Meia Volta ao Mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 2
Capítulo 2




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Pedro e Leopoldina dividiram o trabalho de carregar as malas dela, ao todo eram 5, e o rapaz imediatamente pensou que aquilo era um exagero e devia estar tudo cheio de roupas caras até a tampa, mas quando ele ergueu a maior das malas, descartou essa suposição imediatamente. Aquela mala estava pesada demais para ter só roupas dentro.

—Espera, espera... - Leopoldina o interrompeu imediatamente, num desespero injustificável para Pedro.

—O que é que foi?! - ele falou na lata, tentando entender tudo aquilo.

—Meus instrumentos de verificação estão aí, tem que ser carregado com muito cuidado - ela explicou - são coisas frágeis e caras.

—Tá bem, então vou por isso aqui no banco de trás - ele sugeriu, segurando de forma delicada e cuidadosa.

Ainda assim, Leopoldina tinha ficado com um pé atrás, esse cara era o mesmo que tinha esbarrado nela há menos de uma hora atrás, sabe-se Deus o que ele poderia fazer com seus instrumentos.

—Deixa que eu faço isso - ela o interrompeu de novo, no que Pedro fechou a cara, deixando-a com o trabalho pesado que ela tinha insistido tanto em fazer.

Mesmo assim, ele a ajudou e finalmente a preciosa bagagem de Leopoldina estava acomodada.

Eles se sentaram nos bancos da frente do carro, e ela observou Pedro dirigir nos primeiros 15 minutos. Pelas contas de Leopoldina, ele tinha feito pelo menos 3 manobras perigosas, o que a deixou aflita e preocupada, logo assumindo que ele era um irresponsável no trânsito.

—Hã... É assim que se dirige no Brasil? - ela estava atrás de explicações para aquele tipo de comportamento, sem ser tão direta.

—Ah na maioria das vezes sim, eu acho que te assustei, não foi? - em vez de parecer envergonhado, Pedro acabou rindo - desculpa, não conta pro meu pai.

—Fez isso por prazer? - ela tentou ser um pouco mais direta.

—É... Um pouco sim, mas foi mais por necessidade - ele deu de ombros - aqui é um pouco difícil as pessoas se respeitarem no trânsito, ainda mais um trânsito tão movimentado como o do Rio, então se você não dá uma de esperto, te passam pra trás, e aí sim você pode provocar um acidente.

—Acho que entendi, é algo que eu não esperava encontrar aqui - ela foi sincera.

—Mas te garanto que isso é uma coisa típica do Brasil, aliás... - Pedro estreitou os olhos, curioso - você estudou alguma coisa sobre esse país antes de vir pra cá?

—Ora, é claro que estudei - disse ela, se Pedro a conhecesse bem, não faria uma pergunta dessas, ela tinha estudado tudo que podia sobre o Brasil e a cidade do Rio de Janeiro mais especificamente - sei do Pão de Açúcar, do Cristo Redentor, dos bondinhos, das favelas, Copacabana...

Pedro riu de novo, percebendo que ela continuaria nessa conversa por horas a fio. Sua reação confundiu Leopoldina.

—Você fala como uma típica gringa... - ele comentou.

—Gringa... - ela já tinha ouvido o termo antes, estava tentando se lembrar do que significava - ah claro, é uma gíria para estrangeira.

—Isso aí, agora acredito que você estudou mesmo antes de vir pra cá - ele falou num tom bem humorado, mas ela notou um elogio na voz dele, o que a deixou surpresa.

—Obrigada por reconhecer meus esforços, Pedro - ela disse de coração, e foi a vez dele de ficar surpreso.

Ele tinha namorado várias garotas desde os 14 anos, e atualmente estava num relacionamento indefinido com Noemi Thierry, às vezes ele lhe dava toda sua atenção, às vezes, nem ligava e a deixava solta, até que ela o cobrasse por mais atenção. Era assim que ele levava o relacionamento.

Mas nenhuma daquelas garotas tinha dito algo parecido com que Leopoldina tinha acabado de dizer a ele, isso a diferenciou das demais imediatamente, mas isso queria dizer que ele estava interessado? Não, definitivamente não. Ela era uma moça bonita, sem dúvida, mas acima de qualquer coisa, ela era hóspede de honra de seu pai, Pedro não seria louco de provocar a fúria de João e uma crise internacional.

Ele continuou dirigindo, enquanto Leopoldina se distraía olhando pela janela, experimentando pela primeira vez os ares e a vista do Rio. Era uma bela cidade, mesmo com as construções irregulares e pouco atraentes. O que a surpreendeu mesmo foi a Quinta, a propriedade era enorme, com um casarão e diversas repartições. No estacionamento, havia poucos carros, e entre os prédios ali, pouca movimentação de pessoas.

Leopoldina temeu que o embaixador estivesse ocupado demais para atendê-la no momento, e até quis questionar Pedro quanto a isso, mas o rapaz foi bem mais rápido.

—Vamos, meu pai está te esperando - ele a encorajou a continuar o trajeto, percebendo que ela estava apreensiva - e pode relaxar srta. Habsburgo, ele está muito animado pra te ver.

—Se é assim - ela suspirou - não vamos deixá-lo esperando.

Eles desceram do carro e imediatamente, um dos empregados da casa esvaziou o porta-malas, levando a bagagem de Leopoldina. Pedro notou apreensão nela novamente, sabia exatamente qual era o medo dela.

—Norberto, tenha cuidado com a mala mais pesada, ela está cheia de coisas frágeis - recomendou o rapaz e o empregado compreendeu.

Leopoldina sorriu de alívio pela recomendação, em como Pedro tinha sido atencioso naquela questão. Assim, ela caminhou lado a lado com ele, esperando que ele a mostrasse o caminho até o Dr. João.

 


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Notas finais do capítulo

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