Músicas Bregas Lembram Você escrita por Panda Chan


Capítulo 10
10. Caso Indefinido


Notas iniciais do capítulo

Dizem que quem é vivo sempre aparece, mas essa escritora que vos fala infelizmente tá viva e não aparece pra nada (rindo de nervoso).
Os últimos tempos foram muito corridos, mas roubei algumas horas para trabalhar nesse capítulo e deixá-lo tinindo de bonito então espero que gostem da leitura. Bora lá!



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— Tá, agora vai ser difícil: Chloë Moretz, Jennifer Lawrence e Harry Styles. Beijo, casamento ou amizade?

— Gata, eu achei que você ia dificultar as coisas – Marco dá o seu melhor olhar sedutor para Júlia, que responde com um desafiador – Beijo a Chloë até a boca ficar roxa, caso com a Katniss e ainda chamo meu brodê’, o Harry, pra ser padrinho.

— O Marco tem uma queda pela Jennifer Lawrence desde que viu Jogos Vorazes – Henri explica.

— Meu lance com a Katniss é que nem aquela música, só aceito se a gente casar ou namorar.

— Exatamente – digo – Ele tem gostos peculiares, sabe? Gosta de apanhar de mulher bonita.

Meus amigos riem e Marco ameaça jogar uma bolinha de guardanapo em mim.

— Só não parto pra agressão física porque é seu aniversário – resmunga.

— Valeu amigo, você é um amigo – dou uma piscadela em sua direção.

— E tu, Júlia? – Henri pergunta.

— Beijaria o Harry, seria amiga da Jennifer e acho que casaria com a Chloë – diante do olhar chocado de Marco com a resposta, ela justifica – A Jennifer é legal demais e parece ser doida como eu, acho que seriamos boas amigas.

— Parando para pensar, ser amiga da Jennifer podia facilitar pra você conhecer sua futura esposa e dar uns pegas no carinha – Henri faz uma expressão pensativa – Excelente lógica, Jujubinha.

Os meninos, Júlia e eu nos reunimos no quintal dos fundos com nossos pratos de bolo e estamos há mais de uma hora conversando sobre besteiras como teorias para a próxima temporada de alguma série, quais os piores plot twist das novelas mexicanas, maiores absurdos dos programas de auditório e claro, o clássico beijo, casamento ou amizade.

Mesmo que seja pouco tempo, foi o suficiente para Henri dar um apelido fofo e Marco ficar com dores no rosto de tanto sorrir para ela.

Júlia ergue sua colherzinha suja de sorvete e aponta em minha direção.

— Sua vez de responder, Eric.

— Agora você pediu algo difícil, minha deusa – Marco pisca para ela – O Ericzinho não consegue responder porque falta a alternativa “Thalia” nessa pergunta.

— Não só na pergunta – Henri resmunga – Falta na festa também.

Meu melhor amigo não esconde sua insatisfação com a ausência da minha melhor amiga e isso me incomoda um pouco. Se eu, o aniversariante, estou sorrindo e participando de qualquer conversa que surge para esquecer esse assunto por que ele não consegue?

— Isso pareceu meio rancoroso da sua parte, jovem Henri – Júlia estreita os olhos na direção dele – Quer compartilhar algo com o restante do grupo?

— Acho que o restante do grupo já sabe o que penso – ele resmunga – Thalia está se comportando como a mocinha dos livros que ela sempre criticou e deixou o melhor amigo de lado por causa de um namoradinho.

— Cara, isso foi ainda mais rancoroso – Marco comenta e leva uma cotovelada de Henri – E ela não tem culpa por ter sido convidada para um final de semana no abatedouro.

— Abatedouro? – a pergunta de Júlia expressa sua confusão e nojo com a palavra.

— Ah, é que o namorado dela tem uma casa que-

Interrompo meu inconveniente amigo antes que ele fale demais e deixe a pobre garota ainda mais confusa e enojada.

— Henri, por que você não leva o Marco lá pra dentro e pegam mais sorvete? – uso meus poderes telepáticos inexistentes para implorar que meu melhor amigo afaste o inconveniente o mais rápido possível.

