Virtual Love escrita por PJOdasfic


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Não importava o quão tranquilo meu pai estava, nem Hazel dizendo que tudo ia ficar bem e nem Will apertando minha mão por de baixo da mesa. Eu não conseguia me acalmar. Tudo que eu conseguia pensar era que meu pai teria um ataque de fúria e me expulsaria da família. Por que ser gay, bi ou sei lá o que tem que ser tão "bizarro"? Ninguém chega em alguém hétero e diz que ele é assim porque não achou a pessoa certa, ou que é falta de Deus ou de surra.

— Você tem alguma coisa para falar, filho? – perguntou meu pai de uma maneira diferente da qual eu imaginei que ele perguntaria. Eu nunca fui bem próximo ao meu pai, e acho que foi por isso que eu estranhei aquela reação vinda dele. Com a distância que havia entre nós, acabei vendo ele como uma figura de poder ao invés de uma figura acolhedora.

— E-eu... – gaguejei sentindo o suor se acumular nas palmas das mãos.

— Você consegue. – sussurrou Will. Ele colocou sua mão sob a minha e aquilo me deu coragem para tentar continuar.

— Eu... Eu gosto do Will.

Fez-se um breve silêncio na mesa. Will, Hazel, Bianca e Frank estavam com um meio sorriso, o que eu deduzi como algum tipo de orgulho. Minha madrasta parecia meio surpresa, mas não chateada ou enojada. Já meu pai estava sorrindo calmamente, e isso me deixou muito confuso. Antes que o silêncio se tornasse mais agonizante, ele falou:

— Eu sei. Você e a sua irmã, – ele inclinou a cabeça na direção de Hazel — conversam alto demais. E eu sei que isso é difícil, mas saiba que você pode contar comigo com o que precisar, está bem?

— Obrigado, pai. – falei sem conseguir segurar um sorriso.

— Bem, eu imagino que vocês estejam namorando. – falou ele referindo-se a Will e a mim. — Embora Apolo tenha alguns parafusos a menos, você parece ser uma boa pessoa, Will, e o meu filho realmente parece estar feliz ao seu lado e é com isso com isso que eu me preocupo.

Quando ele falou isso, eu tive de me controlar para não chorar. Fosse por ele ter aceitado, querer me ajudar, se preocupar comigo. Por ele ainda me amar.

Ele perguntou sobre como Will e eu nos conhecemos e todas as outras perguntas típicas que pais fazem para quem namora seus filhos. O medo que existia dentro de mim havia começado a diminuir, dando lugar a alegria.

Após um tempo, a conversa tomou outro rumo. Frank estava bem enrubrecido, e quando começou a falar a vermelhidão aumentou.

— Senhor Hades, eu e a Hazel, bem, a gente é amigo há um bom tempo e ultimamente a gente se aproximou mais e agora estamos juntos. - falou ele, em meros cinco segundos.

Dessa vez meu pai pareceu um pouco surpreso, mas acho que o namoro dos dois já era algo esperado por todo mundo.

— É o seguinte Frank, você só poderá ficar com a Hazel se nos dar comida grátis aqui no restaurante – falou Perséfone, com uma voz de megera completa. Depois, ao ver os olhos esbugalhados do garoto, ela acrescentou rindo: — É brincadeira!

— Ainda bem. – suspirou Frank — Só a Hazel faria o restaurante falir em um dia.

— Blasfêmia! – falou ela fazendo uma cara de quem estava ofendida.

Os minutos se passaram e continuamos a conversar tranquilamente sobre diversas coisas. Depois de todos terem acabado de comer, decidimos que era hora de irmos embora.

— Pai, eu posso dormir na casa do Frank hoje? – perguntou Hazel. A julgar pela expressão que meu pai fez, ele pensou a mesma coisa que eu. Apesar disso, aceitou o pedido de minha irmã.

Embora a conversa tivesse sido agitada durante o jantar, Bianca mal abriu aboca. Quando os adultos foram pagar a conta, me afastei de Will e fui procurar por ela. Ela estava sentada em um banco de madeira que ficava perto da entrada do restaurante. Ela parecia meio chateada, mas ficava balançando a perna, dando a entender uma forte ansiedade. Sentei-me ao seu lado e perguntei o que estava acontecendo.

— Nada, só estou com dor de cabeça, não consegui dormir durante o voo. – justificou ela.

— Não parece ser só isso. Sabe que pode me contar tudo, não é?

Ela ficou em silêncio por alguém segundos, então suspirou e disse:

— Eu me sinto desprezível por sentir isso, mas é que você e a Hazel estão tendo uma vida amorosa boa. Vocês estão juntos com as pessoas que vocês amam. Nesses meses em que estive fora, eu conheci um garoto. Nós começamos a conversar, nos conhecemos melhor, e estávamos quase namorando, só que ele teve que se mudar por causada faculdade que ia fazer. Agora raramente trocamos mensagens, e eu sinto muito a falta dele.

Ela parou de falar e enterrou o rosto nas mãos. Passei meus braços ao seu redor, abraçando-a. Mesmo estando sempre viajando, Bianca e eu éramos bem próximos, e eu não queria vê-la chorar.

— Se for para dar certo, vai dar certo. De certo as coisas estão muito corridas para ele, mas quando acalmaram vocês voltarão a conversar. Vai ficar tudo bem.

— Tomara... – ela não parecia acreditar naquilo — Acho que você já deve ter ouvido falar dele. Ele é irmão do Leo por parte de pai. Jake Mason.

Eu nem sequer tinha ouvido falar dele. Nem sabia que Leo tinha outro irmão além do Charles.

