It's never too late for love escrita por Lipe


Capítulo 5
Conselhos de amiga e crises repentinas.


Notas iniciais do capítulo

Resolvi voltar a postar aqui, aos poucos, mesmo que ninguém leia ou comente (apesar de que eu ficaria bem feliz se alguém comentasse, claro)

Esse capítulo é meio grandinho eu acho, mas talvez esteja errado... Hmm...



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— Sim, 1000 reais ao todo. — repeti, depois de ouvir um “o quê?” do outro lado do telefone. — Pra arrumar os arranhões... e um amassado na lateral perto do farol. Eu tenho o recibo pra comprovar, se quiser.

E o telefone se silenciou por algum tempo, enquanto a pessoa do outro lado pensava no que dizer em seguida.

Na verdade, eu também fiquei em silêncio, não conseguia me concentrar em falar e mexer na papelada em cima da mesa ao mesmo tempo. O que eu procurava? O tal do recibo que eu acabei por perder, mas que tinha certeza de ter deixado ali em algum lugar, no meio das contas e outros papéis menos importantes. Era certo que ele podia ouvir o som das coisas sendo amassadas umas contra as outras, mas não haveria problema… Conquanto não soubesse do que se tratava. Digamos que, se descobrisse que eu o tinha perdido, era bem provável que pedisse que eu fizesse um segundo orçamento e eu não estava nem um pouco afim de perder mais tempo do meu dia com outra ida desnecessária até a oficina.

— Nossa… — ele disse, por fim, mostrando um misto de surpresa e aceitação. — Eu imaginei que não valeria a pena usar o seguro, e realmente não vale, mas não pensei que fosse ficar tão caro…

Eu revirei os olhos e bufei, tentando evitar que ele percebesse, ainda que tivesse a impressão de ele ter percebido mesmo assim. "Talvez ele tivesse pensado melhor antes de fazer o que fez se soubesse quanto isso custaria para seu bolso", pensei.

Mesmo com todo esse rancor, eu sabia que, na verdade, não era como se ele tivesse acabado com meu carro na batida. Depois de chegar em casa eu tomei algum tempo para pensar nisso porque sabia que tinha reagido exageradamente, mas eu já estava me sentindo realmente mal naqueles dias sem saber realmente o motivo. Ver algo assim acontecer não ajudava… Especialmente depois do fora e da pseudo-briga que eu tivera minutos antes com Kate.

Era entendível, não? Ainda que ele não soubesse disso, era bem entendível.

De qualquer maneira, ele confirmou que ia fazer alguns depósitos mensais na minha conta para que eu pagasse tudo, porque ele provavelmente não teria os mil reais ali, em mãos, e a ligação se encerrou logo depois disso, bem como meu ânimo pra vasculhar a casa em busca do tal recibo que, no fim, não estava no meio dos papéis que eu juntara. Eu sabia que o encontraria depois, eventualmente.

Resolvi sentar no sofá por alguns instantes, tentando me recuperar da preguiça momentânea que tomara meu corpo. Joguei-me contra o acolchoado sem muito cuidado com a posição que eu cairia e me distraí olhando para o teto branco. O lustre pendia sobre a mesa de centro, balançando lentamente com o vento que entrava pela janela. Como eu não vinha me sentindo muito bem nos últimos dias, aquilo, de certa forma, me deu um pouco de paz, para variar.

Entretanto, a atenção teve de voltar. Era o celular, tocando mais uma vez. Ele estava em minhas mãos e estava vibrando, então não demorou muito até que eu percebesse. Inicialmente sem mover a mão, virei o rosto para observar o visor, momentaneamente claro, e quando percebi quem era não hesitei em atender. Coloquei o celular no viva-voz para não ter que levá-lo mais uma vez até a orelha, e palavras bem altas saíram do telefone assim que a ligação foi atendida.

— Nossa, que rápida! Estava esperando? Ou estava mesmo com saudades da minha voz?

De alguma forma, ela conseguiu desviar um pouco meus pensamentos da estressante conversa anterior. Não nos falávamos desde sexta, afinal. Era Anne Simmons, a tal da melhor amiga que fazia o mesmo curso e trabalhava na mesma loja de vestidos que eu citara anteriormente enquanto falava com minha mãe na festa de Karen.