Fico feliz ao ver compreensão no rosto de Henri. Em pouco tempo ele puxa Marco e começa a falar sobre o clima enquanto o outro esperneia por ser levado para longe de sua musa inspiradora.

Assim que eles entram na casa, Júlia se vira e me encara com aqueles olhos amendoados incríveis.

— Seus amigos são muito engraçados.

Deixo escapar um suspiro aliviado.

— Ainda bem que levou tudo o que falaram na piada. Do contrário, acho que você os odiaria.

— Olha, o Marco testou alguns limites. Confesso – ela faz uma expressão pensativa – Mas eu entendo porque ele fala tanta besteira, deve ter sido a influência das antigas companhias.

— Antigas companhias? – pergunto. Ela assente.

— Até o ano passado, o Marco andava com uns caras “descolados” que tinham repetido o colegial sei lá quantas vezes – Júlia revira os olhos – Eram uns babacas de carteirinha. Sério. Aposto que pagavam mensalidade no Clube dos Escrotos para garantir a meia-entrada no cinema – solto um riso baixo com a piada – Lembro que eles me secavam direto no intervalo, era bem desconfortável. Quando aqueles caras finalmente conseguiram se formar, foi a vez do Marco repetir e aqui estamos. Tenho certeza que a Carol está puxando a orelha dele para cada comportamento imbecil.

— Então ele está economizando, já que não paga mais para estar no Clube dos Escrotos.

— Com certeza – ela assente – E se ainda fizer parte, o pacote que ele assina deve ser o básico.

— Sabe, mesmo que não pareça o Marco é gente boa. Isso faz sentido? – como resposta, ela dá de ombros e me deixa prosseguir – Até algumas semanas eu ficava incomodado e só tolerava a companhia dele porque sei que grosseria só ia atrapalhar o lance do Henri e da Carol – diminuo o tom de voz para um sussurro, como se fosse falar um segredo – Só entre nós, aqueles dois se goxtam muito.

Imitando meu tom de voz, ela responde:

— Percebi, eles são péssimos escondendo isso.

— Pois é, e o Marco é péssimo permitindo que a irmã mais nova saia com alguém. O Henri me contou que uma vez o ex foi buscar a Carol em casa e o Marco comprou uma pilha enorme de revistas de casamento que ficaram espalhadas pela casa. Quando o cara perguntou de quem era aquilo tudo, ele respondeu que era da Carol e o namorado saiu correndo com medo de compromisso.

— Mentira! – incrédula, ela pergunta – E aí?

É minha vez de dar de ombros.

— Sei lá, mas aposto que a Carol xingou até os netos do irmão.

— Certeza.

Não falamos mais nada por algum tempo e aproveito para observar o céu rosado com o pôr do sol, talvez esse seja o melhor presente de aniversário que eu poderia receber: uma vista incrível no final da tarde.

Ao meu lado, Júlia olha para o céu com a expressão sonhadora e parece presa em pensamentos felizes. Encaro seu perfil, primeiro porque acho legal como o piercing no septo se parece quando a olha de lado, mas também porque seus lábios formam um pequeno coração que só se vê quando está assim.

— Júlia, eu…

Antes que possa descobrir qual besteira teria dito por impulso, um grito estridente chega até mim.

— Eric, me desculpaaaa!

Olho para trás e vejo Thalia sair pela porta da cozinha como um furacão que me derruba no chão.

— Mulher, você quer me matar?

— Desculpa, desculpa, desculpaaaa! – ela grita sem me soltar. Estamos no abraço mais desengonçado que já vi na vida – Eu tinha me esquecido do seu aniversário, mas a culpa é toda sua que nunca faz nada nessa data. Desculpaaa!

Não retruco com o “Você não pode me culpar e se desculpar na mesma frase!”. Ao invés disso, aperto carinhosamente os braços que me seguram por trás e aproveito o calor do corpo dela contra o meu.

— Você está atrasada.

— Eu sei.

