Invisible Play - Level Up escrita por Douglastks52


Capítulo 2
Fracasso e Sucesso


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788939/chapter/2

—PARE DE FUGIR!!!! -Gritou Kurokawa arremessando sua espada. 

—Pare de me perseguir então! -Retrucou Raizer desviando-se da espada. 

—Então me dê o amuleto! -Gritou Kurokawa recuperando sua espada. 

—Você nem sabe para que ele serve. 

—Você também não! 

Raizer pulou do teto de uma casa para outro e parou de correr, Kurokawa, já cansado, não conseguia fazer o pulo e por isso também parou: 

—Porque você quer o amuleto? -Perguntou Raizer. 

—Obviamente para fazer a missão, idiota! -Retrucou Kurokawa arfando. 

—Você não entende o valor desse amuleto, essa missão está relacionada com a história dessa cidade, dependendo da forma que você agir, você pode alterar completamente a vida de cada um dos moradores dessa cidade. -Gritou Raizer. -Você tem a determinação para carregar esse fardo? 

—Como se eu quisesse saber! Eu fui arrastado nessa história toda então ninguém pode me culpar por eu agir da forma que eu quiser! -Retrucou Kurokawa. -E você? Senhor moralmente correto? Você tem a determinação para carregar a vida dessas pessoas? Mesmo quando tudo o que você sabe fazer é fugir de mim? Você fala demais, mas até agora eu não vi você dar suporte nenhum às suas palavras. Qualquer um consegue ficar vomitando palavras bonitas, até mesmo eu. Mas você tem a força para fazer as suas palavras se tornarem realidade? 

Raizer permaneceu calado durante alguns segundos e logo em seguida pulou para o telhado onde Kurokawa estava: 

—Decidiu parar de correr então?  

Raizer cerrou seus punhos e pela primeira vez encarou Kurokawa como um oponente: 

—Eu peço desculpas por ter questionado a tua determinação, minha opinião acerca de você mudou. Posso saber teu nome? 

—É Kurokawa, e vamos deixar a conversa para depois. 

Kurokawa com o item que tinha adquirido em sua primeira missão conseguia ver que seu oponente era nível 25 então ele achava que não fosse ter muitos problemas. Mas tudo mudou quando Raizer começou a caminhar em sua direção. Suas mãos começaram a suar, suas pernas começaram a tremer e sua respiração ficou ofegante. Nem mesmo Kurokawa entendia o que estava acontecendo com o seu corpo, mas quando Raizer avançou em sua direção, ele entendeu. 

Medo. 

Raizer disparou uma barragem de socos que Kurokawa quase nem foi capaz de ver. Felizmente os ataques de Raizer não haviam causado muitos danos e Kurokawa teve tempo de recuar: 

—Você é forte, Kurokawa. -Disse Raizer caminhando em sua direção. -Eu consigo perceber isso por causa dessa troca de golpes. 

Kurokawa não respondeu enquanto tentava-se acalmar. Raizer avançou mais uma vez distribuindo uma barragem de socos e Kurokawa dessa vez conseguiu bloquear a maioria deles com a sua espada. Achando que já tinha a situação sobre controle, Kurokawa concentrou sua força em sua espada e avançou. Mas Raizer permaneceu parado a espera. E no instante que o jovem de cabelos negros estava prestes a desferir o seu ataque, Raizer sussurrou: 

—Eu espero que possamos ser amigos depois disso. 

A lâmina de Kurokawa avançou com mais velocidade e força do que nunca, mas Raizer apenas bloqueou aquele ataque com o seu braço. Raizer não tinha usado nenhuma habilidade, mas Kurokawa viu uma grande quantidade de mana ser expelida do braço dele no momento do ataque. A lâmina de Kurokawa chocou-se contra algo tão resistente que dor espalhou-se pelo seu corpo inteiro.  

E antes que ele tivesse tempo de pensar em sua próxima ação, ele foi arremessado para cima com um golpe de Raizer. Kurokawa nem sequer entendia o que tinha acontecido, havia sido rápido demais para os seus seus olhos acompanharem. Raizer pulou e aproximou-se do corpo de Kurokawa no ar. No instante seguinte, Kurokawa havia percebido que tinha sofrido outro ataque porque seu corpo estava voando em direção ao telhado de uma casa. 

