Para sempre e mais um dia escrita por Isolt Sayre


Capítulo 6
The better feeling of my heart


Notas iniciais do capítulo

Hey, Kindred Spirits!

Sim, preciso admitir que demorei mais do que eu imaginava para escrever esse capítulo. Vocês devem ter percebido que está menor do que de costume, mas isso é porque minha intenção era que estivesse junto com o próximo. Então, se vocês acharem que o capítulo terminou "do nada" e que falta alguma coisa, esse é o motivo. De qualquer maneira, acho que foi o cap mais amorzinho da história até agora. Espero, de coração, que vocês gostem tanto quanto eu!

Quero muito agradecer os comentários lindos que recebi! Vocês são prova que os fãs de Anne With An E são muito especiais, muito sensíveis. E acho que realmente temos vários Kindred Spirts por aí. Anne estava certa o tempo todo.

Obrigada pelo carinho e por me incentivarem a fazer umas da coisas que mais gosto de fazer: contar histórias.

Um beijo grande!



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Gilbert manteve a mão de Anne apertada sobre a sua, como se tivesse medo que ela escapasse. Reconhecia que a garota era dona de um coração de ouro, incapaz de magoar alguém. Também nunca tivera intenções de ferir os sentimentos da pequena Ruby Gills, pelo contrário. Durante todos os anos de infância, ele sempre desejou que Ruby se afeiçoasse por alguém que lhe correspondesse. Gilbert era grato pela garota parecer estar desenvolvendo sentimentos por Moody, finalmente deixando para trás o que sentia por ele. Também conseguia entender Anne parcialmente. Sentimentos antigos — na verdade, não tão antigos assim — podiam ser desenterrados naquela noite. Mas Gilbert preferia, sinceramente, correr o risco. Nos últimos meses em que Anne e ele se corresponderam, o rapaz perguntou-se como passou anos sem estar próximo dela. Poderiam ter sido amigos desde o princípio e inevitavelmente, a amizade cresceria para o que estavam vivendo agora. Parece engraçado como situações mal entendidas podem modificar uma história de forma tão drástica. Tudo poderia ser diferente e grande parte disso era sua culpa, tinha ciência disso. Gilbert estava disposto a compensar o tempo perdido e todos os desentendimentos, todos os erros. Anne era seu sonho e não havia nada que não faria por ela.  

Ao abrir a porta, Gilbert se surpreendeu por não encontrar alguém logo no salão de entrada. Pela música, deviam estar reunidos na sala de jantar e do lado de fora da casa. Ouviu Anne respirar aliviada atrás de si e Gilbert apertou a mão dela carinho. Era nítido que ainda estava nervosa e preocupada com o que as amigas pensariam. Ele piscou para ela, como se a encorajasse, como se dissesse em pensamento, “Ei, estou aqui com você, para você”.  

— Eu sei. — disse ela, em resposta ao pequeno gesto silencioso. Era engraçado como pareciam se comunicar sem usar palavras, de fato pareciam compartilhar do mesmo espírito. 

Gilbert sorriu, contendo a vontade de beijá-la nos lábios. Ele deu uma breve olhada ao redor, e rapidamente, segurou o rosto de Anne, beijando-a de surpresa.  

— Gilbert! — exclamou ela chocada, mas não disfarçando o sorriso. 

— Não consegui resistir, desculpe — pediu ele, mas não parecia muito arrependido. 

Anne balançou a cabeça, as bochechas corando levemente. Gilbert sorriu com a reação e reprimindo o desejo de mantê-la em seus braços, virou-se novamente para o corredor, avançando um passo rumo a música alta. No passo seguinte, sentiu Anne parando atrás de si e quando tornou a encará-la, a garota estudava seu próprio reflexo num espelho pendurado na parede.  

Despretensiosamente, Anne soltou a mão de Gilbert, arrumando as mechas ruivas que escapavam dos grampos. Ele assistiu sua menina tirar alguns grampos dos cabelos, ajeitar os fios com as mãos e tornar a recolocar os grampos com cuidado. Estava tão concentrada no trabalho, que uma ruga apareceu entre suas sobrancelhas, e Gilbert sorriu com aquilo. Ela moveu a cabeça lentamente para os dois lados, estudando a si mesma com atenção.  

