Copenhague escrita por Julie Morgan


Capítulo 12
Bomba relógio


Notas iniciais do capítulo

Olá xuxus! Como estão? Espero que bem!
Tive alguns probleminhas esses dias para poder escrever, mas já estou de volta e espero não ter demorado tanto assim :3
Bom, espero que gostem! Boa leitura à todos.



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No dia seguinte...

Alicia se revirou de um lado para o outro da cama, puxando a coberta mais para cima enquanto resmungava algo por acordar mas ainda assim estar sonolenta. Esfregou os olhos com certa preguiça e quando olhou para o lado não conseguiu deixar de esboçar um sorriso de canto. O dia anterior havia sido tão conturbado que ela não podia deixar de pensar o quanto daria para viver outros momentos como aquele que observava agora. Ibiza dormia profundamente no meio da cama, abrindo as pequenas mãos de vez em quando como se quisesse agarrar alguma coisa. Talvez estivesse sonhando com algo bom, mas Sierra não seria capaz de deduzir isso, afinal tampouco sabia se recém-nascidos eram realmente capazes de sonhar com algo.

Ela se levantou e esticou um pouco o corpo para sentir seu corpo fluir novamente, pois estivera muito tempo parada e isso a havia deixado um pouco desconfortável. Foi até o banheiro e lavou o rosto para despertar melhor e assimilar tudo. Roubo, plano, Professor, Ibiza, Diego… eram muitas palavras ao mesmo tempo, informações demais até mesmo para ela. Tentou então respirar fundo e se acalmar, indo até a cozinha para preparar algo para comer e distrair sua cabeça.

Estava preparando um chá quente, de costas para a entrada do cômodo, quando se virou e acabou recuando em um movimento súbito ao ver o Professor entrando no mesmo momento.

— Por Deus, me assustou! - ela falou um pouco nervosa, sentando em seguida próximo à bancada de granito. - Pensei que era a única acordada por aqui.

— Desculpe, também pensei o mesmo. E como está? Não acha que seria melhor manter um pouco de repouso antes de fazer qualquer coisa?

— Você me conhece, Professor. Um pouco, mas conhece. - ela disse dando de ombros. - Não vou ficar parada em uma cama sabendo que posso oferecer muito mais para o final deste plano. Que por falar nisso, nem imagino como deve estar ocorrendo dentro daquele Banco.

— Vamos tentar entrar em contato com eles novamente, daqui a pouco. Mas antes disso, queria lhe perguntar algo que acho importante eu estar informado. - ele afirmou ajeitando os óculos.

— E seria?

— Você e… Diego. Bom, não vou negar que eu lhe disse para tomar certa iniciativa alguns dias atrás, mas espero realmente que você esteja levando este conselho a sério. Porque seria muito ruim vê-lo criar esperanças por uma coisa sem fundamento.

— Acho que se não tivesse fundamento algum, nós dois teríamos observado, não acha? - ela questionou depois de tomar um gole de sua bebida. - Bom, não estou dizendo isso para soar arrogante. Apenas não quero que fique com a impressão de que o estou usando para tomar proveito disso tudo. Porque querendo ou não, creio que já causei essa impressão a vocês. Ou estou mentindo?

— Não, não está mentindo.- ele confirmou com um aceno. - Admito que isso já me passou pela cabeça uma vez, mas acho que agora estou vendo uma parte que jamais imaginaria, principalmente de você.

— Posso ser uma filha da puta. - ela falou balançando um pouco de sua caneca antes de tomar o resto do chá. - Porém filhas da puta também tem cá o seu nível de sentimentalismo. Bom, mas chega de conversas. Onde paramos em nosso plano? Você disse que eu teria que fingir me entregar.

— Bem, sim. Mas agora Ibiza também está conosco. Podemos ter que fazer algumas alterações caso…

— Não. Eu pensei melhor. Tive uma ideia. - ela falou se levantando e indo até a pia, e quando terminou de lavar o objeto voltou e se sentou novamente. - Se eu aparentar me entregar, e ainda por cima tendo Ibiza em jogo, podemos formular uma notícia falsa de que a Polícia está infringindo os direitos dela. Porque afinal de contas, eu não tenho parentes próximos que possam garantir a guarda dela caso eu seja presa. E ela é um bebê, não tem como se defender. 

— Não havia pensado nisto antes. E vinculando essa notícia, podemos manchar a imagem deles ainda mais. Já tínhamos o seu vídeo, e agora uma aparente detenção sua sem direito a contato com a filha. Sierra, sua mente é definitivamente brilhante. - ele falou animado com as mãos para cima.

