Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 7
Ligação


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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"Eu sei como é a sensação de querer alguém e não poder ficar com ela."

Kevin Narrando

O meu pai havia separado o quarto que ele e minha mãe dormiam para que eu e Kemy nos acertássemos. E segundo ele, nos amassemos. Juro que me controlei muito para não rir quando ele disse isso. Era patético. Mas antes que eu fosse até lá precisava falar com minha mãe.

— Ei meu filho. – ela me olhou e eu não consegui saber o que pensava. E isso era difícil de acontecer. Acho que Murilo tirou tudo de mim, até minha percepção. – Vou ficar o dia todo com o seu pai resolvendo coisas para quando sairmos daqui, mas ele disse que eu precisava te ver antes.

— Então... Você já sabe. E eu queria só dizer que não escolhi ser assim. E que eu espero você não entender agora, mas só aceite, por favor.

— Só me dá um tempo. Foi um choque para Vinicius e Raíssa também. E até agora não entendi nada. Seu pai disse que você brincou com a cara dele... Como pôde Kevin? O garoto é seu primo.

— Mãe só vim te pedir para me aceitar. Tá bom?

— Tá bom. – ele me abraçou. Soltei seu corpo rapidamente e fui em direção ao dormitório do casal.

— Que merda é essa? – perguntei ao ver Kemeron nu deitado na cama. – Você em momento algum teve medo de alguém entrar aqui?

— Aí que tá a emoção meu anjo. – tranquei a porta e me sentei na cama encostando-me à parede. Cruzei as minhas pernas esticadas na cama e logo sua mão veio me incomodar.

— Isso não vai rolar. – tirei a mão dele. – Vim para discutir os termos do namoro.

— Ue, os termos são esses, sexo, beijos, abraços e muito amor. – dei uma risada amarga.

— Não faça eu e nem você perder tempo.

— Estava com saudades desse Kevin. – ele falou se debruçando e apertando meu queixo. Fiquei de braços cruzados acompanhando seus movimentos apenas com os olhos. – Você fica sexy demais quando fica assim, todo... Ruim, ignorante, impaciente, debochado, introspectivo. Quase me mata de tesão.

— Podia morrer de uma vez, assim me deixava em paz. – respirei fundo. – Os termos Kemeron.

— Ei, cadê nosso cordão? – lembrei do dia que o perdi e não soube se sorri ou se os meus olhos encheram de água ou se os dois juntos.

— Se não falar os termos logo eu vou embora.

— CADÊ O CORDÃO KEVIN?

— Murilo arrebentou e eu não voltei para procurar. Me dê outro se é tão importante assim.

— Eu te odeio. – ele escondeu o próprio rosto e eu decidi ficar em silêncio. – Você não percebe o quanto eu te amo? – nos olhamos.

— Você me odeia ou me ama? Decide.

— Eu te amo Kevin.

— Se me amasse não estaria me prendendo nisso. Ama porque me viu direcionando toda minha atenção a alguém que não era você.

— Só atenção? Você limpava o chão que aquele babaca passava. Isso porque vi os dois apenas um dia.

— Se eu falar “os termos” mais uma vez eu juro que eu vou embora. – o olhei de lado.

— Vamos fazer tudo como antes. Transar, estar juntos.

— Por enquanto eu não consigo. Há não ser que você queira que eu pense nele, só vai funcionar assim.

— Engraçado... O seu pai acha que você já o esqueceu. – falei demais. Só o Murilo mesmo para me deixar tão frágil e desatento.

— Estou esquecendo. Não é do dia para a noite.

— Quero que o esqueça Kevin, o quanto antes.

— Vou me esforçar. É só o que tenho feito. – ele se deitou novamente e suspirou. – Você vai mesmo se assumir?

— Vou. – nos olhamos.

— Qual é o plano?

— Levantarei a bandeira. Já que sou vou aproveitar disso. Farei com que atinja minha parte social dos negócios.

— Mas isso vai mais te atrapalhar que ajudar. Sabemos o quanto esse mundo dos negócios é preconceituoso.

— Não, porque eu não fecho os negócios diretamente. É e continuará sendo o meu pai. Quando eu tiver visibilidade por defender a causa, a empresa vai aumentar sua fama e prestigio. Vai ser um diferencial das outras.

— Mas não é o seu público alvo.

— Kevin. Notoriedade. Você não entende nada de marketing.

