Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 31
Ponto de Partida


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Kevin Narrando

Estava separado de todos observando Murilo e o namorado conversarem. O cara estava enciumado e pra ser bem sincero, não havia motivo.

— Com intenção ou não parece que você conseguiu. – olhei meu irmão ao meu lado.

— Você não consegue mesmo me deixar né?

— Estávamos todos ali e você veio pra cá e eu pensei poxa Kevin se escondendo?

— Observando. Ele é bonito.

— É europeu, claro que é bonito. Um dia você supera.

— Mas confesso que ele não ganha de você. Talvez ninguém ganhe.

— Ridículo. – ele comentou e riu.

— Quem é o próximo? – alguém perguntou sobre enfrentar Vinicius em uma brincadeira de força, que claro, ele estava ganhando.

— O Arthur quer desafiar. – ele me olhou bastante indignado. – Ah, vamos lá! Uma boa rivalidade entre sogro e genro. Preciso de ação para me animar e esquecer Diana em cima de mim. – o olhei.

— É, pode ser, eu vou tentar também. – ele foi mesmo não estando satisfeito.

— Pega ele Arthur. – o encorajei sorrindo.

— Meu irmão acha que eu posso te derrotar. – o ouvir dizendo e rindo.

— O Kevin é audacioso. – Vinicius falou se divertindo. – sem a menor surpresa é claro que o Vinicius ganhou dele.

— Você não fez o menor esforço. – falei olhando Arthur voltando.

— Eu me esforcei sim.  – ele reclamou massageando o braço. – Vamos voltar para perto de todos.

Os irmãos ainda estavam entre nossos amigos e Danilo me olhava o tempo todo. Murilo e o namorado se juntaram a nós.

— Tá afim do Kevin? – Ryan perguntou para Danilo. – Não para de olhar pra ele. – o idiota o encarou com raiva. – Você é gostoso, aposto que ele iria te querer. – o fumante aloprou mais ainda. Dei uma risada.

— Não sabia que você também era gay.

— Porque você pensa que todo cara que acha você gostoso é gay? – perguntei e olhei bastante intrigado. Agora foi Otávia que riu.

— Eu não te quero Kevin!

— Muito menos eu te quero Danilo. – dei um sorrisinho bem provocativo.

— Cadê seu loirinho Kevinho? – Diana perguntou me fazendo olha-la de forma séria. – Acha que é só você que segue as pessoas?

— Ele é tão másculo e viril e você é quase tanto quanto ele, os dois são ativos? – Danilo e Diana estavam se revezando para ver quem iria me tirar do sério primeiro.

— Os dois não podem ser ativos, alguém tem que se foder. – a maioria riu.

— Eu aposto em Kevin. Essa bundinha redondinha dele diz claramente que quer ser fodida. – olhei pra Sophia e entendi que não adiantaria apelar com eles.

— Passivo, ativo, esses rótulos são coisa de internet. Como você sabe o que prefere com um cara antes de estar com ele? Tem que experimentar, ser flexível.

— Exatamente. – Otávia concordou. – Se eu fosse lésbica iria pensar igualzinho.

— Você traçar como regra aquilo que você tem como vivência na vida do outro é complicado. O seu universo é um, sua vida é uma... Tenta ter uma troca frutífera com as pessoas invés de se preocupar com a forma como elas estão se relacionando. – falei e mandei beijo para Diana.

— Essa sua sensatez está me deixando afim de você, não quer namorar comigo não? – Otávia brincou enquanto piscava pra mim. – Eu posso te surpreender.

— Claro, aprendeu com o melhor. – rimos juntos.

 - Estou indo embora com sua mãe, eu quero que venha com a gente. – meu pai chegou e disse sem nenhuma cerimônia. Fiquei olhando pra ele.

— Posso saber qual o motivo?

— Vamos Kevin.

— Não. – respondi apenas e parei de olhar pra ele.

— Você está cego como sempre foi. – ele desistiu de me fazer ir embora e saiu.

— Por que ele quer que você vá embora? – Alice perguntou e eu a olhei.

— Você se preocupa? Sério? Tá sendo uma novidade nessa noite. – me levantei e fui pegar algo para beber. Quando me virei fui abordado por alguém que eu não esperava.

— Você já falou com todo mundo essa noite menos com a pessoa que te jurou amor eterno. – olhei em seus olhos.

— Na verdade eu falei sim.

— Aquele momento na biblioteca não conta. Você me ajudou. Não conversamos.

— Murilo eu acho que o seu namorado não é muito a favor da gente conversando.

— É... Você é bem rígido em relação a respeito em relacionamento né? Tanto que só eu sei que você contou sobre o Arthur para Alice porque não achou certo ele quase trai-la e sabia que eles precisavam resolver isso. Se eu estivesse aqui talvez os dois não achassem que você queria fazer inferno.