— Não sei quem é, mas sendo parente do Leo deve ser gente boa. – falei.

Ouvi nossa madrasta nos chamar e cutuquei minha irmã. Fomos até o  estacionamento, onde estavam todos, exceto Hazel e Frank.

Puxei meu pai para um canto mais afastado.

— Sabe pai, eu ouvi a Perséfone conversando com Hazel e a Bianca. Ela disse que sente saudades de sair a sós com você e tudo mais, sabe... – falei. Tudo mentira, não ouvi nada daquilo — Bem que vocês podiam sair hoje, né?

Meu pai me olhou com a cara mais engraçada que já o fiz fazer. Ele estreitou os olhos e seu um sorriso esticado, provavelmente pensando besteira.

— Algo me diz que eu vou me arrepender disso, mas tudo bem. Ah, tem uma coisa que eu quero te entregar.

Ele colocou a mão no bolso e por um instante temi o que seria aquilo, mas o que ele pegou era uma caixinha revestida de veludo bordo e me entregou.

— Antes de morrer, a sua mãe me deu isso. Ela disse que era para entregar para quem achasse a pessoa certa primeiro.

Eu não sabia o que dizer. Já fazia anos que mamãe havia morrido, mas eu ainda sentia muito a falta dela, todos os dias. Aquela caixinha era uma forma dela dizer que ainda estava comigo.

Abria caixinha e dentro encontrei dois anéis. Brilhavam como ouro, mas tinham uma coloração escura. Eles eram feitos com três tiras de metal entrelaçadas, o que os deixavam ainda mais bonitos. Entre as tiras havia "fios" de um material azul claro.

— São lindas. – falei — Obrigado.

Meu pai se aproximou de mim e me envolveu num abraço. Era uma coisa tão nova entre nós, e talvez isso tenha feito o abraço ser ainda mais especial. Ficamos assim por um tempo até que ele disse:

— Se você me der licença, eu tenho que convidar alguém para um passeio noturno, se é que me entende.

Depois de todos nós nos despedimos, meus pais foram passear por aí, os de Will voltaram para casa e Bianca disse que iria visitar uma amiga.

Will e eu decidimos ir caminhando para minha casa. Era uma noite quente, mas com um vento refrescante. O céu estava bem limpo e estrelado contrastando com as luzes da cidade.

— Eu disse que daria tudo certo, não disse? – falou Will enquanto caminhávamos pela calçada.

— Eu não teria conseguido sem você.

— É claro que conseguiria, você é mais forte do que pensa.

Senti um sorriso se formar em meu rosto, e quando o viu, Will sorriu também. Se tinha uma coisa sobre a qual meu pai estava certo era a de que Will era a pessoa certa para mim.

— O que acha que devemos fazer agora? – perguntei.

— Mudar nossos status do Facebook, é óbvio.

— Não isso, seu tanso. – falei dando um soco no ombro dele — Estou dizendo sobre nós ficarmos sozinhos na minha casa.

— Ah, isso. Acho que devemos transar.

O olhei espantado.

— Seu tarado!

Will me deu um sorriso de canto, o que o fez ficar sexy pra caramba.

— É brincadeira. – falou ele — A gente poderia ver um filme, ouvir música, ler um livro, jogar alguma coisa...

— Olha, eu tenho medo dos seus jogos, mas o que acha de uma partida de Uno?

— Acho melhor não, não quero humilhar meu namorado no segundo dia de namoro.

Lancei-lhe um olhar debochado e continuamos andando.

Depois de alguns minutos chegamos em casa. Quando abri a porta, a senhorita O'Leary - é a nossa cachorra, não uma senhorita em si - veio correndo para cima de mim. Isso seria fofo, se ela não tivesse cem quilos.

— Isso é um cachorro ou um urso? – perguntou Will assustado.

— Uma cachorra. – falei tentando sair de baixo dela — Senhorita O'Leary comprimente o Will.

Ela saiu de cima de mim e em vez de pular em Will, ela se aninhou em seus pés e ficou pedindo carinho. O nome disso é injustiça.

— Sua traíra...

Ficamos brincando um pouco com a senhorita O'Leary e quando ela se deitou na sua casinha, Will e eu subimos para meu quarto para jogar Uno. Nós jogamos cinco partidas. Spoiler: eu ganhei as cinco partidas.

— Não quero mais jogar com você. – falou Will com a cara emburrada — É humilhação demais por uma noite.

Olhei no celular; já se passavam das uma da manhã.

— Acho que já passou da hora de dormir... – falei. Me levantei e tirei minha blusa e a calça jeans, recebendo um olhar de Will — Que foi?! Ninguém merece dormir de calça jeans.

— Tudo bem... – disse ele e tirou as roupas também.

Will se deitou primeiro e eu fui apagar a luz, depois fui me deitar ao lado dele. Ele pegou o celular e perguntou:

— Posso colocar uma música?

— Desde que não seja The Weeknd, pode.

— Que preconceito é esse?

— Não é preconceito. É que uma boa parte das músicas dele dão vontade de transar.

Will concordou e colocou uma música calma e suave.

— É Troye Sivan?

— É. Blue. Antes da gente começar a namorar, eu ficava ouvindo essa música pensando em você...

— Então, a partir de agora essa será a nossa música. – falei sorrindo.

Nos encaramos por alguns segundos, então meus olhos se desviaram para sua boca e eu me aproximei para beijá-lo. Quando terminado o beijo, Will estava vermelho, e provavelmente eu estava também.

— Eu te amo...


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Notas finais do capítulo

Gostou do capítulo? Comente e favorite a história! Não seja um fantasminha!

—CriaDeApolo



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