— Agradeço o elogio. Mas vamos logo planejar isso então. E começar a execução o mais rápido possível.

— Sim. Vamos para a sala de operações, irei tentar entrar em contato com Tóquio e os outros.

Os dois foram então até o outro cômodo e ligaram os computadores, começando a organizar os papéis bagunçados do dia anterior e pensando em como voltar de onde haviam parado. Alicia pegou a lista que havia feito com os turnos dos agentes para verificar se havia esquecido algo, no entanto, antes que pudesse falar alguma coisa ao Professor, a voz de Marselha adentrando o espaço lhe chamou a atenção.

— Acho que alguém aqui acordou e dormiu de novo. - ele falou enquanto segurava Ibiza quieta em seu colo. - Não sei se irá querer ficar com ela agora ou…

— É claro. Vá comer alguma coisa. - ela falou o interrompendo e pegando Ibiza.

— Tem realmente certeza de que quer continuar agora? Se não estiver segura disso, não irei te forçar a nada.

— É que eu realmente preciso de algo assim, Professor, para me sentir mais… viva, sabe? É inevitável, não consigo dizer não à uma boa dose de adrenalina. - ela falou enquanto balançava a menina levemente e ia com ela até uma cadeira. - E não irei conseguir ficar totalmente quieta até que tudo isso esteja concluído.

— Entendo. Mas se precisar parar em algum momento ou não sentir bem, me avise. Qualquer coisa podemos conseguir ajuda exterior também.

— Obrigada. De verdade. - ela falou esboçando um sorriso de canto, ao mesmo tempo em que corria os dedos pelos cabelos de Ibiza. - Depois que terminarmos isso tudo, lhe prometo pagar uma bebida em comemoração. - ela riu.

— Vou agradecer o presente. - ele respondeu rindo também. - Ok, agora tentarei entrar em contato com Tóquio. Pode fazer uma inspeção rápida na rede para garantir que estamos criptografados?

— Um minuto. - ela pediu enquanto digitava com uma das mãos, e vagava o olho pelos códigos que apareciam na tela do computador. - Bem, tudo parece certo.

— Ótimo. - ele respondeu pegando o telefone e discando os números que desejava, esperando que do outro lado da linha alguém lhe respondesse. - Olá?

Momentos antes disso, no Banco da Espanha...

Palermo, Tóquio e Helsinque estavam na sala do Governador com Gandía, tentando extrair qualquer informação sobre o envolvimento dele com a Polícia para ao final tentar persuadi-lo, assim como o Professor havia informado.

— Você tem realmente noção do quanto está fodido? - Palermo falou com um sorriso cínico no rosto, frente à frente com aquele que jamais poderia perdoar por ter causado tanta dor para o seu grupo. - Você sequer pensou que não iríamos conseguir ter você em nossas mãos?

— Eu não estou nas mãos de ninguém. - ele respondeu confiante, tentando sem sucesso se soltar das amarras que lhe prendiam à cadeira em que estava. - Muito pelo contrário. Agora mesmo eu aposto que Tamayo está tentando encontrar uma maneira de me ajudar a terminar com vocês.

— Pois é aí que se engana. - ele retrucou com uma risada, tirando do bolso de sua calça vermelha um pequeno punhal de detalhes dourados, e começou a deslocar o objeto ao longo de toda a extensão de seu pescoço. - A Polícia tem problemas maiores para resolver agora, e se eu fosse você, começaria a buscar outras alternativas se quiser realmente sair vivo daqui. Porque, como bem sabe, a jugular é um ponto muito sensível do nosso corpo. E eu adoraria ter o prazer de abri-la sem ponderar mais.

Gandía respirou fundo, sentindo a ponta do objeto frio tocar a superfície fina de sua pele. Estava de mãos e pés atados, com duas armas lhe apontando a cabeça e um punhal no pescoço. Era inevitável pensar nesse momento em um possível desfecho trágico para si mesmo, mas ele não queria desistir assim tão fácil. Não por aquelas pessoas que ele considerava serem apenas mais alguns metidos a corajosos.

— Não sei o que vocês querem realmente comigo, mas… acho que eu tampouco tenho algo a perder. Vamos, se quiserem, podem me matar logo! Eu não ligo! Já consegui acabar com a amiguinha de vocês, então parte do meu objetivo já foi cumprido.

— Pobre Gandía. Realmente acha que queremos matá-lo? Sem mais nem menos? - Tóquio disse em uma tentativa de recuperar o rumo da situação, tentando não hesitar. - Você é muito mais valioso vivo, e tenho certeza de que irá concordar em colaborar conosco a partir de agora, caso queira… recuperar a sua família. E vê-los de novo é claro. - ela atestou segurando a arma mais firmemente, sentindo uma gota de suor lhe percorrer a testa.

