Assassin's Creed: Elementary escrita por BadWolf


Capítulo 26
Confiança Quebrada, Alianças Forjadas


Notas iniciais do capítulo

GENTE, EU NÃO MORRI!!
Minha vida é que anda muito corrida, mas eu não abandonei a fic.
E sim, estamos na reta final dela, restando pouquíssimos capítulos.
Espero que gostem do desfecho da fanfic.
Boa leitura!



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            -Hora de acordar, Bela Adormecida!

            Água gelada na cara. Jacob fechou os olhos e sacudiu a cabeça. Outra vez, foi acordado bruscamente. Mas desta vez, o Assassino sabia que não era sua irmã Evie. Ela jamais foi tão rude a ponto de acordá-lo com água, nem tinha uma voz tão masculina e muito menos um forte sotaque irlandês. Ele jamais poderia imaginar que sentiria falta da rispidez típica de sua irmã quando o acordava...

            Abrindo seus olhos, o Assassino foi brindado pelos sapatos velhos do sujeito que o acordou e também por escuridão. Seu nariz foi invadido por um forte cheiro de urina e suor. Havia som de ratos e algumas pessoas resmungando. Vozes masculinas. O chão era úmido, suas mãos estavam sujas de terra. Ao movê-las, Jacob notou que estava algemado. Bastou breves segundos para o Assassino perceber que, apesar da escuridão do ambiente, ainda era dia. Os raios de sol se projetavam, em meio ao que parecia ser grades.

            -Onde diabos eu estou? – murmurou o Assassino, confuso.

            -No inferno. – disse o homem, tomando-o pelos braços. Logo, a porta foi aberta. Sentindo-se ainda tonto pelo sedativo, Jacob percebeu o quê afinal queria dizer o grandalhão com a palavra “inferno”.

Ele estava em uma prisão.

            -Tô com fome. – murmurou um homem, que Jacob só pôde ver os olhos da minúscula grade da porta.

            -Carne fresca, é? – zombou um.

            -Tem espaço na minha cela. A cama é pequena, mas cabe mais um. Sabe, igual coração de mãe...

            Risadas.

            Jacob deu graças a Deus quando se sentiu fora daquela cadeia úmida e fedida. Decerto houve um engano. Sim, isso mesmo. Um engano. Um mal-entendido. Ele só pode ter sido confundido com alguém, algum criminoso... Embora, de certo modo, ele também fosse um criminoso. Mas não era um que merecia ser preso. Era? Não ele, Jacob Frye, Mestre Assassino e líder dos Rooks, um dos responsáveis – senão o mais responsável dos Assassinos – a deter os templários e acabar com o controle deles sob Londres. Não. Não fazia sentido algum ele ser preso.

            -Só pode estar havendo um mal-entendido. – murmurou Jacob ao homem, que ele percebeu ser um guarda. Um homem grande, musculoso e de cabelos já grisalhos, que parecia arrastá-lo com extrema facilidade.

            -Se eu ganhasse um xelim por cada vez que ouvi isso em minha carreira, seria o homem mais rico de Londres. Sempre a mesma ladainha. Agora, entre aí. Tem gente querendo uma palavrinha com você, escória.

            Espere... Escória?!

            Antes que Jacob pudesse protestar, o homem o jogou dentro de uma sala, que embora fosse escura, não era tão fedida quanto à cela em que estava. Parecia ser esta uma sala típica de delegacia, onde policiais recebiam depoimentos. Um bom sinal. Quem quer que estivesse do outro lado da mesa, certamente estava disposto em escutá-lo.

            Um homem estava de costas e imediatamente se virou, com sua chegada na sala.

            -Freddy! – sorriu Jacob, diante de um rosto amigável. Que, entretanto, não parecia tão amigável assim.

            -Para você é Sargento. Sargento Abberline.

            Jacob se calou. Jamais viu Freddy – ou melhor, Abberline – tão furioso.

            -Como quiser, Abberline. Será que, afinal, poderia me explicar o que significa isso? – indagou o Assassino, tentando manter-se calmo, erguendo as mãos algemadas.

            O Sargento da Scotland Yard suspirou pesadamente.

            -Você está preso, Jacob. Há inúmeras acusações de que você é o líder de uma organização criminosa chamada Rooks, responsáveis por contrabando, assaltos, venda de ópio, prostituição e quantos mais “etcs” a Justiça quiser acrescentar.

