Sem Influência escrita por British


Capítulo 14
Capítulo 14 – A verdade nua e crua


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Tiveram um bom dia? Cá estamos nós com mais um capítulo! Sei que vocês mal dormiram de tanta curiosidade! Então apreciem o capítulo e, se possível, deixem aquele comentário esperto no final sobre o acharam e especulações para o futuro. Favoritar e recomendar a história também me deixaria imensamente feliz. É isso! Obrigada! Boa leitura!



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Sasuke estava de ressaca. Sua cabeça parecia que ia explodir. Quando chegou ao casarão da família Uchiha, a primeira coisa que ele fez foi tomar um remédio e depois um banho. Então deitou em sua cama, queria dormir um pouco. Apesar de sua vontade ser de enfrentar Itachi logo, ele sabia que precisava estar totalmente sóbrio para fazer isso sem arrependimentos.

Assim que acordou, o moreno trocou de roupa e foi para o hospital conversar com o irmão. No meio do caminho, ligou para a faculdade de Engenharia e disse que estava passando mal e que por isso não iria dar aula, depois reporia.

Quando chegou no hospital, Sasuke passou por Karine na recepção sem dizer uma palavra para  a ruiva. Ela estava preocupada com ele, mas entende que aquele lugar e àquela hora não era a melhor para isso. O Uchiha sempre teve passe livre no hospital de sua família, não precisava se credenciar com ela para subir até a sala de Itachi.

O coração de Sasuke parecia que ia explodir de tão rápido que batia em seu peito. Ele queria respostas que só Itachi era capaz de dá-lo naquele momento. Quando abriu a porta, pegou o irmão digitando algo no computador. Então, o mais velho parou o que estava fazendo para dar atenção ao caçula que não demorou a jogar a pasta com as folhas arrancadas do diário de Karin na mesa do outro.

— Que porra é essa? – Perguntou Sasuke, sentando-se à frente de Itachi na mesa que calmamente pegou a pasta e conferiu que eram as folhas do diário.

— Anotações de Karin em seu diário. Karine entregou isso a você? – Questionou Itachi.

— Eu achei sozinho na casa dela. Agora, fala. O que você fazia com isso? – Indagou Sasuke.

— Eu não me orgulho de ter mentido pra você, mas nossos pais me disseram que era o melhor pra você. Eu tava com tanto medo, que aceitei esconder essas páginas aqui junto com o amor que um dia senti por Karin. Me perdoe, meu irmão, mas eu a amei sim. – Informou Itachi e Sasuke engoliu seco.

— Por que não me contou quando ela faleceu? – Perguntou Sasuke.

— Eu já disse. Nossos pais não queriam que eu contasse. Com o tempo, me convenci que também era melhor. Você era jovem, podia reconstruir sua vida e eu não precisava manchar a imagem que você tinha de Karin. – Disse Itachi.

— Eu deixei a minha filha acreditar por anos que Karin era a mãe dela, quando claramente ela nunca gostou da menina. Você podia ter me ajudado a ver isso mais cedo e eu ter tido mais chance de consertar esse erro antes, Itachi. – Argumentou Sasuke.

 - Desculpe, mas duvido muito que ter te contado que Karin queria se separar teria te feito ir atrás da Sakura. Você não a suportava, odiava a ideia dela perto da menina até quando ela se demonstrou interessada em ocupar esse lugar. – Respondeu Itachi.

— Tudo bem, provavelmente eu não teria ido atrás da Sakura na época. Mas isso não te dava o direito de ter mentido pra mim. Você arrancou as páginas do diário, Itachi! A própria Karin queria me falar de vocês e você não deixou! – Gritou Sasuke.