— Faz mais sentido me amar e querer me prender mesmo.

— Eu amo. – ele pegou minha mão e começou a fazer desenhos nela com seu dedo. – Era cômodo pra mim te ter quando eu queria. Isso acabou e o sentimento sobressaiu.

— Você parece cansado. – o olhei com atenção.

— Ah... Meu pai. Ele cobra muito de mim. Ser herdeiro é uma merda. Às vezes eu só queria sumir.

— Eu também. – fechei os olhos. Ficamos em silêncio. Não por muito tempo.

— Kevin.

— Oi. – respondi ainda de olhos fechados.

— Você acha que sou idiota em pensar que um dia você vai me amar?

— Completamente.

— Por causa dele?

— Por tudo. Já passou o nosso tempo.

— Como eu te esqueço?

— Se fosse fácil... – fiquei encarando o nada em minha frente. O sorriso dele. Aquelas bochechas branquinhas tão lindas. O som da sua risada. A vontade que eu tinha de ir até ele... Já sabia o País pelo menos. E que estava em dos hotéis. Mas havia três dos hotéis lá. Só que era óbvio que se eu quisesse eu saberia muito bem qual dos três era e daria um jeito de ir. Talvez fosse essa a atitude que eu devia ter tomado há dias e não tomei. – Tenho que ir. – sai correndo e fui até Arthur. Ele estava com Alice sentado em um dos bancos do gramado. Parei pra pensar no que eu estava prestes a fazer. O que adiantaria ir até onde ele estava? Mesmo se eu fosse atrás dele, nada mudava as complicações daqui. Virei para voltar.

— Kevin! – ele gritou parecendo perceber que eu estava fraquejando. Apontei o dedo de costas e continuei andando.

Os dias não ficavam mais fáceis, mas eles passaram a ser automáticos e toleráveis talvez.

— Tadinho do seu ex namoradinho. – meu pai falou ao me observar preso e suspenso. Ele sempre fazia isso quando eu dava a ele qualquer tipo de prejuízo ou não fazia algo que ele queria que eu fizesse. – Ele foi pra longe achando que salvaria a sua pele, mas mal sabe ele que você sofreria as mesmas dores. – senti uma lágrima descer em meu rosto. Então foi isso. Ele disse que me torturaria caso ficássemos juntos. E certamente o vídeo que gravou do dia anterior que ele foi embora foi mostrado a ele. Murilo não merecia ver isso. Todas as atitudes dele agora faziam total sentido. Tentei me soltar com muita raiva. Ele me olhou igual ao psicopata que era observando meu rosto de perto. – Você ainda gosta dele? Já deu tempo de esquecer! – não aguentei. Revivi aquela noite que ele foi embora e chorei compulsivamente. E apanhei por isso até ficar desacordado.

Arthur Narrando

Parei em frente a Caleb e cruzei os braços. Eu estava muito nervoso e qualquer coisa que ele dissesse eu sabia que me deixaria pior ainda.

— Cadê o meu irmão? – ele tentou se esquivar, mas eu o prensei contra a parede. – Fala porra. Cadê o Kevin?!

— Quer ir para o mesmo lugar que ele? – sua voz estava carregada de psicopatia e sadismo. Estremeci por inteiro. Ele estava perdendo completamente o controle, deixando a podridão que existia dentro dele falar mais alto do que nunca. Meu pai estava mostrando sua verdadeira face, sem disfarces. Sem joguinhos nem falsidade.

— O que você fez com ele Caleb?

— Experimenta entrar em meu caminho e saberá com a própria pele. – ele falou baixo em meu ouvido me fazendo ter mais medo ainda. E muito repulsa. Ele me empurrou com força. – Nunca gostei de você. Garoto inútil. Cansei mesmo desse teatro de papai perfeito.

— Você é doente. – falei vagarosamente expulsando lágrimas dolorosas. – Você o machuca, você bate nele! Não bastam as torturas psicológicas não?

— Ele precisa disso. E ultimamente ele tem me pedido. Kevin quer sentir dor que não seja emocional. Estou fazendo o que ele quer.

— Todo mundo vai saber disso e vão acha-lo. Conheço tudo aqui, não tem esconderijos.

