Meia Volta ao Mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 25
Capítulo 25




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789336/chapter/25

Um pouco antes de Leopoldina retornar aos estudos no segundo semestre de Mineralogia e Botânica, uma outra coisa começou a entrar em sua lista de preocupações. Tudo corria bem no namoro com Pedro, ele era atencioso e também buscava os conselhos e opinião dela sempre que precisava, mas agora que ela era mais parte da família, teria que lidar com uma visita inusitada com a qual todos os Bragança estavam ansiosos.

Tudo começou quando o Dr. João estava conversando com os filhos e a nora durante o jantar.

—Eu tenho uma notícia pra vocês três - ele disse de um jeito sério, que atraiu a atenção de todos na mesa.

—Não é nada grave, pai? Podemos te ajudar com isso? - Teresa já se preocupou.

—Sim, eu vou precisar bastante da ajuda de vocês, mas creio que vão ficar contentes com o que vou dizer - o velho patriarca forçou um sorriso - eu recebi um telefonema da mãe de vocês, ela e o Miguel estão vindo passar um tempo com a gente, então acredito que vai ser muito bom pra vocês.

—A mamãe...? - murmurou Maria Teresa, tentando processar o que isso significava - bom, faz um tempo que não a vemos.

—Dois anos pra ser mais exato - Pedro rebateu em tom de reclamação - sem mensagens ou ligações, nem nada do tipo.

—Pelo menos o Miguel nunca perdeu o contato com a gente - Teresa tentou consolar o irmão.

—Eu sei, ainda assim, você sabe como ela é - ele soou chateado outra vez.

Naquele momento, Leopoldina tinha vários questionamentos a fazer, mas preferiu ficar quietinha, sabia que era um assunto pessoal da família e se intrometer seria falta de educação. Assim, ela se concentrou em terminar sua refeição, enquanto os filhos do Dr. João processavam a ideia de como seria ter sua mãe e seu irmão caçula por perto novamente.

Um pouco depois, Leo teve coragem o suficiente para perguntar a Pedro porque eles tinha reagido daquela forma à visita de seus parentes distantes.

—Você e a Tes não gostaram tanto de saber da visita da sua mãe e do Miguel, não tanto quanto seu pai esperava, pelo menos foi o que eu notei - ela puxou o assunto, enquanto eles estavam na varanda da mansão.

—É que, bem, a minha mãe sempre foi uma pessoa muito difícil - Pedro suspirou, quase não conseguindo manter os olhos focados na namorada, lembrar do passado o levava a observar muitas lembranças ruins - ela nunca foi do tipo... amorosa e atenciosa, quer dizer, ela tratava mais o Miguel assim e a Teresa, só um pouco assim, mas eu... definitivamente não sou o filho favorito dela.

—Eu notei como você não fala muito da sua mãe - Leo apontou - eu não posso dizer com palavras que sei como você se sente, mas dá pra imaginar o quanto é triste ter um relacionamento assim com sua mãe, sabe que a minha faleceu quando eu era criança e eu ainda sinto muita falta dela, mesmo assim tive a sorte de ter uma boa madrasta, e no seu caso, graças a Deus pelo seu pai, ainda assim, imagino o tamanho da ferida que você carrega...

—É muito grande, Leo, pode apostar que sim - Pedro suspirou outra vez, e ela o abraçou.

—Olha, mesmo com tudo isso, você ainda tem uma mãe, e se ela está disposta a vir até aqui, talvez seja porque ela ainda tem interesse e afeto por você e sua irmã - ela aconselhou.

—Talvez sim, talvez não, pode ser que ela veio pedir algum favor ao meu pai - ele deu de ombros, desesperançoso.

—Vamos esperar para ver o que realmente ela vai fazer, não sofra por antecipação, liebes - ela disse docemente, esperando que Pedro seguisse seus conselhos.

Devido a todas essas informações e reações, Leopoldina viu que era melhor estar preparada para essa visita, esperando uma mulher amarga e exigente, tentando não ficar em seu caminho, sendo o mais agradável possível.

Numa manhã de domingo, um táxi deixou Carlota e Miguel às portas da Quinta da Boa Vista. Empregados os ajudaram com a bagagem, dentro do corredor principal que dava acesso à casa, esperavam por eles João, Teresa, Pedro e Leopoldina. A austríaca por sua vez, vestia sua melhor roupa, tentando não ser muito formal, mas bem arrumada. Seus olhos claros foram diretamente para a mulher e o rapaz que entraram ali, tinham semelhanças físicas em comum, o que era suficiente para determinar que eram mãe e filho, mas eram bem poucas.

Carlota tinha uma aparência mal cuidada, que tentava disfarçar com maquiagem forte numa tentativa muito mal executada, que só piorava tudo. Isso sem contar com sua expressão carrancuda e insatisfeita. O rapaz, Miguel, ao menos parecia ansioso ao rever os irmãos e o pai.

—Bem vindos - o Dr. João disse meio engasgado, mas pareceu se aliviar um pouco quando recebeu um abraço de Miguel.

—Olá papai, senti muito sua falta - o rapaz disse de coração.

—E eu também, meu querido - respondeu João, voltando-se logo para a ex-mulher - e como vai Carlota?

—Vou bem, vou bem, espero que o meu quarto já esteja pronto - ela logo exigiu, impaciente.

—Está sim, mamãe - Teresa respondeu, de má vontade, tentando chamar a atenção da mãe.

—Maria Teresa! - disse Carlota, impressionada - você está... quase a mesma desde a última vez que nos vimos, não mudou tanto, Pedro também, o mesmo jeito desmazelado... e essa seria quem?

A mulher alta e magra se inclinou para mais perto de Leopoldina, o que assustou a moça.

—Eu sou Leopoldina Habsburgo - Leo se apresentou com toda dignidade - sou estudante de intercâmbio, estou hospedada aqui e também namoro seu filho Pedro.

—Oh mais uma? Não estou surpresa, pelo menos essa parece melhor que as outras... - comentou Carlota sobre a austríaca com certo desprezo.

—Ela não é mais uma, é a única - Pedro garantiu, sua seriedade chamou a atenção de sua mãe, que o olhou de volta com olhos estreitados.

—Bom pra você, bom pra você... - Carlota acabou dando de ombros, e deixando toda a família para trás, se dirigiu para o quarto que a esperava.

—Vocês sabem como ela são, mas eu estou feliz de ver vocês - Miguel desfez o mal humor que a mãe deixou para trás, com um sorriso simpático, abraçando os irmãos, finalmente.

—É um prazer te conhecer, Miguel - Leopoldina disse mais aliviada.

—O prazer é todo meu - seu jovem cunhado continuou amigável.

Ao menos, dos dois hóspedes, um deles era extremamente gentil.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meia Volta ao Mundo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.