— Fale mais baixo. Estamos num hospital. Olha, Sasuke, quando Karin morreu eu só queria morrer junto com ela. Eu não tinha condições emocionais pra te falar nada. Os nossos pais me aconselharam a não falar também, o tempo passou e eu me acomodei. Foi certo? Não! Eu me envergonho de ter mentido? Sim! Eu me arrependo de ter te traído? Claro, irmão. Eu daria tudo para voltar no tempo e sequer ter prestado atenção na Karin. Você acha que eu me apaixonei por ela de propósito? NUNCA! Considerava esse amor uma maldição. Eu fugi tanto, mas tanto que ela veio me procurar completamente alterada no dia do acidente e acabou falecendo no meio do caminho. Saiba que você não é o único que se culpa pela morte dela, eu também sinto essa culpa sobre os meus ombros.  – Confessou Itachi emocionado.

— Quando você se apaixonou por ela? – Questionou Sasuke.

— Não tenho certeza quando foi, mas um dia fiquei com o coração disparado ao vê-la, então entendi que algo tinha mudado. Acho que aconteceu com ela também. Nos aproximamos durante os finais de semana.

— No diário, ela fala sobre dois beijos. Mas vocês transaram? – Quis Sasuke Sasuke.

— Não, nunca transamos. Foram só beijos. Mamãe flagrou uma vez e me deu uma surra no dia. – Revelou Itachi.

— Que bom que ela te bateu por mim. Parte de mim quer esmurrar a sua cara, mas outra não.

— Você me perdoa? – Pergunta Itachi.

— Não sei. Eu amo você, irmão. Nunca esperei que você fosse capaz de trair a minha confiança por causa de uma mulher, muito menos por causa da Karin. Você sabia o quanto eu a amava. Ainda estou confuso.

— Você sabia que ela não se sentia amada, né? No início do seu casamento, Karin morria de medo de ter perder, vivia paranoica com a sombra das suas traições no passado e um dia ela notou que eu tava lá. Um cara legal, bonito, que a fazia sorrir e que só tinha olhos pra ela. Karin se sentiu amada por mim. Foi mais platônico do que qualquer coisa, mas nós nos amamos. – Relatou Itachi.

— Então, eu sou o vilão dessa história? Eu que impedi Karin de ser feliz nos seus braços? – perguntou Sasuke.

— Não, você é vítima também. Todos nós erramos. Eu só quero que você seja capaz de me perdoar. Jamais menti para te fazer mal. Só pensei em poupar você. – Argumentou Itachi.

—É tão louco isso. Karin morreu há mais de 20 anos e ainda consegue assombrar a gente. Eu quero superar isso.

— O que você sente por ela hoje?

— Hoje? Eu sinto remorso. Queria ter sido um namorado melhor, um marido melhor. Se eu não tivesse falhado, ela não teria se apaixonado por você. – Admitiu Sasuke.

— Eu entendo.

— E você Itachi? O que você sente pela Karin hoje? – Sasuke devolveu a pergunta.

— Hoje eu sinto gratidão. Karin me ensinou o que era o amor. Eu rezo por ela todos os dias. Aliás, tem algo sobre ela que preciso dividir com você para que possa me perdoar totalmente algum dia.

— O que mais escondeu, Itachi? – Perguntou Sasuke.

— Você sabe que Karin doou seus órgãos, incluindo o coração, certo?

— Certo.

— Izumi recebeu o coração de Karin.

— O que?

— Eu nunca contei por medo de você confundir as coisas. Izumi não é Karin. O que eu sinto pela minha esposa vai muito além do que algum dia senti por Karin. – Explicou Itachi.

— Eu jamais imaginaria que o coração de Karin bate em Izumi. Ela sabe disso?

— Ela sabe da minha história com Karin, mas não sabe sobre o coração. – Informou Itachi.

— Vai ser um baque pra ela também. Tome cuidado ao contar para Izumi. – Disse Sasuke.

— Eu vou tomar cuidado. Agora que sabe de tudo, pode me perdoar? – Pediu Itachi.

