O tique e toque do relógio faziam com que as minhas pernas batessem com mais força no chão. Eu estava ansiosa, não, eu estava hiper super nervosa! Edward e Nick discutiam com o delegado e eu só conseguia olhar para a porta da sala onde estavam sendo analisados os aparelhos que tinham sido encontrados no meu quarto. Eles tinham que encontrar alguma coisa. Tinham!

Um deles saiu de dentro da sala e eu me levantei com um salto. Edward e Nick também deixaram a conversa de lado e foram até ele.

— Terminamos de analisar e colher todo o material.

— E aí? – perguntei ansiosa.

— Queiram entrar, por favor.

O seguimos e formos para o interior da sala. Eles nos levaram até o computador para que pudéssemos ver as imagens que a câmera espiã tinha tirado.

— Como podem ver, não há muitas. O que nos indica que ela foi instalada recentemente. Talvez há uma semana atrás.

Minha boca fez um “o” ao ver as imagens que ela tinha capturado. Nem todas eram constrangedoras, mas algumas mostravam Ângela e eu trocando a roupa e beijos sendo trocados por ela e por Ben. Agradeci aos céus que a câmera não tenha capturado cenas de sexo. Teria sido bem pior! Fiquei super envergonhada pelos especialistas da polícia estarem vendo aquelas fotos e imaginei o estrago que seria se aquelas benditas imagens tivessem estampadas em todos os lugares por aí.

— Não há fotos da pessoa que a instalou no quarto? – perguntou Edward.

— Infelizmente não e também não há nenhuma outra digital a não ser a sua e a da sua namorada.

— E nos áudios? Alguma coisa?

— Nada constrangedor. Apenas conversas banais entre as duas e que parecem ser do mesmo período que as fotos.

Bufei de raiva. Todo aquele trabalho para nada! Mas tinha que ter um jeito de descobrir esse invasor maldito. Então me lembrei da ideia que eu tinha tido ontem e ainda achava a única maneira plausível para tentar pegar o culpado disso tudo.

— Eu tenho uma ideia de como tentar pegar essa pessoa maldita que fez isso. – falei para todos.

— Como? – perguntou Edward.

— A festa beneficente da universidade essa noite.

— E o que isso tem haver?

 - Edward, essa festa está sendo organizada por Jéssica e ela fez muita questão que fossemos, acho que com a intenção de que Mike pudesse capturar algo tórrido para ser vendido para os tabloides.

— Estou entendendo...

— Podemos dar exatamente o que eles querem.

— Plantar uma pista para testá-los.

— Exatamente! Fazemos uma cena para chamar a atenção do culpado, sendo eles ou não, e a polícia vai estar lá escondida e quando alguém tirar a nossa foto...

— Eles vão ser pegos!

— E depois vocês poderão averiguar se ele ou ela está envolvido com toda a história.

— É uma excelente ideia! – afirmou Edward com um sorriso enorme no rosto.

— Vocês estão mesmo prontos para isso? – perguntou Nick meio receoso.

— Eu tenho uma intuição que vai dar certo, Nick. – falei.

— Só estejam lá, por favor. – pediu Edward.

Então nos concentramos em formular melhor o plano para que nada desse errado. Ficamos lá revendo todas as possibilidades e conseguimos armar todo um esquema que parecia bem equilibrado. Rezei para que nada desse errado, pois eu queria muito poder acabar logo com aquela palhaçada e pegar logo o culpado.

Mais tarde, Nick e Edward foram conversar com o reitor da universidade para pedir a ele que deixasse a polícia entrar na festa e ficar lá escondida pelo tempo suficiente para o plano dar certo. Corri até Ângela em busca de ajuda, afinal eu tinha que estar deslumbrante para a noite de hoje.

Enquanto nos arrumávamos, liguei para Jake para que ele e Leah fossem à festa também. Eu queria estar rodeada de pessoas que eu conhecia e confiava para que eles me passassem segurança por que eu estava explodindo em nervos. Eu estava quase acreditando que nem chegaria viva a essa festa, pois até lá eu teria uma síncope!

