Immortality escrita por lisa gautier


Capítulo 7
Capítulo Seis


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Estamos de acordo que todos estamos em ÊXTASE com o anúncio de Midnight Sun? Mal posso esperar para ler!
Enquanto isso... que tal mais um capítulo? Boa leitura e nos vemos lá embaixo!



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CAPÍTULO SEIS

 

Sentimentos Aterrorizantes

 

 

1922

 

 

 

Edward Cullen circulou lentamente entre as caravanas estacionadas, observando as cores brilhantes e os pêndulos e adornos que caíam de suas janelas. Analisou as portas e rodas talhadas manualmente, impecáveis, e deu-se por distraído quando um grupo de crianças passou correndo rente as suas pernas, fazendo seu longo casaco quase levantar voo: os pequenos gargalhavam e se empurravam, correndo pela campina iluminada por fogueiras. A garganta do vampiro apertou-se, arranhando-se de desejo: eles tinham um cheiro doce de sangue, puros de qualquer enfermidade.

Fechou os punhos, reprimindo tais sentimentos.

Não, não era um monstro completo. Jamais tocaria um dedo em uma criancinha, muito menos em homens e mulheres inocentes. Suas vítimas tinham um padrão: idade adulta e uma ficha criminal. Nunca, prometera a si mesmo e em nome das que amava, mataria um inocente. Fazia um ano que vivia daquela maneira, um nômade solitário e sempre faminto. Sua moral andava declinando, sofrendo alguns tremores — às vezes, questionava-se. Talvez não estivesse certo, nem um pouco correto. Talvez não fosse seu direito vingar outras mortes com mais mortes. No final do dia, uma morte continuava sendo uma morte; e a pessoa dada como vítima, apesar de todos seus pecados.

— Você não deveria estar aqui, rapaz. — uma voz rouca, envelhecida, surpreendeu Edward, que virou-se levemente para observar a anciã ao seu lado. A mulher tinha longos cabelos brancos trançados e enrolados ao redor da cabeça, como uma coroa, e uma pele manchada do sol. Sua mente era confusa para a leitura de Edward, sendo como um quebra-cabeça desmontado. — Não engane-se, conhecemos sua espécie. — continuou ela, olhando-o com severos olhos negros. — E sabemos o que você quer.

Edward piscou, engolindo a seco.

— O que um como você faria invadindo uma festa cigana? — continuou ela e ajeitou o xale estampado sob as costas, observando o cenário. Mais a frente, mesas de madeira lascada estendiam-se pela grama, sustentando um grande banquete. Entre as diversas fogueiras crepitando, homens tocavam violas enquanto damas, com saias cheias de camadas, dançavam alegremente com as crianças. Histórias, conhecidas apenas entre aqueles que falavam romani, passavam em frente, conhecendo a geração mais jovem. — Um vampir entre nós, logo hoje. Você quer um dos nossos…

— Por que não facilitar, então? — interrompeu Edward, ríspido, compreendendo pouco da mente daquela cigana idosa. Ficou em silêncio, sentindo-se como se enxergasse de fora do corpo, vendo a si mesmo; não falava com alguém há muito tempo e não tinha memória de sua voz ser tão fria. A senhora permaneceu reta. Seu nome era Daya e ela era a mais velha do grupo, sendo alvo de admiração por todos os outros; diziam que ela podia ler o futuro apenas encarando os olhos de alguém. Mas sua mente não mostrava nada além de desprezo para Edward.

Ela não era tola, notou ele, e muito menos inocente.

— Você sabe quem é. — disse ele.

O homem que Edward procurava, cujo nome era Johnny, estava perto fogueira menor, bêbado e paquerando uma mulher que, constrangida e incomodada, empurrava-o com toda a força que seus braços magrelos permitiam. Daya restringiu-se ao silêncio, presa em sua ansiedade e pensamentos; ela acreditava na liberdade, no respeito a vida. Não tolerava injustiças, era fato, mas acreditava que cabia ao seu povo julgar ou não as ações dos seus. Ela ouvira sobre vampiros, criaturas sedentas, desde que era uma menininha e aprendera desde muito nova que não seguro aproximar-se e muito menos negociar. Contudo, decidiu tentar sua sorte: tinha 89 anos e havia vivido o suficiente.

— Leve-me no lugar dele. — Daya virou-se, de repente, exasperada e segurou Edward pelo antebraço.

Edward exasperou-se.

— Deixei-o, por favor, ele é muito jovem, tem muito que aprender com a vida. — disse ela. Sua mente tornava-se turva, um turbilhão de memórias manchadas pelo nervosismo que a arrebatava no momento. Edward afastou a mão dela com gentileza, sentindo que estava fraco demais para qualquer contato mais longo com humanos. — Por favor — ela agarrou-o novamente e agora trazia lágrimas aos olhos. Seu coração batia aceleradamente, bombeando uma quantidade absurda de sangue pelo seu corpo. As bochechas dela estavam rubras e as mãos quentes e trêmulas. Edward mergulhou em um oceano de pavor enquanto sentia a gengiva coçar e a boca salivar. — Por favor, por favor… Leve-me no lugar dele.