            Jacob engoliu em seco com cada palavra dita pelo Sargento. Agora, ele era capaz de entender o porquê da frieza dele. Abberline estava decepcionado. Afinal, ajudara os irmãos Frye em derrotar os Blighters, e no processo acabou por ajudar também uma organização criminosa até mais poderosa que eles. Conflitos demais para o caráter de alguém íntegro como Abberline.

            -E não é só isto, Jacob Frye. Há evidências de seu envolvimento na morte do Dr. John Elliotson, da empresária Pearl Attaway e de Philip Twopenny, sem contar as inúmeras evidências de sua participação em uma série de desastres provocados por estas mortes.

            Abberline começou a andar em círculos, aparentando estar estarrecido. Por fim, o Sargento parou diante da mesa e, para surpresa de Jacob, a socou com violência.

            -Eu nunca me senti tão tolo em toda a minha vida!

            -Freddy...

            -Nunca mais me chame de “Freddy” novamente, seu... Seu... Seu bandido! Eu cedi informações, ajudei você e sua irmã, e veja só o que recebi em troca! Que você se aproveitou de informações obtidas com o trabalho da polícia para cometer crimes! Isso não me faz melhor do que todos os policiais corruptos que tanto abomino...

            Jacob ficou nervoso, tentando recuperar ao menos um pouco da confiança que tinha do Sargento.

            -Mas eu também ajudei a polícia, capturando foragidos perigosos e...

—Oh, sim. Aqueles que eram de seu interesse, certo? Todos Blighters... Pois bem, quantos Rooks você trouxe até mim? Eles também são criminosos, não são? E porquê escapam o tempo todo do jugo da Lei? Pense o que quiser, Jacob, mas eu servi a polícia para limpar as ruas de escórias como você! Cometi alguns erros em minha carreira, é verdade, mas ter ajudado você e sua irmã foi o pior de todos eles.

            De repente, um estalo veio à mente de Jacob, fazendo-o arregalar seus olhos.

            -Evie...

            -Ela não está presa, se é o que deseja saber. Curiosamente, não há qualquer evidência incriminando-a, muito embora eu saiba que ela está enfiada nesse lamaçal tanto quanto você. Se sua intenção foi preservar sua irmã, você está de parabéns, pois fez um ótimo trabalho em ocultá-la dos Rooks. Aos olhos da Justiça, Evie Frye está limpa.

            De repente, a porta se abriu, interrompendo a conversa.

            -Inspetor Lestrade? – questionou Abberline, surpreso.

            -Sargento Abberline. Quem diria, não? O “bastião” da Justiça e da Pureza na Polícia, amiguinho de um gângster...

            Abberline começou a piscar os olhos, estarrecido. Antes que pudesse retrucar o insulto, Lestrade o deteve.

            -Sou um bom fisionomista, Abberline. Lembro-me muito bem de ter visto você no pub, tomando uma cerveja com esse patife. Penso cá comigo... O que será que o Comissário Hamilton pensará quando souber que você é tão íntimo assim desse chefe de quadrilha?

            Jacob rolou os olhos, impaciente com o joguete do policial.

            -Por que, ao invés de tortura-lo com hipóteses fantasiosas, não diz logo o que quer aqui?

            Lestrade assobiou, debochadamente.

            -Gostei de você, garoto. Não só direto ao ponto, mas também mais esperto que esse seu amigo tonto metido a policial de bem. Pois então. Eu quero a sua cabeça, Jacob Frye.

            Abberline parecia furioso.

            -Como é?! Jacob Frye foi entregue em minha delegacia e...

            -Sim, eu sei. Por aquele intrometido do Sherlock Holmes. Infelizmente, ele tomou todo o crédito do caso com a divulgação da prisão nos jornais, isso não há como mudar. Todos os jornais de Londres estão agora exaltando o “Detetive Consultor Sherlock Holmes que tão bravamente prendeu o mais perigoso criminoso de Londres”. Pois veja, até decorei a reportagem sobre isso no The Star. Aposto que farão fila para contratar os serviços dele. Mas eu quero que Mr. Frye seja mantido em custódia em Westminster, não nessa espelunca de delegacia, e o mais rápido possível. Vocês não têm infraestrutura segura o suficiente para manter o líder de uma organização criminosa do porte dos Rooks encarcerado. Como eu sei que a transferência dele depende de uma canetada sua, Abberline, e que seu futuro na polícia depende apenas de uma conversa minha com o Comissário, creio que chegamos a um acordo. Não?

