O Despertar dos Sentidos LIVRO 1 escrita por Shirley Santos


Capítulo 9
8 - UM Jantar Para SE Conhecerem




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Simone sai de sua sala, retorna ao andar administrativo seguindo para sala de Camila, onde Júlio lhe aguarda ansioso na porta:

— Podemos ir? – ele pergunta demonstrando sua alegria evidente.

— Sim. Podemos. – ela mostra um sorriso amarelo.

Caminham em direção à saída, passam pela mesa de Diana que está terminando de arrumá-la, acompanhada de Rick.

— Pronto, meu amor. Podemos ir agora. – diz Diana ao marido.

Rick arregala os olhos ao perceber que Simone ouvira as palavras de Diana, ele fecha os olhos e suspira profundamente, abrindo-os em seguida.

Simone tenta disfarçar sua surpresa ao questionar Júlio:

— Aonde você vai me levar?

— Antes de tudo, gosta de comida japonesa? – pergunta pegando a mão de Simone e fitando seus olhos com curiosidade latente.

— Sim. Gosto. – Simone encara a mão de Júlio segurando a sua.

— Então, vou levá-la em um restaurante japonês maravilhoso. – diz sorrindo com os olhos contraídos pela alegria.

— Hum... muito bom. – a ruiva sorri levemente.

Júlio aperta o botão do elevador que, um segundo depois, abre suas portas. Ele e Simone entram, seguidos por Rick e Diana, todos vão direto para o estacionamento no subsolo.

O casal Rick e Diana saem primeiro do elevador, em seguida o moreno gesticula dando passagem para Simone, depois de soltar-lhe a mão:

— Primeiro a dama!

Simone se encanta com o gesto de gentileza e agradece ao sair.

Rick e Diana seguem até o carro dele, um veículo tipo sedan de luxo na cor prata. O casal entra no automóvel, porém não partem. Pelos espelhos retrovisores o executivo observa o outro casal. Em seus pensamentos deseja seguir a Simone, deseja saber onde o Júlio a levará e o que irá fazer com a ruiva.

Quase deixa transparecer o ciúme que sente para sua esposa. Porém, sua razão é mais forte do que seu instinto. Permite que Júlio saia com seu carro primeiro, logo depois liga o seu e parte sob uma chuva de protestos de Diana que reclama dá demora em sair.

 

(***)

 

Cesar e Camila conversam na sala de estar na mansão dos Miranda, cada um bebendo uma taça de vinho, quando Carmela anuncia que o jantar já está servido.

— E o Júlio? Não vamos esperá-lo? – indaga Cesar.

— Acredito que não será possível. Ele disse que iria convidar a Simone para jantar. Como não chegou até agora é possível que ela tenha aceitado.

No mesmo instante em que Camila pronuncia essas palavras Cesar empalidece, sente uma dor no estômago com os pensamentos perversos que lhe passam na mente. Cenas de Júlio e Simone jantando, conversando, rindo, ele fazendo galanteios, ela aceitando tudo, por fim os dois indo para um motel. Todos estes pensamentos sacodem a mente de Cesar como um furacão.

— Ei? O que acontece com você? – indaga Camila preocupada. — De repente ficou pálido. Está passando mal?

— Não é nada! – responde rispidamente — Perdi o apetite. Vou me deitar.

— Você ficou assim depois que falei que o Júlio ia sair com a Simone. O que está acontecendo? Quem é ela? É uma das suas ex?

— Ela não é nada minha! Pare de falar sandices e me deixe em paz! – rosna encarando sua esposa com olhar furioso.

Em seguida, sobe as escadas calmamente, mas bate a porta do quarto com força por causa da raiva que sente, refletindo"Não pode ser! Logo com o Júlio você foi sair, Simone. O mais galinha e depravado de todos nós. Você tem que resistir aos galanteios dele. Lembre-se que você me ama. Eu sei que me ama!".

 

(***)

 

Júlio e Simone chegam ao restaurante japonês. O playboy desce do carro, dá à volta apressadamente, porém elegantemente para abrir a porta da executiva em um gesto de gentileza.

A hostess do restaurante os atende gentilmente, os leva até uma mesa para dois. O sommelier leva a carta de bebidas até Júlio que escolhe o melhor saquê da casa. Logo depois, o garçom entrega o menu para os dois, eis que o moreno pergunta gentilmente:

— Você tem alguma preferência, Simone, ou quer que eu escolha para você?

— Sinto dizer que experimentei somente uma vez a cozinha japonesa, de forma que não conheço bem os pratos.

— Hum... então me permite escolher? – murmura sorrindo.

— Sim. Claro. – responde consentido com a cabeça.