— Quem disse que eu o estou escondendo? Ele está em meu quarto com a mãe. Pode ir lá. Aproveita e diz que mandei melhoras. – ele saiu andando tranquilamente. Eu não conseguia mais parar de chorar. Corri até o quarto e o vi deitado com Kira sentada ao seu lado.

— O que foi Arthur? – ela perguntou ao ver o meu estado. Não respondi e fui até ele que ficou me olhando como se eu fosse louco.

— Calma. Ele ficou desacordado algumas horas por desidratação, mas estou cuidando dele. – chorei mais ainda. Não sei se por ela também ser inocente nessa história toda ou por chegar ao ponto que chegou. – Arthur, ele está bem.

— Mãe deixa a gente a sós, por favor. – ele pediu e ela beijou a testa dele e saiu. Notei que eu chorava de soluçar. – O que você sabe? – ele me olhou desconfiado.

— Tudo. – respondi entre os meus soluços. Enxuguei meu rosto inutilmente porque era impossível ficar seco. Encarei a parede a minha frente.

— Como você soube?

— Você sumiu por mais de doze horas. Fui atrás dele. – respirei fundo. – Ele contou.

— Por que você tem que ficar atrás de mim sempre? Pra que se preocupa tanto? – senti um aperto em meu peito e voltei a chorar desesperadamente.

— Você vai acabar morrendo! – falei depois de um bom tempo. – Vocês não entendem o quanto grave é isso tudo? Dele eu espero que faça algo do tipo, ele é um psicopata. Agora você aceitar Kevin... E até... Pedir?

— Não pedi. Ele percebeu que eu estava descumprindo ordens e entendeu ser esse o motivo.

— E não é? – olhei em seus olhos. Ele baixou o olhar. – Porra Kevin! Que merda!

— Cada um lida com o luto da forma que acha melhor.

— Ele NÃO morreu. Ele está vivíssimo e te ama muito. Você tem noção do quanto ele ficaria péssimo em saber o que está acontecendo com você?

— Tenho porque só ontem soube que ele foi embora para evitar que isso acontecesse. – desceu uma lágrima em seu rosto e eu sorri. Sorri grande. Bem grande. Depois o abracei forte. – Não me aperta, por favor. – o olhei de perto.

— Nunca vou te deixar. E agora a gente tem que honrar o que Murilo fez para te manter seguro.

— Eu estou seguro Arthur. Ele não vai me matar, ele precisa muito de mim. Tanto que ele mostrou ser o psicopata que é para o Vinicius, pra poder me separar de Murilo.                                                 

— O Vinicius pode nos ajudar.

— Ninguém pode. Caleb está em um nível de psicopatia elevado demais. Ele sempre está um passo a frente. – ele suspirou e ficou me olhando. – Não regredi nem um pouco Arthur. Ainda sou o Kevin que Murilo conseguiu mudar. – arregalei os olhos. – Tive que fingir para minha encenação de dar em cima de Alice convencer. – fiquei um tempo em silêncio absorvendo aquilo. – Não se encha de culpa. Foi a coisa mais gratificante que já fiz em minha vida e ver vocês dois juntos agora me faz bem. – ele sorriu. – De qualquer forma sabemos que Caleb não me deixaria em paz, então quanto antes eu voltasse ao “normal” era melhor.

— Você não sabe o quanto estou aliviado. E obrigado. Muito obrigado. Você devolveu minha vida. Estar com Alice, mesmo que escondido, é tudo pra mim.

— Quando você irá encarar os pais dela e a sua mãe?

— Por mim seria agora. Mas sabemos que eles são contra. Então vai ficando para depois. Tomei uma decisão, não vou ficar na universidade. Vou vim pra casa e terminar meus estudos em Alela. Quero estar perto de você e perto dela.

— Você vai mudar o planejamento da sua vida.

— Ele mudou o dele. Está longe da família e dos amigos. Por você. Para a sua segurança. Ninguém o obrigou a fazer isso.

— Ele é a melhor pessoa do mundo. E com certeza vai conhecer alguém que vai fazê-lo muito feliz.

— Já encontrou. Você Kevin! Não tem nenhum gravador por aqui ou algo do tipo? – olhei ao redor. – Tipico dele.

— Não. – percebi que ele mudou, ficou sombrio. Isso não era bom.

— Como tem certeza?

— Porque é aqui que ele me tortura.

— Como? – perguntei quase gaguejando. Ele ficou em pé na cama e abaixou um ferro que estava preso ao teto e eu não havia reparado.

