Copenhague escrita por Julie Morgan


Capítulo 2
Cavalo de Troia


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo desta fanfic feito para vocês. Boa leitura a todos! :)



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O Professor não sabia qual caminho escolher. Uma parte de si desejava descobrir do que se tratava tudo aquilo, e a outra repudiava veemente tal atitude. Seria certo confiar em alguém responsável pela tortura de seu amigo? Seria certo confiar em alguém que manteve Raquel sob detenção ilegal? As perguntas eram muitas, e em meio de tantos pensamentos lembrou-se de uma de suas conversas com Nairóbi quando estavam no monastério.

"- Um momento. E como faremos isso, Professor? Nunca vi, em toda a minha vida, alguém que tentasse fazer um assalto desta proporção e não acabasse… fodido. - interrompeu Nairóbi enquanto o Professor explicava como iriam entrar na sala do Governador.

Todos os assaltantes olharam para ela e mantiveram-se em silêncio por um segundo. Eles sabiam que, para desempenhar um feito daqueles, seria necessário muito sacrifício. Qualquer desvio do plano poderia resultar em uma desordem completa.

— Vejamos… Nairóbi. Mesmo tendo uma experiência prévia na Casa da Moeda, não serei hipócrita em dizer que dessa vez não haverá erros. - atestou o Professor enquanto observava uma leve tensão na face dos demais assaltantes. - Somos humanos. O que precisamos fazer, depois de cometer esses erros, é tentar minimizar as consequências.

— Mas, como irei saber o que fazer? Estaremos cercados de decisões difíceis e com um altíssimo nervosismo.

— Bom, ser racional nestes momentos nos ajuda a eliminar algumas opções que não parecem ser tão… ideais. Porém, nunca deixe de lado o seu coração. Ele pode ser mais útil do que imagina.

Nairóbi soltou uma risada leve que deixou o Professor confuso. Havia dito algo errado?

— Quem diria, não? - disse ela se aproximando dele. - O Professor está ficando sentimental! Olhem essas bochechas coradas! - apontou para o rosto dele, que ficava cada vez mais envergonhado. - Quem poderia imaginar! - sua risada cativante conseguiu trazer um clima cômico para a situação. E, enquanto os outros brincavam sobre o assunto, Nairóbi soltou uma piscadela para Lisboa, que ficou tímida ao perceber aquilo."

Sérgio afastou a lembrança e voltou sua atenção para o presente momento. Alicia Sierra não parecia ser o tipo de pessoa dada a render-se com facilidade, então qual seria a razão de estar adentrando o território inimigo?

— Professor, ainda está aí? — a voz de Raquel ecoou através do comunicador. Parecia nervosa por não haver obtido resposta alguma.

— Sim… sim. Estou bem, não se preocupe. - respondeu ele de prontidão sem tirar os olhos de Alicia, temendo que ela pudesse tentar atacá-lo novamente. - Por favor, peça que Tóquio lhe designe sua função. Helsinki e Denver, favor voltar a fundição assim que possível. Não podemos perder mais tempo. Rio e Estocolmo, vigiem os reféns e tentem garantir que não haja outra fuga.

Ele então desligou o microfone e pegou uma cadeira, colocando-a em frente a inspetora.

— Creio que queira explicar melhor esse… acordo. Sente-se, por favor.

— Obrigada. Bem, onde estávamos? - perguntou de forma retórica enquanto acomodava-se. - Ah, sim. Como lhe disse a pouco, Tamayo certamente está com os nervos à flor da pele neste momento. Antes da coletiva de imprensa, durante o tempo em que estávamos sozinhos na tenda, ele me pediu que assumisse toda a culpa pela tortura contra Rio. Garantiu que a Polícia estaria ao meu lado, e que eu não iria para a cadeia de maneira alguma. Mas nós sabemos muito bem como são as pessoas, não é? Era visível sua intenção de evitar os holofotes e colocá-los todos sobre mim.

— Sim, entendo seu rancor contra Tamayo, mas há algo que ainda não parece se encaixar…

— E seria? - perguntou a inspetora tirando o óculos que usava, fazendo em seguida um rabo de cavalo em seu cabelo e deixando sua face mais visível.