Ele escolhe um combo especial com 54 peças que vem dentro de um barquinho, dentre elas sashimi de salmão; nigiri de atum, salmão, agulhão branco, camarão, kani e mais alguns outros. 

A conversa entre os dois começa um pouco formal:

— Simone... – começa colocando as duas mãos esticadas sobre a mesa, bem próximas das mãos dela, fitando os olhos da ruiva — Gostou do seu primeiro dia de trabalho?

— Sim. Foi muito... – ela hesita por um momento — Bom! – conclui.

— Qual foi sua primeira impressão sobre a Miranda?

— Uma empresa grandiosa, que tem a capacidade de realizar grandes trabalhos. Acredito que vou conseguir que a boa reputação dela continue.

Júlio decide perguntar sobre a vida íntima de Simone, no mesmo instante que encosta seus dedos nos dedos dela.

— Você disse que se formou no Rio de Janeiro, mas não é de lá. Então, me conta um pouco mais sobre você.

— Como sabe que não sou de lá? – ela contrai os braços e coloca as mãos sobre seu colo.

— Porque mesmo falando um pouquinho de "carioquês" você mantém o sotaque dos paulistas da região de Campinas e Piracicaba, com o "r" de "porta" e "carne". Sabe, tem um pouquinho de ambiente rural na sua fala.

— Você quer dizer caipira. Tem alguma coisa contra?

O garçom chega com a bebida, coloca primeiro no copo de Júlio para ele experimentar. O playboy prova a bebida, acena com a cabeça para que seja colocado o líquido no copo dela. Depois de servir a executiva, o garçom se afasta, então o moreno murmura com semblante sério:

— Não tenho nada contra, Simone, muito pelo contrário, achei charmoso seu jeito de falar. Adorei essa mistura.

A ruiva pega o copo, experimenta o saquê refletindo, "O que devo dizer? Não posso falar muita coisa. E se eu me esquivar?". Então, ela coloca o copo sobre a mesa, murmura tentando fugir do assunto:

— Bom, minha história é um pouco complicada. É muito difícil para mim falar sobre.

— Ok. Então, vamos aos poucos. Por que escolheu cinema?

Simone abaixa a cabeça, depois de beber outro gole de saquê. Em seguida, com um sorriso deslumbrante e olhos brilhando de alegria, ela fixa seu olhar na face de Júlio que se surpreende com o semblante da ruiva, abre levemente os lábios sugando lentamente o máximo de ar que seus pulmões são capazes. Ele jamais viu um olhar e um sorriso como os dela, se sente perdido nesses olhos brilhantes.

— Por que Cinema? Nunca me fizeram esta pergunta, mas posso responder da seguinte forma. – começa empolgada – Amo do fundo do meu coração! Antes, sempre pensava em como os diretores têm a capacidade de contar histórias tão magnificamente. Histórias tão cheias de vida, que as pessoas são capazes de esquecer seus problemas, entram nelas de tal forma que se emocionam. Elas riem, choram, se assustam, torcem a favor dos mocinhos, amam e odeiam os vilões. Uma história bem contada faz isso com as pessoas e tudo isso me fascina desde que me conheço por gente. O primeiro diretor que admirei e o admiro até hoje me fez sonhar muito quando ainda era pequena.

— E quem foi esse grande diretor? – pergunta ainda fascinado com o rosto cheio de emoção da executiva.

— George Lucas! O grande criador de Star Wars.

— Então, ele é a sua inspiração para se tornar uma cineasta? – Júlio sorri.

— Sim. Ele foi o primeiro, mas é claro que tiveram muitos outros. E todos são tão fantásticos quanto ele.

— Muito bom. E como foi estudar e ser mãe ao mesmo tempo? – interroga com a voz macia, depois dá outro gole em sua bebida.

— Dificílimo! Na verdade, tive muita sorte.

— Por que sorte? – o moreno inclina a cabeça com um olhar curioso.

— Porque encontrei alguém que me apoiou em tudo que fiz. Que me ajudou todas às vezes que necessitei. A Rose é uma pessoa muito importante para mim, uma amiga maravilhosa, inclusive, nesse momento é com ela que minha filha está.

— Sua filha não está em São Paulo? – retruca levantando as sobrancelhas.

— Infelizmente, não. – Simone demonstra tristeza em sua voz — Mas assim que ajeitar as coisas por aqui vou trazê-la.

— Então, você não mora aqui? Onde você está ficando? E por que não está trabalhando no Rio? – roça o dedo indicador no lábio inferior.

Simone engole em seco com o olhar penetrante do playboy, bebe mais um gole de sua bebida, então depois de suspirar profundamente, responde.