— Você vê coisa demais em mim. Na verdade eu queria causar dor a eles porque eu estava sofrendo vendo os dois tão felizes. O que também não quer dizer que eu ache a quase traição correta.

— Não vejo. Você é. E eu quero que lembre quem você é. – desviei o olhar. – Você é verdadeiro, gentil, altruísta, afetuoso, carinhoso e não isso que você quer ser.

— Eu tinha um propósito, queria mudar quem eu era ser uma pessoa nova, sem os erros, mas não é tão simples assim. As coisas ficam com você, seguem você, não dá pra livrar delas. – confessei me abrindo totalmente.

— Você estava sendo outra pessoa, se eu tivesse ficado... Talvez... – o interrompi.

— Você não ficou. E você não tinha que ter tomado a decisão por mim, você foi embora por você. Eu sabia o que queria Murilo, você nunca soube. – Eliot chegou perto da gente e eu tentei sair e ele não deixou.

— Dizem que você é muito inteligente. – ele disse me olhando. – Gostaria que me dissesse o que você tem a dizer sobre mim mesmo sem me conhecer. Pessoas inteligentes conseguem fazer essas análises.

— Eliot... – Murilo tentou impedir a conversa de continuar.

— Já que não quer dizer Kevin eu vou dizer o que vejo sobre você. Você usa o deboche para se sobressair, tem problemas sérios de afetividade com o pai e eu chutaria que também com a mãe, machuca as pessoas por ter sido muito machucado e me odeia por eu ter ao lado a única coisa que você deu valor na vida. Eu não sou um analista, mas o seu caso é fácil de perceber.

— Sua fala não estaria tão equivocada se você fosse inteligente o bastante para saber que não deveria se gabar já que não é correspondido. Ah... E não chame mais o Murilo de coisa.

— Se ele te corresponde por que ele não esta com você?

— Porque tenho um pai preconceituoso, problemático e altamente psicopata. Nada que com certeza você já não saiba. – sai antes que aquilo virasse uma briga. Meu celular vibrou e eu o peguei dando um sorriso. Bem na hora certa. Ele era o meu escape disso tudo. A minha alegria. Com ele a vida tinha momentos maravilhosos, conversas gostosas, risadas fáceis e... Hoje era fácil ver que mesmo demorando a admitir estar apaixonado, foi a melhor coisa que eu fiz.

“Como está sendo seu natal?”— Rafael não sabia que eu estava em Torres.

“Estaria mil vezes melhor se eu estivesse com você. E o seu?”

“Estou aguentando o meu pai contando todos os placares dos jogos dos últimos meses. E eu também preferia tá contigo, estou com muita saudade sabia?”

Essa mensagem me deu uma ideia. Eu também estava com muita saudade. E amanhã eu iria até a casa dele. Dirigir por mais de oito horas iria me fazer bem e vê-lo mais ainda.

Arthur Narrando

Aproveitei que nossos amigos debatiam sobre relacionamento entre homens e chamei Alice em um canto. Ela me olhava querendo saber o que eu tinha pra falar e eu tomava coragem para fazer o que eu faria.

— Sei que ainda vamos conversar e talvez surja uma decisão de não ficar comigo da sua parte depois disso, mas eu tinha um presente pra você antes disso tudo acontecer e eu queria dá-lo a você.

— O que é? – ela me olhou desconfiada.

— Isso. – mostrei a caixinha. – Nunca te dei uma aliança de compromisso ou algo do tipo, mas acho que isso signifique algo mais pra gente. – ela pegou o objeto de dentro da caixa e sorriu.

— O anel da vó Isa. – ela me olhou. – Como você conseguiu fazer ela te dar ele? Você não roubou né? – dei uma risada.

— Claro que não. Eu pedi com jeitinho.

— Esse anel é tão lindo. Se a sua mãe souber disso ela vai morrer, ela disse que o vô Mark sempre encheu a vó Isa de joias, mas esse anel era especial.

— Bom... É o anel que ele a pediu em casamento.

— Que? – ela arregalou os olhos. – Eu não sabia! Arthur eu não posso aceitar.

— Pode e vai. Porque se ficarmos juntos eu pretendo que a gente se case com a aliança de casamento da nossa tataravó Luiza.

— Por que você é assim?

— Assim como? – questionei com um pouco de medo.

— Perfeito. – ela suspirou. – Quer dizer... Quase.

— Estou bem longe disso na verdade.

— Vou aceitar e quando conversarmos eu quero que se lembre do amor deles para ser o mais sincero possível comigo.

— Tá bom. – coloquei o anel em seu dedo e nos beijamos. Mas estava muito bom pra ser verdade.

— Você mentiu pra mim. – ouvi a voz de Murilo e me separei de Alice. – Disse que ele estava apaixonado e iria passar. Ele já nem sente mais nada por mim. Ele ama o Rafael Arthur.