            Silêncio. Nunca antes o policial de Whitechapel se sentiu tão encurralado. Olhou para Jacob, num misto de tristeza e raiva pelo rapaz tê-lo posto em tão vexatória situação. Pesadamente, Abberline assentiu com a cabeça.

            -Irei tratar agora mesmo dos papéis. Bastará assinar.

            -Sabia que não era tão estúpido, Abberline. Talvez tenha até mais uma promoção antes da aposentadoria. Com um pouco de sorte, pode se tornar até mesmo um Inspetor. – disse debochadamente, tentando afagar o ombro do policial, que se esquivou. Ouviu de Lestrade nada mais que uma risada contida.

            -Até mais, Abberline. – disse, fechando a porta pesadamente.

            Ficando mais uma vez sozinho com Jacob, Abberline percebeu o Assassino se agitar. Decerto porque imaginava que poderia fugir no decorrer da transferência. Meios e pessoal para tornar isso possível não faltaria.

            -Não se anime, irão te sedar novamente.

            Jacob bufou. – Isso me deixa pior que ressaca de vinho barato. Mas que seja, eu não tenho medo desse tal Lestrade. Não será capaz de me manter engaiolado por muito tempo.

            -Se eu fosse você, temeria. Aqui, eu fiz o favor de deixa-lo em uma cela separada dos demais presos comuns. Sob a custódia de Lestrade, você será lançado à Cova dos Leões, Jacob. O problema é que você está muito longe de ser Daniel para os leões ficarem com a boca fechada. De qualquer modo, ainda temos dez minutos.

            -Dez minutos? – questionou Jacob, sem entender.

            -Isso mesmo, Jacob. Dez minutos. É o tempo que leva o administrativo para concluir o processo burocrático de transferência de custódia. Creio ser tempo suficiente para que você me conte o que exatamente você e sua irmã são. Ou melhor, ao quê vocês pertencem. E por favor, sem mais mentiras. Dei uma olhada em seus pertences. Sabia que andava armado, mas não sabia que carregava um verdadeiro arsenal por Londres. E mais: notei um símbolo gravado em todos eles. Portanto, me diga: quem é você, Jacob Frye?

            Olhando nos olhos de Abberline, Jacob Frye disse, com sinceridade.

            -Eu pertenço à Irmandade dos Assassinos.

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Evie e Holmes saíram da Montague Street em um cabriolé fretado. A amostragem do solo obtida com os sapatos de Moriarty levou o detetive à inevitável conclusão de onde ficava a segunda passagem almejada pelo Professor, com a ajuda do arqueólogo Salvatti. Estavam indo rumo ao bairro de Southwark, local de onde era proveniente a terra obtida da sola dos sapatos. Apesar de terem descoberto o bairro, não havia muita precisão de onde esse lugar poderia estar, o que tornava a busca algo não muito distante de se procurar uma agulha no palheiro.

Apesar de ainda estar com os sentidos abalados pelas drogas, Holmes colocou em seu bolso um revólver. Ele sempre o detestou usar, mas tendo em vista que sua antiga parceira Irene Adler tentou mata-lo, tudo era possível. Sentado ao lado de Evie e estando a caminho do da Estação Vitória, local onde poderia estar o trem-esconderijo dos Assassinos, o detetive particular tentava recapitular o que havia acontecido. Porém, sua memória estava turva de tanta morfina em seu organismo.

—Ela deixou o livro-caixa em meu apartamento. Na ocasião, eu havia acabado de dar uma entrevista ao “The Star” sobre a prisão de seu irmão, Jacob. Estava bastante feliz, mas ao mesmo tempo, eu me senti rodeado por um inexplicável vazio, creio que por saber que minha investigação havia se encerrado e que minha mente estaria de volta à ociosidade mais uma vez. Então, houve uma certa comemoração de nossa parte...

Evie rolou os olhos.

—Por favor, seja direto ao assunto.