— O Sasuke viúvo de 22 anos, pai solteiro, estudante e trabalhador de meio período teria arrancado todos os seus dentes no soco sem dó e jamais te perdoaria. O Sasuke de 45 anos, pai de três filhos, avô, com dois casamentos nas costas, um divórcio, engenheiro e professor universitário tá puto com você, mas te perdoa porque família é a coisa mais importante que a gente tem no mundo. Não quero te perder. – Disse Sasuke, então se levantou para abraçar Itachi que chorava.

— Obrigado por ter amadurecido. Eu quero provar que sou merecedor do seu perdão. – Disse Itachi ainda abraçado com Sasuke.

— Merecer o perdão de alguém é algo tão complexo. Acho que agora eu entendo como a Sakura se sente, entendo por que ela não consegue me perdoar. – Refletiu Sasuke.

— Ela vai te perdoar algum dia. Vocês se amam. Qualquer um pode ver.

— Amor não sustenta nada sozinho. Veja a minha história com a Karin, eu a amava, ela me amava. Eu fiz tudo errado, ela sofreu, eu sofri, ela se apaixonou por você, te fez sofrer também. Ninguém ficou feliz. – Observou Sasuke.

— Você vacilou com a Sakura sim, mas irmão você também teve alguns acertos nessa história. Não pense que não é merecedor do perdão dela.

— O que eu fiz de certo, Itachi?

— Você reconheceu que errou com ela e permitiu que Sarada convivesse com Sakura quando ela voltou para Konoha. Você pediu perdão a ela pelos seus vacilos sempre. Você é um bom pai para Sarada e os gêmeos. Você está lutando pelo seu casamento quando até a própria Sakura desistiu.

— E se lutar por esse casamento for um erro? Talvez, deixar a Sakura seguir em frente seja a melhor coisa que eu possa fazer por ela depois de tantos vacilos.

— Bom, aí você tem que decidir. Estou na torcida por sua felicidade, irmão. – Afirmou Itachi.

— A verdade é uma benção, Itachi. Acho que depois de todas as mentiras que nos cercaram por todo esse tempo eu jamais vou mentir para alguém. – Disse Sasuke

— Eu vou contar a verdade para Izumi e acabar com as mentiras entre nós também. – Disse Itachi.

— É o melhor, irmão. Agora, vou deixar você trabalhar. – Comunicou Sasuke se preparando para sair da sala do Uchiha.

— Você quer ficar com as páginas do diário? – Perguntou Itachi.

— Não, pode ficar com elas ou entregá-las para Karine. – Afirmou Sasuke.

— Por que você mesmo não entrega quando passar pela recepção? – Disse Itachi, entregando a pasta ao irmão.

— Ok, acho que eu devo um pedido de desculpas à Karine também.

— Por quê?

— Ontem à noite, Sakura me deu um pé na bunda definitivo como Hyuuga lá tinha suposto e aí eu fui encher a cara. Fiquei tão bêbado que de algum jeito parei na casa da Karine, pior, na cama dela e eu não me lembro direito o que aconteceu, mas tenho quase certeza que a beijei. – Revelou Sasuke.

— Você beijou a Karine? Isso é grave.

— Eu sei. Preciso me desculpar com ela. Depois nos falamos Itachi.

[...]

Sasuke passou pela recepção e chamou Karine para conversar. Ela ficou um pouco surpresa com a atitude do Uchiha, mas o seguiu.

— Imagino que Itachi tenha te explicado sobre esses papéis. – Disse Karine já com a pasta das folhas do diário nas mãos.

— Sim, e ele me disse pra devolvê-los a você. Sinto muito, Karine. – Disse Sasuke.

— Tudo bem, Sasuke. Sei que você nem o seu irmão são culpados pela morte da Karin. A vida segue. – Respondeu Karine.

— Não me desculpe só por isso. Sei que ontem à noite eu devo ter sido um babaca com você. Não tenho muitas lembranças, mas tenho quase certeza que te chamei de Karin e te beijei. – Comentou Sasuke e Karine arregalou os olhos e ficou vermelha em seguida.

— Então, você lembra? – Perguntou Karine.