— Por que escolheu vir aqui? Suponho que tenha influência dentro de seu ramo, e que poderia facilmente pedir ajuda para alguém aliado à Polícia.

Alicia então fixou seus olhos aos de Sérgio. Logo após, seu semblante ardiloso deu lugar à uma expressão comedida. Parecia um tanto reflexiva, e Sérgio pensou ter visto uma lágrima quase imperceptível ocupar seu olhar.

— Você não tem filhos, não é? Bom… eu sempre quis um. Talvez eu esteja sendo um pouco emotiva, mas acho que as cartas devem ser postas à mesa. Eu nunca, nunca em minha vida iria perdoar alguém caso acontecesse algo à um filho meu. E é isso que temo agora.

— Então não entendo sua decisão em ter levado o filho de Nairóbi para persuadi-la. - interrompeu o Professor com a voz firme. - Não lhe parece contraditório afirmar algo dessa natureza justo agora?

— Sabia que pensaria isso. - falou Alicia enquanto acariciava a própria barriga. - E sim, é totalmente normal achar ser uma contradição. Mas acho que posso provar ser útil para seu esquema, caso deixe-me terminar minhas considerações.

O Professor apenas assentiu e fez sinal para que continuasse. Se por um lado achava ser este o momento para apropriar-se do discurso que fizera para Nairóbi, outra parte de si pensava estar agindo como um traidor.

— Por ser eu a inspetora deste caso, sei quase todos os caminhos que essa operação irá tomar. Creio que... 90% de certeza de todas as ações. Além disso, conheço o perfil de quem está dentro daquela tenda. Mas, vamos deixar toda essa ladainha de lado. Estou aqui porque preciso juntar-me a vocês. É a única chance que terei de escapar sem ser notada e poder afastar essa criança de toda a mídia que anda perseguindo-me. Se não pode com seu inimigo, junte-se a ele. Não é assim como dizem?

— Como? - indagou Sérgio, cético diante das palavras de Alicia. - Ouça, não sei quanto Prieto ou qualquer outro lhe pagou para tentar convencer-me, mas posso pagar o dobro se deixar-nos em paz. O que acha?

Alicia juntou as mãos e respirou fundo, teria que provar de alguma forma que suas pretensões eram, de fato, verdadeiras. Pegou seu celular e abriu uma pasta de arquivos com vários documentos, e entregou para que o Professor segurasse.

— Esses são os documentos emitidos pelo juiz González para ordem de prisão imediata contra Raquel Murillo. Enquanto ela lhes fornecia seu depoimento, estavam prontos para levá-la diretamente para a cadeia e sem possibilidade de visitas. Também não é constado neste documento o tempo de pena que Raquel iria cumprir caso colaborasse com os agentes. Infelizmente, em um crime desta proporção, não há possibilidade de garantir redução de pena. Se ela estivesse nas mãos da Polícia neste momento, certamente estaria me xingando por ter-lhe prometido apenas 5 anos de reclusão. Ah, e este é apenas um dos documentos que possuo, porém posso entregar-lhe muito mais caso eu faça parte do plano.

Após ouvir tudo aquilo, Sérgio procurou seu celular em seu bolso e mandou uma mensagem para Marselha pedindo que viesse o mais rápido possível para o esconderijo. Poderia ser arriscado, contudo algo ecoava em sua mente lhe dizendo para fazer aquilo. Talvez estivesse brincando com fogo, mas possuir um membro da Polícia infiltrado em sua operação poderia ser a peça fundamental que lhe faltava para conseguir retirar todos do Banco com vida.

— Bem, ainda não estou totalmente seguro sobre suas palavras. No entanto lhe darei um voto de confiança. Faça com que valha a pena.

A inspetora então levantou-se e retirou seu casaco, sorrindo de forma enigmática. Fez uma longa pausa e aproximou-se da mesa, observando todo o equipamento eletrônico do Professor.

— Não se preocupe. Apenas pense em mim como sendo um cavalo de Troia prestes a surpreender aqueles queridos filhos da puta. Então… por onde começamos?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Se puder, deixem um comentário ou sugestão. Isso me motiva muito a continuar escrevendo!
Até a próxima ♥️



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