Em meio ao Caos escrita por Val Rodrigues


Capítulo 17
Capitulo Dezessete


Notas iniciais do capítulo

A unica coisa que posso dizer sobre este capitulo é que eu relutei muito em faze-lo, mas que foi extremamente necessário para a historia.
As minhas lagrimas se misturaram...junto as dela.



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— Eu lamento muito Isabella. O medico encerrou seu discurso se retirando, e Bella sentiu seu mundo ruir.
O coração sufocado, as lagrimas descendo sem controle, as pernas fraquejando sem conseguir sustentar o peso do seu corpo.
Ela olhou ao redor, o branco das paredes do hospital refletindo sua mente. Confusa e destroçada, abraçou o próprio corpo sentindo o frio gelar sua espinha.
Não. O medico estava errado. Aquilo, não podia ter acontecido. Não fazia sentido. Gritou dentro de si. Não. Não podia ser. 
Os pensamentos tendo dificuldades em se unirem e chegarem a um consenso.
O eco das palavras do médico martelando em sua cabeça, reverberando por todo o seu corpo a fazendo sentir um arrepio frio na espinha e algo esmagar seu coração.
Inconscientemente, seu cérebro se recusava a acreditar no que ouviu.
— Bella. Apenas quando Esme, ainda de máscara, surgiu em seu campo de visão com os olhos vermelhos e lágrimas molhado sua face, foi que ela saiu do estado de letargia e seu cérebro engrenou, racionalizando o que ouvira.
— Ele se foi. Ela pronunciou automaticamente. Ela sentia os lábios moverem-se, mas não conseguia reconhecer a própria voz. _ Ele se foi Esme. As palavras começando a ganhar sentindo, espaço, tornando-se reais e esmagando seu coração.
— Não Bella... Esme negou veemente.
— O Edward... Morreu. E como um prédio desabando em um terremoto, Bella se sentiu desmoronar em vários pedaços.
Edward, seu marido, o pai de seus filhos, o homem com quem dividiu anos de sua vida, momentos tristes e felizes, não estava mais ali.
A voz de Esme, a trouxe de volta em uma abraço apertado e angustiado, e sem conseguir controlar , ela chorou.
Chorou por que seu marido havia partido. Chorou porque ele nunca ia poder ver seus filhos crescerem. Chorou por que Theo e Lavínia seriam órfãos.
Simplesmente, chorou, por que um pedaço seu dela fora arrancado, e sua alma estava sendo rasgada ao meio e o ar lhe era roubado.

...........................


— Bella. Bella...Sentiu seu corpo ser sacudido e abriu os olhos assustada.
Esme a chacoalhava pelos ombros. Os olhos confusos e assustados.
— Esme, o que aconteceu? Bella a olhou ao redor. Não estava mais no chão do Hospital e sim em das macas no quarto.
— Você desmaiou Bella. Esme explicou e ela piscou notando os olhos de Esme, vermelhos e inchados.
Todos os pensamentos voltando ao mesmo tempo e ela não conseguiu conter o soluço que rompeu do fundo de sua alma.

Doze dias.
Ha exatos doze dias, seu mundo havia começado a desmoronar.


(Flash back)


Bella acordou, estranhando o semblante do marido. Sua pele, continha gotículas de suor, o rosto avermelhado e ela assustou-se ao tocar sua pele sentindo a alta temperatura.
— Edward. Chamou e ele abriu os olhos devagar, parecendo esforçar-se para faze-lo. _ Amor, você esta febril.
— Não toca em mim. Se afasta Bella, por favor. Começou a pedir angustiado, e ela logo entendeu seus pensamentos.
— Ei, se acalma. Nós precisamos ir ao Hospital. Vamos agora mesmo. Ela decidiu correndo para o guarda roupa, alcançado um casaco e calçando um tênis qualquer. _ Vista isso.
— Escuta. Preciso do meu celular. Por favor...
Bella o alcançou, sem entender a demora enquanto ele discava.
— Oi. Meu nome é Edward Cullen. Sou médico do Hospital Central, na área reservada para o Combate ao COVID -19. Preciso de uma ambulância, estou na minha casa, mas estou com dificuldade de respirar, e acho que estou com febre também. Minha esposa e meus filhos também estão na casa. Ele parou ouvindo. _ Sim, obrigado.
— Edward...
— Eles estão vindo.
— Certo. Então...
— Bella me escuta. Ele pediu e ela o olhou. _ Eu acho que pode ser o vírus. Não deixa as crianças entrarem aqui. Eles estão vindo, vão testar vocês e vão precisar ficar de quarentena.
— Tudo bem, mas e você? Como esta se sentindo?
— Eu estou bem. Mentiu tentando não apavora-la. _ Desculpa amor.
— Por que?
— Acho que preciso ir ao hospital. Ele falou após se auto avaliar rapidamente.
— Certo. Bella voltou a dizer, sem conseguir processar a tudo ao mesmo tempo. _ Vamos ao hospital.
— Não. Você fica aqui.
— Edward... A campainha tocou e ela se apressou em atender, se assustando com a forma que os paramédicos estavam vestidos.
— Casa do Doutor Edward Cullen. Um deles perguntou e ela confirmou.
— Sim, ele esta no quarto. Informou começando a segui-los.
— Certo. Você fica com ela. Ele pediu olhando uma mulher que os acompanhava.
— Senhora Cullen, deixe eles atenderem seu marido.
— Eu preciso vê-lo. Murmurou.
— Vamos cuidar de tudo. Sei que a senhora esta ciente das suspeitas e precisamos testa-la, assim como seus filhos, para a segurança e bem estar de todos.
— Sim, claro. Bella murmurou confusa, apenas querendo segui-lo e verificar como Edward estava.
— Sente-se aqui por favor. Sentiu alguma coisa fora do comum, um mal estar?
— Não, eu estou bem. Murmurou sem olha-la. Seus olhos buscando a Edward pela escada.