— Queria que não tivesse acontecido, mas já que aconteceu preciso me desculpar. Não gostaria de ter te usado pra botar pra fora as minhas decepções amorosas. – Disse Sasuke.

— Você beija bem Sasuke. Confesso que não foi nenhum sacrifício, mas certamente seria melhor se você me quisesse e não estivesse fantasiando com a minha irmã. Sente falta dela?

— Não sinto falta da Karin. Não mais. Já senti muito. Acho que ontem estava bêbado sonhando que ela tinha vindo me resgatar da minha vida infeliz sem a Sakura. Achei que estava morto e ela estava me recebendo no céu. – Comentou Sasuke.

— Entendi. Pra você Karin está no céu? – Perguntou Karine.

— Eu não sou a pessoa mais religiosa do mundo, mas acredito que, se existe um céu, Karin deveria estar lá. Acho que ela já pagou por seus pecados em vida. – Disse Sasuke. 

— Sim, ela já pagou por tudo. Também acredito nisso. – Respondeu Karine.

— Bem, eu preciso ir. Mais uma vez, me desculpe pelo beijo e por qualquer outro tipo de comportamento que eu tenha tido ontem. Não foi por mal.

— Ok. E você perdoou Itachi?

— Sim, ele é meu irmão. É horrível pensar que ele traiu a minha confiança, mas já faz mais de 20 anos. Não vejo sentido em romper com ele agora, Karin não ficaria feliz com isso, nem Itachi, muito menos eu. Meu casamento tava uma merda naquela época, se existe um culpado pra essa traição existir, o culpado sou eu. Itachi e Karin só se apaixonaram e queriam viver isso.

— Com esse raciocínio, eu diria que até se a Sakura tivesse te traído você perdoaria.

— Sim, eu perdoaria se ela tivesse me traído. Mas Sakura não me trairia. Ela é tão nobre, tão cheia de princípios, tão melhor que eu. Realmente, não a mereço. Ela teve toda a razão do mundo de ter me chutado ontem.

— E o que você vai fazer agora?

— Eu vou pra casa preparar a minha aula de amanhã e tentar fazer a Sakura falar comigo de novo. Duvido muito que ela queira olhar na minha cara já que eu não fui buscar os meus filhos pra ir levar na escola, mas vou tentar me desculpar. É só isso que eu faço mesmo.

— Só faz merda né Sasuke?

— Não era isso que eu ia dizer. Eu ia falar que só sei me desculpar, mas acho que o que você disse também tem seu fundo de verdade. Tenha um bom dia, Karine. – Despediu-se Sasuke.

— Tenha um bom dia também, Sasuke.

[...]

Sakura já tinha xingado Sasuke de tudo quanto é nome. Por causa eles, os filhos se atrasaram para a escola. Ela não queria ver o Uchiha, mas foi obrigada a encará-lo quando ele apareceu com a cara mais lava do mundo na sua porta.

— Sakura, eu posso me explicar. – Disse Sasuke, quando Sakura já ameaçava bater a porta na sua cara.

— É para os seus filhos que você tem que se explicar. Os pobrezinhos ficaram te esperando. – Disse Sakura.

— Eu vou falar com eles mais tarde. Agora, pode me deixar entrar? – Pediu Sasuke.

— Não, não tenho nada pra falar com você. Não entendeu o recado que dei ontem? – Perguntou Sakura.

— Eu entendi. A gente não tem mais chance mesmo, Sakura? – Perguntou Sasuke.

— Se você tá perguntando ainda não entendeu nada. Você tem zero chances comigo. O Neji tem zero chances comigo também. Tá satisfeito?

— Não, mas, se você estiver satisfeita, tudo bem pra mim. – Respondeu Sasuke.  

— Vai embora, Sasuke. – Pediu Sakura.

— Eu estou indo. Só diga aos meninos que não pude vir porque tinha um assunto urgente para tratar com Itachi no hospital. – Disse Sasuke.

