Raccoon: A Quarentena escrita por Goldfield


Capítulo 2
Carlos




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Carlos

O pente do M4A1 comportava trinta balas. Quando dera de cara com os três mortos-vivos erguendo os braços feito sonâmbulos para fora do beco, fizera uma aposta mental...

Quer ver como vou gastar um clipe inteiro nesses esponjas de balas filhos da puta?

O dedo pressionou o gatilho num comando praticamente automático repetido à exaustão aquela noite, o mercenário tendo de se atentar cada vez menos aos alvos, já que os sobreviventes rareavam: ou por virarem comida de zumbi, ou alcançarem o abrigo temporário do metrô. Só que isso estava longe de tornar a missão mais fácil...

O morto-vivo mais próximo, de camisa xadrez, dançou por dois segundos ao levar a rajada, seu braço esquerdo logo partido ao meio enquanto a metade mutilada voava para dentro do beco, deixando um fio de sangue no ar. O dono, no entanto, não imitou o recuo e seguiu andando até Carlos, só parando quando o tórax estava estraçalhado o suficiente para mal se manter de pé.

O próximo zumbi, ao centro do trio, tinha o típico jeito de vendedor de banca de jornal ou ocupação similar, o boné não lhe caindo da cabeça mesmo com o corpo em pedaços. Às vezes se tornava mórbida diversão os integrantes do U.B.C.S. ficarem adivinhando o que cada cadáver reanimado havia sido em vida, até esbarrarem em algo desconfortável que encerrava de súbito a competição – como a provável professora na noite anterior ou, mais comum, alguma criança.

De todo modo, o jornaleiro – mesmo se não houvesse sido um, Carlos acabara de apelidá-lo daquela maneira – mostrou-se duro na queda, aguentando bons trancos no peito e a barriga arrebentada, retalhos de intestino voando ao redor junto a jorros de sangue coagulado, até finalmente parar a centímetros do mercenário; um dos braços ainda resvalando em seu colete, porém sem mais forças para agarrá-lo.

Essa merda de vírus não pega simplesmente pelo sangue... – ele ruminou, novamente salpicado de vermelho e lembrando de tomar banho nas entranhas daquelas coisas dia após dia. – Se eu estiver errado... Ao menos tiro a porra do colete, no primeiro sinal de estar doente, para o pessoal não gastar muitas balas.

Por falar nelas, o estalo seco da arma quando tentou dispará-la contra o terceiro zumbi revelou que perdera a aposta. Ele imaginara o pente esgotado, mas o trio todo caído, pelo menos.

Grunhindo, Carlos precisou golpear o inimigo com o punho esquerdo, um cirúrgico soco em seu peito conseguindo repeli-lo um metro ou mais, além de quebrar-lhe parte da caixa torácica. Como de praxe, não era o bastante para derrubar um deles, e o mercenário inclusive vinha evitando a manobra. Deixar um membro à mercê das mordidas dos zumbis era loucura, por mais que fosse cuidadoso. Mesmo com a reprovação de sua mente, naquele caso não houvera como evitar.

Ao menos funcionara, e ele não tinha tempo para comemoração: levando a mão direita ao coldre à cintura, apanhou a pistola .45 e, erguendo-a, inseriu uma bala na testa do morto-vivo no instante em que ele recomeçava o avanço em sua direção. A coisa soltou um gemido úmido e caiu de cara no chão, o crânio próximo de um dos coturnos do mercenário. Não, ela não tentaria agarrá-lo pela perna. Aquelas aberrações pelo menos morriam em definitivo com um disparo certeiro na cabeça. Ainda...

— Delta Team, alguém na escuta?

Carlos demorou propositalmente alguns segundos para responder ao rádio, na esperança de que algum colega de equipe o fizesse antes. Aproveitou a brecha para verificar se mais algum zumbi o perseguia pela rua às suas costas: negativo. Essa condição se repetiu para sua esperança de contato: enquanto ele mesmo não falou, só ouviu estática.

— Capitão, aqui é o Oliveira – replicou por fim, pressionando o comunicador junto ao ouvido. – Nenhum sobrevivente da Flower até a Lonsdale. Quatro quarteirões que mais parecem um cemitério... Claro, mais movimentados do que seria o normal.

— Todo o resto do Delta caiu. Temos confirmação pelo helicóptero! – o sotaque russo de Mikhail era mais nítido em frases longas, mas naquele caso o pesar estava ainda mais evidente. Assim como quando o velho urso de guerra começava a lembrar do Afeganistão. – Além de você, só há um possível soldado remanescente. Mitchell.

— Se ele não responde ao rádio, capitão, sinto informar... – o sarcasmo de Carlos era típico, porém até ele mesmo se assustava em relação a como aquele lugar o tornava mais frequente.

