Invisible Play - Level Up escrita por Douglastks52


Capítulo 1
A Cidade Estrelada


Notas iniciais do capítulo

Mais um volume! E o evento começa! Boa leitura!



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Kurokawa chegou em casa, mais rápido do que nunca abriu a porta e correu até a cozinha: 

—Vamos então, Lizzy? 

—Eu estou fazendo o almoço... 

—Ninguém se importa com isso! -Exclamou ele ansioso. -Eu estou à espera desse dia há anos! 

—Foi só uma semana, Kurokawa. E você esteve todo esse tempo juntando experiência e lutando contra monstros. 

—Mas era sempre a mesma coisa, padrões repetitivos e simples. Eu quero inimigos de verdade! Vamos! Compramos comida lá! 

Lizzy suspirou e desligou o fogão: 

—Vamos então. 

Os dois caminharam para fora da casa, Kurokawa trancou-a e eles rapidamente correram em direção ao seu destino. Passados alguns minutos, Lizzy percebeu que a velocidade e resistência de Kurokawa tinham aumentado novamente. Lizzy entendia cada vez mais que a velocidade de evolução de Kurokawa era algo incompreensível. Se continuasse assim, não demoraria muito para ele atingir o seu patamar de força ou mesmo superá-la. 

Ainda enquanto corria, ela abriu sua interface e conferiu novamente o nível de Kurokawa: 

—Nível 25... -Leu ela. -Em apenas duas semanas... 

Ainda pensando sobre a situação, ela voltou-se para ele: 

—Você já conseguiu algum feitiço, Kurokawa? 

—Ainda não. -Respondeu ele. 

—Isso é tudo muito estranho...-Pensou ela. -Eu nunca ouvi falar de uma classe sem feitiços... 

—Lizzy, ainda estamos muito longe? -Perguntou Kurokawa. 

—Sim, se fossemos a pé até lá demoraríamos umas quatro horas para chegar. Mas não se preocupe, na Vila há um portal que te teletransporta para algumas cidades próximas. Então vamos para lá primeiro e de lá vamos para Kepler. 

Kurokawa balançou sua cabeça para mostrar que tinha entendido e os dois continuarem a correr. Vários minutos mais tarde, eles chegaram à Vila e entraram pelo caminho habitual. Dessa vez, todo aquele lugar se encontrava muito menos movimentado: 

—Isso está quase deserto. -Comentou Kurokawa. 

—É normal, a maioria das pessoas deve estar em Kepler nesse momento. Eventos são raros e muito atrativos. 

Os dois caminharam até um grande semicírculo feito de rochas em cima de um altar: 

Kurokawa, se aproxime do altar, abra a sua interface, você vai ver uma opção de teletransporte, selecione-a e selecione Kepler. -Instruiu Lizzy. -O preço deve ser uns 300 IC.  

—Eu nem sabia que tinha o dinheiro deste mundo. -Disse ele seguindo os conselhos de Lizzy. 

—Você consegue dinheiro ao derrotar monstros ou jogadores e também ao terminar missões, então é normal que você tenha.  

—Temos apenas um problema: Eu só tenho 500 disso. Se para voltar forem mais 300, eu não vou conseguir pagar. 

—Não tem problema, estamos indo para lá fazer missões então é normal que também consigamos dinheiro. -Disse Lizzy. -Quando chegar lá, tente não se afastar muito do portal. Kepler deve estar completamente lotada de jogadores então vai ser muito fácil nos separarmos um do outro. Entendeu? 

Ela olhou a sua volta e percebeu que Kurokawa já tinha ido: 

—Está tudo bem, ele não é estúpido o suficiente para se perder... -Disse Lizzy para si mesmo respirando fundo. 

