Amanhecer: Novos Começos escrita por Sarah Lee


Capítulo 14
Lua - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Finalmente mais um cap entregue, e a demora para sair esse, é que eu não queria nada menos que a perfeição. Sério mesmo, acho que nunca recomecei tanto, ou reescrevi tanto um cap como foi agora, então espero que vocês gostem mesmo. Fecho aqui o arco de uma personagem que me é muito querida.
Boa leitura ♥



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Quando chegamos à praia, ela estava silenciosa. A maré tinha subido com a noite, e uma água escura e gelada banhava nossos pés. Eu havia tirado meus tênis, e estava com ele nas mãos enquanto andávamos. Parecia, para a minha satisfação secreta, a cena de um filme de romance. O casal que andava de mãos dadas pela areia, mas nesse caso não havia um pôr do sol, mas sim, o brilho forte das estrelas e da lua.

Continuamos caminhando e falando sobre as coisas que queríamos. Jacob já planejava os próximos passos para me acompanhar em Phoenix ano que vem, e o que faríamos nesse meio tempo. Estava finalmente acontecendo, eu podia sentir os planos se concretizando, e avistava o horizonte brilhante que se abria na minha frente. Fazia muito tempo que eu não me sentia assim, esperançosa. Eu ainda estava rindo despreocupadamente com as ideias malucas que às vezes saíam da sua boca, quando avistamos uma sombra na areia.

Era pequena, e por um momento eu acreditei até que fosse uma pedra ou algo jogado por aí, de tão encolhida que estava. Mas prestando mais atenção, a luz fraca me mostrava braços envoltos em pernas fortes. A sombra não se movia, não importava o quanto nos aproximávamos, e eu tive medo, por um instante, que talvez fosse algum tipo de cadáver. Mas o clima misterioso e mágico da luz prateada nos obrigava a avançar cada vez mais. Jacob ficou tenso muito antes de eu conseguir distinguir que a figura encolhida, era, na verdade, Leah. Envolta demais nos seus pensamentos para notar a nossa presença. A segunda coisa que eu consegui perceber quando nos aproximamos ainda mais foi o que me chocou de verdade. Talvez essa tenha sido a razão para termos continuado em silêncio, não porque queríamos espionar ou fazer algum tipo de surpresa, mas sim, pois a situação era tão inexplicável que acabou retirando todas as palavras da nossa boca. Contra tudo que eu acreditava até o momento, eu vi que Leah estava realmente chorando.

Jacob parece ter recobrado os sentidos alguns metros antes de estarmos perigosamente perto da garota, e estagnou no lugar. Eu ainda estava chocada e envolta de mais em uma espécie de transe para compreender o que ele queria me dizer com a expressões que fazia com seu rosto. E para ser justa comigo mesma, Jake também era bem ruim em comunicação não verbal. Então ele se cansou depois de um momento, e me empurrou na direção da loba, como um gesto de encorajamento. Mas que mais parecia desespero, pois eu sabia que ele não tinha a menor ideia do que fazer em relação a isso. Também não era como se eu tivesse alguma experiência em como agir nessa situação. Conhecendo o temperamento de Leah como eu conhecia, era óbvio que ela preferia estar “sozinha” agora. Mas Jake também era tão ruim entendendo comunicação não verbal quanto fazendo. “Vai falar com ela!”, ele continuava insistindo, apontando fervorosamente para a menina na areia e mexendo as sobrancelhas de um jeito estranho. Claramente mais constrangido e perdido pela situação do que eu. “Não vou, vai você!”, quem sabe ela não me mataria ali mesmo por pegá-la em um momento tão íntimo? A opção mais segura com certeza seria o adolescente lobisomem musculoso de quase dois metros de altura. “Leah também me mataria”, ele continuava gesticulando, e eu pensei sem surpresa em como fazia sentido ele nunca ter namorado antes de mim, já que não levava nenhum jeito com garotas.

Passaram-se alguns minutos, e ainda estávamos nessa discussão muda quando a sombra se moveu.

— Ninguém nunca ensinou pra vocês como é desagradável ficar parado observando os outros? — Ela não se virou para nos encarar, mas percebi que o braço fazia um esforço grande para secar o rosto.