Fiz questão de vestir o meu vestido dentro do banheiro, mas antes dei uma averiguada se não havia nenhuma câmera escondida ali, mesmo sabendo que a polícia tinha averiguado tudo ontem. Eu ia sair dessa história completamente neurótica pensando que estava sendo vigiada a cada instante.

Edward veio me pegar exatamente às oito da noite. Eu já estava completamente pronta e tinha olhado as horas um milhão de vezes para saber se já estava perto de ele vir. Ele me olhou de cima a baixo com um olhar de desejo e aquilo me acalmou mais e me deu certo prazer. Eu sabia que estava impecavelmente sedutora, pois estava vestida com um vestido preto com um decote aberto atrás e um pouco menor na frente. Eu o ganhei de minha mãe no meu último aniversário nos Estados Unidos e eu nunca tinha feito questão de usá-lo por que eu o achava sexy demais. Mas ele seria perfeito para a ocasião de hoje.

— Esse vestido ficou perfeito em você! – falou ele ao meu ouvido. – Se não tivéssemos essa festa para ir, eu a jogaria naquela cama e tiraria esse vestido com os dentes. – corei com aquele comentário e me aproximei do seu ouvido também.

— Guarde a sua animação para mais tarde.

Ele deu um sorriso lindo e seguimos em frente. Antes de sair, acenei para Ângela que estaria na festa mais tarde com Ben, e formos para a quadra da universidade.

Quando chegamos à entrada do salão, me lembrei por que eu odiava festas. Só de olhar todas aquelas pessoas juntas num espaço tão pequeno e toda aquela música ruim tocando me deu uma vontade voltar no meio do caminho. Eu podia sentir o pânico borbulhando no meu peito quando pensei na parte da dança. Eu era uma péssima dançarina e Edward ia perceber isso hoje. Ele notou o meu nervosismo e apertou a minha mão.

— Vai dá tudo certo. – falou baixinho.

— Eu espero.

Adentramos o ambiente. A primeira pessoa que eu vi foi Jéssica recebendo os convidados. A raiva explodiu dentro de mim. Apertei a mão de Edward com mais força e senti a frieza de sua pele, ele também estava se controlando para não voar na cara dela e na de Mike que estava logo atrás.

— Bella! Edward... Vocês vieram.

Ela me olhava com surpresa como se não esperasse a minha presença ali. Aquilo até me fez pensar na possibilidade da inocência da parte dela. Já Mike me analisava dos pés a cabeça e deu um pequeno sorriso. Senti nojo de sua expressão!

— Eu disse a você que viríamos.

— Sejam Bem-vindos então. – disse ela estendendo o braço para dentro do salão.

Edward e eu entramos e formos à procura de alguém conhecido. Dei uma olhada para trás e vi que Jéssica conversava com Mike num canto. O que será que eles estavam tramando?

 Vimos Jake e Leah bebendo no bar. Meu peito se encheu de alegria ao vê-los ali. Puxei a mão de Edward para irmos para onde eles estavam.

— Jake! Leah! – saudei-os.

— Oi. – Leah falou enquanto olhava para Edward como se ele fosse um alienígena.

— Edward, essa é Leah, a namorada de Jake, se posso me referir assim.

Leah desviou o olhar de Edward para Jacob como se perguntasse algo a ele.

— Posso Jake?

— Você sabe que pode.

— Sou Leah, a namorada de Jacob.

— Edward, o namorado de Bella. – respondeu Edward da mesma maneira.

Ela riu e estendeu a mão a Edward que a apertou com força. Sentamos nos banquinhos ao lado deles e começamos a conversar. Mas ao mesmo tempo mantínhamos os olhares no salão para averiguar qualquer mudança repentina.

— Como se eu não soubesse. – falou Leah. – A notícia do namoro de vocês se espalhou mais do que doces nas mãos de crianças.

— Não tem ideia como isso tem nos prejudicado... – falou Edward enquanto olhava de esguelha para Mike e Jéssica que ainda estavam na entrada da quadra.

— Bella, o que aconteceu com você na quinta-feira? Você saiu de repente lá do meu quarto e não voltou mais. Fiquei preocupado! – afirmou Jake com uma expressão séria.

Respirei fundo e olhei para Edward perguntando se poderia contar a eles o que tinha acontecido. Ele pareceu entender, pois assentiu e resolvi contar.