— O que foi? — perguntou Anne, olhando para Gilbert assim que terminou. 

Ele não percebera que a observava, talvez com uma expressão totalmente boba no rosto. Anne era linda em cada detalhe e gesto.  

— Ahn... — ele tentou disfarçar descansando uma mão nos cabelos e voltando o olhar para baixo. — Nada. 

Anne sorriu, aparentemente achando graça da expressão de Gilbert, voltando em seguida a analisar a si mesma no espelho. Lentamente, ele ergueu os olhos do chão e passou a estudar a garota com um pouco mais de atenção. Notou alguns fios soltos desprendendo-se do coque ruivo. Não entendia nada de penteados, mas supôs que deveriam estar fora do lugar e possivelmente ela não conseguiria vê-los. Aproximou-se novamente da moça, ficando exatamente atrás dela, em uma posição em que os dois estavam refletidos no espelho. 

— Posso? — perguntou Gilbert. 

Anne confirmou ternamente com a cabeça, observando Gilbert através do espelho. Ele não sabia exatamente o que devia fazer, mas com delicadeza, ajeitou os fios soltos dela no coque, fixando-os com um grampo que Anne acabara de lhe entregar. 

— Ainda vai me contar sobre sua aventura até aqui? — perguntou ela.  

— Foi um dia completamente maluco. — admitiu Gilbert após segundos, parecia compenetrado demais ajeitando o grampo nos cabelos de Anne. Ele sabia que ainda não estavam do jeito certo e estava prestes a concluir que não servia para aquele trabalho.  — Ainda considero  surreal ter recebido dinheiro de uma pessoa desconhecida... — ele ergueu os olhos para o reflexo de Anne no espelho. — Realmente não foi você, não é? 

Anne ergueu as mãos. 

— Eu garanto que não — respondeu ela. Infelizmente, Anne não teria condições de fazer aquilo por Gilbert, ela mesmo estava em uma situação complicada que a obrigava a procurar por segundas alternativas. Mas não contaria a Gilbert, não naquele momento. — Isso é realmente um mistério. Você deve conhecer alguém em Toronto... 

— Que me dê dinheiro assim? Não. Em Toronto, ficaria menos surpreso se roubassem-me dinheiro. É estranho, foi como se a pessoa soubesse que eu queria muito vir para cá....  — ele deu de ombros — acho que terei que desvendar esse mistério quando retornar. Pode me passar esse outro grampo? Obrigada. Mas preciso admitir que Lizzie me salvou. Eu perdi o trem que partia de Toronto pela manhã e ela me emprestou sua bicicleta para eu conseguir embarcar em Guildwood. Realmente ficarei devendo um favor a ela... — Gilbert ergueu os olhos para o espelho de novo. — Mencionei Elizabeth nas cartas, certo? 

Anne confirmou com cabeça. Sim, Gilbert realmente mencionou que em sua classe havia duas moças, e que se aproximara mais de uma delas. Anne lembrava-se do que sentiu quando leu a carta e era um sentimento muito parecido com o que estava sentindo agora.  Um tipo de incômodo, não tão intenso quanto o dia em que viu Gilbert com Winifred na Island Fair, mas não deixava de ser ruim. Ciúmes, era esse o nome do sentimento, ela tinha consciência disso. Também sabia que, teoricamente, não tinha motivos para sentir-se de tal maneira. Mas coração não é tão simples quanto pensa e sentimentos são igualmente difíceis de serem controlados. 

— Ela foi gentil — Anne obrigou-se a admitir, a voz saindo mais abafada do que deveria ser. Não queria transparecer seu incômodo e Gilbert realmente pareceu não ter notado. 

— Não exatamente, mas Elizabeth é uma pessoa bem difícil de se lidar. Ser prestativa foi um grande avanço em sua personalidade. — Gilbert balançou a cabeça e imaginou Lizzie brigando com Duncan por tê-lo incentivado a vir para Avonlea. Riu consigo mesmo e como ainda tinha os olhos nos cabelos de Anne, não percebeu como foi reação dela. — Depois disso eu precisei aprender a andar de bicicleta, quase me acidentar algumas dezenas de vezes e finalmente chegar em Guildwood para embarcar no trem. Mas adivinhe só. 