“Vai!”, Jacob se aproveitou da minha surpresa por termos sidos pegos para me empurrar novamente na direção da garota. Ganhando a discussão de maneira suja. Eu olhei irritada enquanto recobrava o equilíbrio, o que ele respondeu com um sinal de positivo. Eu com certeza o mataria depois, caso sobrevivesse a isso.

— Leah? — Foi o que eu consegui dizer. — Está tudo bem? — O que foi uma pergunta extremamente idiota, pois eu sabia que ela não estava. Mas o que mais eu deveria dizer agora? De todas as pessoas do mundo, eu tinha certeza que eu seria a última que Leah desabafaria alguma coisa. Tivemos uma quase briga alguns dias atrás, então ainda não estava pronta para testar a minha sorte. Nós não nos falávamos, e muito menos nos resolvemos, pois estava ocupada demais estudando para as provas finais.

— Não é da sua conta garota. — Ela disparou com a amargura esperada. Mas continuava fitando o mar, evitando me encarar. — Então por que você e o lobão aí não voltam de onde vieram? — Leah atirava ameaças como de costume, mas por algum motivo elas não conseguiram me atingir agora. Por mais que ela parecesse irritada, a agressividade estava misturada com um certo tipo de tristeza, algo que eu conhecia muito bem. Por um instante, eu só conseguia imaginar Leah como uma loba machucada e acuada.

— Não me parece que você está nada próximo de bem. — Eu tomei o restante de coragem que tinha e me aproximei ainda mais, até conseguir tocá-la no ombro.

Leah se virou rapidamente, tirando minha mão do lugar. — O que você pensa que está fazendo? — Ela gritou, alarmada de repente. Eu tinha esquecido da regra número um para ajudar animais acuados, não fazer movimentos bruscos de aproximação. Mas tudo ficou em segundo plano quando eu consegui ter uma clara visão dos seus olhos inchados. 

— Eu só quero te ajudar. — Tentei me explicar, e eu quase me senti mal por fazer isso, como se a estivesse machucando. — Leah…

— Você? Me ajudar? Garota se mande antes que eu te chute até o outro lado da praia. — Eu vacilei por um segundo e olhei na direção de Jacob, só para me garantir que ele ainda estava parado lá. A sua expressão de preocupação, e não de raiva, que me deu mais forças para permanecer onde eu estava.

— Eu não estou contra você.

— Vindo de você, que muda a lealdade tão rapidamente? Muito reconfortante. — E ok, esse comentário conseguiu me ferir um pouco. — Apenas vá! — E voltando a abaixar o olhar para o mar — Por favor… — Eu acredito que eu nunca tinha ouvido ela usar essa palavra antes, pois não a vejo como o tipo de pessoa que pede permissões para fazer o que quer. Mas foi o bastante para que eu tivesse a sensação crescente, que tudo no mundo, em um piscar de olhos, estava errado. Enquanto estivesse errado para Leah.

Ela sentou novamente, derrotada, e eu sentei ao seu lado.

— Semana que vem fazem quatro meses. — Ela riu com dor e raiva de mais. — Quatro meses que ele se foi. — E eu demorei uns segundos para entender a quem ela estava se referindo. Era sobre seu pai.

— Entendo... — Foi o que eu consegui responder. Já tinha perdido pessoas antes, mas nunca de forma tão permanente. Quer dizer, pelo menos eu sabia que elas ainda estariam vivas por aí.

— Não. — Ela pareceu aborrecida novamente. — Você não entende! Nenhum de vocês consegue entender, por que se eu não fosse essa aberração, ele ainda estaria aqui! — Foi quando ela usou a palavra “aberração”, que um alerta se acendeu na minha cabeça. Eu sabia da aversão da maioria dos lobos pelo o que eles eram, mas para Leah parecia ser algo muito mais profundo. — De todas as pessoas existentes isso tinha que acontecer logo comigo. Como se a droga da minha vida já não fosse uma piada o bastante.

— Leah, o que...? — Eu tinha essa leve sensação dentro de mim, que talvez eu soubesse sobre o que ela queria dizer. Mas as peças não se encaixavam completamente. — O que houve?

