Dinastia 1: O Sonho Real escrita por Isabelle Soares


Capítulo 48
Amor, Fogo, Fúria e Vilania


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o restante do flash back que começou a ser apresentado a vocês no capítulo anterior e agora vocês terão uma visão mais apurada do que aconteceu.

Espero que gostem! Boa Leitura!



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Setembro de 2001

Os dias se passaram e Esme se surpreendeu o quanto Emmett tinha se comportardo nessa última semana. Tinha cumprido todos os incontáveis compromissos que obrigara Nilson a colocar em sua agenda sem reclamar muito. Então, ela começou a pensar que o seu plano não poderia funcionar. Olhou para o documento em suas mãos e pensou que talvez nem fosse necessário a sua utilização afinal de contas. Porém, Emmett não se mostrou tão forte como tentava ser, voltou a beber e a causar problemas, mesmo com os constantes pedidos dos pais.

Numa noite já com o tardar das horas, Esme ouviu os passos apressados do filho em direção ao escritório do seu marido. Faltavam cinco dias para o aniversário de dezoito anos e ela sabia que hoje era o dia que tinha que colocar o plano em ação.

Carlisle ficou surpreso ao ver o filho ali na sua frente àquela hora. Não era muito costumeiro ele estar no palácio nesse horário. O cheiro de álcool que preenchia o ambiente dava a entender que Emmett já tinha feito o seu passeio noturno.

— Emmett, já bebeu de novo? Eu não posso acreditar! O que eu tenho que fazer para consertar você?

— Me consertar? Por que vocês pensam que eu estou doente?

— Filho, obviamente você não está bem e precisa entender isso. Olha, eu não sei o que te aflige, mas eu quero te ajudar. Farei tudo para que fique bem!

— O que me aflige é essa teimosia de vocês em me tratar como se eu fosse um viciado. Eu posso parar de beber na hora que eu quiser!

Carlisle foi até o seu primogênito e tentou acalmá-lo, fazendo-o sentar para que pudessem conversar. Não que ele já não tenha tentado fazer isso antes, mas hoje ele estava com uma paciência acima do comum e queria por logo tudo em pratos limpos com o filho. Mas Emmett estava descontrolado. Desviou do contato do pai e continuou andando pela sala.

— Por favor me conte o que está acontecendo com você, então?

— Eu estou cansado! Eu não suporto mais essa vida, esses compromissos entediantes e o fato de vocês ficarem no pé o tempo inteiro.

— Eu compreendo o quanto é difícil está na sua posição. Não é fácil carregar as expectativas de ser o próximo na linha de sucessão, mas filho, você tem que levar as coisas um pouco mais a sério. Nós dependemos do nosso povo e temos que servi-lo. Nascemos para isso.

— Eu detesto essa sina! Eu não quero ser o herdeiro do trono. Eu não nasci para ser o príncipe herdeiro!

— Não diga isso, filho. Encare as coisas com outro olhar.

— Então o que quer que eu diga? Você e todo mundo tem razão. Edward se sairia muito melhor nesse cargo do que eu. Por que não o colocam em ação?

— Edward não é o primogênito e sim você. Eu nunca quis que ele ocupasse o seu lugar e nem ninguém pensa dessa forma.

Emmett deu uma gargalhada tão alta que todos em volta podiam escutar. Na verdade, todos no palácio já estavam curiosos o suficiente para saber o teor da conversa entre pai e filho. No fundo todos esperavam que dali iriam sair grandes revelações e surpresas.

— Emmett, eu quero que saiba que um dia eu estive no mesmo lugar que o seu. Na sua idade eu também achava ridículo o que os meus pais faziam e como encaravam as suas funções. Eu também era bastante rebelde e queria mudar o mundo sozinho. Mas lhe garanto, filho, hoje, mais maduro, vejo que isso não leva a lugar nenhum. O que eu ganhei com isso? Muita coisa que o meu pai me dizia quando eu tinha a sua idade, por mais que eu não gostasse, era verdade e hoje eu vejo isso.

— Eu não quero saber! Por que eu nunca quis estar nessa posição.