— Não se intrometam nisso. - ele falou engolindo em seco, tendo os olhos enfurecidos e olhando para Tóquio como se quisesse incendiá-la em apenas um milésimo de segundo.

— Ah não? E por que? Algum problema? - ela indagou se aproximando mais sem olhar para Palermo, pois sabia que ele iria tentar questioná-la sobre uma decisão como aquelas. No entanto, antes que pudesse continuar conversando, sentiu um dos telefones que tinham ali vibrar em seu bolso, e ela então avisou com um aceno que iria ficar do lado de fora da sala, para que Gandía não pudesse escutar direito o que ela conversaria.

— Professor? É você? - ela perguntou colocando a arma em sua cintura.

— Olá? Sim sou eu. - ele falou depois de suspirar aliviado pela chamada ter sido atendida. - Como estão aí? Alguma atualização sobre o plano? Já conseguiram propor o acordo para Gandía?

— Ainda não. Ele está muito perseverante na palavra dele de tentar continuar atrás de nós. Mas acho que achei uma brecha no meio de tudo isso.

— Qual tipo de brecha, Tóquio? Não precisamos de mais conflitos à essa altura do campeonato. - ele falou andando de um lado para o outro, ajeitando seus óculos e sendo observado por Alicia, que tinha Ibiza no colo ainda dormindo e de vez em quando esticando os braços pequenos até seu ombro.

— Calma. Não irei fazer nada de errado. Eu apenas… - ela falou dando uma pausa e olhando para os lados para se certificar que não havia mais ninguém ali no corredor. - Disse que se fosse necessário, iríamos atrás da família dele. Só isso.

— “Só isso”? Tóquio, pelo amor de Deus. - o Professor exprimiu aumentando um pouco seu tom de voz. - Nós não podemos ter mais envolvidos nisso, nem prejudicar nenhuma outra pessoa.

Antes que ele pudesse continuar falando, Alicia estalou os dedos para lhe chamar a atenção, lhe pedindo que entregasse o telefone.

— Deixe que eu cuido disso. - ela falou com um sorriso confiante no rosto, mexendo em seu cabelo e colocando uma mecha atrás da orelha antes de começar a dialogar com Tóquio. O Professor ponderou um pouco antes disso, porém acabou considerando o pedido e entregou o aparelho para a ruiva. - Tóquio, não é? Copenhague falando. Primeiro de tudo, meu mais sincero bom dia à você.

— Você de novo… quem diria. - a outra respondeu com uma risada discreta. - Bom dia também. E se está nesta ligação para me importunar, não perca seu tempo, sinceramente. Temos coisas muito mais importantes a fazer.

— Está tirando conclusões precipitadas de mim, mocinha. - Alicia respondeu rindo um tanto irônica. - Na verdade, eu queria que me contasse as suas intenções agora. Pretendo ajudá-la.

— Olha, alguém aí está realmente empenhada. - ela disse em tom um pouco provocante, mas depois se conteve. - Pois então, o que me sugere fazer? Tenho dentro da sala atrás de mim o homem que… matou uma das minhas melhores amigas. Se souber realmente como posso encará-lo depois disso sem sentir sequer o mínimo de ódio…

— Bom, entendo seu lado. E não, não precisa deixar de sentir o que passa aí dentro de si. Respeite o seu tempo para digerir as coisas. Mas eu preciso Tóquio, deixar algo muito claro: controle é fundamental. Então, me diga, o que planejou fazer?

— Ameaçar a família dele em troca de ajuda para o plano. Bom, na verdade, eu estava fazendo isso agora mesmo antes de ligarem.

— Pois… - a ruiva falou enquanto mordia seu lábio inferior. - Sabe que não podemos fazer isso de verdade, não é? Então uma boa atuação deve bastar. Tente não olhá-lo exatamente nos olhos, pois uma mentira pode ser facilmente identificada por causa de nossas pupilas, que se dilatam nos momentos de pressão.

— E o que me diz dele? Como posso saber se ele está de fato convencido a nos ajudar?

— Observe a maneira como ele irá responder física e verbalmente. Se tiver reações demoradas, usar muitos detalhes, e manter contato visual excessivo, certamente está mentindo. Mas tente não repetir isso também, caso contrário você é quem poderá ter uma arma apontada em sua cabeça. - a ruiva advertiu.

— Entendi. - Tóquio respondeu respirando fundo antes de continuar. - Obrigada... talvez? Não sei se é isso o que eu deveria dizer, pelos claros motivos que você bem sabe, mas me sinto um pouco melhor em saber que não será a próxima a tentar nos matar.