— Vim para cá na terça para fazer uma entrevista na empresa em que um amigo trabalha, mas aconteceram coisas lá e tudo foi por água abaixo. No mesmo dia em que cheguei, vi o anúncio de vocês na internet e cá estou. Por enquanto, estou morando em um hotel, mas já estou procurando um apartamento para alugar.

— Entendo. – diz simplesmente.

O garçom traz o prato que Júlio pediu. Ele se alimenta com dois sashimis, mas, em seguida continua com suas perguntas.

— Estou morrendo de curiosidade sobre uma questão e não vou deixá-la em paz até que me responda. – murmura com os olhos acesos por uma curiosidade latente.

— Então, pergunte. – pega um sushi.

— Qual sua relação com os três patetas? – Júlio mostra um meio sorriso.

— Desculpe... Que três patetas? – Simone franze as sobrancelhas.

— O JP, o Rick e o Cesar. Qual a sua relação com eles?

— Por que essa pergunta? – desvia seu olhar para esconder seu nervosismo.

— Porque ficou óbvio que vocês foram muito mais do que colegas de escola. Eles ficaram muito estranhos quando viram você. – ele contrai os olhos especulativamente.

A ruiva permanece um pouco pensativa, se contorce desconfortavelmente na cadeira enquanto reflete "O que devo dizer? Será que devo contar a verdade?". Volta a fitá-lo nos olhos:

— Bom, o JP, como você deve saber muito bem é o melhor amigo de Cesar, tanto que são confidentes de suas confusões.

— Disso eu sei. – ele balança a cabeça — E os outros?

— O Rick... – ela faz uma pausa pensando mais uma vez, "Devo dizer ou não?".

— Pode falar. – diz Júlio ao sentir o receio dela em contar.

— Bom, o Rick foi meu primeiro namorado e o Cesar... – ela faz uma pausa — Acredito que somos o primeiro amor um do outro. – ela engole em seco, pega seu copo para beber mais um pouco enquanto desvia seu olhar do dele.

Júlio, que ainda mastigava um pedaço de nigiri, paralisa olhando para Simone, depois cai na gargalhada. O riso é tanto que acaba engasgado com o alimento, sem pensar, o mais depressa que pode bebe um gole de saquê, o que acaba piorando a situação, pois a bebida desce rasgando sua garganta. A ruiva fica sem graça, tenta acalmá-lo, pede um copo d'água ao garçom que, um minuto depois, aparece com o copo de água.

— Por que o riso? – pergunta depois que Júlio se acalma, ainda desconcertada com a atitude dele.

— Mil desculpas! Por favor, me perdoa? Não foi por mal! – ele fala passando o guardanapo na boca tentando se recompor.

— E então? Qual o motivo da risada? – contrai os lábios e cruza os braços.

— Agora entendo a reação deles. – murmura tentando disfarçar um sorriso.

— Como assim?

— Primeiro, antes de te responder quero a resposta para outra pergunta?

— Sim. – a executiva bufa de raiva.

— Eles sabem um do outro? – o playboy lança um olhar curioso em direção a ela.

Simone dá um longo suspiro, encolhe os ombros resignada.

— Sim.

Júlio, sem se conter, cai na gargalhada novamente, mas dessa vez não se engasga.

— O que foi? Por que tanto riso? – fecha a cara começando a se irritar.

— A verdade é que os dois não são tão amigos assim. Estão sempre competindo por mulheres. O Ricardo foi o primeiro a começar a trabalhar na Miranda e logo caiu nas graças do meu pai, que foi capaz de vender algumas ações da empresa para ele por um preço bem abaixo do mercado, além de ter apoiado o namoro dele com a Camila. Os dois estavam namorando quando o Cesar e o JP chegaram à empresa. Minha irmã se apaixonou pelo Cesar à primeira vista e largou imediatamente o Rick. A paixão dos dois foi tão grande que logo veio o casamento. O Rick, em uma noite de muita bebedeira saiu com a Diana, por despeito é claro, acabou engravidando a moça na primeira noitada. Até hoje, acho que ele não perdoou o Cesar. Agora, você me diz que é ex dos dois, isso tudo é muito engraçado.

— Não acho isso engraçado! Na verdade... é trágico. – Simone descruza os braços, coloca as mãos sobre a mesa, entrelaçando os dedos e abaixando seus olhos para suas mãos.

— Eu sei. Mas, o pior, é que antes de você se apresentar os três patetas estavam especulando se a nova executiva era bonita, quem a pegaria primeiro.

— Ah! É mesmo! Aposto que você também está participando da aposta! – dispara Simone fitando-o com os olhos flamejando de raiva.

