Copenhague escrita por Julie Morgan


Capítulo 7
Os três mosqueteiros


Notas iniciais do capítulo

Olá galerinha maravilhosa, tudo bem com vocês? Espero que sim :D
Bom, trago para vocês mais um capítulo dessa fanfic e espero que gostem!
Ah, e obrigada de coração por estarem acompanhando! Estou feliz demais que estejam gostando ❤
Bom, sem mais delongas, vou deixar vocês se divertirem um pouquinho rsrs, boa leitura!



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— Professor, você ouviu o mesmo que eu? - perguntou Marselha com semblante alarmado enquanto estava recostado na lateral do carro observando o aspecto da rua.

— Sim. Acha que já devemos intervir? Ela disse quinze minutos mas passaram-se apenas seis, e… - disse o Professor consultando o horário em seu relógio.

— A mim não me importa se são apenas seis. - ele o interrompeu. - Nem mesmo sei onde estávamos com a cabeça quando concordamos em deixá-la entrar sozinha, Professor. Acho que não é seguro prolongar ainda mais essa situação, ainda mais depois de termos escutado um tiro.

Marselha então se retirou a passos firmes sendo acompanhado logo atrás pelo Professor, que tinha em sua mente mil dúvidas sobre o comportamento do amigo em relação à ex-inspetora. Sérgio nunca havia lhe questionado sobre sua vida pessoal, e não acreditava ser o momento ideal para aquilo. Porém, diante de suas impressões individuais, acreditava que o amigo também estivesse, talvez, rendendo-se ao seu emocional, assim como um dia ele próprio fizera com Lisboa.

Enquanto isso, dentro do galpão, Sierra permanecia imóvel enquanto Raúl andava vagarosamente em sua direção com sua arma apontada para ela. Lidar com situações de risco faziam parte de sua vida desde muitos anos quando decidiu que a área policial era de fato a carreira que queria seguir. No entanto, nunca havia experimentado a sensação de encarar sua provável morte tão de perto. E como qualquer outro ser humano dotado de instinto de sobrevivência, suas decisões estavam basicamente fundamentadas naquilo que sabia fazer de melhor: negociar para que pudesse ganhar tempo.

— Raúl. Ouça, talvez possamos estabelecer alguns limites nesse seu pedido. O Professor agora é uma das figuras mais cobiçadas pela Polícia, e você não gostaria de ser vinculado à ele por um assalto que você não está envolvido, não é? Por que então não deixar ele de lado?

— E qual seria a sua brilhante solução? - ele perguntou com os olhos fixos aos dela, tentando prever qualquer movimento de ataque contra si.

— Eu… eu posso conseguir esse seu passaporte falso. E os outros documentos também, como identidade, carteira de motorista, e afins. Mas eu preciso de um prazo maior.

— Hoje ainda é terça-feira, querida. Quatro dias até chegar o sábado. Um prazo mais do que suficiente para entregar tudo em minhas mãos. Não tente brincar comigo. - ele respondeu puxando o gatilho.

— Essas coisas... não ficam prontas assim, sabia? - ela disse engolindo em seco e respirando fundo. - O mais rápido que posso lhe garantir é uma semana, e... talvez mais dois dias em caso de atraso. Se não quiser deixar rastros, é mais prudente que esses seus documentos sejam feitos por contatos experientes. Porém, esse tipo de gente não costuma gostar de pedidos apressados.

— E como você me garante que…

Antes que Raúl pudesse continuar falando, ele escutou um barulho de metal rangendo ao fundo e que parecia ser suspeito. Assim como Alicia, ele também estava em estado de alerta e virou-se para verificar o que era. No entanto, ela não poderia perder aquela oportunidade de obter o controle da situação para si e garantir que sua vida fosse prorrogada por ora. Ela então ajoelhou-se ligeiramente e levantou a barra de sua calça sem que Raúl percebesse. Retirou sua adaga da panturrilha o mais rápido que pôde e não hesitou em cravar o objeto afiado próximo de sua quarta costela. Um movimento certeiro e bem executado, que fez com que Raúl perdesse o equilíbrio e deixasse sua arma cair para o lado.

— Filha de uma… - disse ele levando a mão ao peito ao sentir o corte que sofrera, e sua camisa então começou a se manchar devido ao sangue que começava a sair de seu corpo.

Raúl tentou então ficar de frente para Alicia para que pudesse tomar a adaga de suas mãos. Porém, ela repetiu o corte, dessa vez um pouco mais fundo e mais próximo do coração. Ele então murmurou algo que ela não conseguiu identificar, mas que parecia ser uma reclamação de dor.

— Quando eu digo que não quero fazer algo, não gosto nem um pouco de ser contrariada. - falou ela próximo de seu ouvido. - Espero que isso tenha ficado bem claro.