— O quê? 

— O trem enguiçou e o conserto levou horas. Cheguei em Charlattetown em tempo para embarcar no último trem para Avonlea. E minha sorte foi estar com a bicicleta ou eu teria que fazer o caminho da estação Bright River até aqui, a pé. — Gilbert deu um suspiro pesado. O cansaço do dia começava a lhe pesar os ombros. — Foi um dia grande, nem parece que acordei em Toronto.  

Anne deu as costas para o espelho, passando a olhar Gilbert diretamente nos olhos. Ele realmente tinha a expressão exausta e provavelmente não comia nada há várias horas. Uma pontada de culpa lhe invadiu e então percebera o quão injustos eram seus pensamentos. Gilbert estava ali por ela, havia enfrentado um dia longo e estressante apenas para passar poucas horas ao seu lado. O que mais poderia querer? 

Ela buscou as duas mãos do garoto e colocou-as abertas sobre as suas. Examinou as palmas com cuidado, notando apenas naquele momento, as várias feridas e bolhas espalhadas sobre sua pele. Sob melhor luminosidade, ela também viu alguns arranhões profundos na curva de sua mandíbula e nariz. As roupas estavam em um estado lamentável, com rasgos imensos na altura dos dois joelhos feridos. 

Gilbert fechou os dedos sobre a mão de Anne. É verdade que ele tinha sofrido bastante com a bicicleta e que passou perto de morrer em um acidente envolvendo uma carroça, um cavalo puro sangue inglês e uma cerca. Mas ele não tinha intenção alguma de se lamentar, deixar Anne preocupada ou causar pena nela. Gilbert não era aquele tipo de pessoa. 

— Está tudo bem. — garantiu ele com firmeza. 

— Sinto muito pelo dia imenso e pelas má sortes pelo caminho — pediu Anne,  também sentindo-se realmente mal pelo breve ciúmes que passara por sua cabeça. Não havia sido nada justa.  

Gilbert puxou a menina para mais perto, e ergueu suas mãos, levando os dedos dela aos lábios. 

— Anne, nada disso se equipara ao desejo que eu tinha de vê-la. Eu enfrentaria o dia de hoje centenas de vezes apenas para viver esse momento. Estou exatamente onde deveria estar. — ele viajou o olhar para cima, como se estivesse mentalizando algo. — A jornada até você nunca foi fácil, acho que eu cheguei a essa conclusão no momento em que bateu com a lousa na minha cabeça — os dois sorriram, cúmplices. — Mas ela não precisa ser. O destino final vale a pena. Você vale cada milha entre nós. 

Anne soltou um suspiro sem querer e ela sentiu novamente seu corpo queimar em brasas. Como Gilbert conseguia provocar aquele efeito nela? Como conseguia lhe deixar sem palavras? Nos seus quase 17 anos, ninguém teve essa capacidade e ali estava ela, silenciada pelo seu maior rival de infância, pela única pessoa que sempre fora proibida de se aproximar — e muito menos de se apaixonar.  

— Podemos congelar esse momento? — perguntou Anne baixinho. — Não queria que voltasse para Toronto amanhã. Parece que cada átomo do meu corpo sentiu sua falta. Não imaginei que isso fosse possível, mas esse sentimento esteve me matando. 

— Eu sei, mas não pense nisso. Não quero que pense em nada que não seja o presente. Ele é tudo que nos importa agora, tudo bem? Esqueça que o dia de amanhã existe. Tudo que eu preciso e quero está bem aqui, nada mais me importa.   

— Nada mais me importa. — repetiu Anne. 

Gilbert fechou os olhos por um instante, pensando  em suas próprias palavras. Ele mesmo deveria citá-las para si mesmo, já que também não queria que o amanhã chegasse. Não queria partir em poucas horas. Não queria mais uma despedida. Ele a puxou para um abraço apertado, onde podia sentir — mesmo que apenas em sua imaginação — as batidas dos dois corações se combinando, e a tempestade em si mesmo se dissipando.  

— Você é exatamente, precisamente e perfeitamente tudo que eu sonhei. — disse Anne, a voz abafada pelo abraço — Quando nos conhecemos, eu não tinha ideia do quanto você seria importante para mim. 