— Ele não cortou o contato de modo brusco como os outros. Avisou que precisaria desligar o rádio. Há grandes chances de ainda estar no perímetro.

E, antes que o russo efetivamente dissesse a frase, Carlos pronunciou-a em seus pensamentos...

— Nós não deixamos ninguém para trás!

Oliveira acenou com a cabeça em concordância, ainda que Mikhail não pudesse ver, a quarteirões de distância dali e metros abaixo da terra na Estação Redstone do metrô. O capitão era um bom homem. Atormentado em exagero por fantasmas do passado, sim, mas não a ponto de deixar que estes o comprometessem diante dos bichos-papões bem reais daquela cidade. O problema era colocar um só lobo treinado para liderar um grupo de chacais...

O U.B.C.S. estava cheio de carniceiros, para não dizer psicopatas. Muitos dos membros haviam sido tirados de dentro de prisões, onde cumpriam perpétua ou estavam no corredor da morte, para servir à corporação. Dada essa fonte de recrutamento, era de se esperar gente complicada de lidar. Mas, ainda além, havia aqueles que aparentavam esconder coisas. Responder direto a alguém acima de Mikhail, como se as palavras dele fossem vento. O grupinho do Nicholai era um exemplo...

E Mitchell, bem... O Mitchell era confiável.

— Tudo bem, capitão, vou dar uma olhada a mais pelos becos enquanto volto pra estação – Carlos informou ao comandante. – Mas não vou revirar tudo, certo? Está ficando cada vez mais perigoso aqui fora!

— OK, Oliveira. Faça o que for possível — como bom urso de guerra, Mikhail compreendia. Ainda que jamais houvessem lutado uma guerra como aquela.

— Câmbio, desligo.

Carlos suspirou. Sentia falta de um bom cigarro, porém se Raccoon City podia ter algum efeito positivo em si, era fazê-lo largar o vício. Pulmões de fumante não eram propícios aos feitos atléticos aos quais era impelido durante aquela operação. E, mesmo com os anos de treinamento na guerrilha, o descuido cobrava em parte o preço.

Trocou o pente do M4. Não tinha muitos restando, e a vistoria nos becos até retornar ao metrô teria mesmo de ser breve. As ruas estavam estranhamente quietas, o que jamais era bom sinal. Adiante, o beco terminava numa parede grafitada, além de uma escada de incêndio levando ao topo de um dos prédios vizinhos, de quatro andares.

Antes de se mexer, Carlos olhou uma última vez os destroços dos zumbis que detonara. A cada minuto ali, conseguia mais e mais esquecer terem sido um dia pessoas. E não sabia o quanto isso era bom ou ruim.

Os passos dos coturnos contra o concreto do beco compuseram breve trilha sonora às suas memórias. Não, no passado não aprendera a empunhar um rifle contra pessoas inocentes, por mais que houvessem perdido completamente a capacidade de pensar e agora vagassem devorando outras. Ainda se lembrava dos ensinamentos de Lopez: pegar em armas contra os inimigos do povo, expulsar os invasores dispostos a invadir e desapropriar suas terras. Carlos de início lutara por sua família, tão necessitada quanto os outros camponeses do interior de seu país. A seguir, entregara-se ao ideal por todo o povo, durante anos...

E eis você aí agora... De guerrilheiro marxista a capacho da maior corporação do planeta!

Lopez com certeza se envergonharia, mas até ele admitiria que a causa fora derrotada, por mais que lhe doesse. A CIA, agência de Inteligência daquele mesmo país em cujo solo Carlos agora lutava, equipara as tropas do governo com armamento invejável para caçar os guerrilheiros. Muitos foram comprados por carros, terras, vantagens ou dinheiro vivo. Lopez acabou destituído do comando, e seu substituto assinou um cessar-fogo com os inimigos. A Carlos, restara a perspectiva de uma vida toda na prisão – já que os soldados de frente da guerrilha não foram anistiados – ou uma segunda chance trabalhando para a Umbrella.

E sim, ali estava ele, tomando parte em uma missão de resgate que, de mero reforço à imposição de uma quarentena, transformara-se em selvagem combate contra monstros canibais... Lopez jamais lhe daria os charutos cubanos que prometera no dia em que tomassem a capital de seu país.

Começando a subir a escada de incêndio, Carlos deu de ombros, resignado. Além de tudo, ele não fumava mais.

Atravessar por cima dos edifícios era sempre uma estratégia viável para evitar as ruas e becos apinhados de mortos-vivos – além de proporcionar a Oliveira uma visão mais ampla para procurar o colega perdido. Quase no topo, tomou leve susto ao sentir toda a estrutura de metal sacolejar, constatando, ao olhar para a base, que alguns zumbis retardatários agarravam em vão a escada na tentativa de derrubar sua janta.