— Que assunto? – Perguntou Sakura curiosa.

— Descobri que Karin me traiu com Itachi quando éramos casados e que, no dia que ela morreu, ela estava determinada a fugir com ele. A Karin deixou tudo registrado nas páginas que faltavam do diário dela.  – Revelou Sasuke.

— Co-como assim?  Eu nem sabia que a Karin tinha um diário. – Disse Sakura.

— Pois é... Eu fiquei mal quando soube e resolvi tirar satisfação com Itachi. Já estamos bem. Não precisa se preocupar que não vai ter nenhum racha na família. – Anunciou Sasuke.

— E foi Itachi quem te contou?

— Não, foi Karine. Encontrei as páginas do diário de Karin na casa dela.

— E o que você estava fazendo na casa de Karine? – Questionou Sakura e Sasuke então se lembrou do beijo.

— Nada. Melhor eu ir, Sakura. Até mais. – Despediu-se o Uchiha e Sakura estranhou o comportamento do ex-marido.

[...]

Itachi chegou em casa sabendo que precisava ser o mais franco possível com Izumi. Sua esposa sabia de sua história com Karin, mas desconhecia aquele pequeno detalhe de ter o coração transplantado da ruiva. Durante o jantar, Itachi falou muito pouco e Izumi estranhou o comportamento do marido.

— Aconteceu algum problema no trabalho? Você está tão calado desde que chegou. – Pontuou Izumi.

— Tive um problema pessoal. Sasuke descobriu meu envolvimento com Karin. – Comunicou Itachi, ganhando ainda mais atenção da esposa.

— E como ele reagiu? – Quis saber Izumi.

— Nada bem, porém quis ouvir minhas explicações. Então, nós nos entendemos no final. Acho que foi a segunda conversa mais difícil que tive na minha vida. – Respondeu Itachi.

— E qual é a primeira mais difícil? – Questionou Izumi.

— A conversa que nós dois teremos agora. – Afirmou Itachi tomando coragem para falar o que precisava.

— Como assim meu amor? – Indagou Izumi.

— Lembra como nós dois nos conhecemos? – Perguntou Itachi.

— Claro. Você apareceu numa festa da faculdade. Eu estava muito animada porque era a primeira vez que ia para uma festa após o transplante. Era como recomeçar a viver. Você se apresentou, disse que tinha me achado linda, me chamou para dançar e eu lembro que conversamos a noite toda. Não teve um beijo, mas acho que me apaixonei por você ali. – Resumiu Izumi.

 - Lembra que quando você se declarou eu disse que não estava pronto? – Continuou Itachi.

— Sim, você disse que havia perdido a sua amada num acidente de carro há pouco tempo e aí me contou sua história com Karin. Nós viramos amigos depois disso e mesmo apaixonada por você eu entendia que você não me corresponderia de cara.

— Isso. Você foi paciente comigo e me ajudou a superar essa tragédia. Lembra-se do dia que você me contou sobre o seu transplante?

— Como poderia não lembrar? Foi o dia em que nós começamos a namorar. Lhe contei sobre a minha doença, sobre a espera por um doador que parecia nunca aparecer e aí o milagre que trouxe o meu novo coração. Então, você me pediu para ouvi-lo, ele disparou, você se emocionou e nos beijamos em seguida. – Relembrou Izumi.

— Você sempre se perguntou sobre quem teria doado o coração pra você e eu nunca disse, embora desde sempre soubesse quem o doou. – Revelou Itachi.

— Quem doou o coração pra mim, Itachi? – Izumi perguntou, mas parte de si já sabia a resposta.

— Karin. – Itachi disse finalmente, então Izumi arregalou seus olhos, tapou a boca com a mão e ficou em choque. – Me perdoe por não ter dito antes.

— Como pode Itachi? – Questionou Izumi.

— Eu não sabia como falar. Você poderia interpretar de forma errada. – Respondeu Itachi.