Edward retesou e prendeu a respiração, tentando bloquear o sabor de sangue quase palpável.

— Mas não faça nada aqui, por favor, eu imploro — agora as lágrimas escorriam. — Eu nasci aqui, e aqui casei. Todos meus filhos nasceram nessa terra também.

Bruscamente, Edward afastou-a. Sua presença era forte demais, o sangue borbulhante demais. Sua força, tão desmedida e fora de controle, fez com que a pobre mulher caísse no chão. Ela ergueu os olhos, olhando-o com um misto de desgosto e medo. Ele quis se desculpar, estender-lhe a mão e garantir que nunca faria mal para alguém como ela — mas seria irônico demais, pois há cinco minutos planejava dilacerar o bisneto dela. Seria ofensivo, tão ofensivo quanto o tombo que a submetera. Edward encolheu-se diante daquele olhar negro, acovardando-se e repreendendo-se.

Deu passos para trás, retornando para as sombras de onde surgira.

Seu corpo inteiro doía, com fome e uma espécie nova de medo.

O estômago pesava, apesar de vazio, e sua boca parecia seca, implorando uma dose de sangue para se hidratar. Ele nunca fora reconhecido por um humano antes, pensava ele, correndo pela floresta úmida e escura. Não, não temia aquela humana. Mas havia algo de inquietante na maneira que ela conduzira a conversa, como se carregasse o peso do mundo nas costas. E sua mente, chocava-se Edward, continuava desfigurada, pouco compreensível. Ah, ainda havia a sua sede estupidamente incontrolável: mais alguns minutos e teria destroçado a vida daquela anciã! Quilômetros adiante, ele parou — talvez tivesse saído do estado, não sabia, não tinha noção; corria muito mais rápido que os outros de sua espécie. Escorou-se em um pinheiro, tentando acalmar os nervos e absorver melhor as informações.

Pouco aprendera com Carlisle antes de partir. Lera e ouvira alguma coisa sobre os indígenas conhecerem os vampiros, sobre serem inimigos naturais da espécie, mas jamais ouvira sobre o povo romeno. Sentiu-se exposto e, acima de tudo, imaturo, como uma criança, que se distraíra com alguns badulaques. Um sentimento novo de desagrado invadia seu ser, tomando conta da cabeça aos pés; alguém sabia o que ele faria, conhecia o lado mais sujo de sua natureza. Seus atos nunca se tornariam menores pela falta de conhecimento público, mas, com aqueles olhos negros, soava mil vezes maior. Ele não era a única consciência naquela narrativa, nunca mais seria. Flagrou-se pensando naquele rapaz, Johnny, que há poucos minutos planejava rasgar o pescoço.

Apesar do silêncio da floresta, um jorro de vozes invadiu a mente de Edward; estava rodeado de mães, esposas, filhos e todas as outras criaturas que ele havia influenciado a vida de alguma maneira. Mal sentia, mas esfarelava a socos furiosos uma antiga árvore. Gritou, frustrado, tremendo. Era mais um daqueles episódios de moral, soube ele, finalmente catalisado. Edward encolheu-se entre os pedaços de madeira, escondendo o rosto entre os joelhos e agarrando-se com força aos próprios cabelos. Estava muito perto de enlouquecer, diagnosticou-se, sentindo que nunca seria capaz de recuperar o equilíbrio novamente.

 

[…]

 

Era perto das 19h quando Bella encheu uma banheira de água, misturando a água fria da torneira com chaleiras e chaleiras d’água fervente; a mistura resultou em um morno agradável, logo sendo preenchido de bolhas cheirosas. Nessie pulou na água, animada, e Bella gargalhou, erguendo a saia para poder ajoelhar-se à banheira: carinhosamente, esfregou xampu de morangos por sua cabecinha, fazendo com os cachos acobreados virassem uma confusão de espuma. Ela era linda, observava Bella, orgulhando-se de como cuidava bem da menina; começava a perder os traços de bebê, adquirindo a beleza de uma criança matura. Ainda era um pouquinho gorducha e tinha crescido muito de um verão para o outro, tendo multiplicado de altura.

— Você vai ficar tão cheirosinha! — Bella não conseguiu segurar o comentário. Nessie riu e puxou um potinho transparente, virando-o na própria cabeça enquanto Bella esfregava delicadamente, enxaguando-a agora. Sua única dificuldade era lavar os cabelos, sabia Bella, e logo deixou a criança terminar o banho sozinha, ora sim e ora não distraindo-se com sua própria imaginação e brincadeiras. Bella velava-a do umbral da porta, sempre muito temerosa que algo acontecesse. Se Nessie desse um espirro, ela estaria ali no mesmo segundo.

