Esme olhava para a sua família em busca de alguma resposta deles. Carlisle foi o primeiro a se manifestar. Seu rosto estava vermelho com um misto de surpresa e raiva. Afinal, ele tinha sido enganado pela sua própria esposa! Conduzido como marionete. Mas no fundo, ele não conseguia acreditar que isso tinha mesmo acontecido, ou se realmente compreendia os seus motivos. Ela tinha ido muito fundo nessa situação toda.

— Não... Não é possível! – ele falou. – Não é verdade isso que você está nos contando Esme.

— Eu sei que o que eu fiz não merece o perdão de vocês. – Esme falou entre lágrimas. – Eu me arrependo, mas ao mesmo tempo eu me sinto aliviada... Limpa... Renascida... Por que não existe mais segredos entre nós. Mas tudo que eu fiz foi por amor... Por amor a você, meu filho. – Esme afirmou enquanto olhava para o seu primogênito.

Emmett a olhava surpreso. As lágrimas banhavam o seu rosto, e de repente, ele começou a rir. Uma risada nervosa como se finalmente ele conseguisse tirar o peso da culpa que tinha carregado nas costas por anos. Ficamos todos olhando para ele sem compreender e esperando sua reação.

— Mãe... – ele murmurou e foi em direção à Esme, que pareceu se sentir aliviada e maravilhada por Emmett chamá-la de mãe.

— Emmett, querido... – Emmett a abraçou e surpreendeu a todos nós.

— Mãe, quero que saiba que apesar do que você fez, eu não tenho nenhuma mágoa. Você acaba de me salvar, de novo...

Esme sorriu e beijou a testa do filho. Rosalie os observava também com um sorriso aliviado. Se antes ela o culpava por ter sido frívolo e irresponsável, agora ela tinha a prova absoluta que Emmett era inocente, pelo menos em parte, nessa história e nada mais contaminava a sua impressão dele. O compreendia totalmente agora como nunca antes. Emmett sofreu anos carregando a culpa de seu ato e nunca conseguiu se recuperar e ser feliz por causa disso. Ela foi até ele e lhe deu um beijo casto.

— Eu te amo! – disse ela.

— Eu mais ainda!

Os dois se abraçaram felizes. Esme os observava aliviada com essa reação dos dois. Porém ao meu lado, Edward balançava a cabeça sem parar como se não tivesse entendendo a felicidade de parte de sua família ali presente. Se levantou e saiu em pavorosa do escritório. Carlisle e Alice ainda permaneciam abismados e em silêncio. Esme olhava tristemente para a porta e eu resolvi segui-lo, com medo que ele fizesse alguma bobagem.

O segui até o nosso apartamento e tranquei a porta atrás de nós. Ele andava de um lado para o outro. Seus olhos queimavam de raiva. Eu sentia a energia tensa que fluía ao redor dele. Sua respiração estava acelerada e eu sabia que ele explodiria a qualquer momento. Minha suposição foi confirmada quando ele pegou um vaso e arremessou na parede com raiva.

Me arrisquei em ir até ele, coloquei minhas mãos em suas costas, sentindo os músculos tensos, que vibraram ao meu toque. O acariciei até sentir a sua respiração voltar ao normal. O abracei e ele me apertou com força, derramando suas lágrimas em meu ombro.

— Está tudo bem, meu anjo. – falei.

Ele se virou e me olhou profundamente.

— Bella, você não entende... Ninguém pensou em mim nessa história toda! Ninguém se perguntou o que era melhor para mim. Sofri anos com esse peso... Você sabe disso. – Ele lutava contra as palavras, sentindo a sua garganta fechar. - Eu simplesmente sentia raiva daquelas pessoas que tinham uma vida perfeita, a vida que eu tinha até isso acontecer. Eu tinha raiva de mim mesmo por sentir raiva dessas pessoas... Por que eu tinha que aguentar tudo isso?

— Eu compreendo...

— Eu nunca mais quero ver essa mulher na minha frente! Nunca!

— Edward, ela é a sua mãe.

— Ela não foi a minha mãe quando ela fez o que fez. Como ela foi capaz de tramar um negócio desses tão sórdido... Tão sujo... Como ela pode me querer tão mal assim... O que foi que eu fiz para merecer isso?