Se ao menos conseguissem subir... – Carlos pensou consigo, ganhando o telhado do prédio.

A brisa noturna, além de feder a cadáver, atingiu o mercenário com calor maior do que esperaria, fruto de algum incêndio próximo. O ruído gorgolejante de mastigação também chegou a ele tão logo pisou no terraço, avistando dois vultos curvados, num canto, banqueteando-se com corpos rasgados em tantas partes que era quase impossível determinar a quantos indivíduos pertenciam.

O zumbi maior era um grandalhão de camiseta de time de futebol, provável pai de família, e ao seu lado um rapaz em seus dezessete ou dezoito anos competia para ver quem comia mais daqueles que um dia decerto haviam sido seus entes queridos, tendo antes buscado refúgio no alto do prédio sem darem conta de um deles estar infectado...

Eu não queria somente o charuto agora, Lopez, mas um bom conhaque!

Como diversas outras cenas lastimáveis encontradas por aquela cidade desde que chegara, Carlos teve de negar-se a encerrar a miséria daqueles mortos-vivos para poupar munição. Ao contrário, dirigiu-se o mais rápido possível à escada de incêndio do lado oposto do prédio, planejando atingir outro beco.

Desceu pelos novos lances de degraus procurando ao máximo repelir a cena do terraço de sua mente, o odor ainda mais intenso de putrefação e os gemidos de zumbis não muito distantes não o impedindo de se atentar a um fato curioso: o término da descida tinha um segmento de escada emperrado, alguém no nível do beco tendo empurrado uma caixa logo abaixo para, resistente o bastante, reduzir a queda de quem saltasse após descer pela lateral do prédio.

Até aqui, poderia ter sido qualquer cidadão de Raccoon, mas...

A rajada de rifle nas cercanias reforçou fortemente o contrário.

Carlos tinha um ouvido bastante apurado e conseguia facilmente localizar-se pela audição – habilidade em extremo necessária ao guerrilheiro da selva e montanhas que fora um dia. Os tiros tinham vindo do norte, de Flower Street, um dos limites do perímetro que o Delta Team fora ordenado a averiguar em busca de sobreviventes. O mercenário não precisou andar muito, evitando zumbis que se erguiam das trevas a alguma distância, para avistar o clarão da arma cuspindo chumbo contra outros que ameaçavam a posição daquele que a portava.

Dando a volta num carro tombado, Carlos viu Harry Mitchell despachando um grupo de mortos-vivos com fúria e habilidade equiparáveis, portando um fuzil M16 que trabalhava no limite. O colega tinha a situação razoavelmente sob controle, mas mesmo assim Oliveira auxiliou-o com o M4, transformando os últimos zumbis em amontoados desfigurados de carne à custa de meio pente. Ou Carlos aprendia a mirar melhor as áreas mais sensíveis – se é que existiam – daquelas criaturas, ou algum tipo inesperado de sorte resolvera recompensá-lo pelo esforço em procurar a ovelha desgarrada.

O próprio Oliveira estava em dúvida se a ajuda fora realmente precisa ou agira na raiva de fazer sua busca ter, ao final, alguma utilidade. Convenceu-se da primeira coisa, e viu-a reforçando a segunda, no instante em que, à sombra do automóvel destruído, constatou que Mitchell não estava sozinho.

— Ah, você encontrou uma sobrevivente! – a afirmação de Carlos veio por reflexo.

A moça era um pouco mais nova que si: Oliveira não era o melhor para julgar idade, mas ela não devia passar dos vinte. A camiseta rosa estava coberta de fuligem – assim como parte de seu rosto – e tinha rasgos com ferimentos secos. Os tênis azuis com longas meias amarelas até quase os joelhos lhe davam o aspecto ingênuo de uma garota mais nova do que realmente era. Franjas loiras lhe caíam sobre a testa, mas ainda assim Carlos pôde perceber que ela chorava.

— O capitão me mandou procurar você. Bom que o encontrei! – Carlos prosseguiu, já fazendo menção de continuar. – Vamos, a estação não está longe!

— Oliveira... – a voz de Mitchell saiu trêmula, mas resoluta. – Eu não vou voltar. Aliás, nós não vamos!

Carlos parou. A ansiedade e irritação fizeram com que girasse o corpo para as duas direções da rua por um momento. Não longe, uma multidão de zumbis empurrava uma barreira da polícia, seus defensores todos mortos. Não demorariam a derrubar os cavaletes e fluir feito água pela rua.

— De que porra você tá falando, Mitchell? – com uma mão, Oliveira esfregou os cabelos desgrenhados.