— Emmett me escute... Eu vivi mais do que você e posso afirmar que o que está sentindo vai passar. Em algum momento você vai perceber que o mundo não vai parar por que você quer que ele pare. Há muitas pessoas que dependem do nosso trabalho e precisamos fazer o melhor que pudemos. Essa é a nossa verdadeira função.

Emmett colocava as mãos nos ouvidos não querendo escutar e Carlisle sabia o quanto seria inútil ter uma conversa dessa com o filho naquele estado alterado. Doía vê-lo assim e naquele instante se sentia um péssimo pai. Se arrependia de qualquer coisa que pudesse ter levado o seu filho a se destruir daquela forma. Queria poder mudar tudo, mas não sabia como. Pensava que só poderia ser um castigo de Deus por ter desrespeitado e brigado tanto com o seu pai no passado. Seu coração doía e estava apertado.

— Eu quero que você pare de se destruir dessa forma. Não quero ver você se drogado, bebendo e se envolvendo em todos esses escândalos.

— Quem é você para me impedir de fazer o que eu quero? Logo terei dezoito anos e você não terá poder nenhum sobre mim.

— Claro que eu vou ter esse poder. Eu sempre serei o seu pai e o seu rei. Você terá que me obedecer pelo resto da sua vida!

— Ai é? – Emmett gargalhou novamente. – Pois eu desisto dessa droga toda. No dia do meu aniversário eu direi aos quatro ventos que abdicarei e darei lugar ao Eddie certinho.

— Você não pode fazer isso.

— Eu vou fazer e está decidido!

— Emmett pense direito.

— Eu já pensei e não vou mudar de ideia.

— Não pode tomar uma decisão dessas nesse estado.

Emmett só sorriu se sentindo desafiado e deu as costas para o pai, o deixando falando sozinho e fechou a porta do escritório atrás de si. Esme, que tinha ouvido tudo, arrastou o filho para outro cômodo para poder conversar com ele sem que ninguém visse.

— Não quero mais papo mãe.

— Quero apoiá-lo na sua decisão filho.

Emmett olhou para ela com surpresa e achou que poderia estar sonhando pelo alto estágio que o álcool tomava a sua mente. Mas ela continuou:

— Acho que você não pode assumir o trono estando nesse estado e por isso eu me adiantei e mandei que aprontassem o documento da abdicação. Basta apenas que você assine e no dia do seu aniversário anuncie sua abdicação formalmente no parlamento.

— Você quer que eu abdique?

— Pense o quanto seria maravilhoso para você! Podemos fazer um acordo com o seu pai e podemos manter o seu título de príncipe, lhe dar um dinheiro e você poderia decidir o que quisesse na sua vida.

— Seria muito bom, mas papai não vai deixar.

Esme abraçou o filho e em seguida segurou o rosto dela para que ele olhasse bem no fundo dos seus olhos.

— Eu convenço o seu pai. Ele não negaria um pedido meu. Basta apenas que assine esse documento e terá a sua sonhada liberdade.

Emmett não a via mais com tanta nitidez. Não conseguia acreditar ainda no que ouvia. Seu corpo estava ficando mole e o sono começava a tomá-lo.

— Assine Emmett. – falou com doçura.

Ao ver que o filho estava quase ficando inconsciente, pegou a mão dele e colocou sobre o papel. Emmett assinou o seu nome na linha com as mãos trêmulas e em seguida soltou a caneta num rompante, sem ter mais consciência do que estava fazendo. Esme afagou o ombro do filho e o mandou docemente que ele fosse dormir. Ao olhar para o documento assinado, seu coração se encheu de culpa novamente, mas ela tratou logo de superar isso. Pois estava fazendo o melhor para o seu filho. Era tudo por amor e por esse sentimento tudo valia.

Depois da tumultuada conversa que tivera com o filho, Carlisle preferiu esquecer que ela tinha existido, porém Emmett o surpreendeu ao anunciar diante de todos que estava mesmo disposto a abdicar. De todas as formas ele tentou convencê-lo do contrário, mas ele parecia obstinado e Carlisle sentiu que estava perdendo o controle da situação. Chamou Esme para uma conversa para que ambos pudessem pensar em algo antes do aniversário do filho.

