Acceptance and Forgiveness escrita por KindestHuntress, Sra Mcgonagall Urquart


Capítulo 1
Again


Notas iniciais do capítulo

Bem, um capítulo introdutório e previsão de mais uns 6 ou 7. Aproveitem (y)



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Ainda de olhos fechados, a professora inspirou fundo, cobrindo o rosto com as mãos geladas. Quando sob estresse, a pressão de McGonagall baixava perigosamente.

Pergunta-me então você, leitor: "O que poderia causar tamanho estresse a essa hora da manhã?" e eu lhe responderia que o aniversário de morte de uma pessoa querida poderia causar isso e muito mais.

Minerva conseguia ouvir o canto dos pássaros, alguns gritinhos excitados das crianças pequenas brincando na rua. Ouvir o mundo agindo como se não houvesse qualquer coisa terrivelmente errada, fazia Minerva sentir-se cada vez pior. Não era como se o mundo inteiro tivesse parado porque alguém havia tido um acidente grave, mas a verdade era que o mundo 'dela' é que havia parado. Cobriu a cabeça com o cobertor xadrez e encolheu-se o máximo que podia sem fazer muito esforço.

O dia parecia exatamente a mesma coisa de um ano atrás. As cobertas, o cheiro do quarto em si. Ela reconhecia o perfume suave de hortelã e algo amadeirado da loção pós-barba que Elphinstone Urquart usava todas as manhãs, durante mais de vinte anos. Minerva sentiu o coração apertar e a vontade de chorar crescer gradativamente em seu peito.

Um ano.

Como havia sobrevivido durante um ano sem as panquecas com cobertura secreta? Sem os sorrisos calorosos quando chegava em casa? Sem os beijos ao acordar?

Antes de se entregar à dor, Minerva McGonagall teve apenas um segundo para processar o fato de que, para seu total espanto, uma mão masculina - era grande, não havia como ser de uma mulher - pousava em seu quadril com suavidade. Abriu os olhos e, ainda que o cobertor a impedisse de ver qualquer coisa com nitidez, pôde ver o tal desconhecido curvando-se para sentar à beira da cama. Bem ao lado da professora.

Percebeu apenas que ainda tinha o elemento surpresa, então decidiu agir antes que desse ao desconhecido a chance de lhe fazer qualquer mal. Pulou da cama com uma agilidade sobre-humana - seu lado animago encheu-se de orgulho -, mas não sem antes atingir o intruso com um belo golpe no olho. E quem diria!, havia sido um golpe certeiro, que o fez se levantar horrorizado, permitindo que McGonagall levantasse e corresse tão rápido quanto podia, esquecendo-se até mesmo de sua varinha, seus óculos e de seus sapatos.

Poucas coisas foram analisadas enquanto Minerva corria quarto a fora, mas que mesmo assim estavam lá, tão reais quanto ela própria.

O quarto tão mais claro quanto deveria, visto que as paredes do castelo de sua amada Hogwarts eram de pedra, e muito mais escuras que o papel de parede champanhe que refletia a luz da janela entreaberta.

As estantes nas paredes, não tão cheias de livros como em seus aposentos na torre da Grifinória, mas com porta retratos animados, cheios de sorrisos e graças, alheios ao desespero da mulher em fugir.

E no entanto, a única coisa que realmente fez Minerva parar de correr foi o grito de dor do desconhecido machucado:

— Pelas barbas de Merlin, Minerva! - A voz atravessou os sentidos dela, limpando todos os pensamentos que ela tinha.

Ela estancou os movimentos, perplexa, olhando para frente sem nada ver.

— Minerva! Pelos céus! O que aconteceu? - Tornou a falar o homem, ainda dentro do quarto, mas levantando-se devagar.

Minerva virou-se, respirando superficialmente, sem ser dar conta. Deu alguns passos, incerta do que realmente havia escutado. O pensamento de voltar ao quarto para verificar suas suspeitas sequer precisou ser executado, pois o enigma de voz grave e extremamente familiar apareceu na soleira da porta, segurando o olho ferido com uma das mãos.

— Minerva! - Repetiu ele somente mais uma vez, parecendo tão exasperado quanto ela.

Ali, na frente de Minerva, estava Elphinstone Urquart.

— Elph... - Ela murmurou, tão baixo que ele apenas viu os lábios dela se moverem e se fecharem um instante depois.

— Minerva? - A expressão de Elphinstone agora mudara: parecia preocupado com o estado da esposa - Minerva? Você está bem?

Andando um passo de cada vez, ela se aproximou, calada, impassível. Nem sua boca estava em uma linha finíssima, estava apenas fechada, assim como suas mãos ao lado do corpo.

Minerva parou na frente de Elphinstone, observando cada traço do rosto dele - até mesmo o olho fechado que começava a ficar vermelho -. Os cabelos meio loiros, um pouco grisalhos, penteados para o lado, ainda úmidos do banho recém-tomado. Os olhos de um azul escuro misterioso, como o céu noturno, com um certo brilho único. Os lábios um tanto cheios com rugas sutis ao redor.

"Ele parece o mesmo de sempre.", constatou Minerva, em choque. Parecia o mesmo de que sempre se lembrava.

Ela ainda ergueu a mão para tocar-lhe o rosto, para ter certeza de que sua mente não havia lhe enganado e, sem mais espaço na cabeça para sentir surpresa, 'sentiu' a verdade em sua frente, cobrindo-lhe a mão delicada com sua própria mão.

— Senti tanto a sua falta, Elph... - Minerva sussurrou, acariciando as bochechas do marido - Por que você me deixou?

Ele riu de leve, entendendo a pergunta de forma errada.