Depois disso, o pesadelo começou. Ela e os filhos testaram negativo. Mas o estado de Edward, não parecia melhorar.
Ele fora internado, entubado e seu quadro seguia sem melhoras, dia após dia.  
Bella passara ir todos os dias ao hospital para receber o boletim medico, da mesma forma que fazia quando Theodoro adoeceu.
Até aquela manha.
Os médicos tentavam desentuba-lo, mas Edward não reagia. A declaração de óbito vindo em seguida.
.........................

 

 

Tomada por lagrimas, dividindo a mesma dor, Esme a abraçava.
— Como vou dizer a duas crianças que o pai deles não vai mais voltar para casa? Que eles nunca mais o verão? Eu não consigo fazer isso. Bella negou. _ Não posso Esme... Não posso. Continuou desesperada.
— Nós estamos aqui Bella. Você não esta sozinha. Esme tentou consola-la, mesmo que seu coração estivesse sangrando por dentro.
— Meu Deus. Eu preciso cuidar das coisas e nem sei por onde começar... Bella continuou nervosa, seu cérebro processando a tudo rapidamente, ao mesmo tempo, de maneira letárgica. _ Eu preciso ir para casa. Preciso ver meus filhos... Falou fazendo uma careta ao soro preso em sua veia.
— Espera Bella. Tem algo que você precisa saber antes de ir. Esme pediu secando o rosto e olhando a com carinho. Tinha Bella como uma filha. E o mesmo carinho lhe era retribuído por ela.
— O que foi Esme? Eu fiz o teste alguns dias atrás, deu negativo para o vírus.
— Eu sei. Não é isso. Bella, como você desmaiou, o médico achou melhor te examinar e ele descobriu que você está grávida Bella.
— Grávida? Eu? Tem certeza Esme?
— Sim. Eles fizeram exame de sangue. Você desmaiou devido a deficiência de algumas vitaminas no seu organismo.
— Eu... Bella começou sem saber o que dizer. _ Nós não estávamos planejando ter outro filho. Como? Ela questionou a si mesma.
— Querida, me escute. Eu disse e repito. Nós estamos com você, para o que precisar Bella. Esme foi enfática, apertando a mão de Bella que pendia na cama. _ E eu tenho certeza que o Edward ficaria muito feliz em saber que teriam outro bebê.
Bella abraçou a sogra, sendo tomada por uma nova onda de lagrimas, prontamente acompanhada por Esme.
— Obrigada por estar aqui.
— Você não precisa agradecer. Somos família.
— Eu preciso sair daqui. Tenho que cuidar de tudo. Murmurou.
— Sobre isso, não se preocupe. Carlisle cuidara de tudo. Esme murmurou chorosa, porem forte e Bella admirou aquela mulher, que lutava o seu lado, a apoiava, apesar de sua própria dor.
— Podemos entrar? A doutora Laura pediu sendo acompanhada por Jacob.
— Oi. Entrem. Esme concordou.
— Nós viemos ver como estão. Se precisarem de qualquer coisa, não exitem em nos pedir. Laura se prontificou, atenciosa.
— Obrigada. Esme agradeceu. _Vocês trabalhavam com meu filho?
— Sim, sou Laura Jenkins e este é o doutor Jacob Black.
— Edward foi um grande medico e um ótimo amigo. Contem comigo também. Jacob falou solidário e Bella os analisou por um momento.
— Agradeço a atenção de vocês. Na verdade, se puderem me ajudar. Meus filhos estão em casa e eu preciso de alguém para me liberar. Falou deixando no ar.
— Vou ver o que podemos fazer. Laura garantiu. _ Agora precisamos ir, nosso intervalo já esta acabando.
Eles se despediram e Bella suspirou apertando os olhos fortemente, sentindo a cabeça doer.
— Esme, eu gostaria de pedir um favor.
— Sim Bella. Do que precisa?
— Por favor, não vamos contar ainda da gravidez ao Theo e a Lavínia. Eles já vão ter muito o que processar... Tentou explicar.
— Claro Bella. Como achar melhor. Esme concordou.
— Obrigada. Agradeceu, tomando uma respiração profunda.
..........................


