Acceptance and Forgiveness escrita por KindestHuntress, Sra Mcgonagall Urquart


Capítulo 2
All Over Again




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Minerva podia sentir todo o amor de Elphinstone naquele pequeno e singelo beijo. Ainda sorrindo alheia, a bruxa mal ouviu a porta fechando e seu amado aparatando. McGonagall não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Será que a morte do seu amado teria sido apenas um sonho ruim? Um sonho muito ruim? Algum delírio? 

A bruxa levantou da mesa, ainda pensativa. Como poderia ser possível? A perda de Elphinstone parecia tão real e tão pesada. Todo o sentimento e angústia que tinha passado... No entanto agora nada parecia ter importância.

Subindo as escadas de volta para o quarto Minerva, observou os quadros na parede, reproduzindo vários momentos que faziam seu coração aquecer de amor. Via imagens de passeios com seu marido, dos piqueniques perto do Lago Negro, até mesmo os dois abraçados em uma grandiosa paisagem tipicamente escocesa.

O sentimento feliz logo foi tomado por uma pontada de apreensão. Como ela poderia lembrar tão perfeitamente da morte de Elphinstone quando ele estava claramente vivo? Os toques, olhares, até mesmo a maneira de falar. Lembrou-se de uma conversa que tivera com Dumbledore há muito em um de seus muitos encontros regados a chá. Albus comentava sobre sonhos realistas, que mexiam com nossa percepção. Relembrar das palavras do diretor tranquilizou Minerva. Poderia não ser nada, afinal, poderia ter sido tudo um grande e terrível pesadelo. O pior de sua vida, com toda a certeza, mas ainda, pelo menos, só um pesadelo.

É claro, só poderia ser, afinal ela estava em Hogsmeade ao invés de Hogwarts. Minerva afastou os pensamentos de sua mente, trocou-se e saiu a caminho de Hogwarts, que não ficava muito longe. Durante o caminho não pode evitar de se perguntar onde seu marido teria ido. Elphinstone, que saiu rápido demais para que ela pudesse perguntar onde ele iria, já era aposentado há muitos anos, mas seu espírito jovem nunca permitiria que ele ficasse dentro de casa. Cultivava vários hobbies, pintava quadros, e também era um grande entusiasta no campo de Herbologia, o que dava ao homem várias desculpas para ir até a estufa do castelo conversar com a Professora Sprout (e, aproveitando, encontrar com sua esposa entre uma aula e outra).

Não demorou muito para que Minerva chegasse até os imponentes portões do castelo, que abriram para que ela passasse. Seguiu em direção à sua sala e lá encontrou Dumbledore a esperando para acompanhá-la para sua primeira classe, como sempre. 

— Como vai, minha querida? - Perguntou o diretor, com um bom humor matinal de sempre.

— Vai tudo bem. Acordei um pouco indisposta apenas... Tive um pesadelo horrível essa noite. - Ela não pôde evitar estremecer à mera lembrança.

— Oh, eu sinto muito, Minerva. - Dumbledore pegou sua mão delicadamente e a cobriu com a outra, apertando, em um gesto para acalmá-la - Gostaria de falar sobre isso mais tarde? - Perguntou, olhando-a por cima dos oclinhos meia lua.

Para Minerva o gesto parecia estranhamente familiar, como um déjà vu, porém não comentou.

— Agradeço, Albus, mas está tudo bem, não passou de um sonho - Ela disse sorrindo de canto. Ele apenas concordou. Caso ela mudasse de ideia, a professora não hesitaria em procurá-lo, ele bem sabia.

Logo eles estavam de frente para a porta onde Minerva ministrava suas aulas. Com um sorriso de despedida, Albus desapareceu pelo corredor e Minerva entrou na sala, ainda vazia. Não tardou que os terceiranistas chegassem enchendo a sala de uniformes com detalhes vermelhos e amarelos.

McGonagall começou sua aula tranquilamente, embora a sensação de angústia ainda continuasse com ela por grande parte do tempo.

A segunda aula com os quintanistas já estava próxima do fim quando batidas na porta a interromperam.

— Sim? - Ela indagou, olhando para a porta.

Foi somente então que ela percebeu o que acontecia. O choque em ver que o calendário ao lado da saída constatava que era 26 de abril de 1985.

Era o mesmo dia.

Minerva já sabia o que aconteceria, sem nem mesmo ouvir o que o velho diretor Dumbledore tinha para lhe dizer. Este que agora caminhava lentamente pelas cadeiras de seus alunos, cumprimentando alguns com acenos.

Dumbledore colocou-se diante da classe, ao lado da professora de Transfigurações, e pigarreou.

