Meia Volta ao Mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 3
Capítulo 3




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Leopoldina se espantou novamente com o interior do prédio. Ele conservava uma arquitetura histórica, que revelava um pouco de como aquele prédio devia ser há umas centenas de anos atrás. Ela deixou suas observações históricas de lado quando chegou à porta do escritório do embaixador. Mesmo com Pedro do seu lado para apresentá-la, ela não deixou de ficar nervosa.

—Bem, espero que esteja preparada - ele a recomendou e a moça que ele julgava ter a língua afiada se calou, apenas assentindo.

Pedro, sem delongas, abriu a porta, encontrando o pai ao telefone, numa conversa pouco amigável. O Dr. João não estava bravo, apenas cansado, e insistindo num assunto que seu interlocutor não queria concordar.

—Falo com o senhor mais tarde, te darei o tempo necessário para pensar, tenha um bom dia - ele encerrou a ligação, percebendo a presença de Pedro e da moça ao seu lado - olá, filho, vejo que fez um bom trabalho, a senhorita deve ser Leopoldina Habsburgo, é um prazer conhecê-la.

Ela ia respondendo quando o Dr. João se levantou, com certa dificuldade. Era nítido que ele estava acima do peso e uma das suas pernas repuxava conforme ele andava lentamente, certamente ele estava sentindo dores, e ainda assim, estava trabalhando e se dando ao luxo de cumprimentar Leopoldina de pé. Mais perto dela, ele sorriu afetuosamente, apertando a mão dela.

—Igualmente, Dr. Bragança, estou muito feliz de estar aqui - ela respondeu com toda cordialidade.

—Seja muito bem vinda ao Brasil, ao Rio de Janeiro, e em especial à Quinta da Boa Vista - o embaixador a recebeu, falando com um leve sotaque português - fique à vontade e se precisar de qualquer coisa, fale diretamente comigo.

—O senhor é muito gentil, nem sei como agradecer por tudo isso que está me oferecendo - ela respondeu, constrangida por tantas gentilezas.

—Não precisa me agradecer, é uma honra receber uma das melhores alunas da Universidade de Viena na minha casa - o Dr. João disse, mantendo o mesmo tom doce e paternal -  agora me diga uma coisa, e seja sincera por favor, o Pedro foi gentil com você?

—Ah sim, senhor, só tivemos um encontro... - ela procurou por uma palavra adequada.

—Maravilhoso! - ele tentou consertar, mas foi em vão, seu pai não caiu nessa - desastroso, confesso, a culpa foi toda minha, mas no fim das contas, Leopoldina chegou aqui e é isso que importa, agora se me dão licença, eu preciso falar com a Noemi antes que ela me arrebente. Tchau, Leopoldina, e boa sorte com tudo.

O rapaz saiu com pressa, enquanto seu pai balançou a cabeça em desaprovação e a recém-chegada ficou sem entender nada.

—Ele é sempre assim? - Leopoldina teve coragem de perguntar.

—Sim, um pouco distraído e prestativo quando lhe convém, mas meu filho é um bom menino, acredite - explicou o embaixador - mas me diga a senhorita, o que ele quis dizer com desastroso?

—Oh, nós literalmente nos esbarramos no aeroporto, Pedro estava atrasado e nos encontramos por acaso, mas como ele disse, tudo deu certo no final, ele foi bem atencioso comigo - garantiu Leopoldina.

—Bom, isso é um alívio - João suspirou aliviado - mas olha, vou parar de te encher com essas conversas e deixá-la se instalar, arrume suas coisas, descanse e nos vemos novamente no jantar, está bem?

—Está ótimo, obrigada - ela sorriu mais uma vez e então se retirou, seguindo a recomendação do embaixador.

O quarto de Leopoldina era muito mais espaçoso do que ela imaginava, sua cama não era nada modesta e muito mais confortável, e além disso, o embaixador tinha sido tão atencioso que havia um mini escritório no canto, uma escrivaninha, cadeira giratória e algumas prateleiras acima. A arqueóloga não poderia estar mais feliz e grata com tanta atenção e carinho da parte do Dr. João.

Sem mais delongas, ignorando o cansaço que estava sentindo, ela se pôs a arrumar suas coisas, sendo bem rápida e prática nesse processo. Até pensou em tirar uma soneca, mas achou melhor não, caso alguém viesse procurá-la, ela ficaria constrangida de ser encontrada dormindo. No entanto, o embaixador tinha sido bem claro sobre ela descansar. Sem mais relutar consigo mesma, Leopoldina tirou uma soneca.

Ninguém a perturbou e incomodou quando ela despertou, olhou no relógio do criado mudo e viu que era 6:43 da tarde. Estava na hora de ela se preparar para o jantar. Antes disso, fez algum muito importante, enviou mensagens para a família, avisando que estava bem e já hospedada na casa do embaixador de Portugal, que tinha sido muito gentil com ela.

—Espera aí, Pold, não desliga tão rápido assim, a não ser que você tenha algum compromisso pra agora - Maria Luísa tinha ligado quando recebeu a mensagem, e estava mantendo uma conversa um tanto longa com a irmã, querendo mais da companhia dela e curiosa para saber mais sobre o Brasil - como é que são as coisas aí? Completamente diferentes daqui, eu sei, mas é o lugar tão lindo como aparece nas fotos?

—Mais lindo ainda do que nas fotos - suspirou Leopoldina, como a boa apreciadora da natureza que era - eu estou encantada com o Rio de Janeiro, de verdade, e eu mal posso esperar pra começar meus estudos.

—É muito bom saber o quanto você está feliz, isso já me deixa aliviada, apesar da saudade - respondeu Maria.

—Eu sei, mas nós vamos nos falar todos os dias, e eu prometo que daqui dois anos vou voltar pra casa - garantiu Leopoldina - mas agora eu tenho mesmo que ir, como você disse, eu tenho outro compromisso, preciso me aprontar pro jantar.

—Tá bem, então, se cuida mana e até amanhã - desejou Maria Luísa.

—Até amanhã, Luísa - Leopoldina desligou, com um sorriso no rosto por aquela conversa.

Ela então se aprontou, se vestindo formalmente, com medo de parecer desleixada demais, e assim, desceu até o saguão principal, se dirigindo para a sala de jantar.


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