— De forma errada? Não, querido, do jeito certo. Você só se casou comigo por causa do coração dela, não foi? É isso que nunca me disse? – Rebateu Izumi magoada.

— Eu fui procurá-la por essa razão, mas não me casei contigo por isso, Izumi. Eu amo você. – Declarou Itachi.

— Não tenho mais certeza. – Afirmou Izumi.

— Izumi, pelo amor de Deus, são mais de 20 anos juntos. Como você pode pensar que tudo o que vivemos é só por causa de Karin? – Questionou Itachi.

— Você a amava quando veio me procurar. – Disse Izumi.

— Mas então a conheci e me apaixonei por você, pelo seu jeito. – Afirmou Itachi.

— Eu preciso de um tempo pra digerir esta história. Vou passar alguns dias na casa de Obito. Por favor, não me procure. – Izumi disse e se levantou da mesa.

— Izumi, por favor, reconsidere... – Pediu Itachi, indo atrás da esposa pela casa.

— Eu não sei o que pensar, Itachi. Preciso pensar. Me dê espaço. Será só por alguns dias. – Insistiu Izumi, já arrumando uma pequena mala com algumas mudas de roupas.  

— Depois você volta pra nossa casa? Pra mim? – Perguntou Itachi perturbado com o comportamento da esposa.

— Não sei. Como acha que estou me sentindo ao saber que tudo que vivemos foi uma farsa? Uma ilusão da sua cabeça de que estaria vivendo sua história com Karin ao se casar comigo? Fui enganada! Pensei que me amava, mas não Itachi.

— Como pode dizer que eu não te amo? Estamos juntos há 20 anos, Izumi! Nós temos um filho! – Disse Itachi.

— Um filho que você demorou a querer porque era contra a adoção. Aliás, esse comportamento também foi influenciado por Karin? Porque pelo o que eu sei ela era contra também. Morreu arrependida de ter aceitado Sarada como filha. – Disse Izumi.

— Eu imaginava que não conseguiria amar um filho adotivo por causa dos relatos de Karin sim, mas você sabe que mudei de ideia quando conheci Obito e nós o adotamos. Isto já ficou para trás também. - Jurou Itachi.

— Você se iludiu ao se casar comigo, Itachi. Eu sinto muito por ter vivido uma farsa.

— Não foi uma farsa, Izumi! Caramba! Nós não estaríamos casados até hoje se o que eu sinto por você não fosse real! – Jurou Itachi.

— Não estou convencida. Por favor, me dê o espaço que pedi para pensar...

— Izumi... – Itachi ia tentar se defender, mas a esposa o deixou falando sozinho.

[...]

Izumi bateu na casa de Obito e Chouchou chorando. O filho a recebeu de braços abertos e estranhou o estado da mãe. Quando perguntou o que aconteceu, Izumi contou com detalhes tudo que havia acontecido, deixando o herdeiro e a nora chocados.

— Não acredito que meu pai tenha se casado com a senhora só porque carrega o coração de Karin dentro de você. – Disse Obito em defesa do pai.

— Eu não tenho tanta certeza. O raciocínio de sua mãe parece correto, Obito. Ele só foi atrás dela por causa do transpante. Se Karin não tivesse morrido, eles talvez nunca tivessem se conhecido. – Acrescentou Chouchou.

— Eu vivi uma mentira. Jurava que tinha o marido mais atencioso e amoroso do mundo, mas Itachi continua só tendo olhos para Karin. – Relatou Izumi.

— Não seja injusta, mamãe. Eu sei que ele ter omitido isso por tanto tempo a magoou, mas olhe para a história de vocês. São 20 anos juntos! Ele ficou quanto tempo apaixonado pela Karin? 2 anos? Vocês construíram uma família, memórias, coisas que ele jamais teve com ela. – Argumentou Obito.

— Nesse ponto o seu filho tem razão, dona Izumi. O casamento de vocês teve muito mais momentos do que a breve relação que meu sogro teve com Karin, que pelo que intendi foi mais platônica do que qualquer coisa. – Comentou Chouchou.