— Murilo... Kevin sabe disfarçar os sentimentos. Se você não percebeu nada deve ser por isso.

— Você não entende! A gente se amou de uma forma que nos completávamos. Eu o conheço. Conversei com ele e ele foi muito frio e distante.

— Você namora Muh, ele não vai ter conversas intensas com você sabendo disso.

— Posso tentar fazer vocês dois conversarem... Só vocês dois.

— É tudo o que eu quero Arthur.

— Mas e o Eliot? – olhamos para Alice.

— Vocês querem que eu distraia meu cunhado? Não sou boa nisso gente.

— Desabafa com ele sobre o que Arthur fez. – olhei para Murilo. – Seja sincera, diz tudo. E vai contando, falando os seus sentimentos. Diz que ele é uma pessoa mais velha, experiente e pode te dar um conselho.

— Você sabe que tá usando um problema sério do meu namoro pra ter um encontro às escondidas com o seu ex namorado né?

— Alice eu o amo. – ela pareceu ficar mexida com a fala dele.

— Tá bom Murilo. Só não demora muito nessa conversa. E outra coisa, toma cuidado para não sair do limite e você acabar magoado.

Lá fui eu atrás de Kevin. Sabia que teria que ser mais esperto que ele para tentar convencê-lo.

— Oi de novo. – me sentei ao seu lado.

— Ainda bem que a noite está quase acabando. Você tá me perseguindo demais.

— Você precisa conversar com Murilo.

— Por quê? – ele me olhou e vi que não gostou.

— Kevin isso seria tudo o que você queria há um tempo.

— É tudo que eu poderia querer em qualquer momento da minha vida. Mas não nesse.

— O que você me diz do que fez quando ele estava quase dando uma crise?

— Qual é a dificuldade de acreditar que eu... Achei maneiro ajudar as pessoas?

— É difícil pra você admitir isso né? – quase ri. – Então não rola mesmo de ir falar com ele?

— O que ele quer falar comigo? O namorado dele já tá puto. Não quero confusão.

— Você não quer confusão? Essa é nova.

— É sério. O que ele quer Arthur?

— Você sabe. Vocês dois tem que conversar Kevin. E não vem me dizer que não tá absolutamente nem aí porque se estivesse não teria feito o que fez para salva-lo de ser incriminado. – ele ficou me olhando.

— É lógico que eu estou. Sabe o esforço que é não olhar pra ele? E eu achei que era impossível ele ficar mais lindo e ele corta o cabelo... Tudo o que eu queria era beija-lo, Arthur não posso conversar com ele. 

— A parada dele ter namorado mexe com você né?

— Muito. Mas não é só isso. Depois que eu e Rafael voltamos a ficar agora dessa última vez... Sei lá, tá diferente sabe? Estamos mais conectados, tá mais forte... – ele me olhou. – Ele teve muita sorte de te encontrar. Você o ajudou muito a crescer como pessoa. Ele deixou de ser aquele irresponsável. E agora que ele tá assim tão completo e estamos tão juntos... É que antes era só sexo e agora... Sinto que eu devo esse respeito a ele. Não me sinto bem discutindo o passado com Murilo.

— Mas você quer beija-lo e o Rafael com certeza sabe disso.

— Sim. Mas porque eu quero não significa que seja minha única vontade ou a vontade soberana. Eu quero e também quero preservar intacto o que tenho com Rafael.

— Acho que pra você seguir em frente com Rafael você tem que ter essa conversa com Murilo Kevin. É um ponto de partida. Entende? E outra, ele é ansioso ao extremo. Se ele não conversar com você e disser tudo que precisa vai ficar remoendo isso e vai acabar da pior forma.

— Eu já disse o que eu tinha pra dizer Arthur.

— Ele respondeu? – ele ficou calado e eu vi que a resposta era negativa. – Não seja tão injusto Kevin. Se você deu sua opinião deixe a outra parte dar a dela.

— Ok Arthur. Você vai ficar a noite toda tentando me convencer mesmo. Vamos, onde ele está?

— Na lateral da casa bem lá no fundo. Quer que eu vá com você?

— Acha que eu tenho medo pela floresta estar tão perto?

— Não imbecil. Acho que pode ser melhor pra você. Talvez queira conversar no caminho.

— Quero acabar com isso logo. – ele saiu andando de forma rápida.  Não cogitei em momento algum que Murilo tivesse o mínimo de razão, mas ele tinha. Kevin estava mais que apaixonado por Rafael. Não podia dizer que ele o amava, mas aquilo era um carinho bem mais especial que paixão.


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Notas finais do capítulo

* eu venho a noite, esse post estava praticamente pronto pra fazer ontem e por cansaço acabei dormindo cedo e não postando :(
Até ♥



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