— Eu não sei mais o que fazer Essie. Eu nunca passei por uma situação assim. Uma abdicação! Vê como isso é tragicamente sério?

— Carl, eu acho que você está levando as coisas ao extremo demais.

— Como ao extremo? Nunca ninguém antes resolveu abdicar de seu posto. Isso deveria ser impensável para nós! Isso é o maior escândalo que poderia nos abater.

— Escândalo maior seria ter Emmett assumindo o posto com a imagem que ele tem agora. Passou o tempo em que ele era admirado e adorado por todos por onde passava. A imprensa está contra ele e já o queimou o suficiente para que as pessoas passassem a odiá-lo.

— Isso tem que ser contornado, mas não sei como.

— Por mais que as pessoas adorem você, Carlisle, eu não duvido que os republicanos se aproveitem disso para se lançar contra você e a monarquia.

— Não acho que as coisas cheguem a esse ponto...

— Não pague para ver. A situação é pior do que você imagina!

Carlisle pegou nos cabelos nervoso e se sentou, pois achava que algum momento perderia as forças. Tinha que pensar numa saída, mas qual? Já Esme estava pronta para usar todos os argumentos para convencê-lo em prol da abdicação.

— Você tem apenas duas alternativas, e nenhuma delas é favorável para nós, porém temos que escolher a menos dolorosa e depois tentar contornar as consequências que vierem.

— Qual?

— Se convencermos Emmett a não abdicar, a imprensa pode se voltar contra você e se isso acontecer ela pode manipular a opinião pública e sabe que isso pode acontecer. Nem preciso dizer o resto, não é?

— Seria prato cheio para os republicanos, sei...

— Diriam que você é um fraco e que não quer o melhor para o país e pensa apenas como um pai e não como um rei e essas coisas todas. Agora se deixássemos Emmett abdicar, aí as pessoas vão entender que você as escuta e tenta fazer o que é melhor para todos. Mas teríamos esse escândalo da abdicação nas nossas costas por resto de nossas vidas. Até poderiam dizer que você não consegue administrar as crises, mas não acho que isso seja tão relevante já que todos vão estar satisfeitos o suficiente em ver Emmett longe e o futuro salvo nas mãos de Edward.

— Não acho que as coisas podem chegar a esse extremo...

Esme se aproximou do marido e segurou as suas mãos. Carlisle a olhou com um olhar derrotado. Ela sentia pena dele, aquilo era um tormento muito grande para as suas costas. Uma bomba muito grande solta logo no início de seu reinado.

— Te convoco a pensar como pai agora. Emmett não está bem e enquanto ele estiver ligado a essa questão do trono nunca vai se curar. Precisamos afastá-lo um pouco disso tudo e interná-lo numa clínica de reabilitação ou mandá-lo para o exercito, como tanto ele quer. Pode ser que lá ele se ajeite.

— Podemos fazer isso sem afastá-lo do seu posto.

— Duvido muito que consigamos algum resultado. Emmett está determinado. Tanto que já andou providenciando isto a nossas costas.

Esme pegou a carta de abdicação que trazia consigo e colocou em cima da mesa. Carlisle pegou o papel surpreso e ficou ainda mais atônito quando viu o que se tratava. De repente bateu nele uma sensação ruim, algo parecido com um sentimento de traição. Não imaginava que Emmett tivesse tamanha audácia! Tinha mesmo subestimado o filho.

— Não estou acreditando no que eu estou vendo!

— Pelo visto, Emmett começou a dar entrada no papeis da sua abdicação bem debaixo dos nossos olhos e ainda mais com a ajuda de nossos próprios funcionários que nem nos comunicaram disso.

— Essie, isso é sério demais!

— Sabe de uma coisa, Carl? – falou Esme se aproximando ainda mais do marido e cruzando as mãos uma na outra. – Seu pai tinha razão numa coisa: numa situação como essas temos que deixar o sentimentalismo de lado e pensar no que é melhor para o país. Odeio ter que admitir isso, mas ele tinha razão. Até ele que parecia ser o todo poderoso confiava mais em Edward para essa função.