Raúl então caiu com o peito junto ao chão e o vermelho vivo de seu sangue começou a escorrer pelas rachaduras e pequenos vãos do piso. Seus olhos ficaram pesados e fecharam-se poucos segundos depois, e a força de seus músculos ia se desfazendo pouco a pouco. Alicia largou a adaga e não conseguiu evitar olhar para o corpo já sem vida ali em sua frente, refletindo sobre o que havia feito por seu impulso um tanto quanto brusco. Porém, estava feito. Não havia mais volta. Raúl já estava morto.

— Ok, Alicia. Você matou um homem. - disse ela para si mesma passando as mãos pelo rosto. - E isso é um problema e tanto.

Uma mistura de culpa e apreensão começava a tomar conta de si, e seus batimentos cardíacos estavam cada vez mais acelerados. Foi nesse instante que o Professor e Marselha conseguiram afastar totalmente as barras de ferro que bloqueavam a parte de trás do galpão e entrar onde Alicia estava. Apesar da parcialidade de iluminação, era bem notável a silhueta dela se movendo de um lado para o outro enquanto havia ali, no centro do ambiente, um corpo caído ao chão. Marselha e o Professor suspiraram aliviados por saber que o tiro escutado não havia atingido Alicia, entretanto não sabiam ao certo como lidar com uma morte inesperada dentro daquelas circunstâncias.

— Ele… estava com uma arma apontada para mim. - justificou-se ela de prontidão ao notar a presença dos outros dois, andando de um lado para o outros com os pensamentos à mil por hora. - E eu não tinha outra escolha. Seria eu, ou ele.

— Ele chegou a lhe machucar? - perguntou Marselha enquanto se aproximava mais para checar o pulso de Raúl.

— Não. Ele não teve tempo.

— Menos mal. - respondeu Marselha depois de tocar a lateral do pescoço de Raúl. - Bom, já não sinto mais o pulso dele.

— E o que faremos com ele? O largamos aqui?

— Calma. - disse o Professor ajeitando seus óculos. - Você agiu por legítima defesa, então primeiro de tudo tente não… pensar demais nisso.

— Falar é muito fácil, mas como irei retirar daqui um homem ensanguentado? - disse Alicia desviando seu olhar sobre o corpo.

— Eu cuido disso. - disse Marselha retirando sua jaqueta. - Apenas preciso de um grande saco plástico preto, luvas, uma esponja... e um borrifador com desinfetante e álcool. Pode entrar em contato com um dos mineradores e pedir que eles tragam tudo aqui, Professor?

— Sim, sim. Farei isso agora mesmo. - falou Sérgio retirando um celular de seu bolso e colocando um novo chip.

Enquanto o Professor aguardava o início da chamada, Marselha fez sinal para que Alicia se aproximasse dele, para que pudessem conversar rapidamente.

— Não se preocupe com nada, ok? Depois você pode me contar quem era esse sujeito e o que ele queria, mas por ora você vai entrar naquele carro, seguir viagem conosco e não questionar mais nada.

— Mas não acha que está se expondo demais?— perguntou Alicia.

— Digamos que eu tenha certa… experiência com assuntos assim. Não pensei que fosse preciso voltar à ativa assim tão cedo, mas por eu estar acostumado com os "bastidores" não é tão difícil passar despercebido.

— E para onde iremos levá-lo?

— Acho que, quanto menos detalhes, maior a chance de tudo ocorrer bem. Confie em mim, não irei deixar passar nenhum detalhe em vão.

— E depois eu é quem sou teimosa. - ela disse de forma irônica, fazendo com que Marselha deixasse escapar uma risada.

— Nós tivemos sorte dessa vez. - disse o Professor virando-se para os outros dois e guardando o celular em seu bolso. - Mancini estava agora mesmo próximo de um mercado, e deve chegar em mais ou menos 20 minutos. E por falar nisso, onde está o Comissário, Alicia?

— Em um hotel para animais, para o meu alívio. Não sei o que mais eu faria caso ele fosse ferido ou maltratado. Apenas pensar em perdê-lo também já é doloroso o suficiente.

— Pois assim que tudo isto acabar você poderá buscá-lo. Lhe dou a minha palavra. - afirmou o Professor com um semblante amigável. - Mas, tente não deixar outros corpos espalhados por aí. Eles são um verdadeiro inconveniente para o desenrolar desta história. 

— Não sou taxada de impulsiva à toa, porém tentarei melhorar. - ela disse com certo sarcasmo.

Logo após os minutos contados pelo Professor, Mancini e outros dois participantes do Plano Paris estavam ali reunidos para colaborar. Limparam o chão com atenção, envolveram Raúl em um saco plástico preto com as mãos amarradas e o colocaram no porta-malas. Marselha e o Professor sentaram-se então banco da frente do carro enquanto Alicia permanecia atrás, mas antes que seguissem o percurso de volta ela apoiou uma de suas mãos no banco do passageiro encarando os dois pelo retrovisor.