— Estou confusa. – Afirmou Izumi.

— A senhora o ama, não? Por que não perdoa? – Questionou Obito.

— Eu o amo, mas não esperava ter sido enganada por ele todo esse tempo. Vocês podem me deixar ficar aqui por uns dias? Quero ficar um pouco só. – Pediu Izumi.

— Claro que sim, mamãe! Aliás, não sei se é o momento apropriado, mas eu e a Chouchou temos uma notícia importante para dar. – Começou Obito.

— Que notícia meus amores? – Perguntou Izumi.

— Estou grávida, dona Izumi! A senhora será vovó! – Revelou Chouchou.

—Vovó? Que alegria! – Disse Izumi abraçando o filho e a nora.

— Queríamos contar para a senhora e o papai juntos, mas já que isso tudo aconteceu acho que uma boa notícia pode animá-la. – Comentou Obito.

— Está com quantas semanas, Chouchou? – Questionou Izumi.

— Nona semana, sogrinha. – Respondeu Chouchou.

— Essa criança vem para abençoar nossa família! – Afirmou Izumi.

— Com certeza! – Confirmou Obito.

[...]

Neji estava estranhando o silêncio de Sakura. Desde que lhe contara da briga com Sasuke não tinha recebido mais notícias da digital influencer então resolveu ligar. No entanto, a Haruno não o atendeu de primeira. Só na quinta tentativa, ele finalmente ouviu o alô do outro lado da linha.

— Oi, Sakura. Pensei que não quisesse mais falar comigo. – Disse Neji num tom brincalhão.

— Oi, Neji. Er... Na verdade, eu não to querendo muito não. – Revelou Sakura, pegando Neji de surpresa.

— Por que essa hostilidade, Sakura? – Questionou Neji.

— Sasuke me disse o motivo do soco que ele te deu e, mesmo não concordando com o comportamento dele, tenho que dizer que fiquei triste sobre a forma como você falou com Sasuke sobre mim. – Relatou Sakura.

—Eu... Me desculpe, Sakura. – Adiantou-se Neji.

— Tá tudo bem. Depois de saber o que você disse eu fiquei pensando se gostaria de ver o meu namorando falando algo do gênero para o meu ex-marido e cheguei à conclusão de que não. Não quero alguém assim do meu lado. Sua atitude foi tão ou mais infantil que a do Sasuke. Eu te acho gato sim. Teria sido sua namorada, transado com você e gemido o seu nome se você tivesse mais respeito por mim. Aliás, eu tava mesmo considerando te dar uma chance real, mas você estragou tudo. – Disse Sakura.

— Sakura, eu não disse nada daquilo por mal. – Neji tentou se justificar.

— Eu te desculpo. Não precisa ficar se martirizando por isso não. Mas agora quem perdeu o tesão em você fui eu. Não rola mais. Agora, eu tenho muito trabalho pra fazer e o meu tempo é precioso. Podemos conversar outra hora? – Pediu Sakura.

— Estou me sentindo tão envergonhado, Sakura. – Admitiu Neji.

— É pra sentir vergonha mesmo. Você não deveria ter ficado insinuando coisas entre nós para o Sasuke. Ele não tinha nada a ver com a gente. Se algum dia eu arrumar um novo companheiro que não seja o Sasuke, quero que ele seja capaz de respeitar a minha história com ele. Afinal, o cara é o pai dos meus filhos. Vai fazer parte da minha vida pra sempre. Então, respeito por ele eu exijo, assim como também exijo respeito por mim. Acho que te faltou isso. – Opinou Sakura.

— Podemos ser amigos ainda? – Pediu Neji.

— Sim, podemos ser amigos. Espero que você me entenda. – Respondeu Sakura.

— Eu entendo suas colocações e peço mais uma vez desculpas pela forma como agi. Foi realmente errado, Sakura.