— Ela... Ela perdeu tudo! – Harry apontou à jovem. – A família dela achou estar segura em cima daquele prédio, mas o irmão dela escondeu que... Bem, não foi culpa dele. O menino estava morrendo de medo!

Maldição! – associar as coisas fez Carlos sentir breve tontura, já que a cena no terraço reproduziu-se de novo em seus pensamentos. – Aquela era a família da garota!

Bufou, desconcertado. De repente, voltava a ser o guerrilheiro imberbe que começava a treinar tiro com um fuzil M1 Garand da Segunda Guerra. Idealista, determinado, mas sem a mínima noção concreta de como lidar com o inesperado.

— Mitchell, olha aqui. A garota vai estar mais segura na estação. Nós só precisamos dar um jeito de limpar os trilhos e ligar os trens. Todos vamos ficar bem se nos ativermos ao plano do capitão, você sabe!

— Tem cobras no pelotão do Mikhail, Oliveira, você sabe... – apesar de sua enorme resolução, Harry tentava se conter conforme falava, talvez para não assustar a civil. – O Nicholai, talvez o Patrick. Eles trabalham pra gente graúda na Umbrella. Se foi mesmo a empresa que causou esta bagunça, acha mesmo que eles vão deixar a gente sair livre com o que sabe?

— Vocês e essa teoria que a Umbrella causou tudo! – Carlos ficava tão irritado quanto impaciente. – Se isto aconteceu mesmo por um vazamento deles, acha que iam se envolver tanto? Não seria mais inteligente tomarem distância?

As batidas sobre metal e gemidos ficavam insuportáveis, indicando que os mortos-vivos avançariam sobre eles a qualquer momento. Oliveira acreditava no lema de Mikhail, estava disposto a salvar todos que pudesse... mas não podia se comprometer tanto caso o colega continuasse teimoso daquela forma.

— Nós ouvimos sobre um plano alternativo de evacuação, na Torre do Relógio! – Mitchell afirmou, envolvendo as costas da garota com um braço. – Helicópteros a postos para evacuar sobreviventes, inclusive mercenários.

— Torre do Relógio? – Carlos exclamou incrédulo. – Fica do outro lado da cidade! Como pretendem chegar lá a pé?

— Encontraremos nossa maneira... – sem se abrir a mais protestos, Harry pôs-se a andar, ajudando a moça a fazer o mesmo e mantendo o M16 engatilhado em sua mão livre. Apenas nesse momento Oliveira notou que ela mancava, possuindo um corte profundo numa das pernas. – De qualquer forma, estaremos seguros longe das cobras. Caso consigam se livrar delas, deem a dica ao Mikhail para transportar os sobreviventes de metrô até a Torre. Talvez a gente se veja de novo!

Conforme se afastava pela rua, Mitchell sequer olhou para trás. Seu corpo de uniforme e colete virara uma espécie de casulo em torno da sobrevivente, ambos desaparecendo por um beco. Antes, todavia, as chamas do incêndio que Carlos sentira do telhado os iluminaram, consumindo o interior de uma loja... e, ao brilho amarelado do fogo, as silhuetas do mercenário e da civil se tornaram apenas uma.

Mitchell... Não foi esse cara que disseram ter perdido uma irmã, na vingança de uma gangue, mais ou menos da idade dessa garota? – Oliveira recordou as conversas de alojamento, só então se dando conta.

Adeus! – pronunciou apenas em pensamento, certo de que não voltaria a vê-lo.

Atrás de si, os golpes contra a barreira se transformaram numa desordem de grunhidos e passos atropelados, as vozes dos zumbis iniciando coro remetendo a um inconsistente hino de vitória. Não precisou sequer virar-se para concluir que seu tempo ali se esgotara.

O acesso à Estação Redstone se dava por outra viela. Semioculta por um outdoor derrubado, mas Carlos ainda podia vê-la.

Talvez eu não tenha evoluído nada, Lopez...

Questionando-se sobre idealismo e realidade, paixão e necessidade, Carlos correu até sua rota de fuga. As sementes plantadas pelas palavras de Mitchell ainda eram rejeitadas por seu coração. Porém, com a terra um pouco mais revolvida pelos acontecimentos, era certo germinarem...

E o mercenário, no fundo, torcia por isso.

 


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Notas finais do capítulo

Comentário do autor: Olá novamente. Espero que tenham gostado deste POV tanto quanto eu curti escrevê-lo. Explorar o passado do Carlos e as impressões dele em relação aos acontecimentos em Raccoon City é muito interessante.

Conseguiram adivinhar em qual elemento do RE3 original, na Clock Tower, eu me baseei para criar esse enredo do mercenário Mitchell? Digam nos comentários.

Em breve teremos mais! Fiquem de olho.



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