O abracei novamente e acariciei os seus cabelos. Eu não sabia o que dizer e nem o que pensar. Não era esse o fim que eu esperava para essa história e nem tinha se quer passado na minha cabeça que Esme poderia fazer algo assim.

— Eu a odeio... Odeio tanto!

— Não diga isso, Edward. Você pode se arrepender um dia.

Ele me olhou com uma expressão decidida e puxou a minha mão para acompanhá-lo, como se tivesse acabado de decidir algo.

— Vamos embora daqui! Vamos para qualquer lugar... Fugir disso tudo! Eu sempre quis isso e agora é a hora.

— Edward, não podemos fugir. Esse é o nosso destino e você sabe disso. Independente do que tenha acontecido no passado, meu amor, tudo já estava escrito para que você assumisse o lugar que hoje é seu. Não importa o que digamos. Fugir não vai resolver os nossos problemas.

Ele me olhava com um olhar triste, mas permaneceu em silêncio me ouvindo.

— Nosso dever é com esse país. Isso sempre fez parte do que você é e agora de mim também. Não importa o que aconteça.

— Não posso aceitar um negócio desses...

— Esqueça isso, meu anjo, só vai lhe trazer mais dor.

Continuei o abraçando até que ele se acalmasse. Era uma baita situação e uma crise dentro dessa família. Eu achando que quando o mistério fosse revelado tudo iria se ajeitar, bom, em parte isso se aconteceu, mas ficou uma má impressão e um conflito dentro da maior parte dos membros da família. Aliais, problema é que não faltava para esse clã. Porém, eu tinha esperanças que tudo iria se ajeitar.

Alguns dias passaram e a situação lá fora e dentro do palácio estavam terríveis! A mídia continuava estipulando a cerca do que realmente tinha acontecido por trás da abdicação de Emmett. O tal Oscar continuava divulgando um monte de informação falsa em seu blog e causando mais sensacionalismo nas suas entrevistas. Tudo parecia por um fio. Porém, uma estratégia estava sendo pensada para inverter a situação. Todo mundo estava sendo investigado, pois estava certo que as noticias, mesmo que algumas falsas, tinham sido vazadas do seio do palácio. Carlisle confiava em pouquíssimas pessoas e tudo que entrava e saia daqui era minimamente fiscalizado.

O relacionamento entre os familiares também não eram um dos melhores. Até onde eu presenciava, Carlisle e Esme tinha se desentendido. Edward continuava chateado. Foi duro convencê-lo a seguir em frente e continuar a seguir com os seus compromissos. Ele não descia mais, apenas para trabalhar, e não conversava com ninguém da sua família. Eu estava esperando que em algum momento ele explodiria e faria alguma loucura, por isso eu me mantinha sempre de olho.

Os únicos que pareciam as mil maravilhas eram Emmett e Rosalie que agora estavam numa espécie de lua de mel. Espalhavam sorrisos, beijos e muito romance. Eu ficava feliz por eles, sinceramente.

Eu tentava respirar como eu podia. Aproveitava algumas folgas para visitar o meu pai ou Ângela e me mantinha sempre informada do que eles pensavam a respeito do acontecido, é claro, sem revelar a verdade.

Desci as escadas do palácio, certa manhã, e segui para o jardim para apreciar um pouco o dia. Encontrei Alice sentada e meio pensativa. Resolvi me juntar a ela e poder me distrair um pouco.

— Você parece tão pensativa Alice, aquela energia toda se esgotou?

— Deu uma pausa, na verdade. Essa história da mamãe me pegou desprevenida... Jamais esperei por isso, Bella. Acusei papai por tantos anos injustamente...

— Pegou a todos nós desprevenidos, na verdade. Eu também não esperava por isso. O que pensa sobre o que sua mãe fez?

— Bella... Eu estou um pouco dividida. Por um lado, eu me sinto abalada pela atitude grosseira e extrema dela, mas pelo outro... Eu até entendo. Emmett não estava mesmo em condições de assumir, a pressão era muito grande e ele próprio queria isso... Então, acho que não havia outra saída, mas tudo poderia ter sido menos agressivo.

— Acho que penso o mesmo.