Alice, que como de costume estava ali, atendia a porta da frente, conversando animadamente com um jovem engraxate. Quando a porta fechou-se, andou animadamente até Bella, quase flutuando. Parou ao seu lado. As mãos estavam atrás das costas, de maneira muito suspeita. Bella crispou a boca.

— O que você aprontou agora? — perguntou.

— Eu não pude resistir! — disse ela, mostrando-lhe uma linda caixa listrada de roxo e branco. Abriu-a, retirando a tampa redonda, e puxou uma camada de papel rosado, revelando um belo vestidinho infantil.

— Alice! — ralhou Bella.

— Por favor, por favor, Bella, por favor! Não seja chata! — ela quase pulava de tanta alegria. — Você ama cuidar da Nessie!

— Claro — disse ela com incredulidade. — Mas, meu Deus, Alice, eu não quero que você fique gastando o seu dinheiro conosco! — disse no plural, memorando-se que semana passada Alice lhe presenteara com uma luxuosa camisola bordada.

— Não é nada demais. — disse ela, mostrando-lhe a língua.

— Para você, talvez — suspirou Bella. — Eu não sei como retribuir, Alice. Você nunca aceita nada, nunca precisa de nada e, bem, não é como se eu pudesse comprar um presente: você tem a cidade inteira dentro de casa!

Alice riu alto e deu um tapinha no ar.

— Deixe de ser boba, Bella — pediu com humor. — Você é minha única amiga nessa cidade e não há nada a ser retribuído, pois não é uma dívida! Relaxe um pouco. — sua voz era carinhosa. — Eu tenho mais dinheiro que preciso, deixe-me investir um pouco nas pessoas que gosto. — e invadiu o banheiro, tirando o vestido da caixa. Bella acompanhou-a de olhos arregalados e Nessie, que sentada brincava de fazer bolhas com as mãos, abriu a boca em um perfeito “O” quando viu o vestido. — Sim, sim! Você é uma das minhas! — Alice bateu palminhas, celebrando a animação nos olhos da criança. — Ela é uma das minhas, Bella! Venha, venha Nessie, você vai ficar linda nesse vestido!

Alice encheu os braços de Bella com a caixa e vestido. Ajudou a menininha a sair da banheira e enrolou-a numa toalha felpuda; com um braço, pegou Nessie no colo e com o outro pegou o vestido que a amiga segurava, ainda muito aturdida com aquela mudança de humores. Alice levou Nessie até o quarto de Bella, onde ela normalmente se vestia, e auxiliou-a a se preparar. Antes que a criança se vestisse, secou agilmente seus cabelos, deixando-os toleravelmente úmidos.

— Eu quero me ver no espelho, tia Alice! — Nessie estava inquieta enquanto Alice fechava os botões do vestido.

— Já vai, já vai — garantiu.

Bella, que observava tudo em silêncio, escorou-se no armário de roupas. Foi atingida por um daqueles pavores que sentia quando se apegava a alguém; o medo iminente de perdê-los. Sentira o mesmo com Edward, sentia com Nessie e agora via aquilo em Alice, notando que sua filha chamava-a de tia. Puxou o ar, respirando com força.

— Pronto! — Nessie saltitou pelo quarto, indo até o espelho comprido e arredondado. Olhava-se com encanto, apaixonada pelos detalhes da saia: esticou-a pros lados, vendo o quão redonda era. Deu uma voltinha. E deu outra voltinha. Voltou correndo para Alice, enchendo-lhe de beijos. Alice abraçou-a. — Sim, você está linda! Eu disse que ficaria! Ah, Bella, ela não é perfeita?

Nessie dançou até Bella, mostrando-lhe o girar malabarístico da roupa. Bella abaixou-se a altura da filha, não podendo fazer nada além de render-se em elogios. Nessie ria e agradecia, ruborizando da mesma maneira que Isabella fazia. Ela ergueu os olhos da menina, pronta para ceder aos mimos de Alice, mas acabou engolindo as próprias palavras quando viu a paralisia que acometia a amiga: Alice estava com o rosto anuviado, os olhos sem foco e a respiração incorreta. Bella vira aquilo antes, conhecia os sintomas. Estava tendo uma visão.

Sabendo que as visões eram momentos desagradáveis, mas que faziam parte de Alice, decidiu dar-lhe privacidade, para que pudesse acalmar-se sem grandes barulhos. Convidou Nessie para ir até a sala, apresentar as bonecas do sofá seu vestido novo. A criança, de bom grado, saiu faceira.

Demoraram alguns minutos até que Alice voltasse a piscar e enxergasse os móveis, as paredes, ao seu redor. Mordeu a boca, sabendo que nunca tivera uma vislumbre tão longo e intenso. Respirou fundo, apenas por mania, e ajeitou a postura. Levantou-se e andou, sabendo que um vampiro chorava na floresta, arrependido de seus atos; estava muito próximo de uma grande mudança, pressentia ela.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, me digam: o que estão achando da história? Está boa?
Quais suas teorias para os futuros acontecimentos? Me contem!
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