Invisible Play - Level Up escrita por Douglastks52


Capítulo 4
Informações e Desafios


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Kurokawa abriu seus olhos muito mais cedo do que o habitual para uma manhã de sábado, seu corpo já tinha descansado o suficiente e sua frustração o impedia de continuar a dormir. Ele levantou-se de sua cama bruscamente e caminhou até o banheiro, onde tomou um rápido banho e mudou de roupas. Em seguida, desceu até a cozinha, pegou alguns sacos de caramelos, guardou-os em seu inventário e saiu porta a fora. 

Sua mente tinha um objetivo extremamente claro: ficar mais forte, apesar de ele ainda não ter pensado em como iria atingi-lo. Kurokawa sabia que a única forma de adquirir força era derrotando inimigos fortes e os únicos adversários dignos que conseguiu imaginar eram os dois jogadores que ele havia encontrado na floresta próxima à Vila. Ele fez o caminho até lá, percebendo que sua resistência e velocidade tinham aumentado significativamente em relação à primeira vez. 

Ao adentrar a floresta armadilhas começaram a ser acionadas e ele teve certeza que aqueles dois ainda estavam ali. Quando finalmente avistou a casa, Kurokawa imediatamente sentiu algo cortar seu rosto: 

—NÃO! VAI EMBORA! -Gritou Lum com seu revólver em mão. 

Kurokawa rapidamente sorriu, sacou sua espada e começou a movimentar-se entre as árvores: 

—Rum, aquele pirralho psicopata está aqui de novo! 

—Ah, não, mano... -Suspirou Rum de dentro da casa. -Demorou tanto tempo para reconstruir a casa... 

Lum disparou alguns tiros, mas Kurokawa conseguiu evitá-los a esconder-se atrás de árvores: 

—Qual é o teu problema? O que você quer de nós? -Gritou ele. 

Kurokawa não respondeu, ele apenas cortou uma árvore com sua espada e chutou-a na direção de Lum. Lum rapidamente percebeu o plano de Kurokawa e suspirou: 

—Vamos fazer do teu jeito então...Potência Dupla... 

Kurokawa avançou por trás da árvore que havia chutado na tentativa de proteger-se dos tiros e aproximar-se, mas seus instintos o fizeram perceber que algo muito errado estava prestes a acontecer. Mesmo sem entender exatamente porquê, ele deu um passo para o lado e abaixou sua cabeça. Antes mesmo que pudesse perceber, alguns de seus cabelos haviam sido arrancados.  

Sem entender o que tinha acabado de acontecer, ele imediatamente recuou para dentro da floresta de novo: 

—Você desviou daquilo? Parabéns, pirralho. -Disse Lum. -Eu vou te explicar uma coisa porque já percebi que você é extremamente teimoso. O feitiço que acabei de usar chama-se potência dupla, ele basicamente duplica o poder destrutivo e velocidade de meus tiros. 

Kurokawa olhou para a árvore que havia chutado e viu um buraco do tamanho de uma bola de futebol. Ele rapidamente começou a analisar as informações que tinha e formular um plano de contra-ataque: 

—Eu sei o que você está pensando, mas preste atenção, criança. -Continuou Lum. -Potência Tripla.  

A arma de Lum brilhou novamente: 

—Potência Quadrupla. 

E mais uma vez, a arma de Lum brilhou: 

—Esse feitiço acumula-se multiplicativamente, já que sou gentil, vou fazer os cálculos para você: meus tiros estão vinte e quatro vezes mais fortes nesse momento. E para você ter certeza que isso não foi um bluff... -Explicou Lum apontando sua arma para cima e disparando. 

O som já nem sequer lembrava uma arma, mas sim um canhão. A floresta estremeceu e as nuvens acima foram limpas: 

—Última vez que vou perguntar, pirralho, o que você quer? 

—Como eu faço para ter esse nível de poder? -Respondeu Kurokawa escondido. 

—Você é realmente só um pirralho... -Suspirou Lum guardando sua arma e caminhando para dentro de sua casa. -Entre, vamos conversar lá dentro. 