— Ah, ninguém te contou sobre a fofoca mais quente da reserva? — Ela olhou para Jacob que agora desviava o olhar, envergonhado. Ele sim sabia exatamente sobre o que ela estava falando. — É claro que não, o grande segredo dos lobisomens. — Ela jogou os braços para o ar e levantou em um salto, me fazendo levantar assustada também. Eu temia que ela se fosse agora, e nas coisas que poderia fazer enquanto não colocasse a cabeça no lugar. Leah encarava mais uma vez o horizonte enquanto abraçava o próprio peito. — Fui eu garota. Eu que matei Harry Clearwater.

O universo parou por um segundo, enquanto eu digeria a informação. Eu tinha quase certeza que Harry morreu de ataque cardíaco, então como que seria ela a culpada? E mesmo assim, apesar de ser agressiva, eu não conseguiria ver Leah como uma assassina. Eu já vi, nos olhares de Sam para Emily, como era cruel machucar alguém que se ama, para os dois lados. E só de imaginar a dor que Leah deveria sentir por isso, quase me deixava sufocada.

— E agora? Conseguiu o que queria? — Ela retomou a minha atenção, me assustando. Leah estava começando a ficar irritada, e pequenos tremores começaram a surgir em suas mãos, que apertavam fortemente os braços cruzados. — Vai resolver os meus problemas como você tenta desesperadamente resolver o de todo mundo? Ou vai me dar um sermão de como eu deveria procurar as pequenas alegrias da vida como já me deram? — Ela riu, um riso sarcástico que machucava. — Que grande piada. Só tem tanta coisa de errado comigo que eu sinto que só seria melhor perder logo a droga da minha cabeça. E agora seria bom ter um dos seus amiguinhos sanguessugas para me ajudar nisso.

E foi o olhar dela, de quem planejava algo muito sério, que fez meu corpo se mover. Por instinto, eu a abracei. Leah não me abraçou de volta, mas lágrimas escorreram pela minha jaqueta enquanto eu a segurava. E apesar de se debater de início, ela acabou perdendo as forças. Não podia deixá-la se despedaçar. E por um instante, eu entendi por que queria tão fervorosamente ajudá-la. Leah dizia que éramos iguais em muitas coisas, e apesar de não considerar isso antes, agora eu percebo que havia uma verdade nessa ideia. Nós duas já passamos por coisas demais na vida.

— Me larga! — Ela lutou de início, mas logo a tristeza a esmagou, e ela parou de lutar em meus braços. Ficamos um tempo assim, eu a abraçando, e a garota, que eu considerava inquebrável, rachando bem na minha frente. 

Depois dela ter se acalmado um pouco, nós sentamos na beira do mar. A água gelada ensopa a minha calça.

— Odeio quando parece que estou choramingando, sabe? — Ela riu novamente, sem humor e com descrença. — Mas não consigo lembrar quando as coisas começaram a dar errado.

— O que você acha que aconteceu primeiro? — Perguntei, tentando ajudá-la a desabafar.

— Talvez tenha sido quando fui trocada por Emily.

“Mas a história completa é bem mais cruel, eu só evito de contar para não parecer ainda mais patética”. — Ela respirou profundamente antes de continuar. Era óbvio que se abrir é uma coisa difícil para Leah. — “Eu não estava brincando quando disse que na verdade gosto de você Bella, só te acho incrivelmente burra por estar se metendo neste lugar sombrio e cheio de presas.”

“Todo mundo sabe que Emily era minha amiga, mas isso não parece o bastante. Ela era minha melhor amiga. Apesar de ser 6 anos mais velha que eu, ela me entendia como ninguém. Foi com Emily que eu aprendi a ser tão durona, quando meus pais ficaram cada vez mais tempo fora, por causa do trabalho, eu tive que aprender a me virar para cuidar de Seth. Mas eu era péssima em tudo, cuidar de machucados, cozinhar, definir nossos horários para que não perdêssemos aulas, e ajudá-lo com os deveres de casa. Eu não fazia ideia do que uma adulta deveria fazer. Mas felizmente, minha prima preferida sempre estava lá para me telefonar quando o mundo parecia que ia desabar em cima de mim. Um dia ela me disse, ‘Sabe Leah, não adianta você ficar chorando sempre que algo dá errado, o mundo está aí esperando que você falhe só para poder pisar mais facilmente nas suas costas. Você precisa revidar, ser forte, ser mais esperta que aqueles que vão tentar te passar a perna. Porque vão fazer isso. Se você se encolher cada vez que a vida te der um tapa na cara, você vai ficar encolhida para sempre’. E foi como um pé bem dado no meu traseiro. Me fez acordar, eu precisava aguentar as surras para meu irmão, e meus pais, não sofressem. Então eu tomei as rédeas da situação. Fazia as coisas que eu sabia, e aprendi as que eu precisava, e quando meus pais voltavam cansados depois de dois ou três turnos de trabalho, eles conseguiam ao menos dormir e comer alguma coisa decente”.

