Eu não sei o que deu em mim. O deu em mim em pedir ajuda ao Cross e ainda por cima chantagear ele? Era óbvio que ele não iria cair, eu nem ao menos sei chantagear. Jonas tem razão, eu não fazer nada. Pelo menos agora eu não ia ficar com a consciência pesada de que eu obriguei alguém fazer o que não queria. Eu só preciso pensar em um jeito de afastar o Jonas. Não estava pronta para tentar algo real com alguém e também para isso teria que ter esse alguém.

— Vai chegar tarde hoje? - perguntei a minha irmã. Tessa Carter é uma mulher excepcional, ela fez de tudo para cuidar de mim da melhor forma possível, foi um baque muito grande quando nosso pai morreu e nossa mãe nunca mais foi a mesma. Eu tinha 11 anos quando ele morreu, meu pai era apaixonado por pintura, era o que a gente mais tinha em comum, ele me ensinou a maior parte do que eu sei hoje desde os meus quatro anos de idade.

Quando ele morreu eu e Tessa ficamos sem rumo por um tempo, mas um dia ela chegou no meu quarto e disse:

— Todo dia é a chance de um novo começo, toda manhã, uma oportunidade para ser mudado, diferente, magnífico. Todos temos a escolha de ficarmos mergulhados na nossa dor (e por um tempo às vezes é até necessário), mas depois disso, ou podemos tentar resolver os problemas dentro de nós mesmos, ou ficamos atolados em quem não queríamos ser.

Ela sempre foi mais minha mãe do que minha própria mãe, Tessa é 10 anos mais velha que eu. Quando nosso pai morreu, ela voltou de Nova York onde estava indo muito bem, só para cuidar de mim. Ela se formou em belas artes e hoje dá aulas particulares e vende seus quadros para sustentar a casa.

— Provavelmente... hey, eu soube que o Jonas voltou para a cidade- ela disse tentando soar casual, mas dava para sentir a preocupação em sua voz.

— Não precisa se preocupar - tentei tranquilizá-la.

— Como não me preocupar? Ele é louco- ela disse já se alterando- não sei se ele vai largar o osso tão cedo.

— Olha- parei a sua frente e segurei seus braços- o Joshua... quer dizer o diretor Moore, deu a ideia de eu fazer boxe, para aprender a me defender.

—Você odeia atividade física- ela disse como se fosse óbvio.

— Eu sei....mas levando em consideração as atuais circunstâncias, seria mais do que bem vindo eu saber me defender, né?- vi seus ombros cederem um pouco.

— Tudo bem, vai mesmo fazer esse esforço? Promete?

— Prometo- Ah droga, agora vou ter que ir para o projeto de boxe feminino, tudo para deixar a minha irmã um pouco mais calma.- Agora eu tenho que ir, se não eu vou me atrasar- peguei minha mochila em cima do sofá e fui em direção a porta, mas travei ali quando me deparei com Cross encostado em seu mustang com cara de sono.

— Vai ficar aí me encarando com cara de pateta ou vai entrar no carro para irmos logo para a escola? - perguntou mal humorado.

— O que você está fazendo? - perguntei confusa.

—O Ethan me encheu o saco dizendo que um bom namorado, leva a namorada para a escola- respondeu com tédio e revirou os olhos.

— Então quer dizer que você aceitou a minha proposta?

— Ainda não é óbvio? - perguntou sarcástico

— Obrigada, de verdade- disse dando um sorriso animada.

— Tá tá, vamos logo- disse ele balançando a mão como se não fosse nada. Mas era muita coisa.

Durante todo o caminho fomos em um silêncio nada confortável, Cross colocou uma música que eu não conhecia, por sorte a escola não ficava tão longe de nossas casas. Quando chegamos na escola algumas pessoas nos encaravam, desci do carro de Cross, quando ele deu a volta passou seu braço em volta dos meus ombros, e eu o encarei com as sobrancelhas franzidas.

— O que? se tiver que representar é melhor convencer, não acha?

— Okay, achei que seria mais anônimo, mas okay

— Gata, comigo não tem isso de anônimo - ele disse e eu tive a vontade de rebater o do porque com a Lynn era anônimo, mas é melhor eu não me meter nisso, sem falar que ele está me fazendo um favor enorme. Encontrei meus amigos provavelmente discutindo mais uma vez na frente ao armário de Adam, que parou de falar assim que me viu com o Cross.

— Eu vou falar com os meus amigos- informei aos Cross.

— Okay- ele segurou meu rosto e me beijou na frente de todo mundo. Eu fiquei paralisada, mas retribui, o beijo não demorou muito, mas foi o suficiente para fazer as pessoas começar a comentar, fui em direção aos meus amigos. Adam estava de olhos arregalados e Kara parecia que teria um ataque a qualquer momento.

— Eu sei, eu sei, vocês devem estar se perguntando "que droga foi essa?" mas eu posso explicar. - disse tentando acalmar os nervos

— Eu acho bom- disse Adam

— Nem começa a bancar o irmão mais velho super protetor, que você não é Adam, se ela quiser sentar naquela belezinha ali- disse ela apontando para o Cross que estava conversando com seu melhor amigo Ethan- ela está mais que certa.

— Para de falar merda garota, não é assim que as coisas funcionam não - disse Adam irritado- ela saiu a dois meses de um relacionamento de um cara super agressivo, ela não precisa de outro namorado assim.

— Ele não é como Jonas e não é... bem o que vocês estão pensando

— E como é então? - perguntou Adam

— Está com ciúmes da V.? - perguntou Kara ficando vermelha e eu Adam a olhamos como se ela fosse doida.

— O que? não, deixa de ser louca garota, eu só não quero... que se repita as coisas, eu deixei a gente se afastar quando o Jonas começou com as loucuras dele, só... quero proteger minha melhor amiga- ele disse sincero e Kara pareceu relaxar um pouco.

— Adam... nada do que aconteceu comigo é culpa sua e... eu acabei afastando vocês... acho que nunca pedi perdão por isso... vocês me perdoam?

— Não tem do que pedir perdão, nós sabemos da pressão psicológica que ele te fez passar meu bem- disse Kara- absolutamente nada do que aconteceu com você é culpa sua, me entendeu?

—É, mas... eu poderia ter saído daquela situação... porque eu continuei nessa situação? - me fazia esse questionamento todos os dias.

— Porque você está fragilizada, e ele se aproveitou disso, ele fazia tantas coisas com você... te dizia tantas coisas... não tem quem não fragiliza-se.

— E fragilidade não é fraqueza- completou Kara

— De forma alguma, você é uma das mulheres mais fortes que eu conheço

— Assim eu vou chorar- digo com os meus olhos começando a marejar e meus amigos me abraçaram- e a propósito estou namorando de mentira o Cross.

— O que? - perguntaram os dois me soltando do abraço.

— É porque o Jonas... foi questionar o Cross se estávamos juntos e acabaram brigando e agora ele ta me ajudando a me livrar dele- disse baixo para ninguém me ouvir.

— De onde veio essa ideia louca? - perguntou Adam

— Não sei, veio... Jonas tem medo do Cross... então é perfeito.

— Mas...- tenho certeza que eles iriam me encher de perguntas, mas o sinal graças a Deus tocou- depois teremos essa conversa melhor depois dona Violet Carter.