— Para mim não influenciou tanto, Bella, eu era a terceira na linha sucessória, o que eu poderia esperar? Apenas ganhei uma imagem que eu não queria da minha mãe. Mas acho que para Edward deve ter sido um grande baque.

— E foi. Ele está arrasado, Alice! Foi duro convencê-lo a seguir com os seus compromissos normalmente. Mas eu estou esperando que ele faça alguma besteira em breve.

— Imagino. Ninguém pensou no caso dele, não é? Edward também não estava preparado para o cargo e ele que sempre teve aqueles problemas dele... Tudo poderia ter sido melhor armado.

— Pois é. Mas agora, independente do que aconteceu, devemos virar a página e lutar com o problema lá de fora que é bem maior.

— Verdade... E ainda vem mais problema...

— Como?

— Jasper me ligou essa manhã. Ele me disse que está vindo de vez. Já que ele terminou a faculdade dele, nada o segura mais nos Estados Unidos. – Alice deu um sorriso triste. – Quer ficar comigo, não aguenta mais namorar a distância.

— Esse lá é problema Alice! É maravilhoso!

— É, eu sei... Mas como vou recebê-lo num clima ruim como estamos?

— Não perca essa chance, Alice. Se uma lição podemos tirar dessa história toda é que não podemos abdicar daquilo que mais amamos! O receba de braços abertos, leve-o para conhecer Clarence e curta um tempo a sós com ele. Você vai ver como vai ser revigorante. – bati de olho para ela.

— O problema vai ser convencer papai disso. Ele sempre teve um ciúme meio bobo de mim e acho que ele não vai gostar dessa história.

— Ele pode até ficar mais cuidadoso, mas aposto que ele vai querer a sua felicidade.

— Tem razão, Bella.

Ela deu um sorriso sonhador como sempre costuma fazer. Edward surgiu entre nós com uma cara horrível e eu sabia que viria bomba. Olhei para Alice e pedi silenciosamente para me retirar. Ela apenas assentiu e eu segui Edward até o andar de cima. Ele nem falou nada, apenas colocou duas malas em cima da cama e começou a colocar as nossas coisas dentro.

— Edward, o que está fazendo?

— Não está vendo? Estou arrumando as nossas malas. Não vamos permanecer aqui nem mais um segundo.

Fui até ele e segurei a sua mão com força, o olhando com uma expressão bastante séria.

— Não vamos fazer nada disso!

— Claro que vamos. Não há mais nada a ser feito aqui.

— Edward, você precisa por a cabeça no lugar. Estamos a ponto de perder tudo isso aqui e temos que lutar para que isso não aconteça.

— Estou farto disso!

— Eu também estou. Mas uma vez, você me disse algo que eu guardei no meu coração: “o dever vem sempre em primeiro lugar”, e é hora de por isso em ação. Há um monte de pessoas lá fora que dependem de nós e não podemos fracassar e nem desistir. Aprenda com os erros do seu irmão.

Edward se calou, mas ainda estava nervoso. Eu também não sabia mais o que dizer para convencê-lo. Eu entendia o ponto de vista dele, mas por outro lado também achava que isso não podia influenciar mais no presente. Eu não queria desagradá-lo mais, porém também não queria me calar diante do que estava acontecendo.

O meu celular começou a tocar estridentemente e o atendi me sentindo aliviada por essa distração. Era Ruth nos convocando para uma reunião urgente com Carlisle. Pelo jeito a coisa devia ter ficado mais séria.

— Carlisle pede a nossa presença em seu escritório para uma reunião urgente.

Edward me olhou indeciso e eu estendi a minha mão para ele.

— Não vai negar um pedido de seu pai, não é?

Ele pegou a minha mão e saímos juntos até o escritório de Carlisle podendo esperar qualquer coisa. Quando chegamos lá, parecia um déjà vu de alguns dias atrás, com toda a família reunida novamente no mesmo lugar. Apenas com Esme se mantendo mais afastada de todos nós.

— Gostaria de dizer a vocês que a situação não está muito boa lá fora. Fizemos uma pesquisa informal e revelou que a pesar de temos muitos ainda nos apoiando, o numero de pessoas que desaprovam aumentou. Precisamos reverter essa situação urgentemente.