— Eu vou contar, mas, por favor, não contem nada disso a ninguém. Prometem?

Leah e Jacob me olhavam assustados e eu sabia que ficariam ainda mais quando eu contasse a eles a história toda.

— Tá Bella! Você sabe que eu não revelaria nenhum segredo seu. – prometeu Jake.

— Ok. Eu fui até o meu quarto pegar uma tesoura e aí enquanto eu procurava, achei um gravador e uma câmera espiã implantados lá para me vigiarem.

— O que? – gritou Jake cuspindo um pouco da cerveja.

— Shiu Jake! – pediu Leah. – Eu não acredito Bella!

— Não sabem o quanto eu fiquei apavorada quando eu vi aquilo.

— Eu imagino! Isso é coisa de louco! – disse Jake surpreso.

— É, mas bem real! – disse Edward depois de um tempo calado. – Um imbecil implantou aquilo no quarto de Bella para capturar momentos íntimos dela para depois vender para os tabloides.

— Isso é completamente errado! E não foram à polícia?

— Claro que nós formos, Jake. – falei abaixando a voz. – Eles estão aqui agora escondidos por aí.

— Como assim? – perguntou Leah.

— A polícia não conseguiu encontrar nada que indicasse quem tinha colocado os aparelhos no meu quarto. Então, eu pensei que talvez pudéssemos pegá-los no flagra aqui na festa, fazendo uma cena para que eles fotografassem e aí serem pegos no ato pela polícia.

— Genial! – disse Leah.

— Tomara que dê mesmo certo. – desejou Jake. – Por que isso é uma palhaçada sem tamanho!

O tempo foi passando e a quadra agora já estava lotada. A maioria das pessoas já bebiam e dançavam com fervor no meio do salão. Percebi que Mike me olhava ao longe. Minha raiva começou a fervilhar em mim novamente. Rezei para que conseguíssemos mesmo desmascarar o infeliz desconhecido, pois senão eu enlouqueceria! Edward começou a beber e eu o olhei preocupada.

— Não beba muito. Precisamos de você sóbrio.

— Não se preocupe. Eu não costumo me embebedar. – disse ele secamente.

Me encostei no balcão e cruzei os braços. O estresse já começava a nos dominar. Olhei para o salão novamente e percebi que de vez em quando alguém tirava uma foto nossa discretamente, mesmo que isso fosse proibido. E aí comecei a sentir uma falha no nosso plano e se todo mundo surgisse e começasse a tirar fotos nossas? Nunca saberíamos quem era o culpado!

— Edward...

— Hum?

— E se atrairmos a atenção não só de uma, mas de várias pessoas?

— Não se preocupe. Vai dar certo!

Ele pegou a minha mão e me puxou para o salão e o pânico me dominou.

— O que está fazendo?

— Levando você para dançar.

— Eu não sei dançar direito.

— Isso é o que pensa.

Uma música romântica tocava e Edward grudou os nossos corpos com uma mão na minha cintura e a outra na minha mão. Estávamos tão próximos que parecíamos um só. E então estávamos rodopiando também. Se a intenção dele era me distrair, tinha conseguido, pois eu estava completamente anestesiada com a presença dele tão próxima de mim. O meu coração bateu mais forte e o seu cheiro gostoso me acalmava. Eu só queria estar ali com ele e esquecer todo o resto. Pois nada me importava naquele momento a não ser a presença dele ali comigo.

Ficamos ali tanto tempo que uma música entrou atrás da outra e permanecíamos grudados. O ritmo agora era um pouco mais agitado e Edward me conduziu aos moldes da música.

— Eu estou pensando agora... – iniciou. - Será que aquela namorada de Jake é mesmo confiável?

— Sim, acho que é... Por que?

— Não podemos confiar em ninguém. Ela é nova na história e não podemos construir um álibi perfeito de sua pessoa. Agora ela está sabendo de tudo isso pode atrapalhar os nossos planos...

— Não acho que ela seja capaz. As fotos foram tiradas daqui do campus, não foi? Além do mais, ela não tem nenhum contato com Mike ou Jéssica.

— Isso é o que pensamos....