Gilbert sorriu consigo mesmo, lembrando-se da primeira vez que viu Anne na floresta e que tentara acompanhá-la até a escola. No fundo, sempre soube que ela era muito diferente das outras meninas. 

— Acho que eu sabia — admitiu ele. — Meu coração sussurrou, “É ela”, mas eu era jovem demais mais para entender a mensagem.  

Ele sentiu a risada de Anne contra seu peito.  

— Nós éramos. Você foi o capítulo da história do qual eu não conhecia as palavras, mas depois descobri que sempre estiveram lá. E acho que, talvez o amor seja exatamente assim — ainda abraçada com Gilbert, ela tirou o rosto de seu peito e encontrou seus olhos. — Talvez não venha sob pompa e barulho. Talvez seja só uma sutil mudança no ritmo de uma prosa. Talvez surja, simplesmente, de uma bela amizade*.  

— Sim — concordou Gilbert, o coração se aquecendo com cada palavra da moça. — Exceto pelo fato que você não foi apenas uma sutil mudança na prosa. Você foi uma grande reviravolta na trama.  

Eles se olharam ternamente e respiraram fundo juntos, ao mesmo tempo, como se as palavras um do outro fossem capazes de tirar o fôlego. E talvez até fossem.  

Os dois se beijaram rapidamente, cientes de que não seria nada adequado serem vistos ali, daquela maneira. Mas o momento estava selado e as palavras devidamente gravadas em seus corações.  

— Eu até gostaria, mas acho que não podemos mais abusar da sorte — falou Gilbert baixinho e Anne concordou. 

Ele a libertou do abraço e indicou a porta da sala com a cabeça. Estavam protelando demais o encontro com os amigos e familiares. 

— Podíamos apenas fugir daqui, o que acha? — perguntou Anne em um tom de brincadeira, mas que com certeza guardava um fundo de verdade. 

— E fazer você perder a festa? Que tipo de rapaz eu seria? — ele devolveu no mesmo tom brincalhão.  

Anne rolou os olhos. 

— Estaria respeitando minhas vontades. 

— Mas não as de Matthew e Marilla. — rebateu Gilbert. — Bem sabes que eu também busco a aprovação deles. 

— Oras, como se já não a tivesse! — o rosto dela acendeu-se, como se algo importante tivesse surgido em sua mente e há tempos estava para dizer. — Gilbert Blythe, você escreveu a Marilla e Matthew pedindo permissão para me cortejar! 

Gilbert franziu o cenho, sem entender o rumo que aquela conversa estava tomando. 

— Pedi... — concordou ele, receoso se estaria ou não respondendo corretamente.  

— E não pediu a minha permissão! — exclamou ela, colocando as mãos nos quadris, fingindo estar indignada com a situação. 

Gilbert não conseguiu reprimir a risada. 

— Então quer dizer que eu ainda não tenho sua permissão?  

— Você não a fez em palavras.  

Gilbert rolou os olhos para o teto. Anne sabia bem como jogar aquele jogo. 

— Estou esperando. — provocou ela. 

Mas Gilbert também jogaria no mesmo nível dela. 

— Não vou pedir agora. Sou um jogador esperto, não vou jogar todas as cartas na mesa de uma vez só.  

— Gilbert Blythe, não se atreva a fazer isso na frente de toda Avonlea! 

— Oh, mas é claro que não, Anne-girl. Imagine o quanto isso não partiria o coração do meu querido amigo Charlie Sloan. — zombou Gilbert. Ele sabia que Charlie carregava algum tipo de sentimento por Anne e que a garota nunca deu-lhe a menor atenção. 

Anne estava disposta a continuar jogando e por mais que se irritasse profundamente com todas as provocações feitas a ela sobre Charlie, não aumentaria o ego de Gilbert.  

— Bom, pelo menos ele escreveu-me um bilhete no Take Notice Board.  

Gilbert ponderou, não poderia negar aquele fato. 

— Você está certa. Mas em minha defesa, eu iria escrever um bilhete a vossa senhorita, só que acho que deixou-me claro que não era você que estava interessada por mim. 