— E como pretende fazer isso? – perguntou Edward.

— Primeiro, Emmett irá dar uma entrevista no programa de maior audiência do VTI contando a única versão que deveria estar na cabeça de todos sobre o episódio da abdicação. Que abdicou por que quis, eu tentei impedi-lo, mas ele estava decidido. Resolvemos aceitar para tentar ajudá-lo a se recuperar de seus problemas pessoais e por que ouvimos os pedidos do nosso povo. Não teve nenhuma trama maligna, Emmett está melhor onde está agora e bastante satisfeito. Fim de papo.

— Parece justo. – concordou Emmett.

— Ótimo! Dará a sua entrevista amanhã as oito da noite. Se prepare!

— Tudo certo. Farei de tudo para ajudar.

Carlisle assentiu e olhou para Esme do outro lado da sala.

— Temos uma outra situação importante. Esme e eu vínhamos recebendo bilhetes anônimos com ameaça a nós, a vocês, e a monarquia. Começamos a investigar o autor, mas ainda não temos total certeza de quem seja. Porém, desconfiamos que seja a mesma pessoa que anda vazando informações contra nós para a mídia sensacionalista. Precisamos combater o culpado e assegurar o nosso lugar.

— E acha que é alguém próximo de nós? – perguntou Alice.

— Muito próximo. Felizmente, Edward e Bella parecem ser os únicos que não foram afetados nessa história. Então, pedimos a colaboração de vocês dois para o nosso plano.

— Estamos aqui para ajudar, Carlisle. – falei firme e Edward bufou ao meu lado.

— Certo. Vocês deveriam ter a primeira turnê de vocês apenas em janeiro, porém resolvi adiantá-la para semana que vem. Vocês passaram quinze dias passando por algumas cidades do país. Isso vai ser bom, por que além das pessoas poderem ver a Bella de perto, vocês irão lembrá-los de quanto somos importantes para eles, transmitir carinho, esperança e a mensagem de que tudo está no lugar. O dever de vocês é reconquistar o coração dessas pessoas.

— Podemos fazer isso. – falei segura.

— Vocês viajam na segunda. Nick e Ruth irão informar a vocês a agenda que vão cumprir nesses quinze dias. Todas atenções vão está em vocês. Vou convocar toda a mídia para acompanhá-los e isso distrairá as pessoas para o que pretendemos fazer.

— Por favor sem mais farsas! – pediu Edward.

— Não será uma farsa, pelo menos não para o povo. Vamos criar uma armadilha para atrair o culpado dos bilhetes e das informações falsas e para isso preciso que ele pense que não estamos fazendo nada para reverter à situação ou que estamos muito ocupados em promover vocês dois, e aí quando ele menos esperar vai cair na rede que o pegará de surpresa.

— Que plano é esse? – Edward perguntou curioso.

— Não posso revelar agora, mas vocês saberão no momento certo.

Edward assentiu e Carlisle continuou dessa vez olhando nos olhos de cada um de nós.

— Eu sei que ficaram mágoas das coisas que aconteceram no passado, mas o momento é de nos unirmos e lutarmos juntos por um bem maior. Quando o navio está afundando devemos não abandoná-lo, mas garantir que todos saiam com vida. Posso contar com todos vocês?

— Sim. – respondemos com unanimidade.

— Ótimo! Espero que cada um de vocês reacenda a chama da realeza no coração das pessoas em seus compromissos e deem o melhor de vocês. Estão liberados!

Começamos a nos dispersar com exceção de Alice que ficou para conversar com o pai. Peguei a mão de Edward e sairmos juntos do escritório. Esme nos acompanhou, mas Edward logo a dispensou.

— Não se aproxime de mim!

Ele soltou a minha mão e saiu para o andar de cima. Esme ficou chorosa o olhando. Senti até pena dela. Me virei e lhe pedi:

— Por favor, Esme... Ele está nervoso agora, Dê-lhe um tempo para pensar.

— Ok.

Segui o meu caminho com mil pensamentos na minha cabeça. Eu queria dar o meu melhor para ajudar a reverter essa situação e eu tinha fé que conseguiria. Nunca perdi a esperança que tudo iria dar certo no final.