Ela ativou o portal e foi teletransportada para Kepler também. Ao chegar lá, ela imediatamente começou a olhar a sua volta na esperança de encontrar Kurokawa. Mas seus esforços foram fúteis, a multidão era grande demais e Kurokawa tinha uma aparência muito ordinária: 

—Utilizar o mapa para tentar encontrá-lo agora seria impossível, os nomes ficariam sobrepostos pelo facto de tantos jogadores estarem na mesma área. Mas eu tenho uma ideia. -Pensou ela. -Eu consigo encontrar Kurokawa porque fazemos parte do mesmo grupo. 

Lizzy abre sua interface e percebe que não faz parte de nenhum grupo. Ela fica confusa por alguns instantes até lembrar-se que Kurokawa tinha saído do grupo por considerá-lo “chato e inútil”. Ela pressiona suas mãos contra seu rosto e não consegue controlar sua ira: 

—KUROKAWA!!!!!!!! 

Não muito longe dali, Kurokawa sentiu que tinha ouvido alguém chamar seu nome, mas decidiu ignorar e continuar explorando a cidade. Ele tinha chegado àquele lugar há pouco tempo, mas havia uma atmosfera no ar que o deixava inquieto. Diferente da Vila, todas as construções aqui eram mais avançadas e pareciam casais normais de uma vilarejo afastado das grandes cidades. 

Não haviam tantas lojas e conforme andava, ele via menos e menoNPCs: 

—Acho que estou indo na direção contrária do evento... -Pensou ele. 

Ainda confuso e um tanto perdido, ele viu uma praça à sua direita e decidiu ir conferi—la. Algumas crianças brincavam a volta de uma grande estátua no centro da praça. O fato de haver crianças que faziam parte do mundo de IP surpreendeu até mesmo Kurokawa. Ele continuou aproximando-se da estátua enquanto observava-a. Era um homem grande e forte, carregando um estandarte repleto de estrelas enquanto encarava o horizonte. Em baixo da estátua, era possível ler: 

—Ao herói que trouxe esperança dos céus. 

Uma senhora de longos cabelos grisalhos que percebeu que Kurokawa havia se interessado pela estátua começou a aproximar-se usando sua bengala: 

—Essa é uma estátua de uma lenda muito antiga dessa cidade, mas fico feliz que os mais novos ainda se interessem. 

—Eu não me interesso. -Respondeu Kurokawa parando de olhar para a estátua e seguindo seu caminho. 

No mesmo instante, ele percebeu que um aviso surgiu em sua interface: 

—Missão - “A lenda do herói dos céus” foi aceite. 

Kurokawa observou aquilo por alguns segundos tentando entender a situação: 

—Uma missão...? Mas eu nem sequer interagi com um NPC... 

Ele virou-se para a senhora com que havia acabado de falar: 

—Calma...você por acaso é um NPC? 

—Sim, eu sou aquilo que vocês jogadores chamam de NPC, apesar de eu ser um pouco diferente dos outros. -Sorriu ela. 

—Supostamente NPCs eram apenas cascas vazias sem almas, mas você parece bem viva. -Retrucou Kurokawa. 

—Não sei se é pelo fato de eu estar viva há muitos anos, ou se foi simplesmente assim que fui criada, mas é assim que sou. 

—Entendo, mas e essa missão que você me forçou a aceitar? 

—Essa é a uma missão especial, apenas certas pessoas são capazes de aceitá-la. 

—Já vou avisando, se não for nada que envolva batalhas então eu não me importo com essa missão.  

—Você é uma criança muito ansiosa. -Riu ela. -Mas infelizmente eu não posso te dizer o objetivo dessa missão. 

An? Como assim? É suposto eu terminar essa missão sem nem sequer saber o que estou fazendo? Que tipo de estupidez é essa? 

—Calma, eu vou te entregar esse item e com ele você entenderá o resto. -Respondeu ela tirando um amuleto de seu bolso. 

No momento em que o amuleto seria oferecido para Kurokawa, um corvo pousou nas mãos daquela senhora, arrancou o amuleto e levou-o para longe. Kurokawa continuou observando a senhora à espera de uma resposta: 

—Aquele amuleto não era suposto ser importante? -Perguntou ele. 