— Eu não! Eu jamais faria isso! – responde sem conseguir esconder seu cinismo — Te juro! De qualquer forma, como é a nova executiva não creio que se atreverão a aproximar-se de você.

— Hum... tenho minhas dúvidas. – diz ao se lembrar do que aconteceu quando ficou sozinha com os dois.

— Por quê? Vai me dizer que um deles já tentou?

— Um deles? – ela dá uma gargalhada — Os dois! Perdão, não queria colocá-los no fogo, principalmente porque são casados. Mas pode ter certeza que, jamais, voltarei a me envolver com qualquer um deles. Eu só quero cuidar da minha filha sem nenhum homem me dando ordens, me importunando. – diz pegando outro sushi.

— Você pretende ficar sozinha o resto da vida? É tão bonita, jovem e tem o direito de refazer sua vida ao lado de alguém que te faça feliz, apesar de não ter dado certo com nenhum dos três.

— Três? Que três? – a ruiva franze a testa.

— O Rick, o Cesar e o pai da sua filha. – responde intrigado.

— Ah! Sim, Claro. – murmura tentando disfarçar uma preocupação que sente.

— Faz muito tempo que você não vê o pai da sua filha? – Júlio comprimi os olhos especulativamente.

— Desde que fiquei grávida. – responde com desdém ao pegar um sashimi.

— Mas ele sabe que tem uma filha?

Simone encara os olhos dele, refletindo sobre o que irá dizer, então depois de engolir o alimento murmura:

— Não. Foi algo que aconteceu apenas uma vez e dei a sorte de ter o mais precioso dos seres ao meu lado, desde então. Ela é o anjo que Deus deu de presente para mim.

O rosto de Simone se ilumina com a lembrança de sua filha.

— E qual o nome desse anjo? Quantos anos ela tem mesmo?

— Seu nome é Ângela e tem onze anos. Bom, na verdade ela só vai completar onze em setembro. Vou te mostrar uma foto dela.

Simone pega seu celular, vasculha a memória por alguns segundos, em seguida mostra para Júlio.

— Nossa, sua filha é linda! – ele comenta surpreendido, volta a fitá-la nos olhos — Se parece muito com você.

— Obrigada! Minha anjinha é linda mesmo. – murmura com um grande sorriso olhando a imagem no aparelho.

A conversa continua por mais uma hora com Júlio fascinado pela mulher que está conhecendo, até que os alimentos acabam, assim como a bebida:

— Bom. A conversa está ótima. Mas nós temos que ir. – ele murmura.

— Com certeza. Os próximos dias prometem muito trabalho.

Júlio pede a conta, eles saem do restaurante levando-a diretamente para o hotel, onde está hospedada. Ao chegarem, ele faz o mesmo gesto de abrir a porta do carro para ela sair.

— Muito obrigado por me acompanhar no jantar. – declara quando ela sai do automóvel, lhe mostrando um grande sorriso.

— Eu que agradeço. Foi maravilhoso.

Ele fecha a porta do veículo, a acompanha até a entrada do hotel, então diz:

— Maravilhosa mesmo foi sua companhia e nossa conversa. Espero que aceite outros convites para jantar.

— Sim, claro. – sussurra timidamente.

Júlio se aproxima dela, beija-lhe a bochecha fazendo-a prender a respiração, ele se afasta lentamente fitando seus olhos, então sussurra divertido com a expressão de surpresa dela.

— Tenha uma boa noite. Sonhe com os anjos. Ou melhor, sonhe comigo.

A ruiva arregala os olhos mais ainda, porém sorri. O moreno volta para o carro rapidamente, enquanto Simone o observa partir, "Um cavalheiro. E nem se atreveu a querer me beijar na boca como aqueles dois atrevidos.", reflete.

 

(***)

 

Enquanto Júlio dirige para casa reflete sobre tudo que os dois conversaram, principalmente sobre a relação entre o Rick, a Simone e o Cesar. Decide que não irá contar nada para a irmã.

— Quero que a Simone fique tranquila para trabalhar, se eu disser algo para Camila, a vida dessa moça vai virar um inferno. – ele passa os dedos da mão direita nos lábios e no queixo. — Quem sabe se... eu entrar no meio da confusão esses dois a deixarão em paz. Mas ainda tenho uma dúvida, o pai da filha dela, onde entra nessa história. Simone não disse nada sobre ele, mas não vou perturbá-la sobre este assunto, pelo menos ainda não. Tenho que conquistá-la! Ah... Simone... será que é com você que vou me amarrar?    

 


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Notas finais do capítulo

Estão gostando? O que acharam do comportamento do Júlio? Será que ele vai conseguir conquistar a Simone?



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