— Você não precisa saber de tudo, pode ficar impressionado, só que aqui é onde eu fico pendurado.

— Kira tá morta? – perguntei com raiva.

— Ela é uma vitima dele, ele a manipula, a mantem como prisioneira emocional e psicológica. E a afasta quando ele quer pelo tempo que quer. É assim que funciona. – ele se deitou de novo. – Lembra quando você quebrou minha cara e precisou ser afastado de tudo? – concordei. – Era pra ele colocar esse ferro aqui sem que corresse o risco de você saber. Já que ele imaginava que você era esperto e tinha influencia demais. O mundo dele é esse, tudo o que ele faz está ligado a um acontecimento à frente. E a gente é incapaz de saber.

— Hoje eu entendo porque você se envolveu tanto com Murilo. – ele franziu a testa. – Ele te deu amor, carinho, cuidou de você, te mostrou que existia outra forma de ser que não essa, que você não precisava magoar as pessoas nem usar jogos psicológicos. Murilo fez tudo o que eu devia ter feito há muitos anos atrás e invés disso eu apenas te ataquei de volta.

— Como você consegue se culpar tanto? Para com isso Arthur. Tinha que ser ele! Você não conseguiria. Aquela época eu era muito mais cego e cruel do que quando Murilo começou a me ajudar. E outra, se fosse você eu não iria conhecer o amor da minha vida, que sempre esteve tão perto. – fiquei olhando para ele e vi seus olhos se encherem de água. Senti meu celular vibrar em meu bolso, estranhei quando o peguei e vi que era uma chamada de vídeo de Murilo. Olhei para Kevin.

— Se isso não é o destino eu não sei mais o que é. – falei ainda assustado. – Ele quase não me liga.

— Atende logo antes que ele desista. – o olhei tentando ter a certeza se ele ficaria mesmo bem e atendi.

“Arthur, quero ir embora, preciso ir embora.”— a voz dele estava desesperada e aquilo me deu medo.

— Murilo, calma. Respira. O que aconteceu?

“Aconteceu que agora eu tomo remédios que eu nem sei bem o que podem fazer comigo, eu pratico auto conhecimento e falo sobre os meus problemas em uma língua que não é a minha e eu estou exausto de fingir que eu não me importo. Como ele está?”— olhei para Kevin que já estava desmoronando.

— Não vou mentir, ele não está nada bem. A gente não o deixa sozinho, mas ele não conversa. Parece o Kevin de antes. Sem brilho, sem emoção. Aquela coisa robótica. Ele até deu uma melhorada em relação aos primeiros dias, mas essas coisas são sempre complicadas. – me enrolei um pouco. Não tinha como dizer o que realmente estava acontecendo.

“Não aguento mais. Onde olho eu o vejo. Eu o sinto o tempo todo. Quero ouvir a voz dele. Quero estar com ele. Isso é um verdadeiro inferno.”

— Esquece a chantagem que o meu pai fez e vem embora Murilo! Não é só você que está sofrendo. – virei a câmera do celular e mostrei Kevin que nesse momento estava chorando. Murilo começou a chorar também. – Isso é insano. – falei com um aperto no peito. – Toma. – coloquei o aparelho na mão de Kevin. – Conversem.

— Não desliga. – Kevin pediu sabendo a grande chance de ser ignorado. – Não precisa me responder, só escuta. – ele falou pausadamente. – Não adianta fazer isso. Eu te avisei que não desistiria. Sei que não foi embora porque quis, eu te perdoo meu playboy. Só volta pra mim, por favor. – ele começou a soluçar e ouvi Murilo chorar do outro lado. Sai do quarto extremamente afetado com aquilo.

— Oi. – Alice me abordou sorridente na porta, mas logo seu sorriso se fechou ao notar meu estado. – O que foi?

— Seu irmão e o meu. Estão conversando. – ela ficou assustada. Eu a puxei e a abracei.

— Eles vão ficar bem?

— Não sei. Mas eles estão sofrendo muito e os dois precisavam dizer isso. Vou ficar muito mal se eles terminarem de vez, mas pelo menos eles conversaram. - ela concordou comigo. Ficamos ali esperando até que a conversa acabasse ou Caleb chegasse, o que acontecesse primeiro. 

"Se você soubesse que era a última vez, teria sido diferente?"


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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