— Eu preciso contar a eles. Só não sei como dizer que ... parou, mais uma vez sendo tomada por lagrimas e Esme voltou a segurar sua mão.
As duas estavam dentro do carro em frente a casa junto com Carlisle, mas ninguém movia um músculo sequer para sair do veiculo, como se o fato de falar tivesse o poder de materializar o que eles gostariam de evitar.
— Tem certeza que esta bem para fazer isso? Carlisle perguntou preocupado.
— Eu não sei se algum dia vou ficar realmente bem, mas obrigada Carlisle. Eu só... preciso de um momento. Pediu, se enchendo de coragem e caminhando para dentro de casa.


— Oi mãe. Theo falou assim que Bella abriu a porta, sendo seguida por Carlisle e Esme.
— Oi. Eu vou tomar um banho e já conversamos esta bem? Ela pediu fugindo dos seus olhares, caminhando escada acima.
— Vô, conseguiu ver meu pai? Theo voltou a perguntar e Esme tremeu o lábio tentando segurar a onda de choro que lhe invadia.
— Theo, por que não sobe e espera sua mãe sair do banho? Ela vai conversar com vocês. Carlisle tentou despistar dando a Bella alguns minutos para se preparar.
— Por que?
— Por que é melhor assim Theo. Esme respondeu sem conseguir conter as lagrimas silenciosas que caiam dos seus olhos.
— Vovó, por que a senhora esta chorando? Foi a vez de Lavínia questionar.
— Meu pai não esta melhorando, não é? Theo confrontou, com lagrimas presas nos olhos e Esme o olhou cheia de dor. _ Diz a verdade vó. Como esta o meu pai? Theo voltou a questionar.
— Theo... Esme falou olhando angustiada para o marido, em busca de ajuda.
— Escuta Theo... Carlisle pediu.
— Ele morreu? O meu pai... morreu? Theo questionou abalado. A verdade se revelando em meio ao silêncio.
— Sinto muito meu amor. Sinto tanto, mas sim. O seu pai foi morar no céu. Esme respondeu o abraçando e Theo se agarrou a ela, chorando.
— Meu pai foi para o céu? Ele não vai voltar para casa? Lavínia perguntou.
— Venha cá princesa. Esme girou o rosto, abrindo o braço para Lavínia que correu a se colocar ali, chorando.
— Vó, eu quero meu pai. Lavínia pediu chorando agarrada a Esme.
— Eu sei que quer querida. Eu sei. Falou a envolvendo e Carlisle colocou as mãos nos bolsos, tentando se controlar.

Bella que ouvia a toda a conversa em silencio, se recostou na parede do corredor, levando as mãos aos lábios para não deixar um grito de dor sair de seu peito. Ela sabia que precisava ser forte por seus filhos, mas no exato momento, só queria se esconder no quarto e chorar até não restar mais nada, ou ate ela conseguir acordar do pesadelo que sua vida se tornara. 

Um tempo incontável depois, ela obrigou seu corpo a reagir, firmando as pernas tremulas e fadigada conseguiu erguer-se chão ao ouvir passos na escada trepidando na escada. Não queria que seus filhos a vissem desmoronar.
— Mamãe...Lavínia começou chorando a agarrando pela cintura, no momento em que ela destrancava a porta do quarto. _ Eu não quero que meu pai vá para o céu, mãe. Eu quero que ele continue aqui morando com a gente.

E toda a estrutura que ela tentou montar, desmontou ao ver a dor no rosto do seu filho e nas palavras de sua filha.
— Eu sei minha princesa. Eu também queria. Conseguiu responder notando Esme logo atrás e abriu os braços para Theo se aconchegar ali. 

De todos os momentos que ja viveram, de tudo o que passaram, Bella não conseguia se lembrar de ja ter vivido ou sentido uma dor assim.   


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