Meia Volta ao Mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 26
Capítulo 26




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Depois da chegada de Miguel e Carlota, Leopoldina decidiu adotar uma postura discreta. Ela viu logo de cara que era melhor não provocar a sogra e ficar fora do seu caminho. Apesar de ser domingo, ela estava ocupando seu tempo revisando suas agendas para o próximo semestre e decidiu fazer uma visita a Maria, fugindo da confusão da família Bragança. Ela ainda não tinha certeza se um dia faria parte da família efetivamente, mas por enquanto, entendia que era só uma hóspede, e não deveria se meter nos assuntos da família. 

Depois de tomar seu café da manhã sozinha, num canto mais isolado da cozinha e não na sala de jantar como costumava ser, ela já ia se levantando e saindo, quando foi surpreendida pelo namorado. 

—Leo? Então foi aí que se meteu... - apesar de estar meio abalado por causa da presença da mãe, ver a namorada o fez sorrir e rir um pouco, logo ele se sentou ao lado dela.

—Me desculpe pelo sumiço - ela sorriu e beijou seu rosto - é só que... bem, me desculpe, liebes, mas tinha razão sobre a sua mãe.

—Ela te assustou, não foi? E agora, pelo jeito, você está tentando fugir dela - Pedro adivinhou, conseguindo deduzir os pensamentos da namorada.

—Fugir é uma palavra muito forte - ponderou Leopoldina - eu estava pensando mais em não ficar no caminho dela.

—Entendi, mas se posso te dar um conselho, ela vai querer falar mais com você - Pedro contou, com certo pesar e preocupação - e seja lá o que ela disser, não ligue, porque pra todo mundo aqui, e principalmente pra mim, você é perfeita.

—Oh... eu... não sei sobre isso, mas... obrigada, Pedro - ela acariciou seu rosto, agradecida.

Suspirando um pouco, ela viu que o namorado tinha razão. Resolveu adiar a visita a Maria, tentando se ocupar com outra coisa. Para sua alegria, Miguel puxou assunto com ela, mais tarde naquele dia.

—Então você é austríaca, nunca pensei que alguém de lá viesse ao Brasil - ele confessou.

—Pois é, todos se espantaram com a minha decisão, até a minha família, mas convenhamos, eu me apeguei ao Brasil muito mais rápido do que imaginava - ela respondeu, reflexiva.

—Bom, fico feliz que se sinta bem aqui, eu não sei se conseguiria me adaptar bem, na verdade, por muito tempo, eu tive raiva do meu pai e do meu irmão por morarem longe de nós, seja aqui ou em Portugal - Miguel contou.

—Mesmo? Imagino que não foi uma época fácil pra vocês - ela comentou, compreensiva.

—Não, não mesmo - ele suspirou - eu era muito novo e muito tolo, mas eu admirava meu pai, sempre admirei, e Pedro, eu queria ser como ele, nós éramos inseparáveis, mesmo que brigássemos muito, a nossa brincadeira preferida era brincar de guerra, éramos os generais do nosso próprio exército, e geralmente ela acabava com nós dois rolando no chão, com mordidas e cotoveladas - Miguel fez uma pausa para rir - mas quando meus pais se separaram, tudo que eu sabia era culpar meu pai e meu irmão, a minha mãe sempre me defendeu então pareceu certo na época eu ficar com ela.

—Parece que você se arrependeu da sua decisão - Leopoldina murmurou, com medo de sua resposta ser desaprovada.

—Não, bem, algumas vezes, eu acho, mas eu sempre achei que minha mãe precisava de mim, ela precisava de um filho por perto pra não deixar que ela cometesse atrocidades - Miguel confessou.

—É, com todo perdão da palavra, eu a achei muito complicada e exigente - contou a moça - seu irmão disse que é melhor eu me importar com o que ela diga.

—Pedro tem toda razão, muitas vezes ela pode falar um monte de besteiras - ele deu de ombros - mas se ela te criticar, está completamente errada, você é uma boa moça, Leopoldina, e eu percebi o quanto Pedro está apaixonado por você, ele tem sorte de ter te encontrado.

—Bom, obrigada, e... seu irmão é mais encantador do que a maioria das pessoas pensa - ela elogiou.

—Oh sim, é porque ele esconde seu melhor lado de propósito - observou Miguel - talvez seja um resquício do jeito que minha mãe criou a gente.

Leopoldina assentiu, entendendo que muito do que Pedro já tinha lhe contado sobre Carlota era verdadeiro. 

Durante a noite, logo após o jantar, o confronto pelo qual Leopoldina temia finalmente veio. Os homens e Maria Teresa se retiraram da sala de jantar, ela já ia saindo quando Carlota a chamou.

—Leopoldina, não é? - a mulher mais velha quis ter certeza.

—Sim, senhora - a moça respondeu, se mantendo firme.

—Você veio da Áustria pelo que eu soube, pra fazer um intercâmbio acadêmico - disse Carlota - então pelo jeito você é muito estudiosa.

—Tenho orgulho de dizer que sim - respondeu Leopoldina, convicta.

—Claro, você tem cara de inteligente mesmo, então se é tão esperta assim, me diga uma coisa, por que é que está com o Pedro? Você com certeza deve saber que ele não para com mulher nenhuma, então minha querida, espero que não esteja se iludindo - Carlota disse com um pouco de malícia na voz.

—Não, senhora, certamente que não - Leo suspirou, ganhando um pouco mais de coragem - eu já me decepcionei uma vez com o Pedro, nós conversamos sobre isso, mas quanto mais conheço o seu filho, mais vejo as qualidades e virtudes dele, acredito que ele é um bom rapaz.

—Certo, certo, quem sabe no fundo - Carlota deu de ombros, como se se esforçasse para não transparecer que conhecia bem o filho - uma coisa é certa, você é boa demais pra ele.

—Bom, nesse país aprendi que essa expressão pode ser considerada um elogio - ela disse com toda certeza.

—É, você é uma garota e tanto... - Carlota respondeu, com admiração contida.

Pelo jeito, as coisas tinham se resolvido entre elas e Leopoldina tinha ganhado o seu respeito.

 


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Notas finais do capítulo

Oi gente, depois de um longuíssimo hiatus, resolvi voltar com essa fic. A vida e seus acontecimentos me deixaram meio sem tempo e meio sem inspiração, mas como esse é o ano do bicentenário da independência, consegui me inspirar o suficiente para voltar a escrever. Espero que vocês gostem disso e me acompanhem até o final. Valeu!



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