Mas… O que dizer sobre ela? Bem, ela era muito enérgica, mas acho que é fácil perceber isso pela maneira como fala. Ela não me permitiu dizer ao menos um “oi” antes de começar com o interrogatório, perguntando “onde (eu) estava e o que estava fazendo para não mandar nem ao menos um bom dia (para ela)”

— Acalme-se, Anne… — pedi, esfregando os dedos sobre os olhos como se, de alguma forma, ela pudesse ver a reação. — Esses seus gritinhos só estão me dando mais dor de cabeça...

Eu fiquei alguns instantes em silêncio, tentando me recuperar. Quando continuei, usei uma certa aspereza na voz que ela certamente sabia, pelo tempo que tínhamos de amizade, não ser totalmente sincera.

— Eu não te disse ontem que precisava resolver as pendências do carro e que Suzie tinha me dado o dia livre?

Outra coisa sobre Anne: sempre muito esquecida...

Quanto à Suzie era mais fácil de explicar. Era uma das donas da loja onde trabalhávamos e facilmente uma das pessoas mais gentis que já encontrei na vida. Dentre três sócios ao todo, era a responsável pela filial da loja de nossa cidade. Uma senhora de uns cinquenta anos, de cabelos loiros tingidos que eram naturalmente pretos como ela mesma dissera uma vez, ainda que nunca permitisse que as raízes a denunciassem. Andava com uma bengala que eu duvidava ser realmente necessária devido a jovialidade que ela aparentava. Tinha conversado com ela na tarde passada e, como esperado, ela foi muito solícita, me liberando do trabalho no dia seguinte para resolver meus “problemas pessoais” que ela nem ao menos fez questão de saber quais eram.

— Hm... E você não vai passar aqui? — Anne completou, um pouco desanimada, e me interrompeu logo quando eu começava a pedir desculpas por isso. — Vou sair com o Daniel hoje e queria poder falar com você antes…

Era mais que óbvio que ela tinha me vencido. Era um assunto complicado para ela e não havia meios de lutar contra isso, afinal. Respirei fundo e esperei alguns instantes antes de confirmar que estaria lá em meia hora e que, por motivos óbvios, não poderia ser dentro da loja. Combinamos de conversar numa lanchonete de esquina próxima de onde trabalhávamos e ela se animou com a ideia, começando novamente com os gritinhos. Disse que arrumaria algum jeito de sair para me ver e eu sabia que realmente arrumaria; Anne era mestre das estratégias quando se tratava de fugir de obrigações.

A verdade é que isso era algo que a atrapalhava muito desde que nos conhecemos. Eu sabia como andava sua vida, mesmo que bem por cima em alguns casos, tanto no sentido acadêmico quanto no sentido amoroso. A gente estuda junto há 1 ano, afinal, e isso fora a amizade que já é bem mais antiga. Esse ímpeto por fugir de compromissos costumava levá-la a notas baixas, faltas… A todo tipo de problemas, até mesmo a términos de namoro.

De qualquer forma isso não era algo que ela melhoraria da noite por dia, mas eu estava sempre lembrando-a que ela deveria tentar ser uma pessoa melhor e podia ver que ela se esforçava bastante para isso.

Depois de levantar de minha confortável e pouco recomendada posição no sofá, calcei os chinelos e direcionei-me ao banheiro. Eu não estava exatamente desarrumada, nem meu cabelo de todo mal, mas, mesmo tendo plena noção disso, ao parar em frente ao espelho, percebi que não me sentiria confortável de sair sem trocar ao menos aquela camiseta desbotada, a qual eu tinha usado como pijama na noite anterior por pura preguiça de trocar. Além do que estava bastante calor e eu precisaria colocar um short ou coisa assim para não suar muito no caminho.