—Sim... -Respondeu ela envergonhada. -Vá atrás do corvo e recupere o amuleto, por favor. 

Kurokawa suspirou e começou a correr na direção para onde o corvo tinha ido: 

Espero que você não esteja só me fazendo perder tempo! -Gritou ele ao longe. 

O corvo continuou voando pela cidade até entrar num beco. Kurokawa continuou a segui-lo e ao entrar no beco se deparou com três homens, um deles tinha o corvo descansando em seu ombro. Rapidamente as coisas começaram a fazer sentido dentro de sua cabeça: 

—Calma...derrotar esses caras e recuperar o amuleto também faz parte da missão...aquela velha me enganou... 

—O que você está olhando, criança? -Disse o homem com o corvo percebendo a presença de Kurokawa. -Dê o fora daqui. 

Kurokawa abriu seu inventário e sacou sua espada: 

—Eu espero que vocês sejam fortes pelo menos... 

Ele disparou na direção daqueles homens, mas antes que pudesse fazer alguma coisa, uma outra pessoa caiu dos céus e amassou simultaneamente aqueles três homens com um soco. Eles e o corvo começaram a se desfazer em partículas brilhantes: 

—Eu sabia, aquilo fazia parte da missão. -Pensou Kurokawa 

Jackpot! -Disse o jovem que havia caído do céu pegando o amuleto. 

—Ei, ei, ei, esse amuleto é meu, o que você está fazendo? -Interrompeu Kurokawa. 

Aquele jovem de cabelos prateados e curtos com olhos cinzas fitou Kurokawa: 

—Calma, quem é você mesmo? 

—Eu sou a pessoa que deveria estar fazendo essa pergunta. -Retrucou Kurokawa. -Eu estava prestes a descer a porrada neles e você apareceu do nada. 

—Ah, desculpa, eu não sabia que havia outra pessoa fazendo a missão. -Disse aquele jovem aproximando-se e estendendo sua mão. -Eu sou Raizer. 

Kurokawa lembrou-se imediatamente desse nome: 

—Então você é Raizer! -Sorriu ele. -Apesar que eu estou um pouco decepcionado, eu esperava alguém mais intimidador. 

—Você me conhece? 

—Sim, você é a segunda pessoa a terminar o tutorial na primeira tentativa em muito tempo. 

—Interessante, eu não sabia que isso era uma informação pública. 

—Mas vamos deixar as formalidades de lado, nós dois precisamos do amuleto, mas só há um, você entende o que eu estou dizendo, certo? -Perguntou Kurokawa ficando animado. 

—Sim, claro que sim. -Respondeu Raizer cerrando seu punho. 

Os dois ficaram quietos por alguns segundos e depois avançaram simultaneamente: 

—Pedra, papel ou tesoura! -Gritou Raizer. 

An? -Disse Kurokawa abaixando sua espada. -Não, claro que não! Eu estou falando de uma batalha pelo amuleto. Você achou que eu fosse querer jogar pedra, papel ou tesoura pelo amuleto? 

—Pedra, papel ou tesoura seria muito mais divertido. Eu não gosto de ter de lutar contra humanos. 

—Você é muito mais decepcionante do que eu esperava. -Provocou Kurokawa. -Se não quer lutar, me dê o amuleto então. 

—Eu vou mudar as regras da batalha então, se você conseguir me pegar, o amuleto é teu, se eu conseguir fugir, o amuleto é meu! 

—Ei, do que você está falando? Vamos lutar... 

Antes que Kurokawa tivesse tempo de terminar sua frase, Raizer subiu as paredes daquele beco e desapareceu do campo de visão de Kurokawa: 

—Eu vou matar ele quando alcançá-lo... -Reclamou Kurokawa furioso. 


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Notas finais do capítulo

E as coisas já começaram a ficar agitadas! Encontrar alguém que não decide tudo na base da porrada como ele faz, de certeza, deixou o Kurokawa confuso.