— Meu pai não estava mais em seu juízo perfeito.

— Não sei não, meu bem, mas nós estamos bem arranjados com essa história...

— Essie, você melhor do que ninguém sabe o quanto eu quis mudar isso aqui. – Carlisle falou enquanto apontava para as paredes de seu escritório. – Discuti tanto com o meu pai em busca de transformar a monarquia em algo mais moderno e palpável para os nossos súditos. Eu não quero cometer os mesmos erros que ele. Admitir o que você está me dizendo é como se nada do que eu fiz no passado, todas as minhas lutas não valessem nada.

Esme sabia o quanto Carlisle era um visionário. Um homem sem padrões, justo, e estar numa crise como esta provocada pelo seu próprio filho era como levar um tiro em seu coração. Ela se levantou e ficou de costas para ele. Massageou os seus ombros para acalmá-lo. Para ela também era duro ter que se prestar esse papel de vilania, mas era necessário e não iria desistir. Então abaixou-se e falou próximo ao ouvido dele.

— Carlisle, somos monarcas agora e temos que pensar como chefes de estado também. Seu pai e sua mãe cometeram muitos erros, mas de uma coisa eles sabiam, não podiam deixar a peteca cair. Emmett está querendo derrubá-la e vai fazer isso sozinho e então é melhor que essa abdicação parta de nós para que possamos melhor administrar as consequências desse ato.

Carlisle pegou a sua mão e a trouxe para mais próximo dele, fazendo-a sentar em seu colo.

— Jamais pensei que pudéssemos perder o controle dessa forma. Onde nós erramos Essie?

— É isso que eu me pergunto todos os dias. Mas eu sei que não vou deixar o meu filho se acabar dessa forma. Farei tudo que tiver ao meu alcance para ajudá-lo.

— Esse é o nosso dever como pais, não é? Mas como monarcas? O que faremos?

— Sobreviver, como for preciso e a qualquer custo.

Carlisle assentiu derrotado e pegou o telefone, discando para o seu secretário.

— Paul, acione uma reunião de urgência com o conselho para amanhã de manhã sem falta.

Assim, no dia seguinte foi posto em debate e a votação da abdicação de Emmett e teve quase como uma unanimidade a sua aprovação. Ninguém queria arriscar o futuro de Belgonia com um possível monarca rebelde e irresponsável. No dia de seu aniversário de dezoito anos, Emmett subiu ao púlpito do parlamento e anunciou que estava abrindo mão do seu direito ao trono do país em nome de seu irmão, Edward. Saiu de cena ainda como um príncipe, mas sem mais direitos reais nem para si e nem para seus futuros filhos. Como troca aceitou ir para uma clinica de reabilitação no mais absoluto sigilo, porém só conseguiu ficar um mês, saindo desta para servir voluntariamente no exercito. Onde conseguiu alguma melhora.

Já Esme conseguiu o que queria. Seu coração estava apertado pelo que teve que fazer. Pedia a Deus que um dia a perdoasse e que sua família a compreendesse. Pois naquele momento ela era apenas uma mãe desesperada para que o seu filho voltasse a ter paz, a ser saudável e feliz. Para isso tinha que ser radical, não havia para ela outra saída. Pelos seus filhos ela era capaz de tudo, de mentir, de enganar, de passar por cima de qualquer regra. Só não sabia se seria capaz de aguentar as consequências desse ato feito por amor.

 No presente, todos ali presentes mais uma vez no escritório, onde tudo tinha começado, olhavam para ela abismados. A história tinha tomado rumos que ninguém esperava e a consequência disso era incerta para todos.


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Notas finais do capítulo

Meus agradecimentos a Cupcakeimperfeito, Diana Gouveia, lelinhacullen e Talita Martins pelos comentários deixados no capítulo anterior. Agora mais do que nunca preciso de vocês comentando. Estou escrevendo os últimos capítulo dessa História e preciso da participação de vocês para saber se estou errado ou acertando. Por isso, comentem bastante!