Meia Volta ao Mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 20
Capítulo 20




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Sentados à mesma mesa em que costumavam estudar, Pedro listava a Leopoldina os conceitos básicos que tinha conseguido entender da matéria de Economia, e ela em troca explicava com mais detalhes os pontos que ele não conseguia entender. Conforme a ouvia e prestava atenção em cada uma das suas palavras, a mente e o coração de Pedro perceberam uma coisa, o quanto tinha sentido falta desses momentos com ela, de como ela parecia saber de todo assunto no mundo sem nenhuma dificuldade, e além disso, ter a bondade e a paciência de explicar tudo para ele, que era muito burro em comparação a ela.

Por um momento, Leopoldina viu a distração nos olhos de Pedro enquanto ele pensava nisso tudo e aquilo a incomodou um pouco. Ela pensou em como ele podia estar tão distraído enquanto ela estava dando seu máximo para que ele entendesse a matéria.

—Pedro! - ela chamou com um pouco mais de energia na voz, numa tentativa de tirá-lo daquele estado de transe.

—Hum? - ele replicou, realmente distraído.

—Você tá conseguindo entender tudo? - ela expressou sua preocupação sincera.

—Sim, sim, eu tô sim, eu só tava... pensando umas coisas - ele tossiu para disfarçar a falta de palavras - nada de mais.

—Bom - ela suspirou, tentando ignorar seja lá o que fosse aquele comportamento - eu acho que terminamos por hoje, você tem mais alguma dúvida?

—Dúvida da matéria? Não, não mesmo - ele viu que ela estava levemente irritada e logo deduziu que era culpa sua - me desculpa por ficar meio distraído agora a pouco, eu vi que você ficou brava.

—Não, eu não tô brava - ela acabou deixando um sorrisinho escapar - é que eu achei que você já não tava mais prestando atenção em nada.

—Não, eu tava prestando atenção, prestando bastante atenção em você, garanto - ele acabou dando uma piscadela por brincadeira, e aquilo fez o coração de Leopoldina se agitar, por um segundo, ela não soube o que fazer a seguir - escuta...

—Fala, Pedro - ao menos, depois desse pedido, ela tinha algo inteligível a falar.

—Você tá ocupada agora? - ele perguntou.

—Hã, não, sabe que o meu semestre está acabando e eu já adiantei bastante coisa, então não, não tenho muito o que fazer agora não - ela foi sincera ao falar da sua agenda.

—Você topa fazer um passeio comigo? - ele propôs, animado.

—Passeio? Pra onde você me levaria? - ela achou melhor saber dos detalhes.

—Não, eu não vou te contar, mas tenho certeza que você vai adorar - ele garantiu.

—Ah Pedro, por que você tem essa facilidade enorme de me convencer a fazer as coisas? - ela reclamou, com uma mão no rosto.

—Vamos, prometo que não vai se arrepender, vai ser igual quando nós fomos ao Jardim Botânico, eu lembro que você gostou muito - ele insistiu.

—Mas antes de qualquer coisa, a ideia tinha sido minha - ela fez questão de relembrá-lo.

—Anda, vamos logo... - ele insistiu mais um pouco, como uma criança manhosa.

—Tá bem, tá bem, só assim você vai me deixar em paz - ela acabou aceitando.

Deixou que Pedro a levasse, dirigindo pelo Rio, falando de mais coisas sobre a cidade que ela ainda não sabia, era incrível como mesmo depois de tanto estudo, alguns fatos a surpreendiam. Naquele momento, no fundo do seu coração, estava grata por poder passar esses momentos com ele, só os dois, sem sombra de Domitila ou mais nenhuma outra garota.

Pararam num lugar calmo e então Pedro apenas a convidou a segui-lo. Sua mente dizia que aquilo não era nada seguro, mas mesmo assim, seu coração queria que seus pés fossem mais rápidos. Mesmo assim, ela se apressou e ao perceber onde estava, Leopoldina se tranquilizou e ficou contente.

—Os bondinhos... - ela olhou para o Pão de Açúcar, admirada.

—Isso mesmo, minha esperta amiga, eu disse que você ia gostar - Pedro confirmou o sentimento.

—Não, eu não disse nada sobre isso - ela ainda deu o braço a torcer.

—Mas está estampado na sua cara - ele riu, e ela teve que sorrir, admitindo que realmente tinha gostado da surpresa.

Sem mais esperar, eles foram para a fila, aguardando sua vez, Pedro e Leopoldina então entraram em uma das cabines. Para ele, foi notório o pânico controlado em Leopoldina quando a cabine começou a subir. Automaticamente, ele pegou a mão dela, procurando confortá-la. O receio dela por causa da altura não foi suficiente para que sua mente pensasse em largar a mão dele. Ela deu um suspiro profundo, se convencendo de que aquela estrutura era segura.

Depois do susto, ela apreciou a vista. Aquele céu azul que se misturava com o mar, mais a passagem verde das montanhas e morros, era de tirar o fôlego e com certeza, todo o medo valia a pena para ver aquela vista. Para Leopoldina, só as mãos de Deus poderiam fazer aquela maravilha, e era por isso que uma das alcunhas do Rio de Janeiro era "Cidade Maravilhosa". Outra sensação maravilhosa era ter Pedro ao lado dela, no momento, não havia outra pessoa mais perfeita para compartilhar aquela vista.

Pelo visto, o mesmo pensamento passou pela mente de Pedro. Lentamente, ele se virou para Leopoldina, sem aviso, a beijou docemente, ali na cabine, sob as alturas dos céus do Rio.


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