Meia Volta ao Mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 27
Capítulo 27




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A estadia de Carlota e Miguel na Quinta da Boa Vista durou mais alguns dias, e é claro, o clima pesado entre a mulher espanhola cheia de raiva e vontades e o restante da família, mais Leopoldina, não melhorou muito. A própria jovem austríaca notou que havia uma certa admiração contida na mãe de Pedro por ela, mas Carlota nunca admitiria isso em voz alta e por muito tempo, para todo mundo ouvir. 

A única conversa mais direta e íntima que trocaram foi aquela depois do jantar, Carlota disse que Leopoldina era uma garota diferente, mas mesmo assim, continuou incomodada com o fato de alguém inteligente e culta como ela querer ter algum relacionamento com Pedro, que era o oposto disso. A mãe dele o via como um mulherengo irresponsável, sem enxergar suas qualidades mais profundas, como seu pai costumava fazer. Por achar que a escolha de Leopoldina de ficar com Pedro era completamente precipitada e burra, Carlota a considerou tola e iludida, a excluindo e a vendo como inferior.

Leo tentou não se afetar por isso, Pedro tinha lhe dado vários avisos de que sua mãe era uma megera e agora, ela sentia isso na própria pele. Ainda assim, ela conseguiu se lembrar do que o namorado havia lhe aconselhado, não acreditar em nada que Carlota lhe dissesse. Mesmo assim, seu desprezo doía.

Foi um dia de alívio quando Carlota anunciou que iria embora, porém, o restante da família sentiu o coração apertado por Miguel. O rapaz, que era o oposto da mãe, foi bastante cordial e agradável, Leopoldina já o considerava um amigo, por isso, seria difícil se despedirem agora.

—Não se preocupe, Leo - disse ele, já tão próximo da namorada do irmão que a chamava pelo apelido - nós podemos continuar conversando, mesmo à distância, eu gostaria muito de fazer isso, sei que vou sentir sua falta e espero que você sinta a minha também.

—Ei, mano, não tá flertando com a minha garota, está? - Pedro rebateu, meio brincalhão, mas tanto Leo como Miguel sabiam que tinha um fundo de seriedade em sua frase.

—Claro que não, irmãozinho, você sabe que eu nunca faria isso, aliás, me admira você ser tão ciumento e protetor - Miguel respondeu.

—É, não precisa ser possessivo - Leo defendeu a si mesma.

—Não estou sendo, juro, só estou deixando claro o quanto você é importante pra mim - Pedro explicou.

Aquela resposta surpreendeu Leopoldina e Miguel, ela se sentiu lisonjeada e encantada, ele viu que o irmão estava mudado, Pedro que sempre foi tão liberal nos seus relacionamentos, agora era extremamente comprometido a apenas uma moça, uma moça incrível e extraordinária, não era segredo que Leopoldina tinha mudado Pedro para melhor.

—Certo, acredito em você e fico feliz por isso - disse Miguel, por fim.

Eles trocaram um abraço, e então, Miguel se afastou para acudir sua mãe, ajudando a carregar sua bagagem.

—Eu estou indo agora então, aviso quando visitar de novo - disse Carlota de modo geral, de um jeito seco, sem empolgação com a possibilidade de retorno.

—Faça uma boa viagem - respondeu João, com mais educação e boa vontade.

Ela deu uma última acenada e então entrou no táxi, na companhia de Miguel.

—Não acho que foi tão ruim dessa vez - confessou Maria Teresa, desfazendo um silêncio constrangedor que tinha se instaurado entre ela e o resto da família.

—Oh sim, filha, devo concordar com você - João assentiu, fazendo um carinho no ombro de Teresa.

—A última vez foi pior? - Leopoldina arriscou perguntar.

—Foi, minha mãe fez um escândalo terrível porque o voo atrasou e o quarto dela não estava arrumado como queria - Pedro contou mais detalhes sobre a situação desagradável - dessa vez, tirando o jeito que ela falou com você, ela se comportou melhor.

—Não faz mal, eu já consegui deixar isso pra lá, sério - Leopoldina garantiu, mas sem muita firmeza.

Triste ou não a maneira como Carlota a tratou, o importante é que agora ela estava longe e não poderia mais importuná-la, ao menos até sua próxima visita. Leopoldina se ocupou com os estudos novamente, quando a pausa entre semestres terminou. Em meio às suas aulas, Pedro sempre dava um jeito de levá-la a passeios especiais, iam à praia, ao cinema, ao Jardim Botânico juntos, lugares que Leo amava, que a faziam se sentir mais à vontade e chamar o Brasil de casa.

Enquanto estavam juntos e próximos, Pedro começou a ponderar coisas importantes. Era claro para ele a forte conexão que tinha com Leopoldina, como nunca tinha sentido isso por mais ninguém em toda sua vida, que ela era perfeita exatamente do jeito que era, e ainda mais por aceitá-lo com seus defeitos e falta de jeito. Pensando nisso, Pedro também se lembrou de quando seu pai lhe dizia sobre se casar, encontrar uma moça, uma única mulher extraordinária que fosse o suficiente para preencher o vazio de sua vida. 

Era admirável da parte de João ainda ter esses ideais, depois de tudo que passou com Carlota. Se tinha uma coisa que Pedro queria, era não ter um casamento como o dos seus pais. No seu coração, sabia que estava disposto a fazer o seu melhor para que as coisas dessem certo com Leopoldina, ele queria que ela fosse para sempre parte de sua vida. 

Com um sorriso bobo no rosto, no meio da escuridão do seu quarto, no meio da noite, Pedro decidiu que pediria Leo em casamento, sem perder mais tempo em garantir que a mulher da sua vida ficasse para sempre com ele.

 


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