Depois de me trocar, algo que não levou muito tempo, desci para o estacionamento e saí com o carro, chegando dentro do tempo programado. Ela ainda não estava lá quando entrei, então comecei a procurar uma mesa para nós duas, avançando até o fundo da lanchonete para sentar na última mesa sem nenhum motivo especial para isso. Apenas achei que, provavelmente, seria mais confortável conversar sobre um assunto daquele onde pouca gente pudesse escutar. Quando alcancei a mesa, uma garçonete vestida de vermelho aproximou-se para anotar meu pedido, apesar de eu não ter muita certeza se queria algo naquele momento. Mesmo assim, pedi um milkshake de morango que, inclusive, chegou antes que Anne aparecesse. Na verdade, eu já tinha bebido 2/3 dele quando ela, ofegante, apareceu na calçada à frente da lanchonete.

Ao contrário da demora para chegar, ela não levou muito para me notar ao fundo do lugar e entrar com passos ágeis. Sentou à minha frente, tentando recuperar o fôlego.

— Desculpe a demora, tive que esperar Suzie sair para vir... — justificou, enquanto colocava no banco a pequena bolsa amarela que levava no braço. Seus cabelos estavam azuis agora, alisados e curtos na altura do queixo. Era algo que ela sempre mudava; os cachos naturais pareciam nunca ser o suficiente para ela. — Não demorei tanto assim, não é?

Minha resposta foi uma negação que pareceu ser bem sincera, mas a verdade era que eu já estava prestes a ir embora. Imaginava que ela não tivesse conseguido um pretexto para vir me encontrar ou que tivesse sido pega enquanto tentava, algo assim. De qualquer modo, foi ela quem conduziu a conversa porque, dessa vez, eu estava dispersa demais para pensar em qualquer coisa para dizer — apenas porque esse não estava sendo um dos meus melhores dias, nenhum motivo muito pessoal. Ela perguntou do carro e se tinha conseguido resolver tudo, se iria voltar para o trabalho no dia seguinte etc, e eu respondi tudo tentando não me prolongar muito; só queria que ela chegasse logo ao assunto principal para poder ir para casa e dormir a tarde inteira.

Ela só resolveu falar de seu encontro depois que a mesma garçonete voltou a mesa para anotar seu pedido. Isso a fez distrair do que estava falando anteriormente.

— Bom… — ela começou, finalmente. Na verdade, suas palavras soaram um pouco aflitas, quase hesitantes. Ela queria mesmo falar daquilo comigo? — Sobre o que eu disse que precisava falar… Sabe que Daniel e eu estamos saindo há alguns meses, né?

Coisa de cinco meses no máximo, mas eles se viam frequentemente pelo que ela me contava. Ele dormia na casa dela às vezes.

— Ele está começando a citar o assunto namoro.

… A falta grave.

Mesmo que as pessoas não tenham como adivinhar uma coisa dessas, isso não é algo interessante de se falar para Anne quando se tem interesse nela. Ela é daquelas pessoas que não gosta da pressão, gosta que as coisas sigam seu curso natural. Provavelmente tinha me chamado ali para ter uma opinião de alguém “de fora”, ou seja, uma que não fosse a sua própria. E era o provável motivo da hesitação, tinha medo de como eu responderia. De qualquer forma, ela precisava arriscar, ela sabia que podia acabar tomando a decisão errada se confiasse apenas em seus instintos e na sua insegurança.

— Olha… Acho bem normal ele estar querendo confirmar que isso que vocês têm é algo sério, não é? São cinco meses, Anne. É mais da metade de uma gestação.

Ela riu, e seu olhar de preocupação se foi durante aqueles poucos segundos. Não demorou muito a aparecer novamente, entretanto.

— O problema é esse... — E disse isso apoiando a mão aberta na testa. No fim, não era a primeira vez que isso acontecia. Eu sabia que ela estava cansada de ter esse tipo de impasse e não a culpava por isso porque sabia que me sentiria da mesma maneira em seu lugar – digo, com a sequência de decepções, porque eu não tinha medo de compromisso igual ela. — Eu gosto dele, gosto mesmo… Mas não sei se é o que eu quero.