—Estou tentando ser, o fato é que minhas memórias estão distorcidas. – o detetive suspirou pesadamente. – Enfim, não lembro em que momento, eu usei morfina. Nenhuma quantidade acima do que já tenha utilizado antes. Estava sentado em minha poltrona, simplesmente deixando o estupor da droga me consumir, quando ela se aproximou de mim. Ela parecia amigável, mas começou a falar que havia sido maravilhoso trabalhar comigo, mas que ela havia encontrado um melhor “patrão” e que ele estava exigindo exclusividade. Minha reação foi mais lenta do que deveria graças aos devaneios da droga, então ela aplicou minha seringa de morfina outra vez. Uma dose de droga em cima da outra costuma ser fatal, eu sempre soube. Logo comecei a sentir meu organismo começar a se alterar. Pensei que era o meu fim. “Por que?”, é tudo que eu lembro pergunta-la. Ela respondeu “Professor Moriarty paga melhor, nada pessoal”. Eu só pude sentir Adler me jogando no chão e sentando em minha cadeira, começando a escrever o que deveria ser a tal carta de suicídio que você encontrou.

—Droga! – exclamou Evie, socando o estofado da diligência. – Este tempo todo, essa tal Irene Adler entregou todos os meus passos ao Professor Moriarty. Por isso ele estava com a Peça do Éden encontrada por Jacob. Foi ela quem a roubou do trem e entregou para ele.

Holmes pareceu subitamente curioso.

—Outra vez, a senhorita menciona essa tal “Peça do Éden”...

Evie suspirou. – Não há tempo para explicar.

—Então, seja breve.

—Você não é de confiança. – decretou Evie, silenciando Holmes.

Ficaram em silêncio, a escutar apenas as agitações daquele distrito pobre de Londres, quando uma súbita explosão os sobressaltou. Uma explosão fortíssima, que só poderia ter sido provocada por uma coisa.

—Creio que esse seja o sinal de que precisavámos. – comentou Holmes, após descer da carruagem. Não havia qualquer sinal de fumaça no céu e ambos sentiram um forte tremor. Os cavalos estavam agitados. Sinal de que a explosão, mesmo alta, foi subterrânea.

—Dinamite! – exclamou Evie. – Então foi por isso que ela roubou a dinamite dos Rooks! Para ajudar o Professor Moriarty a desobstruir algum túnel, decerto!

—Adler roubou dinamite? – assombrou-se Holmes com a revelação de Evie.

—Preocupado agora com o estrago que seu monstro criou, Mr. Holmes? – rebateu a Assassina, correndo em direção ao local onde escutara o ruído. Havia muitas pessoas caídas ao chão, boa parte delas cidadãos pobres da cidade. Estavam todos assustados. Logo ao virar uma esquina, percebeu ao menos uma dezena de capangas, todos Blighters remanescentes. Pareciam vigiar alguma coisa.

Estava prestes a assobiar para chamar seus Rooks, sabendo que aquele bairro londrino era repleto deles, mas logo se recordou do que havia acontecido. Nenhum sinal de Rooks nas ruas. Natural para uma gangue cujo chefe estava preso.

—Eu não vejo nenhum Rook por aqui...Tudo isso graças aos seus “esforços”. – vociferou Evie, dando um empurrão em Holmes. Sacando sua bengala, a Assassina apresentou-se sozinha contra os bandidos. Mesmo em grande desvantagem, não recuou. Desarmou a adaga. Parecia concentrada. Sabia que a luta seria complicada, pois eram muitos.

—Vamos ver se a milady é tão valentona assim estando sem seus puxa-sacos... – zombou um deles de sua situação. Aproximaram-se, irracionais de tão sedentos por arrancar sangue daquela que arruinou os Blighters e os lançou à decadência. Mas Evie não se intimidou. Enfrentou um a um. Obviamente, não sem receber um ou dos socos no processo. Mas no fim, era a única a estar de pé. Arfava, cansada. Sua bengala respingada de sangue e seus punhos avermelhados, doloridos. Imaginava que aquele seria só o começo de seus problemas.

Entrou no casebre que eles pareciam guardar. Havia um enorme túnel cavado na sala. Notou Holmes a segui-la, enquanto ela descia as escadas por aquela multidão.

—Deveria tê-la ajudado com aqueles patifes. – lamentou o detetive. A Assassina resmungou.

—Drogado?

O detetive não respondeu, se limitando a seguir Evie escuridão abaixo.


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Notas finais do capítulo

É gente, estamos perto do confronto Evie X Moriarty.
E sim, Jacob não vai participar disso porque estará muito ocupado tentando sobreviver à prisão, como vocês verão nos próximos capítulos.
Espero que tenham gostado e até o próximo - prometo que será mais breve!



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