— Bom dia a todos. Temo interromper a conclusão da aula da Professora McGonagall, porém devo informar a todos que o almoço de hoje será antecipado. - Após ouvir várias exclamações mudas de surpresa, Dumbledore continuou - Por favor, dirijam-se ao Salão Principal.

E fez um gesto para abrir as duas portas da sala. Confusos, os alunos organizaram seus pertences e foram deixando a sala, um por um, até que só restaram o diretor e a vice diretora.

Minerva reconheceu a expressão no rosto de Albus. Ela se lembrava exatamente, cada pequeno detalhe daquele momento. As vestes azuis de Albus, a brisa suave entrando pela janela aberta. Então, como se não fosse o suficiente, Dumbledore a fez ter certeza do que estava acontecendo:

— Minerva... Por favor? - Ele pediu, apontando para a cadeira. A professora apenas negou com a cabeça, suas pernas trêmulas e seus olhos já úmidos - Minerva, Elphinstone sofreu um acidente... 

Antes mesmo que Albus pudesse terminar a frase, McGonagall já sentia as lágrimas descerem livremente pelo seu rosto. O desespero tomou seu corpo e Albus, para protegê-la, tentou fazê-la sentar, acalmá-la, porém a professora apenas segurou o choro e se fez de forte, já sabendo que havia acontecido.

— Onde ele está? - Foi a primeira coisa que saiu dos lábios da professora assim que sentiu forças suficientes para falar.

Albus olhou para ela com pesar.

— Hagrid o encontrou próximo ao ponto onde aparatamos. Elphinstone estava ferido e Hagrid chamou Poppy imediatamente. - Minerva tirou os óculos para enxugar as lágrimas, enquanto ouvia o relato - Nossa amiga conseguiu chegar o mais rápido possível e o levou para St. Mungus.

McGonagall fechou os olhos com força, tentando se recompor. Sentia-se apavorada, ingênua e... Culpada. Culpada por tê-lo deixado sair pela manhã. Ignorado tudo o que sentiu. Inspirou, fechando as mãos ao lado do corpo, temendo desabar ali mesmo.

— Precisamos ir até ele. - Disse, no maior dos pesares, lutando contra as lágrimas.

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Minerva conteve seus passos em frente à construção. St Mungus era um hospital no fim das contas, mas a professora não conseguiu prosseguir. Talvez pelo acumulado de experiências ruins que a levaram ao lugar, seus passos estavam travados.

Albus virou e olhou para a amiga, percebendo que ela não o acompanhava.

— Minerva? - Ele a chamou, delicadamente, aproximando-se da vice diretora.

— Albus... - Ela apenas sussurrou, lançando um olhar de quem já sabia a dor que viria.

Dumbledore colocou a mão no ombro dela, em um gesto para reconfortá-la, e a trouxe para um meio abraço de lado, sem saber o que dizer em uma das poucas vezes em sua vida.

— Precisamos ir, Minerva. É importante.

Ela suspirou mais uma última vez, concordando com o amigo. Recomeçaram a caminhada com a professora andando a passos cautelosos, como se apavorada ao descobrir o real estado do marido.

Já havia sentido antes: a dor, a raiva, e não sabia se conseguiria lidar com esses sentimentos novamente.

Após atravessarem a porta e receberem a informação de qual o quarto de Elphinstone, seguiram a passos mais lentos, a angústia de Minerva aumentando gradativamente enquanto percorriam o corredor silencioso.

Com pequenos soluços e a mão agarrada nas vestes como uma criança assustada, Minerva avistou sua amiga Pomfrey conversando com outro bruxo que julgou ser o responsável pelo caso. Não pôde dizer se haviam boas ou mais notícias antes que ele entrasse no quarto.

— Poppy, onde ele está, o que aconteceu? - Ao se aproximar, Minerva perguntou, sua voz embargada novamente.

A medibruxa virou-se para a amiga, o pesar evidente em suas feições.

— Minerva, por favor, você precisa me escutar. - A enfermeira disse calmamente segurando McGonagall pelos ombros, olhando em seus olhos vermelhos. - Ele foi atacado por uma planta extremamente venenosa, agiu muito rápido. Fizemos todo o possível.

McGonagall virou-se para Dumbledore, como que buscando respostas. Ou segurança.

— Ele está...? - A professora de Transfigurações não conseguiu ao menos terminar a frase. Pelos olhos do mais velho ela já sabia. Estava confirmado - Não, não pode ser, Albus, não pode ser! Era só um sonho, não é possível!

Minerva não pôde evitar levar as mãos ao rosto, impedindo que seus companheiros conseguissem entender o que ela exclamava. Soluçou, sentindo as pernas fracas, um segundo antes de sentar em uma cadeira próxima. Chorava, perdida, impotente.

