Meia Volta ao Mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 4
Capítulo 4




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Leopoldina continuou se encantando com o lugar em que estava hospedada quando se deparou com a bela sala de jantar. O candelabro, mesmo no alto do teto, chamava a atenção e fazia lembrar de tempos antigos novamente, junto com a paisagem do grande quadro pendurado ali, que retratava um exército cavalgando as margens de um rio, era uma imagem bonita de se ver, que inspirava coragem. A arqueóloga ficou ali por uns momentos, encarando o quadro, quando alguém a tirou do seu estado de contemplação.

—Que bom que gostou do quadro, pelo menos acho que gostou - a outra moça que chegou ali fez uma pequena piada, sendo simpática, conseguindo fazer Leopoldina sorrir.

—Desculpe, não fomos apresentadas, eu sou Leopoldina Habsburgo - disse a hóspede.

—Ah sim, imaginei que fosse, meu pai me mandou vir aqui pra lhe fazer companhia, ele vai se atrasar um pouco, infelizmente - explicou a moça, estendendo sua mão, que foi apertada pela outra moça - eu sou Maria Teresa, filha do Dr. João.

—Oh quer dizer que ele tem uma filha? Eu não sabia - confessou Leopoldina.

—É, na verdade somos em três, Pedro, eu e Miguel - ela contou mais - é que meus pais são divorciados, meu irmão mais novo preferiu ficar com a nossa mãe na Espanha, e eu e Pedro em Portugal com o papai.

—Ah sim, lamento por isso - a arqueóloga ficou um tanto triste com aquele fato - não sabia sobre isso.

—Tem bastante coisa que você não sabe da minha família, pelo jeito - Maria Teresa disse de forma risonha.

—Isso é algo ruim? - Leopoldina ficou em sincera dúvida.

—Não, acredito que não, é até bom, mas já que vai ficar conosco por bastante tempo, acho que agora é importante que saiba disso - Teresa explicou com paciência, dizendo sua opinião - mas conta mais de você, também não sei muito a seu respeito, além de que você é uma estudante de arqueologia que veio fazer intercâmbio.

—Ah sim, na verdade já sou bacharel em Arqueologia, me formei ano passado e esse ano surgiu a oportunidade do intercâmbio e eu não poderia perder - Leopoldina se empolgou ao tocar no assunto.

—Mesmo que fosse um intercâmbio no Brasil? Alguns estrangeiros não são muito fãs daqui - Maria Teresa foi sincera.

—Confesso que há uma certa má fama do seu país lá fora, mas pra ser sincera, todo país tem seus problemas e suas próprias belezas, foi mais isso que me chamou a atenção, pra que eu viesse pra cá - Leopoldina argumentou.

—Nisso você tem razão, o Rio é uma beleza, apesar dos problemas que enfrenta - lamentou Teresa - mas espero de verdade que você goste da estadia daqui.

—Já estou gostando, obrigada Maria Teresa - ela sorriu por sua simpatia.

—Ah que bom que estão se dando bem, acredito eu - o Dr. João as interrompeu gentilmente.

—Pai, o senhor está bem? Conseguiu descer sem muitas dificuldades? Deveria ter me chamado pra te ajudar - Maria Teresa correu ao auxílio do pai.

—Está tudo bem, Tez, não se preocupe - ele sorriu em gratidão pela preocupação dela - eu agradeço por fazer companhia à nossa hóspede e por me esperarem, não vou mais atrasar o jantar de vocês.

—Não, de modo algum, senhor - respondeu Leopoldina, entendendo a situação.

Ela então se sentou com os dois membros da família Bragança, sentindo levemente a falta de Pedro. No entanto, a comida servida à sua frente começou a preocupá-la mais do que a ausência do rapaz. Leopoldina observou o arroz e o purê de batatas, mais algum tipo de salada que não conseguia reconhecer, e por fim, a carne ensopada era o que a espantava. O tempero do prato tinha um cheiro um tanto forte.

—Sirva-se, fique à vontade, por favor - o Dr. João a instigou a agir, percebendo a hesitação dela, que poderia ser um tipo de vergonha.

—Claro - ela disse automaticamente por educação.

Se estar em um novo país e encarar uma comida que ela não conhecia fazia parte da aventura e da experiência, ela encararia isso de frente. Serviu-se e experimentou a refeição, sentindo que a carne realmente era mais forte e estranha ao paladar dela, como ela imaginava, mesmo assim, não deixou seu prato cheio e terminou tudo. Realmente tinha sido uma experiência e tanto para Leopoldina.

Enquanto isso, Pedro encarava outra coisa muito mais difícil que uma comida diferente e desconhecida. Pelo contrário, ele conhecia Noemi muito bem, ou ao menos achava que conhecia. Sua namorada estava irada com ele, o chamando dos piores nomes possíveis, até chegar a agredi-lo com punhaladas que Pedro conseguiu se desviar facilmente.

—Eu sei que você estava com outra garota fim de semana passado! - afirmava Noemi aos berros.

—Ah então é disso que se trata toda essa fúria? Sinceramente eu não te entendo - ele coçou a cabeça diante de tamanha confusão - um dia você cobra que não te dou atenção suficiente, no outro, você acha que eu não te dou um tempo pra ficar sozinha. Como você esperava que eu ficasse? Que eu ficasse quieto esperando sua boa vontade? Eu saí com a Carol sim, mas foi só aquele dia, e eu não tenho culpa dela ter postado no Instagram, o Instagram é dela e ela posta o que ela quiser.

—Quer dizer que você não tem nenhuma consideração por mim?! Que tanto faz o nosso relacionamento só porque eu quero um tempo de você uma vez ou outra? - rebateu Noemi - então tá, se é tempo que você quer, toma! - ela deu um tapa no rosto dele antes de prosseguir - sai daqui Pedro, eu terminei com você, não me procura mais!

—Com prazer - ele disse com alívio e se retirou dali, ainda sentindo a dor do tapa no rosto.

Não era a primeira vez que passava por uma situação dessa, e nem seria a última. Derrotado, só restava a Pedro voltar para casa.


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