Kurokawa manteve-se escondido ainda receoso: 

—Você estaria morto antes mesmo de perceber se eu quisesse, apenas venha logo... 

Kurokawa caminhou lentamente ainda com sua espada em mão e adentrou aquela casa. Lum acendeu a luz: 

—Acorde, Rum, temos um cliente. 

Aquele outro homem rapidamente levantou-se de sua cama e abriu um grande sorriso em seu rosto: 

—Seja bem-vindo, é um prazer fazer...VOCÊ? LUM, PORQUE? 

—Fique calmo, lembre-se, clientes são clientes. -Disse Lum sentando-se e oferecendo uma cadeira a Kurokawa. 

Rum observava a situação um pouco distante e ainda confuso: 

—Qual é o vosso objetivo? -Perguntou Kurokawa sentando-se. 

—Basicamente, somos vendedores de informação, você perguntou antes como fazia para atingir o nosso nível, certo? Pelo preço certo conseguimos te vender essa informação. Me diga o quanto de dinheiro você está disposto a gastar e eu vou pensar nas informações que posso te vender. 

—Como eu sei que você não vai me vender informações falsas ou me fazer pagar um preço muito acima do normal? -Perguntou Kurokawa com uma postura arrogante. 

—Você não sabe, essa é uma troca como qualquer outra e puramente baseada em confiança mútua. Não é como se você tivesse outra opção de qualquer forma, para ter invadido essa floresta você deve estar bem desesperado. 

—Tudo bem... -Respondeu Kurokawa pensativo enquanto abria seu inventário. -Eu estou disposto a gastar 100 moedas. 

—Me deixa matar esse pirralho, por favor, Lum... -Disse Rum tentando caminhar na direção de Kurokawa mas sendo impedido. 

Lum respirou fundo enquanto apoiava seu rosto em suas mãos: 

—Você não faz a mínima ideia do que está acontecendo, não é mesmo, seu pirralho de merda? 

—Me chame de pirralho de merda mais uma vez que eu vou decepar tua cabeça! -Respondeu Kurokawa ficando agitado. 

—CALE A BOCA! -Gritou Lum perdendo a paciência. -100 IC NÃO DÁ NEM PARA LIMPAR A MINHA BUNDA! 

Ele respirou fundo de novo e tentou se acalmar: 

—Para pôr as coisas em perspectiva para você, um quilo de tomates são 30 IC. Você está tentando comprar informações de nível 100 ou superior...com a merda de três quilos de tomate... 

—Tá. Tudo bem. -Respondeu Kurokawa ainda irritado. -Me venda qualquer informação por essa quantia então. 

—Me dê o dinheiro primeiro, depois de tudo o que aconteceu, eu acho que você entende que eu tenho motivos para estar desconfiado. 

Kurokawa tirou 100 IC de seu inventário e entregou a Lum: 

—Okay, a Leste daqui, cerca de uns três quilómetros, você vai encontrar uma montanha com monstros. 

Houve silêncio por alguns segundos: 

—É só isso? -Perguntou Kurokawa. 

—SIM! -Gritou Rum. 

—Sim... -Respondeu Lum. -Vá para lá, derrote os monstros que encontrar e você deve ganhar alguns níveis com isso. E da próxima vez, por favor volte com mais dinheiro... 

—Tudo bem. -Disse Kurokawa levantando-se e indo embora. 

—Os monstros da montanha não são fortes demais para ele? -Perguntou Rum assim que Kurokawa saiu. 

—Ele gosta de desafios e mesmo se ele morrer, isso só significa que vamos ter paz por algum tempo. -Respondeu Lum voltando para a sua cama. 

Kurokawa correu com toda a motivação que tinha e não demorou muito para ver a tal montanha, que era muito maior do que ele imaginava. Ao começar a aproximar-se, um aviso surgiu em sua frente: 

—Nível mínimo recomendado para esta área - 30. 