— Me contento com um simples reconhecimento. - Alicia afirmou. - Porque agora nós temos alguns objetivos em comum, caso não tenha percebido ainda. Ah, e não se preocupe. Não tenho tido vontade de matá-los ultimamente. É cansativo demais para mim, sabe?

— Se você não fosse tão irônica, eu acreditaria cem por cento nisso. Mas ainda deixo uma porcentagem de dúvida guardada, se por acaso planejar uma traição ao grupo.

— Não sou do tipo que descumpre promessas, docinho. - a ruiva respondeu depois de suspirar. - Bem, faça o que precisar fazer e continue o plano com seus colegas aí dentro. E nem pense em fugir dele. - ela então desligou o celular e o jogou para o Professor, que o segurou no ar com ambas as mãos.

— Tóquio é uma bomba relógio. - o Professor respondeu pegando uma cadeira para se sentar também, na frente de Alicia. - E tenho certo receio de que ela fuja dos eixos em algum momento.

— Por isso lhe pedi o telefone. Para desarmar essa bomba. O início de um quase desespero seu era evidente. - Alicia disse e depois foi interrompida por Ibiza, que havia começado a chorar.

— Não se preocupe. Pode ficar sozinha com ela em outro lugar, no seu devido tempo. Eu tomo conta das coisas por aqui. - Sérgio lhe falou com um semblante amistoso.

Alicia apenas sorriu de volta e se retirou, indo para a antessala e em seguida para a entrada da casa, onde se sentou em uma das cadeiras estofadas para tentar amamentar Ibiza.

O Professor permaneceu dentro da sala, discando o número de Antoñanzas para conversar com ele, e logo que a chamada começou sentiu pelo tom de voz dele que talvez poderia haver algo mais ocorrendo naquela tenda.

 Professor? Não esperava uma ligação sua agora. Mas que bom que entrou em contato de novo.  - o agente perguntou do outro lado da linha.

— Sim, sou eu. E o que aconteceu? Alguma novidade que eu precise saber?

— Com certeza. Bom, serei direto para não levantar mais suspeitas e terminar a ligação depressa. E espero que esteja sentado para escutar.

Sérgio então engoliu em seco e se ajeitou melhor na cadeira, mantendo a postura reta e respirando fundo. Estava tão concentrado nas frases que iria escutar a seguir que ele sequer piscava ou ousava mexer algum músculo de seu corpo.

— Primeiro: estão começando a investigar o histórico dos agentes e tudo o que fizeram neste dias de assalto, como eu havia contado. E meu nome também está na lista, óbvio. Irão começar essa operação amanhã, pelo que soube. Então pelos próximos dias sinto não poder dar o auxílio devido.

— E segundo? - Sérgio perguntou enquanto roía suas unhas, tentando criar em sua mente de imediato outras alternativas para tal ocorrido.

— Encontraram o apartamento de Alicia Sierra. - ele falou sem hesitar, olhando para os lados enquanto andava rapidamente. - O nome dela já não saía da boca de todos na tenda, e agora é que definitivamente acho que não irá  sair tão cedo. A parte boa, é que com isso, acho que vocês terão mais facilidade para continuar o plano, já que ela virou praticamente o centro das atenções, não é? Ainda mais depois daquele vídeo que ela postou.

O Professor esfregou as mãos no rosto e tirou os óculos, bufando em seguida e fechando os olhos, apenas tentando respirar com mais concentração. Ele sabia que isso poderia acontecer, e a cada segundo mais que se passava, ele sentia como se o cerco ao se redor estivesse se fechando por todos os lados, restando pouquíssimas possibilidades a serem escolhidas.

Ele precisava pensar em como encontrar uma solução para o problema de Antoñanzas, pois ele agia praticamente como os olhos que ele não possuía dentro daquela tenda. E, também, se certificar que a Polícia não se aproximasse mais, já que Alicia agora fazia parte do grupo e qualquer problema que lhe envolvesse, poderia prejudicar também os outros. Portanto, era necessário agir rápido e com maestria, pois ainda havia muito mais a ser resolvido em um curto espaço de tempo, antes que pudessem por fim dar o lance final naquele verdadeiro jogo.

Assim como Tóquio, tudo aquilo poderia ser considerada uma típica bomba relógio, que precisava ser desarmada com cuidado.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Quero saber as opiniões de vocês, estou curiosa rsrsrs
Um abraço enorme e obrigada por estarem acompanhando, amo vocês!
Nos vemos no próximo ❤



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