“Emily literalmente salvou a minha vida, eu a idolatrava. Até que aconteceu. Depois do ataque e de Sam finalmente voltar, eu sabia que algo estava errado. Ele tinha me chutado primeiro, o que eu até poderia entender, mas a relação dos dois foi ficando cada vez mais próxima. E o pior, é que eu não poderia ficar brava”. — Ela ria um pouco agora, mas lágrimas escorriam ocasionalmente dos seus olhos”. — Eram duas pessoas que eu amava, e se a felicidade dos dois fosse ficar juntos, eu queria que isso acontecesse. Mas o problema é que não foi uma escolha, foi a perda de uma escolha. Eu aposto com você que se o Lobo não tivesse decidido por ele, talvez eu estivesse usando aquele anel.”

E eu engoli seco nesse momento, pois era a mesma coisa que preocupava Jacob, a falta de escolhas na sua vida, por causa de algum tipo de magia em seu sangue. E apesar de não ter um culpado claro nessa história, ainda foi algo cruel.

“Mas como toda desgraça é pouca. No final das contas eu tive o mesmo destino que não sabia que já odiava. A primeira Loba que se tem notícia na história dessa tribo, e a sortuda tinha que ser logo eu. Minha mãe me contou, que ela e meu pai já esperavam que Seth se transformasse, por isso ignoraram todos os sinais que eu dava da minha transformação. Era tudo impossível, tão impossível que quando eu finalmente explodi, meu pai acabou infartando. Minha mãe diz que não foi minha culpa, mas eu sei que é. Talvez seria melhor que eu nunca tivesse existido”. — Ela colocou o rosto entre os braços, se encolhendo novamente. — “Essa maldição já me tirou tanto. Eu não sei nem se eu ainda consigo ter filhos, porque faz meses que eu não menstruo. E não há nenhuma informação nas lendas que possam me ajudar, por que eu sou a primeira e talvez única, uma verdadeira aberração entre as aberrações. Eu nem sei se conseguiria achar o amor verdadeiro um dia, provavelmente você já ouviu as teorias, e como garotas não são uma opção para mim, eu nem sei mais quem seria. Eu só tenho tanto medo o tempo todo…” — Ela limpou as lágrimas com as costas da mão. — “Mas eu não posso ter medo assim, por que…”

— Tem muitas pessoas que dependem de você. — Eu completei instintivamente a frase, sem ter a real noção que fazia isso.

Então era o medo, o medo que Leah sentia a todo tempo de falhar, com as pessoas que dependiam dela, e com ela mesma. O medo a fazia esconder qualquer incerteza debaixo de uma máscara de amargura para manter as inseguranças afastadas. Se eu acreditasse no destino, como eu acredito, tenho que admitir que ele foi bem cruel dessa vez.

— Então menina vampiro-lobo? — Leah me encarou. Os olhos inchados demonstravam o que havia sentido, mas neste momento, acredito que ela estava finalmente vazia de emoções. Quando se fica triste por tempo demais, é possível também se cansar da tristeza. — Alguma solução mágica da sua cartola de truques?

Eu fiquei em silêncio, pois eu não tinha. Tentava desesperadamente pensar em um lado aceitável para servir de escapatória para ela, mas não havia nenhum. Eu só tinha essa esperança louca, de que a vida de Leah não poderia ser só isso. Eu tinha saído de um lugar escuro, mas parecia que ela conseguia ficar ainda mais baixo. E se não houvesse luz para ajudá-la a guiar para a saída, quem poderia garantir que haveria luz para qualquer outra pessoa?