— Um nerd que atua como gênio do crime, um comparsa tímido e uma ex-inspetora grávida que agora também é perseguida por policiais. Todos juntos no mesmo veículo carregando um homem para então sumir com ele. O quão improvável e delituoso isto está sendo? – falou ela.

— Em uma escala de zero à dez, eu diria onze. - respondeu o Professor. - Nem mesmo a história dos três mosqueteiros tem uma trama tão inacreditável e com tantas reviravoltas.

— Mas eles não eram quatro? - perguntou Marselha sem ter compreendido o amigo.

Os outros dois então apenas reviraram os olhos e riram devido ao comentário, com Marselha conduzindo o veículo ainda confuso.

Enquanto isso, no Banco da Espanha…

Tóquio tinha em mãos um papel com o desenho de uma grande planilha feito por ela. Palermo, por sua vez, arriscava tentar falar em inglês com um dos colaboradores do Paquistão. Não conhecia todas as palavras do idioma pois o aprendera muito superficialmente durante o planejamento com Berlim anos atrás, porém era suficiente para manter uma comunicação aceitável e tentar conseguir os caminhões disfarçados contendo os caixões falsos.

Como não poderiam realizar uma reunião com todos os membros do grupo já que cada um precisava seguir em seu posto, Tóquio caminhava em cômodo por cômodo no Banco da Espanha para comunicar o início do Plano da Vinci aos companheiros e explicá-lo bem. Para evitar possíveis discussões internas, decidiram apenas informar que havia um novo membro no grupo identificado como Copenhague, sem especificar tanto quem este seria. No entanto, quando chegaram à fundição e chamaram Lisboa para conversar por alguns minutos, a tentativa de manter esta fachada não ocorreu bem.

— Bom, se eu não houvesse conhecido vocês, diria que essa ideia é uma loucura completa. - disse ela com uma risada ao escutar a explicação de Tóquio, que anotava em sua planilha toda a quantidade de ouro que já haviam convertido em pepitas. - Mas, me digam, quem está ajudando o Professor a desviar a atenção da Polícia? Não lembro de ele haver mencionado nenhum novo integrante nessa altura do plano.

Tóquio então suspirou e olhou para os próprios pés cruzando os braços, sem saber como dar uma notícia daquelas sem causar tanto alarde à amiga.

— Ora, Tóquio. Vamos lá, eu também mereço ser informada do que acontece por trás desse esquema, não acha?

— Lisboa, a verdade é que… eu não sei como lhe contar isso. Acho melhor que você não saiba.

— Tóquio, por favor. Não pode ser assim tão ruim. Caso fosse aposto que o Professor teria entrado em contato comigo também.

— Essa é a questão. - ela afirmou enquanto fazia sinal para que se aproximassem de um canto para permanecerem mais próximas. - Ele entrou em contato, porém… apenas comigo e com Palermo.

— E o que ele disse? Por favor, Tóquio, estou cansada de ser sempre a última a ser informada de tudo.

Tóquio então segurou os ombros da amiga e tomou fôlego antes de falar, pois previa que a reação dela não seria das melhores.

— Marselha lhe trouxe aqui, certo? Acontece que depois disso Copenhague foi até o Professor para pedir ajuda, e agora estão operando juntos para distrair a Polícia.

— E quem caralhos é Copenhague? Isso que está me deixando curiosa.

— Lisboa, Copenhague é… Alicia. A inspetora, ou melhor, ex-inspetora. A Polícia também a deixou na mão, assim como fizeram com você, ou pelo menos é isso o que consegui entender. E agora ela está disposta ajudar, pelo que parece.

Lisboa então respirou fundo, e era claro em seu rosto que ela não estava nem um pouco contente com a notícia. Seus olhos pareciam em chamas, pois tamanha era a raiva que sentia por Sérgio não ter lhe contado aquilo.

— Viu? Eu sabia que ficaria assim. Lisboa, pelo bem do plano e da nossa sanidade mental, me prometa que não irá contar para mais ninguém. Apenas você, Palermo, Rio e eu podemos saber disso por enquanto. Também estive muito desconfiada sobre isso e passei boas horas com os pensamentos à mil por hora, porém você conhece o Professor muito melhor do que eu. O maior dom dele é ser capaz de tirar um coelho da cartola quando ninguém menos espera. Então a única coisa que nos resta é ter paciência e confiança nele.

— Não, eu não irei contar. - respondeu Raquel com certa irritação. - Mas me mantenha ciente do próximo contato do Professor, pois ainda preciso esclarecer algumas coisas importantes com ele.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Estou muito curiosa para saber as opiniões de vocês!
Um mega abraço virtual para todos, e nos vemos no próximo capítulo ❤



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