Eu sempre amei pintura. A minha mãe não gostava muito, dizia que era muito difícil de tirar das roupas, o meu pai me apoiava como tudo o que eu gostava. Quando eu estava com Jonas ele não gostava do cheiro das tintas e dizia que ativava sua alergia e também dizia que os materiais de desenho deixava tudo uma bagunça, eu me privei de tantas coisas durante o meu relacionamento... Acho que eu nem sei mais pintar.

— Eu posso saber porque aquele imbecil acha que eu sou seu namorado? - bradou Cross entrando na sala de artes da escola.

Droga, mil vezes droga!

— O que? - perguntei confusa.

— O idiota do seu ex namorado, ele veio me ameaçar e dizer para não me aproximar de você e que ele sempre soube da gente.- terminou de falar e bufou irritada passando a mão pelo cabelo escuro, ele estava claramente nervoso.

— Me... me desculpa ele... eu nem sabia que ele tinha voltado até hoje mais cedo- ele me olhou atentamente parecia procurar alguma coisa.

— Foi ele que fez isso no seu braço? - perguntou apontando para as novas marcas em meu braço, eu coloquei os braços para trás de forma a esconder as marcas.

— Desculpe... ele me abordou hoje e... eu estava com medo demais para reagir... ele deduziu que estamos juntos porque você me ajudou naquela... situação.- ele pareceu ponderar o que eu havia lhe dito. - desculpe

— Okay, eu não tenho nada a ver com essa... situação, mas toma cuidado- eu apenas assenti.

Ele se virou e estava indo em direção a porta, mas eu não sei o que deu em mim e muito menos do que porque fiz isso com ele.

— Espera- gritei indo em direção a porta e impedindo a sua passagem, ele me olhou como se eu fosse louco e levando em consideração a proposta que irei lhe fazer talvez eu seja mesmo.

Vamos Violet não trave agora.

— E então Carter, vai ficar me admirando ou vai dizer o quer ?! — disse ele irônico, depois de um tempo que eu fiquei ali apenas o encarando.

— E-e-euu... é-é- eu fiquei lá gaguejando me sentindo patética e ele estava me olhando como se eu fosse patética. - preciso da sua ajuda. - disse de uma vez

— Não- ele respondeu imediatamente.

— Mas você nem sabe qual é a minha proposta.

— Eu já te disse Carter, não sou seu príncipe.

— E eu já te disse que eu não quero um príncipe.- disse com raiva

— Então o que quer? - Eu já espera sua pergunta, mas ainda assim não fazia ideia de como respondê-la.

— Queroquevocêsejameunamoradodementira-disse muito rapido, antes que perdesse a coragem.

— Como é? Não entendi- perguntou arqueando uma sobrancelha.

— Eu quero que você seja meu namorado de mentira - eu disse um pouco mais devagar, ele ficou me olhando por alguns segundos e depois desatou numa gargalhada alta, me assustando fiquei lá esperando o idiota parar de rir- acabou? - perguntei quando ele finalmente estava enxugando as lágrimas de tanto ri.

— Não - disse ele ainda rindo um pouco

— Por favor!! - eu implorei desesperada- ele tem medo de você, é só um favor para uma amiga.

— Tá aí a questão Carter... não somos amigos- ele tem razão, não somos.

— Eu sei sobre você e Walker- disse sem pensar, minha mãe dizia que o desespero leva as pessoas a fazerem coisas sem pensar antes. E por incrível que pareça ela estava mais ou menos certa. Eu estava sim desesperada e eu queria dizer que eu fiz isso totalmente pelo medo do Jonas e que eu não tinha escolha, mas na verdade eu tinha, eu podia muito bem não contar da foto e excluir de tudo. E eu tenho que assumir que fiz isso por escolha, por mais desesperada e por mais que precisasse disso, eu ainda assim tinha a escolha de não fazer.

— Era você no vestiário mais cedo- afirmou ele. - Vai fazer o que? Me chantagear? garota... sabe quantas pessoas fazem sexo nessa escola? E eu achei que fosse feminista, vai mesmo expor outra mulher assim? Vamos ser sinceros... não vai pegar nada para mim, é ridículo eu sei, mas a sociedade insiste em passar pano para homens como eu- disse com falso pesar- E você é a boazinha demais para fazer isso, está blefando- ele tinha razão, talvez eu estivesse sim blefando, mas eu estou desesperada e eu fiz uma escolha. Endireitei minha postura falei o mais sério que eu consegui.

— Você só se esqueceu, que isso é motivo de expulsão... não sei se vocês estão juntos, ou a quanto tempo estão e isso não me interessa... mas preciso da sua ajuda e se essa foto vazar, você vai se expulso e vai ficar mais um ano nessa cidade- eu disse e vi o seu maxilar travar- eu não quero te prejudicar- disse me aproximando um pouco dele olhando em seus para ele ver que eu estava falando a verdade- não vai ser por muito tempo Cross, eu estou desesperada.- disse quase chorando, deixando os meus braços caírem ao lado do corpo-.Ele parecia muito irritado e acho que ele estava se controlando para não explodir, mas eu precisava me livrar do Jonas.-

— Cadê a foto? - perguntou ele e na mesma hora eu travei. Droga! Eu havia excluído a foto a algumas horas.

— Está no meu celular- disse tentando transmitir firmeza- eu vou pegar- Eu preciso pensar rápido, será que eu exclui mesmo a foto. Peguei o meu celular em cima da mesa e desbloqueei, fingi procurar foto, droga! como eu iria convencê-lo? Fiquei de costas para ele e tentei procurar a foto. Droga! Eu havia mesmo excluído, definitivamente não nasci para ser chantagista.

— Excluiu a foto não foi? - ele perguntou e eu me virei para ele. - vamos terminar logo essa merda! você não me chantagear- "merda", lixeira é claro! Fui até a lixeira e vi a foto.

Bingo!

— Tem certeza? - perguntei virando o meu celular para ele e mostrando a foto- não dá para ver o rosto dela, mas não dá para ver o seu claramente- disse e ele tentou pegar o celular, mas eu o tirei do seu alcance antes que ele pudesse pegar.

— Sabe que eu posso só quebrar o seu celular né? - ele perguntou e eu não sabia dizer se isso era sério ou não.

— Sabia que e existe uma coisa "nuvem?" Que dá para armazenar o que você quiser? E também se você fizesse isso, não seria muito diferente do que o Jonas já fez comigo - disse e ele se aproximou de mim ficando vermelho.

— Nunca mais me compare a aquele filho da puta- disse com raiva.

— Então não haja como ele- disse também ficando com raiva- eu não quero acabar com a sua vida, vai ser por... um mês, só para que ele veja que eu segui em frente e que ele me deixem paz.

—Não- respondi sincera. E ele saiu da a sala. Merda ele não vai me ajudar.