— Foi o que eu pensei — Ela deu um sorriso sem luz, e desviou o olhar novamente. — Eu só queria ter fugido enquanto havia tempo… Agora não tem mais nada a se fazer.

— Acho que um bom começo seria se você não tomasse tanta responsabilidade para sí. — A voz de Jacob ressoou grave no silêncio. — Não faz bem achar que tudo que aconteceu é de alguma forma sua culpa. — Ele se aproximou lentamente e se sentou entre mim e Leah na areia molhada.

— Se eu não tomar essas responsabilidade para mim, eu duvido que alguém mais aguentaria. — Ela respondeu, descrente.

— Acho engraçado, porque se alguém tivesse me perguntado a mesma coisa a um ano atrás, eu teria dado a mesma resposta. — Jacob abriu um sorriso modesto, lançando um feixe de luz na noite. — Eu achava que tinha que tomar as responsabilidades sobre tudo, porque meu pai sempre me dizia do meu “destino”, de como eu seria um grande alfa, e um dia o “cabeça do conselho”. Mas na verdade é tudo uma piada.

— Acho que você não está conseguindo me entender Jacob. As minhas responsabilidades foram o que manteve a mim e a minha família vivas. — Ela suspirou pesado. — Eu só não sei direito o nome do que eu estou sentindo. Depois de tanto tempo me assegurando que todos ficassem bem. É só...

— Exausta. — Completei o pensamento. Eu entendia muito bem esse sentimento. — Abrir mão da própria felicidade, para garantir a dos outros, é exaustivo. — Me despedir da minha mãe, para não atrapalhá-la no seu sonho e vir pra cá. Passar tanto tempo cuidando dos meus pais, e me preocupando o quanto as coisas que eu fazia afetariam as suas vidas normais. Abandonar os Cullen e seguir a minha vida de cabeça erguida. Tudo isso era exaustivo. — Está tudo bem você ser egoísta às vezes. Não dá para agradar a todos a todo momento e se machucar no caminho.

— Eu vivi minha vida para me assegurar que todos estariam tão bem. — Leah brincava com um pouco de areia molhada, a fazendo escorrer pelos seus dedos. — Agora meu pai está morto, e Seth se tornou o mesmo que eu. Não sei se aguentaria vê-lo encarar um vampiro de frente.

— Também não é justo você se culpar por coisas que estavam fora de seu controle. — Jacob completou, e a imagem de Sam veio logo à minha mente. — Ou por erros que já passaram. — Ele olhou para mim e apertou firme a minha mão. — Só tente fazer melhor a partir de agora. E se preocupar com coisas que você realmente poderia mudar.

— Como o meu temperamento? — Ela riu, um feixe de luz na sua própria escuridão. — Sei que você adoraria isso Jake

— Não posso negar. — Ele respondeu, no mesmo tom divertido.

— Não acho que tenho forças para conseguir isso sozinha. — E eu consegui sentir o pouco de esperança que queria. Era isso, não é mesmo?

Jacob sorriu ainda mais. — E quem disse que você está sozinha? Os Lobos nunca estão sozinhos Leah.

— Não acredito que eu conseguiria reverter todo mal que eu fiz para vocês em um dia. — Ela parece envergonhada. — Com as lembranças e tudo mais.

— Então comece aos poucos. — Respondi, e finalmente me levantei da areia molhada. Estava ficando com frio, mas não me importava muito agora. — O importante é tentar mudar, e não fingir que nunca errou.

E em outro segundo Leah ria, uma risada sincera e alta. Eu nunca a tinha visto rir tanto assim. — Talvez seja hora de eu parar de bancar a ex namorada patética de Sam de uma vez por todas.

— Ta ai algo que nunca combinou com você — Jacob disse, com os olhos cheios de um brilho especial. Talvez fosse orgulho, eu não nego que estou orgulhosa de Leah também.

— Ainda é difícil ficar perto deles, e ver tudo o que eu perdi. Mas eu vou superar, já enfrentei decepções maiores nos últimos dias. — Ela se levantou também, seguida por Jacob. — Mas também não vou negar que seria mais fácil se não tivesse apenas uma opção para seguir.