Ele me rodopiou e eu comecei a gelar com essa possibilidade. Será que Leah tinha alguma proximidade com Mike ou Jéssica e eu não sabia? Será que ela se aproximou de Jake com apenas a intenção de me vigiar? Eu nem queria pensar naquela possibilidade.

 As horas estavam passando. Edward olhou no relógio e percebeu que já eram quase dez da noite. Boa parte das pessoas presentes ali já estavam bêbadas, mesmo que não fizesse nem muito tempo que a festa tinha começado.

O celular de Edward gemeu dentro de seu bolso e ele me abraçou, continuamos dançando enquanto ele atendia ao telefone bem próximo de mim, tanto que eu podia também ouvir o que estava sendo dito. Ouvi alguém dizendo que os policiais já estavam apostos. Edward desligou e continuamos dançando para disfarçar. Então, ele mudou de direção, rodopiando comigo até a multidão de pessoas na porta dos fundos. Eu peguei uma olhada de Jéssica e Mike, dançando e olhando pra mim curiosamente.

Seguimos até a saída de emergência aos fundos. Deixando claro aos que nos perseguiam que iríamos fazer algo discretamente. Saímos da quadra para um canto meio escondido próximo as árvores. O céu não estava muito iluminado e dava uma certa penumbra no ambiente.

Edward olhou e procurou se tinha alguém ali. Quando estava certo que estávamos completamente sozinhos, ele me pegou no colo e me encostou na parede. Seus olhos brilhavam de ansiedade e desejo. Eu mesma já não podia controlar os meus batimentos cardíacos.

— Se estamos indo para o inferno. – disse ele ao meu ouvido. – É melhor fazer o serviço completo.

Seus lábios se enroscaram no meu ardentemente. Suas mãos passeavam pelo meu corpo e arrastavam uma onda de desejo e prazer antecipado, me fazendo esquecer o porquê estávamos fazendo aquilo. Com certa força, ele pegou as minhas pernas e as colocou em volta da cintura dele, fazendo o meu vestido subir. Os nossos beijos eram tão intensos que nos faziam, mesmo que por um momento, esquecer de tudo. Eu só pensava na mágica do momento, no calor do nosso ato. Era tão bom estar ali com ele, sendo amada e correspondida. Eu podia jurar que naquele instante, eu pensava menos que uma pluma, pela leveza que o contato dele próximo de mim me fazia sentir.

— O seu cheiro é tão gostoso! Eu amo o seu perfume. – ele me disse quase sem voz e também completamente envolvido no calor do momento.

Sua língua invadia a minha a minha boca e explorava cada centímetro. Minhas mãos massageavam o cabelo dele e o trazia para mais perto de mim. Estávamos tão envolvidos que poderia o mundo despencar que não notaríamos. Tanto que nem notamos quando alguém tirara uma foto nossa e os policiais se revelavam entre a escuridão.

— Você está preso! – disse um deles.

Sorri ao me dar conta que o nosso plano tinha dado certo. Edward me segurou e me virou para depois me colocar de pé. Abri os olhos devagar para ver quem era o tal desconhecido maldito que queria acabar com a minha vida e ao ver o seu rosto, nada me surpreendeu. Mike estava com uma câmera nas mãos, completamente imóvel e assustado. Os policiais colocaram as algemas nele e nem ao menos ele protestou. Talvez a ficha nem tenha caído.

Olhei para Edward e ele também parecia satisfeito por finalmente tudo aquilo tenha tido um fim. Ele me abraçou carinhosamente e eu coloquei o meu rosto entre o seu pescoço, em busca de sentir o seu cheiro gostoso e deixar extravasar toda aquela adrenalina que eu tinha produzido durante todos aqueles dias.

— Acabou agora... – disse ele com uma voz aliviada.

— Acabou.

Ele levantou o meu rosto segurando o meu queixo. Eu sorri por baixo dos dedos dele. Toquei o rosto dele e senti os seus olhos fechando por debaixo da minha mão, sentindo a minha carícia.

— Eu te amo mais do que tudo no mundo! – falei.

— Eu também te amo. Para sempre!

Ele se inclinou para me beijar novamente, sem se preocupar com nada mais. Pois seriamos felizes, mesmo com todos os impedimentos que poderiam ocorrer pela frente.