Meia Volta ao Mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 7
Capítulo 7




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Se para Leopoldina o dia tinha sido ótimo e produtivo, para Pedro tinha sido justamente o contrário.

Ele entendia a importância dos estudos, de ter uma área em que se especializar e crescer como profissional, ainda mais para alguém da família dele que era importante e influente em Portugal. Mas era justamente isso que Pedro achava... bom, injusto. Não era nem um pouco agradável fazer alguma coisa que não se gostava só para agradar os outros, mas ele tinha suas razões para insistir consigo mesmo em continuar estudando Relações Internacionais, para orgulhar seu esforçado pai, e quem sabe, um dia ser um embaixador como ele. Não eram esses exatamente os planos de Pedro, mas ele sabia que devia estar apto a tomar conta dos negócios da família quando chegasse a hora.

Mesmo com tantos motivos para estudar, a aula de Economia estava se provando um verdadeiro desafio. Os cálculos eram difíceis e sua mente se distraía fácil, perdendo a explicação por completo, o levando a frustração. Quando a aula acabou, Pedro gritou um "Graças a Deus" sonoro, que assustou o professor, o deixando indignado e fazendo seus colegas rirem, no que Pedro riu com eles, debochado, ao final de tudo.

Se levantando dali para voltar pra casa, foi interrompido por seu amigo Francisco. Chico para as meninas, Chalaça para Pedro. Chico não gostou do apelido a princípio, questionando o amigo de como poderiam inventar uma palavra dessas. Acabou que o apelido acabou pegando entre a amizade dos dois rapazes. Chico era português como Pedro, uma parte da sua família morava no país e ele acabou se acostumando ao Brasil, criando raízes ali.

—E aí, cara? Qual a boa de hoje? - Pedro perguntou primeiro, vendo o amigo como um alívio para o seu tédio.

—Você nem imagina, rapaz, o que foi que eu descolei pra gente - Franciso respondeu, empolgado.

—Ah não, não me diz que é um daqueles seus esquemas de penetras, a gente sempre se dá mal por isso - Pedro se lembrou de todas as vezes que Chalaça tentou entrar em festas sem ser convidado, só para procurar uma garota diferente a cada noite.

—Não, nada disso, eu conheci um cara que vai dar uma festa e que me convidou - Chalaça explicou melhor - ele falou que eu podia levar quem eu quisesse junto comigo.

—E é claro que você pensou em mim, valeu, meu parça! - Pedro gostou das notícias, mas logo depois se conteve, se lembrando das suas responsabilidades - mas acho que não vai dar.

—Qual é, Pedro? Que negócio é esse de dar pra trás agora? - Francisco questionou, irritado.

—Eu tenho prova amanhã e eu ando muito mal nas minhas notas, não dá pra vacilar outra vez, meu pai me mata - ele explicou a gravidade da situação.

—Ah Pedrinho, desde quando isso te impediu de alguma coisa? Tem sempre a prova optativa - seu amigo lhe trouxe uma solução.

—Não sei não, cara, dessa vez é diferente, mas quem sabe... - Pedro começou a ceder às vontades de Chalaça - acho que consigo dar um jeito.

—Assim é que se fala, cara! -  Francisco aprovou a atitude do amigo.

Para os dois, a noite estava planejada, enquanto que Leopoldina estava ocupada em conhecer o lugar que Maria morava. Uma hora atrás ela tinha ligado para sua colega de sala, combinando de se encontrarem no apartamento de Maria, e depois de uma corrida de táxi, ali estava Leopoldina.

—Olá, que bom que veio - Maria a recebeu - entre, por favor.

A austríaca agradeceu e entrou, vendo que o lugar era modesto, mas enfeitado com algumas plantas, o que a fez sorrir.

—Estou vendo que gostou das minhas plantas - apontou a inglesa com um sorriso.

—Sim, sim, não pude me conter - sorriu Leopoldina - as suas são tão lindas... São brasileiras, não?

—São sim, se trouxesse as minhas de Londres, elas provavelmente não aguentariam a viagem - ponderou Maria.

—Eu te entendo, também tive que deixar as minhas pra trás - Leopoldina deu um sorriso tristonho.

—Sei como é, mas essas são minhas novas companheiras - Maria concluiu - você aceita alguma coisa? Chá ou café?

—Chá, por favor, se não for incômodo - pediu Leopoldina com educação.

—Imagina, era o que eu ia fazer mesmo - a dona do apartamento não se importou com o trabalho extra.

Não demorou muito e ela estava de volta à sala, as duas tomando chá juntas.

—Eu gostei muito do seu apartamento - Leopoldina elogiou.

—Ah obrigada - sorriu Maria pelo elogio - eu preferi alugar um local sossegado ao invés de tentar me alocar com uma família, não me entenda mal, é que eu gosto de silêncio e tranquilidade.

—Claro, eu entendo, eu também escolheria um lugar só meu, mas meu pai achou melhor eu me mudar para a casa de uma família para o intercâmbio, eu ficaria mais segura e teria mais amparo - a arqueóloga explicou.

—Seu pai é do tipo protetor? - deduziu Maria.

—Um pouco, sim - Leopoldina confirmou com uma risadinha - mas mesmo assim ele entendeu a filha que queria vir pro outro lado do Atlântico.

—Sinal de que ele te entende e ama você - concluiu a inglesa.

Realmente Francisco Habsburgo sempre foi um pai amável e protetor, que ainda assim, entendia Leopoldina e apoiou sua decisão de se mudar e viver sua própria aventura de crescimento e amadurecimento, que agora, ela já estava mais habituada, contente com suas próprias descobertas.


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