cruzando os braços e parecendo ofendida. – Não. Não mesmo. Eu odeio ele.

— Não parece. Você tá até ajudando ele.

— Porque o problema dele é muito sério.

— Não se ajuda pessoas que você odeia.

— Eu não gostar dele não significa que eu quero que algo ruim aconteça a ele. Ele é parte de mim.

— Como assim?

— Esquece, um humano como você jamais entenderia, vocês são egoístas demais.

— Mas você realmente confia nele?

— Claro. Por que não confiaria nele?

— Eu não sei nada sobre magia e mesmo assim sei que não se deve fazer magia negra. E você acredita que alguém da família dele está usando magia negra. O que te garante que não é ele?

Hinata queria gritar com ele e dizer que ele não sabia nada sobre o que é ser um bruxo, nem muito menos sobre Gaara, mas notou logo que ela realmente não tinha nenhum argumento contra o que ele disse.

— Bom, isso não lhe interessa. – Disse por fim. – É assunto meu. Agora, vamos logo, vamos pegar alguma coisa na cozinha e te deixar em casa. – Disse passando por ele e indo em direção a porta.

Naruto a seguiu em silêncio. Ele não queria ir embora, não queria se distanciar de Hinata de novo e tão cedo, mas ao mesmo tempo, estava morrendo de fome e sua boca salivava só de imaginar o que Hanabi teria cozinhado.

Entrou na cozinha bem a tempo de ver a Hyuuga mais nova colocar um frango assado no centro da mesa. Quando ela o viu, levou um susto.

— Como ele já está acordado?

— Não sei, não pergunte. – Respondeu Hinata sentando-se a mesa e já se servindo do purê.

— Hinata, ele não pode ficar aqui, você tem que tirá-lo daqui agora.

— Eu sei, mas ele precisa comer algo.

— Hinata, papai...

Hanabi parou de falar assim que escutaram um estalido na sala de estar. As duas irmãs se entreolharam assustada e Hinata correu na direção de Naruto, mas não deu tempo.

— Que cheiro... Ah! Vocês não avisaram que convidaram um amigo hoje. – Disse o senhor Hyuuga após entrar na cozinha apressado e notar a presença de Naruto.

Hanabi travou no mesmo lugar.

— Pai, eu posso... – Começou Hinata, mas foi completamente ignorada.

— Acho que nunca tinha o visto. – Disse o senhor Hyuuga se aproximando de Naruto com um sorriso amigável. – Qual o seu coven?

As irmãs Hyuugas se entreolharam confusas com os olhos azuis arregalados e ficaram em absoluto silêncio esperando pelo desfecho da situação.

— Hã, meu co-coven. – Gaguejou Naruto que se sentia intimidado mesmo que o homem a sua frente sorrisse amigavelmente. – Co-co-corvo.

Havia soado como uma pergunta, mas o senhor Hyuuga não pareceu desconfiar da resposta, pois seu sorriso aumentou.

— Corvo? Que ótimo, engraçado, não achei que eles tivessem alguém com... Besteira, esqueça o que eu estava a dizer. Diga-me como está Mei?

Naruto deu de ombros com tranquilidade como se estivesse acostumado àquela pergunta.

— Ótima.

— É mesmo? Imagino que ela tenha resolvido o problema das abóboras então.

Naruto sorriu sem graça.

— Sim, sim. As abóboras estão... ótimas.

— Excelente, excelente. Mande lembranças a ela. Qual o seu nome mesmo?

— Naruto.

— Naruto? Muito prazer, imagino que já saiba meu nome, mas gosto de me apresentar mesmo assim. Hiashi.

Naruto sorriu assentindo sem saber o que dizer.

— Vamos almoçar? – Perguntou Hanabi ainda atordoada.

— Ah, querida, sinto muito, passei aqui apenas para pegar uns papiros que esqueci. Sinto muito mesmo, mas guarde um pouco da sua deliciosa refeição para mim, por favor.

— Claro, papai.

— Naruto, por favor, cuide bem das minhas filhas. Elas são meu tesouro.

— Pode contar comigo.

— Já vou indo.

O senhor Hyuuga deu um beijo em cada uma das filhas e apertou a mão de Naruto antes de sumir no interior da casa. Assim que escutaram um outro estalido, Hanabi se jogou em Naruto sacudindo o corpo dele com violência.

— O que você roubou?

— Hã?

— O que você roubou? Você roubou alguma coisa da Academia, não foi? Como você pôde? Depois de tudo que fizemos por você. – Disse a menina batendo no peito dele com os punhos fechados.

— Eu não roubei nada, muito menos da sua escola. Pergunta pra Hinata, ela ficou o tempo inteiro comigo. – Disse tentando se proteger dos golpe de Hanabi.

— Então você pegou alguma coisa aqui de casa. O que você pegou?

— Por que você acha que eu furtei alguma coisa? Eu não peguei nada! – Disse o loiro segurando os pulsos da mais nova.

— Hanabi, deixa ele. – Disse Hinata encarando Naruto com um olhar diferente.

— Por quê? Você também viu? Sabe que ele pegou alguma coisa.

— Não tem como ele estar com nada agora, olha as roupas dele.

— Mas... mas o papai... – Falou Hanabi incrédula.

Hinata nada disse, apenas continuou a encará-lo com aquele olhar diferente, como se ela nunca o tivesse visto antes e ele fosse um espécime particularmente interessante.

— O que tem o seu pai?

— Papai é um feiticeiro muito poderoso. – Disse Hanabi com a voz assustada. – Ele consegue ver núcleo de magia.

— E...? – Perguntou Naruto sem entender como aquilo poderia significar que ele furtou alguma coisa.

Mas Hanabi apenas o encarou assustada, deixando que a irmã respondesse.

— Ele viu em você.


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Notas finais do capítulo

Agradeço muito a todos que leram e deixo informado que respondo todos os comentários assim que posto um novo capítulo.



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