— Do que está falando, minha querida? Eu só levantei para preparar o café da manhã, como todos os dias... - E segurou as mãos dela em seu rosto, beijando as palmas com todo o carinho que tinha a oferecer - Pensei que ainda estivesse dormindo...

McGonagall arfou, o sorriso repentino rasgando-lhe os lábios. Balançou a cabeça como se para clarear os pensamentos e simplesmente jogou-se nos braços dele, agarrando-o em um abraço forte e necessitado.

Elphinstone, sem entender absolutamente nada, a abraçou mesmo assim, acariciando os cabelos negros da esposa como quem quer acalmar qualquer dor.

— Você, Elph... - Repetia Minerva, a voz já embargada, entre beijos amorosos depositados no rosto de seu marido - Como é possível?

Ele riu novamente, as mãos descansando na cintura de Minerva, enquanto voltava de costas para o quarto onde o dia começava surreal.

Guiou-a a fazê-la sentar-se na beira da cama, e se colocou agachado na frente de Minerva, mesmo que suas articulações protestassem depois.

— Bem, sabe, foi bom você perguntar porque é uma história realmente engraçada e seria uma lástima se ela se perder. Meu pai era um dono de bar na Irlanda e minha mãe uma bruxa muito conhecida na...

A expressão confusa de Minerva o fez interromper brevemente o relato, ainda com um sorriso no rosto.

— Do que está falando, Elph?

— De como estou aqui, não foi isso que você perguntou?

Ela sorriu. O senso de humor de Urquart era excelente, contagiava qualquer um. Mas mesmo assim, Minerva não respondeu, apenas ficou olhando para ele ali, tão calmo e adorável, beijando suas mãos como um perfeito cavalheiro.

Seu coração encheu-se de um calor confortável.

Seu corpo inteiro encheu-se de amor.

x-x-x-x-x-x-x

— Querida, por que está agindo assim? Parece-me um tanto diferente. Está doente? - Perguntou Urquart, franzindo a testa em confusão. Inclinou o corpo por cima da mesa para apertar de leve uma das mãos da professora,  ainda confuso e preocupado com a esposa.

Era óbvio que a expressão ansiosa de Minerva chamou a atenção de Elphinstone, mas como ela ainda parecia abalada por algo que ele não sabia dizer, ele aceitou a súplica silenciosa dela de que ela não queria comentar sobre isso.

Para Minerva, estar vendo-o novamente, tocando em suas mãos, vendo as rugas de alegria tão comuns aparecerem quando ele a olhava e sorria... Trazia, ao mesmo tempo, uma paz e um aperto no coração da professora que ela não conseguiria descrever, nem com todas as palavras do mundo.

Era o medo da perda.

O receio de acordar e saber que tudo era um sonho, uma fantasia em que ela, em um momento de desespero, criou.

E ela não gostava de sentir medo.

Mas, apesar do medo, ela estava inegavelmente feliz; o tipo de felicidade que te preenche, te transborda. "Está tudo igual ao que era antes do acidente", pensou ela com um sorriso maravilhado, alheia ao que isso realmente implicava, enquanto abria um sorriso e tomava um gole do chá que Elphinstone havia colocado para si.

Após um tempo contemplando o que considerava um presente, Minerva surpreendeu-se ao ver o marido estalando os lábios em apreço ao último gole de seu chá, enquanto dobrava a última edição do Profeta Diário com calma e a posicionava na mesa de café posta por ele, erguendo-se da cadeira com um sorriso que por pouco não fez Minerva voltar a chorar.

— Muito bem, meu bem. - Elphinstone espanou algumas migalhas de torrada de suas vestes e tornou a olhar para a esposa - Conseguiu corrigir todas as tarefas ontem? Você ficou até bem tarde.

McGonagall olhou para o marido um tanto confusa, piscando algumas vezes ao tentar recordar de alguma tarefa a corrigir. Suas classes acabaram de iniciar conteúdos, todas as atividades passadas anteriormente já haviam sido corrigidas.

Antes que a professora pudesse indagar sobre quais atividades, seu marido, já devidamente arrumado como se para algum compromisso, virou o relógio de seu punho esquerdo para conferir seu horário e arregalou os olhos.

— Pelas barbas de Merlin! - Exclamou ele, agilizando a organização da mesa, enquanto sua esposa apenas sorria amorosamente, encantada de poder ver seu tremendamente descuidado marido fazendo movimentos rápidos com sua varinha, na intenção de recolher as louças do café da manhã.

Minerva não pode conter o riso divertido ao ver seu amado correr contra o tempo e agarrar seu chapéu coco e sua maleta com suas ferramentas para cultivar ervas e plantas e sair tão rápido pela porta de  carvalho que ela própria não teve tempo de correr e despedir-se, mesmo não sabendo qual o compromisso que o deixou preocupado com o horário.

Minerva deu um suspiro resignado e pôs sua mão no coração, repentinamente apertado. A professora jamais considerou-se dona de sentidos premonitórios, porém a sensação de angústia e dor tornou-se familiar até demais no decorrer do último ano.

Principalmente desde o acidente que levou Elphins...

— Voltei, meu amor! Não posso sair de casa sem o meu beijo de boa sorte, não é mesmo? - Elphinstone havia voltado a passos silenciosos e agora encontrava-se sussurrando ao pé do ouvido de Minerva que, ainda sentada, apenas virou o rosto e ofereceu seus lábios, agora sorridentes, para o marido.

Seu aperto no coração momentaneamente esquecido.


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Notas finais do capítulo

Depois de 5 anos, finalmente, huahsuahs, essa obra prima vê a luz do dia. Deixe um comentário ♥



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