Dumbledore trocou um olhar significativo com Pomfrey, e não tardou em sentar-se ao lado de Minerva, cobrindo-lhe os ombros, enquanto a enfermeira sentava do outro lado, acariciando as costas de sua amiga, sussurrando palavras de consolo.

Após um tempo, que ela não soube dizer quanto, Minerva se recuperou, um pouco, e apenas Poppy estava ao seu lado, segurando sua mão. Ela então percebeu que alguém do hospital estava próximo, conversando com Dumbledore algo que ela não conseguiu escutar. Sua cabeça estava pesada, os olhos doloridos, suas vestes úmidas. Enxugou as pequenas lágrimas que ainda teimavam em escapar com um lenço que Poppy lhe entregou e viu que o diretor se aproximava.

— Minerva? - Ele a chamou delicadamente, ajoelhando-se na frente dela.

A professora levantou o olhar cansado e segurou a mão de Pomfrey, arrasada.

— Você me permite cuidar da papelada aqui? Poppy pode acompanhá-la de volta ao castelo e assim que eu acertar tudo, a mantenho informada. - Dumbledore acenou para a enfermeira.

Com um aceno fraco, ela concordou. Alisou as vestes e ajustou os óculos no rosto, controlando sua respiração. Colocou-se de pé com a ajuda de Poppy, de frente para Dumbledore, suspirando pesadamente. Ele a imitou.

— Muito obrigada, meu amigo. - Minerva o abraçou apertado, não tendo certeza de como agradecer. Não tinha cabeça para nada no momento.

— Não precisa agradecer, minha querida. Vá para o castelo e fique bem, o máximo que conseguir. Poppy e eu cuidaremos de você. - Ele retribuiu o gesto, um tanto sem jeito, transmitindo sua empatia pela dor dela por meio do abraço.

— Albus, estaremos nos aposentos da Grifinória. Avise-me caso algo a mais aconteça e tomarei conta. - Poppy reafirmou.

Ao desvencilhar-se de Albus, Minerva percebeu que estava na frente do quarto onde Elphinstone estava. Teve um vislumbre de seu amado, sem vida, coberto por um lençol branco com algumas manchas de terra, veneno e sangue pela pequena janela da porta.

Sua garganta apertou, a vontade de chorar retornando com tão mais força. McGonagall sentiu Pomfrey ao seu lado puxá-la para um meio abraço, porém tudo parecia distante, impossível, vazio. Ela deixou seu corpo ser guiado para fora, enquanto ouvia a voz de Dumbledore dizendo-a que sente muito.

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McGonagall sentia-se anestesiada, praticamente submersa nas águas do mais escuro oceano. Estava tudo distante. Só o que a mulher conseguia fazer era seguir os passos pacientes de Poppy e chorar, copiosa e silenciosamente.

Ela ouvia os passos dos alunos ao longe, mas não conseguia ver nenhum em seu caminho. Não sabia nem mesmo para onde estava indo. Então, como um borrão, tudo refez-se em sua frente. Ela estava sentada nos aposentos onde o diretor da Grifinória deveria ficar, onde ela dormiria se não morasse em Hogsmeade com Elphinstone.

Elphinstone.

Por quê? Por que aquilo estava acontecendo? Ela já tinha passado por isso, exatamente um ano atrás. Que espécie de sádico a faria passar pela perda do amor da sua vida novamente? Por que alguém a infringiria tamanha dor e sofrimento? 

Ela não conseguia nem mesmo contar a Poppy o que tinha acontecido durante a manhã. Sobre seu sonho, seus sentimentos durante as aulas. Tudo agora parecia sem sentido, porém perfeitamente orquestrado. Ela estava revivendo o dia que Elphinstone morreu.

Mas por quê? 

Minerva não tinha noção de quanto tempo passou chorando, desesperada, tentando buscar uma resposta para tudo o que estava acontecendo. Seu estado anestesiado não permitiu que ela recusasse o frasco de poção que Pomfrey a entregava. Com ajuda de sua amiga, Minerva bebeu todo o conteúdo do frasco e não tardou para que sentisse os efeitos da poção de sono que Poppy havia lhe receitado.

Ela a confortou por não mais de alguns minutos até que Minerva caísse num sono profundo, sem sonhos, nem pesadelos.


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Notas finais do capítulo

Olá, olá. Esse capítulo foi escrito pela minha framboesa querida linda & maravilhosa: Sra McGonagall Urquart. Coisinha linda do meu coração que me dá muita força pra escrever e tem ótimas ideias, huashu. Obrigada por ler e, por favor, deixe um comentário e dê um incentivo para continuar essa história!



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