Anne abriu a boca para a responder, mas não conseguiu formular a frase. Gilbert havia tocado em um ponto importante do passado, em um dos capítulos em que o famoso “e se” incomodava Anne de uma maneira quase cruel.  

“Então você está sugerindo... Que eu escreva?” 

A resposta era tão simples, e por mais que não tivesse seus sentimentos por Gilbert totalmente definidos na época, no fundo ela queria ser notada por ele no quadro. Mas o medo de magoar a amiga falou bem mais alto naquele dia.  

— Gilbert, eu... 

— Não, Anne. Eu sei o que aconteceu. E eu deveria ter escrito mesmo assim... Me desculpe. 

Não fora intenção de Gilbert entrar naquele assunto. Não queria que Anne se sentisse culpada por algo que ele poderia ter feito. Podia ter escrito um bilhete a ela de qualquer maneira, podia ter conduzido a conversa de maneira muito diferente. 

“Se está interessado em Ruby, deveria avisá-la antes que alguém o faça”. 

Ele não foi ousado o suficiente para dizer que não era Ruby a garota por quem estava interessado. Mas como poderia? Parecia tão claro que Anne não tinha sentimentos por ele. E aquilo o fez lembrar do discurso de Diana no trem. 

“Você teve todas as oportunidades, por anos!” 

De fato. A amiga estava certa, Gilbert realmente tivera várias oportunidades para explicar seus sentimentos. Não escrever um bilhete para Anne foi, definitivamente, uma oportunidade perdida. Sentia-se um tolo, um covarde, ao pensar que até mesmo seu amigo, Charlie Sloan, fora ousado o suficiente para isso. Gilbert não podia negar que guardava mágoa daqueles acontecimentos. A verdade era que Anne e ele carregavam uma história repleta de mal entendidos e muitos deles haviam realmente machucado ambos. 

A moça abriu um sorriso triste e deu de ombros.  

— São águas debaixo da ponte. 

— Mas é um “e se” que incomoda, não é? — perguntou Gilbert.  

— Muito —  concordou ela e os dois trocaram um olhar significativo. — Temos muito a conversar.  

— Temos — concordou Gilbert com um suspiro. — Mas façamos mais tarde. Realmente não quero que Diana nos chame novamente. Já a vi zangada uma vez comigo e não gostaria de ver novamente. — disse ele, tentando amenizar o clima que a conversa tinha alcançado. 

Anne riu brevemente e Gilbert a acompanhou. Estavam parados diante da porta da sala de onde vinha o som de música e intensa conversação. O rapaz adiantou-se, pronto para abrir a porta para Anne. 

— Permita-me — falou ele, com muita naturalidade. E de repente os dois se viram em um paralelo. Parecia a mesma cena de anos atrás, quando Gilbert acabara de retornar de Alberta com o pai e estava prestes a rever seus amigos da escola. Ele também havia se adiantado para abrir a porta da escola para Anne. Os dois deviam ter pensado exatamente na mesma coisa, porque sorriram um para o outro. — Bom, acho que algumas coisas nunca mudam, não é mesmo? 

— A essência ainda é a mesma — falou Anne.  

— A propósito, algum dragão por aqui que precisa ser derrotado? 

Anne revirou os olhos, mas ainda assim sorriu. 

— Sempre tão cavalheiro. Mas devo que dizer que talvez encontremos algum aí dentro. 

Gilbert balançou a cabeça. 

— Você protelou esse momento por tempo demais, Srta. Cuthbert. 


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Notas finais do capítulo

Olá de novo!

O nome desse capítulo é o nome do episódio 10, da terceira temporada de AnnE. Marquei uma frase com um asterisco, porque é um trecho que adaptei de um dos livros da série Anne of Green Gables.

E pessoal, preciso admitir que eu sou uma pessoa até clichê demais, então eu preciso me inspirar em poesias, livros e frases românticas para as coisas não ficarem tão melosas, mas sim com um sentido mais profundo.

Sobre o próximo capítulo, prometo não demorar tanto a postar. Já comecei a escrever e já tenho ele boladinho na cabeça. Vou ali fazer uns exercícios físicos (tô precisando) e volto a escrever.

Falando nisso, como anda a quarentena? Todos bem e seguros? Espero que sim ♥

See all of you soon