Ele ignorou o aviso e continuou correndo. De um segundo para o outro, o chão abaixo de seus pés moveu-se. Ele conseguiu recuperar seu equilíbrio e pulou para longe ainda sem entender o que aconteceu. As rochas começaram a juntar-se e uma criatura humanoide formou-se à frente de Kurokawa. Ela urrou e tentou atingi-lo com um soco. Kurokawa esquivou-se, mas ele não esperava que algo tão pesado fosse tão rápido. Nesse momento, as palavras de Lum surgiram em sua mente: 

—” lógica do mundo real não se aplica aqui”. 

Ele manteve alguma distância enquanto tentava entender o comportamento da criatura. Ela urrou novamente e tentou acertá-lo com outro soco. Kurokawa esquivou-se novamente e chegou à conclusão de que estava sendo cauteloso demais, aquela criatura sequer possuía inteligência. Ele esperou por mais um ataque, concentrou força em sua espada, desviou-se e desferiu um golpe. Mas o resultado foi bem diferente do que ele esperava. 

Sua espada quebrou-se ao entrar em contacto com a pele da criatura e ele, surpreso com a situação, foi violentamente arremessado para longe com um soco. Ele rolou no chão e sentiu sua consciência lentamente desaparecendo, mas sem dar-lhe tempo para recuperar, aquele monstro avançou em sua direção e atacou. Kurokawa abriu seus olhos, rolou para longe e viu o chão onde estava deitado no segundo anterior ser destruído pelo ataque. 

Ele levantou-se enquanto tentava ignorar a dor, mas com certeza haviam ossos quebrados dentro de seu corpo: 

—Vida...como eu faço para ver minha vida... -Pensava ele ainda atordoado. -Ah, a interface... 

Ele abriu-a e percebeu que tinha perdido cerca de 50% de sua vida com aquele ataque. A situação parecia desesperadora, mas ele lembrou-se que conseguia curar-se usando concentração e mana. Mas o monstro não pretendia dar-lhe tempo para fazer isso. Desviar-se dos ataques agora era bem mais difícil devido a dor e ao cansaço em seu corpo. Mas mesmo assim, ele conseguia fazê-lo. 

Entre os ataques da criatura, Kurokawa fazia o seu melhor para curar-se, independente de quão insignificante a quantia fosse. Após incontáveis minutos de batalha, ele havia finalmente recuperado vida o suficiente para começar o contra-ataque. O monstro atacou novamente e ele, mesmo sabendo que era uma ideia estúpida, decidiu desferir um soco. Seu punho imediatamente começou a sangrar e sua vida diminuiu um pouco: 

—Eu tinha que tentar para ter certeza que não funcionava... -Pensou Kurokawa recuando. 

Ele tentava manter distância enquanto formulava um plano. A besta demonstrando ira, arrancou um pedaço do chão e arremessou-o na direção de Kurokawa. Ele esquivou-se por pouco: 

—Isso é novo... 

Os projéteis arremessados eram mais difíceis de esquivar do que ataques normais então Kurokawa decidiu retornar ao combate corpo-a-corpo. Aquilo desferiu outro ataque e Kurokawa, já sem outras ideias, decidiu desviar-se e agarrá-lo. Ele cerrou seus dentes, firmou seus pés no chão, adotou a postura correta e tentou arremessar a criatura por cima de seu ombro. O seu peso era surreal, não era algo que um humano pudesse suportar. 

Mas Kurokawa não tinha nenhuma outra opção a não ser aquela. Ele reuniu toda a força em seu corpo e de alguma forma conseguiu arremessá-lo. O monstro caiu de costas no chão e Kurokawa recuou um pouco. Seu corpo inteiro estava exausto, seus braços e pernas quase não tinha mais forças e até mesmo uma parte de sua mana tinha sido consumida naquele ataque. Com uma respiração muito ofegante, ele abriu sua interface e conferiu o dano que havia causado: 

—Ele perdeu...2% de vida... 


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Notas finais do capítulo

Vêem? Eu começo a narrar a história do ponto de vista do Kurokawa e a porradaria começa a comer solta.