— Na verdade, não há apenas uma opção. — Jake interviu, animado. Seu olhar tinha aquele brilho malicioso de quem estava tramando algo. — Se você quiser, eu iria precisar de companhia logo mais. — Nós o olhamos com a mesma interrogação no rosto. — Deve ser solitário ser um lobo sem matilha, eu até poderia apreciar uma boa companhia quando fosse para Phoenix.

E o rosto de Leah se iluminou um pouco mais. Um novo sol surgindo na noite. — Uma matilha de duas pessoas?

— E provavelmente Embry, ele com certeza viria junto. — Jake deu de ombros.

— Realmente não consigo pensar qual destino seria pior.

— Ah, vamos lá, vai ser legal.. Você poderia ficar como babá de Embry caso sentisse muita falta de Seth.

— E a proposta não para de melhorar. — Ela deu um soco em seu ombro, e começamos a caminhar novamente para longe da água fria. — Mas obrigada Jacob, pela consideração e tudo mais. E obrigada também Bella, eu sabia que estava certa em não te odiar totalmente antes. — E esse foi o melhor elogio que eu havia recebido em dias.

— Vai ser ótimo, eles nem vão sentir a nossa falta com tantos outros lobisomens ai para comer desesperadamente toda a comida da reserva. — E ambos estavam rindo mais uma vez.

Foi então que, após alguns segundos de risos animadores, um pensamento surgiu na minha cabeça, como um interruptor sendo ligado. Com Quill agora no bando, e logo mais Seth, a população de lobisomens tinha aumentado novamente. Desde que eu comecei a realmente fazer parte da vida deles, houveram três novas aquisições em um curto espaço de tempo. E por algum motivo senti que essa ideia já me incomodava, antes mesmo dela se concretizar na minha mente. Eu não lembro vagamente de ter ouvido isso nas lendas, mas precisava de uma confirmação rápida agora.

— Jake, qual é mesmo a função de um lobisomem?

— Como assim? — Ele me perguntou, com o riso morrendo aos poucos.

— Por que eles são criados? — Eu tentava desesperadamente me lembrar das lendas agora.

— Eles foram criados como os protetores do nosso povo. — Leah tinha a resposta na ponta da língua, mas também me encarava com curiosidade. — Quando temos alguma ameaça por perto, surgem os lobisomens para nos defender.

— Como os vampiros, certo? — Minha mente trabalhava para alcançar algo muito mais além, uma possibilidade tão absurda que eu nunca tinha parado para considerá-la até agora.

Ambos assentiram com a cabeça, agora prestando realmente atenção em mim. — Sim, as transformações são causadas pela proximidade com vampiros, Bella a onde quer chegar? — Jacob questionou.

E por um momento estava ali, a resposta do meu raciocínio que eu tanto procurava. Era tão brilhante, estava estampado na minha cara todo esse tempo. Eu havia sido inocente de não ter percebido antes. E no segundo seguinte, quando eu olhei novamente nos olhos de Leah, eu sabia que ela tinha chegado à mesma conclusão que eu. E de todas as possibilidades, a pior seria que fosse verdade.

— Se os lobos foram feitos para nos defenderem do perigo, eles deveriam ter parado de surgir quando a última vampira foi morta. — Leah disse mais para si mesma do que para mim. Parecia que estava sentindo algo de gosto muito amargo. —  A não ser, que ela não fosse a última vampira da região.

— E se eles continuam aumentando de número — Eu pensei em Quil e Seth, o segundo sendo transformado tão mais jovem que os outros. — Talvez o perigo tenha aumentado de tamanho também.

— Precisamos falar com Sam. — E a expressão que eu vi em seu rosto, me dizia que ele tinha tomado noção do tamanho do problema que enfrentaríamos. — Agora.


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Notas finais do capítulo

Eu simplesmente não entende pq a autora jogou fora o potencial extraordinário que essa personagem tem, sério mesmo. A mulher é a primeira loba que se tem registro, forte pra porr em uma matilha só de homens, n abaixa a cabeça para ninguém etc. São tantas possibilidades, mas eu fico fula de ver ela sendo resumida à ex namorada insuportável do Sam. Não faz sentido. Então eu espero ter conseguido fazer um pouco de justiça com ela agora, e muito mais coisa está por vir sobre a Leah, eu garanto.
Enfim, surtos, elogios ou críticas, aguardo nos coments.



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