Depois do choque contra o telhado da casa, Kurokawa apenas teve tempo de ver Raizer indo embora antes de perder a consciência. Vários minutos mais cedo e não muito longe dali, Lizzy havia desistido de procurar por Kurokawa e decidiu aproveitar o evento sozinha: 

—É o Kurokawa, ele não vai morrer tão facilmente. -Pensou ela caminhando em direção ao centro do evento. -Por outro lado, eu também tenho os meus objetivos... 

No centro da cidade, a concentração de pessoas era ainda maior. Haviam guildas inteiras reunidas aqui para juntar recursos e informações. Mas em meio a tantas pessoas, Lizzy não sabia como agir para atingir seus objetivos: 

—Eu acho que deveria começar falando com NPCs para ver que tipo de missões eles estão distribuindo. -Pensou ela. 

Ela abriu seu mapa, conferiu a posição de NPCs à sua volta e caminhou na direção do mais próximo: 

—Ah, olá...senhor NPC, o senhor precisa de ajuda com alguma coisa? -Perguntou ela timidamente. 

—Olá, jovem senhorita, agora que você toca no assunto, sim, eu precisava de ajuda com algo... -Respondeu aquele homem. 

Lizzy viu um aviso surgir em sua interface: 

—Missão - “O resgate do gato Biscoito” Aceite. 

Ela suspirou fundo decepcionada: 

—Deixe-me adivinhar, o senhor quer que eu salve o teu gato? 

—Oh, ho, além de bonita, você também é inteligente? -Sorriu ele. 

—Obrigada... -Respondeu Lizzy corando e indo para a posição marcada em seu mapa onde o gato estava. 

Alguns minutos mais tarde, ela voltou com o gato em seus braços e entregou-o para o seu dono: 

—Muito obrigado, aqui está a sua recompensa.  

Lizzy olhando para a quantidade de dinheiro e experiência que tinha recebido começou a refletir sobre a sua vida: 

—Eu vim aqui fazer algo importante, porque eu estou salvando gatos de árvores? 

Ela suspirou e voltou a focar-se em seu objetivo: 

—Tentar adivinhar qual NPC tem a missão que eu quero é impossível, acho melhor tentar falar com alguns jogadores para ver se consigo mais informações.  

Ela abriu seu mapa mais uma vez e percebeu que estava próxima a alguns jogadores que pertenciam a uma guilda. Ela juntou toda a confiança que tinha e caminhou até eles: 

—Nesse mundo somos predadores ou presas. -Repetia ela para si mesma. -Se você agir como presa, você será devorada! 

Ela aproximou–se dos jogadores e cuspiu no chão: 

—Meus irmãos, como tem sido esse glorioso dia de evento? 

Todos eles olharam confusos para ela: 

—Ei, alguém conhece essa pirralha? -Perguntou um deles.  

—Quem se importa, dê o fora, estamos ocupados. -Disse o outro. 

Lizzy encarou-os por mais alguns segundos, virou-se de costas e começou a caminhar para longe. Após estar longe o suficiente e sozinha, ela sentou-se e abraçou a si mesmo: 

—Ah...aquilo foi tão vergonhoso...eu fui rejeitada imediatamente...O que eu vou fazer agora... 

Ela manteve-se naquela posição durante alguns minutos até que se levantou bruscamente e bateu em seu rosto com suas mãos: 

—Não tenho tempo a perder! Eu vou voltar lá e dar um jeito. 

Lizzy voltou para o centro da cidade e focou-se novamente em seu objetivo: 

—Tudo bem, eu tenho cerca de três horas até o fim do evento, se eu for rápida, eu consigo terminar uma missão em vinte minutos. -Pensou ela abrindo seu mapa novamente. -No centro da cidade existem trinta NPCs. Ou seja, mesmo se eu desconsiderar todos os outros NPCs espalhados pela cidade, na melhor das hipóteses eu tenho 30% de chance de conseguir a missão que eu quero.  