— Minhas tias já devem ter levado todo bolo como marmita de festa pra casa.

— Eu sei.

— Senti sua falta hoje.

— Eu sei.

— Esse chão está me machucando.

Ela ri.

— Eu imaginei – Thalia me solta e de uma forma ainda mais desengonçada conseguimos nos levantar – Mas, eu pretendo te compensar por hoje. Juro!

— Ah é? – ergo a sobrancelha – E como você pretende me compensar?

Ela abre um daqueles sorrisos que rouba todo o meu fôlego. Agora que olho bem, percebo a marca de biquíni em sua pele escura. Está linda como sempre.

Olho para o lugar onde estava sentado com Júlia e a vejo dando um aceno de tchau. Parte de mim não queria vê-la ir embora tão cedo.

— É, Thalia? – a voz masculina chega até nós parecendo insegura. Os olhos castanhos dela brilham em reconhecimento – Você tá’ aqui fora?

Lucas aparece com seu bronzeado incrível e usando uma camiseta que marca bem os músculos dele. Pela primeira vez na vida me sinto um “filé de borboleta” como Marco sempre diz.

Minha amiga sorri para ele, que vê como convite para se aproximar e passar o braço ao redor dos ombros dela. Eles parecem bem mais próximos que da última vez.

— Você me achou! – ela comemora.

— É, mas quase não chego até aqui. Sabia que aquela baixinha assustadora da sorveteria está lá dentro? Achei que fosse me matar – então ele percebe a minha presença e seu sorriso vacila por um segundo – Ei cara, feliz aniversário. Dezoitão, hein! – ele dá um soco leve em meu ombro e o contato físico me incomoda mais que sua aparição surpresa.

Deixo meu desconforto de lado, provavelmente a Thalia pegou uma carona com ele até aqui então devo ser grato ao NamorUber da minha amiga.

— Valeu, cara!

Dito isso, passamos o próximo minuto em silêncio bastante constrangedor até Thalia perceber que ficou parada admirando seu namorado.

— Ah, claro. Saí um pouco de órbita, desculpa – ela ri de si mesma e me pergunto quantas vezes escutei a palavra “desculpa” nos últimos cinco minutos – Quero te compensar pela minha falha hoje. Desmarque qualquer compromisso pra amanhã, você é nosso convidado para o seu primeiro rolê de Dezoito Anos – ela pisca.

Não preciso pensar muito para entender que um “rolê Dezoito Anos” é para beber até cair sem dignidade no chão (não que tenha restado muita após o baile).

— Thalia, eu adoraria mas você sabe que trabalho na Haru durante a semana. Não posso chegar de porre na terça de manhã – ela faz beicinho – Meu chefe mora comigo, fica difícil até mentir sobre atestado.

— Relaxa, vamos pegar leve contigo – Lucas lança uma piscadela em minha direção.

— É, eu nunca te levaria pra uma furada. Até parece que não confia mais na sua melhor amiga.

Parte de mim sabe que não devo sair durante a semana e o melhor é recusar educadamente o convite deles, entregar um prato de bolo para cada e agradecer pela presença. Essa parte sabe bem que a Naomi me xingaria por ceder a um convite como esse e considera os riscos.

Até meu estômago se revira em protesto com as lembranças da última noite em que ingeriu álcool e de como o mundo parecia horrível no dia seguinte.

Porém, tem uma parte minha que não consegue olhar para Thalia com seu sorriso brilhante e dizer “não”.

— Só não posso ficar até tarde – é o que respondo.

Lucas sorri e Thalia dá pulinhos de alegria.

— Então amanhã teremos uma noite e tanto! – ela comemora.

É, teremos.


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Notas finais do capítulo

Para compensar pelo meu breve (mas nem tanto) sumiço, vou dar um spoiler do próximo capítulo: o sequestro de cachorro prometido na sinopse está chegando hehehe.

Lembrem de deixar um comentário com suas impressões do capítulo, hein! Cada vez que você lê sem comentar, uma fada da inspiração morre.

Até a próxima!



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