Eu continuei dizendo nada além do óbvio, que ela precisava pensar mais no assunto, sozinha, e decidir se o que ela queria era começar um relacionamento sério com ele ou não. Eu não podia me intrometer e lhe dar uma resposta definitiva, afinal, apesar de ter alguma ideia do que se passava em sua cabeça naquele momento e das palavras que ela queria me ouvir dizer.

— E onde vocês vão? — perguntei, por fim.

Sua resposta foi um dos restaurantes mais caros da cidade. Mesmo sem conhecer Daniel pessoalmente, já dava para imaginar aquele sujeito de família rica que não tem nada a perder gastando o que quer. Um mimadinho. Isso, ou ele é bem mais velho que Anne e tinha ficado rico por conta própria. Comer naquele restaurante era pedir para gastar mais de duzentos reais em uma sobremesa do tamanho da palma de sua mão – ao menos de acordo com o que me disseram, claro, eu nunca tive  dinheiro o suficiente para visitá-lo.

Conversamos por mais uns dez minutos antes dela dizer que precisava voltar para a loja e eu não ia e nem queria segurá-la por mais tempo. Ela me deu um beijo no rosto antes de sair, algo que fazia sempre que nos despedíamos, e seguiu ladeira acima. Eu não precisei andar muito mais mas fui pro lado oposto, meu carro estava estacionado a poucos metros daquela esquina, na rua de baixo.

Por algum motivo, eu não senti muita vontade de sair dali. Quando entrei no carro, ao invés de ligá-lo, o que fiz foi esticar a mão até o porta-luvas para pegar um livro avermelhado e sem título na capa que eu tinha guardado ali para ocasiões especiais. Eu não era muito de ler, na verdade, mas até gostava disso quando estava entediada ou incomodada, e esse, especialmente, tinha me interessado bastante na livraria onde o tinha comprado. Apesar de não ser muito bonito aparentemente, era um livro de terror psicológico com um pouco de ação policial, exatamente do jeito que eu gostava. Infelizmente, eu sempre dediquei um tempo suficientemente pequeno para a leitura para fazer com que eu ficasse com o mesmo livro por vários e vários meses sem terminar. Anne não admitia isso, e brigava comigo sempre que tocávamos no assunto. “Você não sabe o que perde, ler é uma das melhores coisas da vida” era o que sempre dizia, como se viver na ficção fosse, de alguma maneira, substituir o mundo real.

Eu cheguei a sentar com as pernas apoiadas no banco do lado enquanto lia, as costas semi-apoiadas na porta do carro tentando evitar o medo de que ela abrisse repentinamente e me jogasse no chão da rua. Como sempre, eu não consegui ler nem ao menos um parágrafo. Nesse curto momento de paz, observando o movimento ao redor, acabei reparando que eu não estava mesmo me sentindo muito bem… E o motivo não era exatamente a Anne me tirar de casa num dia agitado, nem o conserto do carro, que tinha passado a manhã inteira me preocupando, nem mesmo a faculdade, que andava me estressando mais do que o normal nos últimos dias. Eram todos os motivos juntos. Ora, eu já estava incomodada com coisa demais e ainda tinha na cabeça o acidente de Kate… Ficava lembrando da cena dela jogada aos pés da escada à todo momento, pensando quando poderia vê-la de novo.

Depois de pensar nisso, parei alguns segundos e me ajeitei novamente no banco do carro. Por que não vê-la agora? Eu tinha a tarde inteira livre, afinal, e podia faltar na faculdade uma vez ou outra sem ter problemas muito grandes com isso. Tinha certeza de que minha família não reclamaria se eu aparecesse por lá mais uma vez dentro daqueles poucos dias. Podia dormir lá mesmo, ao lado da minha irmã; talvez fosse bom ter alguém para vigiá-la durante a noite ou coisa assim.

Não demorei muito para chegar novamente à Rua das Margaridas onde ficava a casa de meus pais, mas me contive mais alguns minutos dentro do carro, apesar do caminho até lá já ter sido bastante tranquilizador. Eu precisava de mais alguns minutos sozinha para segurar os ânimos e evitar que alguma reação descontrolada acontecesse lá dentro. Sabia que alguém perceberia meu estado se entrasse em casa daquela maneira, e se me perguntassem eu certamente não conseguiria evitar de começar a chorar, algo que eu, com toda certeza, não queria que acontecesse.