Ela hesitou por um instante: 

—Vale realmente a pena tentar? 30% de chance é muito baixo. Mesmo se eu falhasse agora, eu tenho certeza que outra chance surgiria. Ah, eu tive uma ideia, eu posso ir atrás de Kurokawa, ele de certeza conseguiria fazer isso dar certo. Sim, é isso que vou fazer. 

Quando começou a caminhar para longe do centro da cidade, ela sentiu-se patética: 

—Eu só estou deixando minhas responsabilidades para outras pessoas...Eu continuo deixando tudo para a próxima vez...Eu estou cansada disso. Se não for agora, quando vai ser?  

Ela olhou para trás e entendeu o que tinha que fazer. Ela correu até o NPC mais próximo enquanto gritava: 

—Está tudo bem com você? -Perguntou o NPC. 

—Tanto faz! Me dê a missão! Eu não tenho tempo a perder! -Gritou Lizzy. 

Lizzy continuou falando com cada um dos NPCs e cumprindo suas missões. Ela focou-se completamente naquilo e quando percebeu as três horas já haviam passado. Ela olhou a sua volta e ainda viu vários NPCs. Ficando cada vez mais ansiosa e desesperada, ela correu até o NPC mais próximo para aceitar a missão. Mas antes que os dois pudessem interagir, o NPC desfez-se em partículas brilhantes: 

—O evento acabou... -Concluiu ela exausta. 

Simultaneamente, todos os outros NPCs começaram a desfazer-se e os jogadores começaram a ir embora. Em questão de minutos, Lizzy estava sozinha no centro de Kepler. Ela sentou-se tentando aceitar a situação: 

—Eu realmente me esforcei... -Pensava ela tentando conter suas lágrimas. -Eu dei o meu máximo...e mesmo assim... não foi o suficiente... eu acho que sou realmente inútil... 

—Não fique triste, jovem senhorita. -Disse aquela voz conhecida. -Existe um limite para aquilo que podemos fazer sozinhos, mas juntos, somos invencíveis. 

Lizzy levantou sua cabeça e viu que era o primeiro NPC que ela havia ajudado hoje: 

—Você não desapareceu? -Perguntou ela limpando suas lágrimas. 

—Não, eu faço parte de Kepler. -Respondeu aquele homem. -Mais importante que isso, Biscoito, leve Lizzy até aquele lugar, ainda há tempo. 

—Do que você está falando? Você só não desapareceu porque faz parte da cidade, o evento já acabou. Já é tarde demais. 

—Ah, minha criança, se você tivesse a sabedoria que eu tenho você entenderia. -Riu aquele NPC. -Mas não se preocupe, apenas siga Biscoito. 

Lizzy levantou-se sem muitas esperanças e apenas fez como o sugerido. Biscoito guiou-a até uma loja de chaves num canto afastado de Kepler. O gato percebendo que a porta não estava fechada entrou de imediato. Lizzy fez o mesmo: 

—Desculpa o incômodo...tem alguém aqui? 

A loja era pequena e facilmente passaria despercebida, mas por dentro a atmosfera era completamente diferente. Todas as paredes estavam repletas de chaves e nenhuma delas era sequer semelhante às outras. Lizzy continuou caminhando e viu um homem atrás de um balcão: 

—Com licença, você é o dono da loja? 

O homem virou-se e encarou Lizzy. Ele era um adulto de estatura pequena e bastante gordo: 

—Então Biscoito te trouxe até aqui, parabéns. 

—Obrigada? -Respondeu Lizzy confusa. -Eu ainda não entendi bem a situação. 

—A minha loja só fica aberta durante algum tempo após o evento e apenas aqueles que completaram missões pelo menos dez NPCs do evento podem entrá-la. Seja bem-vinda, Lizzy, a loja das chaves. Eu vendo chaves capazes de destravar qualquer segredo. O que você procura? 

Lizzy finalmente entendendo a situação em que se encontrava começou a chorar de novo: 

—Então o meu esforço não foi em vão... 

Ela limpou suas lágrimas e aproximou-se do balcão: 

—Senhor, eu quero informações sobre as bestas lendárias! 

—Seu pedido é uma ordem! 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Um capítulo mais focado na Lizzy já que o Kurokawa foi nocauteado em menos de dez segundos.