— Está desculpado. Depois nos falamos, Neji. Tchau. – Disse Sakura e então bateu o telefone, deixando Neji completamente arrasado do outro lado da linha.

[...]

Sakura estava desenhando algumas peças para sua próxima coleção, quando ouviu a campainha tocar. Ao atender a porta, a Haruno recebeu um buquê de rosas vermelhas e imaginou que fossem de Neji. No entanto, se surpreendeu ao ver que as flores haviam sido enviadas por Sasuke e tinham um cartão com a seguinte mensagem:

Sakura,

Perdão. Por anos atrás, meses, dias e até por hoje. Eu estou longe de ser o cara perfeito, mas você já sabe disso, né? Eu juro que não sou mais o babaca de antes, porém ainda preciso evoluir um pouco mais para merecer o seu perdão. Pelo menos pense em me dar uma nova chance? Não vou desistir de nós tão facilmente.

Para sempre seu,

Sasuke Uchiha

— Ah, Sasuke! Você pensa mesmo que essas flores vão me fazer voltar atrás? – Disse Sakura após ler, então amassou o cartão e jogou no lixo junto com o buquê.

[...]

À noite, Sakura recebeu Shizune em sua casa para terem uma reunião. Então, a assessora sugeriu que a amiga fizesse uma live para os seus seguidores, assim poderia ganhar mais engajamento. A Haruno gostou da ideia e então começou a transmitir uma live no seu perfil do Instagram.

— Oi, gente! Vocês gostam de live? – Perguntou Sakura aos seguidores assim que ficou ao vivo e recebeu uma chuva de corações em resposta além de vários “sim”.

— Já temos 50 mil pessoas online assistindo. – Comentou Shizune.

— 50 mil? Só isso? Olha, se bater 1 mihão eu até canto uma música pra vocês. – Instigou Sakura.

— Subiu pra 80 mil. – Disse Shizune.

— Bom, enquanto a galera ainda tá chegando para o momento karaokê vou pedir pra Shizune selecionar algumas perguntas de vocês e vou responder aqui tá bom? – Propôs Sakura e logo um monte de perguntas começaram a aparecer.

— Sakura, estão perguntando sobre a próxima coleção. Já tem data? – Disse Shizune.

— Bom, a próxima coleção está em andamento, mas sem datas ainda. É muito cedo. Aguardem que será bafo! – Afirmou Sakura.

— Estão perguntando qual foi a sua maior realização pessoal. – Disse Shizune.

— Ah, ser mãe. Sarada, Indra e Ashura são tudo pra mim. – Declarou Sakura.

— Tem pergunta de teor pessoal sobre os gêmeos e o Sasuke. O que acha?

— Manda, Shizune! Vou responder tudo!

—Ok. Uma seguidora perguntou como você faz pra controlar seus filhos gêmeos. – Informou Shizune.

— Ah, Indra e Ashura são levados como qualquer garoto na idade deles, mas faço o que qualquer mãe faria: imponho limite. Se eles passam desse limite, se quebram as regras, aí eles são castigados. Mas no geral eles até são bastante obedientes. – Respondeu Sakura.

— Sobre o Sasuke estão perguntando se tem volta esse casamento. – Disse Shizune.

— Essa é a pergunta de um milhão de dólares? Será que tem volta? A reposta estará na musiquinha que eu vou cantar pra vocês. Shizune, já batemos um milhão de pessoas nos assistindo?

— Batemos 1 milhão. – Respondeu Shizune.

— Então, hora de soltar o som! Gente, eu não sou cantora, mas me escutem. Essa música é um hino!

Sakura então começou a cantar “We Are Never Ever Getting Back Together” da Taylor Swift, que dizia claramente que ela e Sasuke não teriam qualquer chance de reatar. Enquanto a Haruno se divertia cantando a música para seus seguidores no Instagram, Sasuke estava em casa assistindo à live da ex-mulher e lamentando por achar que jamais conseguiria seu amor de volta.


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