Depois de doze respirações profundas (eu as contei), criei coragem para avançar até a porta. Saí do carro, subí os vidros das janelas e observei a luz do lado de dentro apagar quando a porta se fechou. Estranhamente, ao mesmo tempo, uma luz no andar de cima da casa se acendeu, e eu não pude evitar de notar. Contei as janelas: era a segunda a partir da frente da casa - o quarto de Kate. Nesse momento, uma pontada horrível surgiu em meu estômago e eu não soube dizer bem o porquê, mas sabia que envolvia aquela sensação de que algo ruim estaria para acontecer.  Ao mesmo tempo, também senti que começaria a chorar de novo, mas não perdi mais tempo tentando evitar que isso acontecesse. Torci para que não passasse de um pressentimento ruim, enquanto girava a chave do carro para trancá-lo. Andei até a porta com passos longos e rápidos, peguei o molho de chaves, escolhi a maior delas, enfiei na fechadura e entrei.

Nos instantes antes de alcançar a escada, vi que a luz da sala também estava acesa, mas nem ao menos pensei em atravessar o corredor. Ouvi algum movimento no andar de baixo enquanto eu pulava vários degraus da escada, tentando alcançar a parte de cima o mais rápido possível. Passei também pela porta fechada do quarto das outras irmãs sem pensar em abri-la. Mais alguns poucos metros e eu alcançaria a última porta do lado direito do corredor…

No fim, quando parei de frente ao quarto, estavam apenas Kate e mamãe do lado de dentro e as duas olharam espantadas para mim. Não era para menos, não esperavam que eu aparecesse ali tão repentinamente porque, enfim, era tarde e eu deveria estar em casa me aprontando para as aulas da noite. Kate estava sentada na cadeira de sua escrivaninha com alguns cadernos largados sobre ela, virada para o lado oposto, enquanto mamãe colocava um termômetro sob seu braço, o que significava que nada havia acontecido, nem com ela, nem com nenhuma delas. Estavam apenas seguindo as orientações do médico, como sempre, e o meu desespero tinha sido em vão, como normalmente era.

A essa altura, eu já estava com os olhos cheios de lágrimas e me sentia cada vez mais estúpida. “Por que raios deveria supor que algo de ruim tivesse acontecido?” pensei, nos momentos antes de minha mãe se dar conta das lágrimas e sair de seu lugar para aproximar-se de mim. Não era do meu feitio agir daquela maneira. Não era… Racional.

Elas me ajudaram a andar. Senti seus braços envolverem meu corpo enquanto ia em direção aos lençóis desarrumados. Kate tinha dormido ali na noite anterior, então era normal estar assim até aquele horário; no fim, ela nunca foi do tipo que arruma suas bagunças. Quando sentei, mamãe levou uma de suas mãos até minhas bochechas para tentar secar o fluxo de lágrimas que escorria de meus olhos, mas não teve sucesso nisso. Eu queria, queria muito, mas não conseguia parar de chorar.

As outras irmãs entraram no quarto, dizendo repetidamente coisas como “o que aconteceu?” e “você está bem?” procurando por respostas que eu na verdade não tinha. Eu não conseguiria explicar o que tinha acontecido, nem mesmo quando a crise acabou. Nem eu estava entendendo bem aquele meu drama todo.

No fim, nossa mãe foi bem compreensiva e tirou as outras três do quarto para que eu pudesse ter algum tempo de sossego. Ela fechou a porta, mas não saiu, voltou à cama e sentou-se do lado mais próximo à cabeceira, puxando meu corpo para si. Fiquei deitada em seu colo em total silêncio até que as lágrimas secassem totalmente, sabendo que molharia bastante sua roupa até que isso acontecesse. Depois, deixou-me deitar a cabeça no travesseiro e foi até a cozinha. Disse que ia buscar uma xícara de chá quente que eu, contudo, não cheguei a tomar. Não tive tempo, na verdade; eu, simplesmente, adormeci.


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