O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 54
Melissa


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado, o ultimo da sequência dos narrados exclusivamente pela Mel.
Espero sinceramente que gostem desse capitulo, porque me emocionei bastante com ele.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.

Musica do capitulo:
https://www.youtube.com/watch?v=iY1fHbHmYnE&fbclid=IwAR13LsBbsr2BxN4u78HxHLK_2IGkDbG5S7CTDwa-rov0bdNUwoW3twczZkk



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788068/chapter/54

Assim como começou a cantar do nada Joana parou, antes de abrir os olhos e caminhar em nossa direção, parando em nossa frente e estendendo suas mãos para nós, que a seguramos sem dizer uma palavra.

—Melissa Clearwater, imprinting de Benjamin Clearwater, você comprimiu a função que lhe foi designada antes mesmo de nascer, com louvor. Você amou, apoiou, guiou e amparou nosso líder sempre que o mesmo precisou. Quando necessário, ocupou o lugar dele e salvou o povo Quileute de ser apagado da história por uma filha sua. Nossos ancestrais e todos nós possuímos uma divida eterna com você, por isso em agradecimento por tudo que fez por nós, todas as lágrimas que derramou serão recompensadas com uma vida longa e feliz. E nossos ancestrais realizaram o seu desejo de ser mãe de cinco crianças maravilhosas, que perpetuaram o seu legado para as próximas gerações. Por sua sabedoria e força, foi lhe concedido o direito de se tornar parte do conselho Quileute, se tornando um dos nossos anciões. -Joana disse sorrindo para mim e neguei entre lágrimas.

—Não quero nada disso se não tiver Benjamin ao meu lado.

—Melissa, amor...Isso é uma honra perante...O nosso povo. Poucos...Tem a chance de receber...Tal homenagem...Pelos seus feitos. O único de fora...Do nosso povo...Que recebeu tal posto...Foi o meu pai. - Benjamin explicou cansado enquanto olhava nos meus olhos e neguei com a cabeça, antes de voltar a olhar para Joana e depois para todos que estavam ali.

—Não quero ofender ninguém, mas não posso aceitar isso...Tudo que fiz foi para ajudar o homem que amo, não me vejo sendo feliz ou tendo uma família com outra pessoa, que não seja Benjamin.- disse entre lágrimas antes de voltar a olhar para Benjamin que estava chorando.

—Não...Faça isso...Mel...Não desista...De tudo...Por mim. - ele soluçou com dor enquanto me olhava culpado, por ser o motivo de renegar o presente que estava recebendo do seu povo.

—Eu ainda não terminei, minhas crianças. - ela nos repreendeu amorosa atraindo nossa atenção para ela, que olhou em seguida para Benjamin.

—Benjamin Clearwater, herdeiro da linhagem de Lyva, os ancestrais não lhe perdoaram...Pois não há nada a ser perdoado. Você jamais falhou com suas obrigações, sempre colocou o seu dever em primeiro lugar, esquecendo da sua própria vida pessoal. Colocando o bem de todo o seu povo acima da sua própria felicidade. Em retribuição por tudo que abdicou e nos proporcionou durante todos esses anos, os ancestrais lhe recompensarão com uma vida longa e feliz ao lado do seu imprinting, e permitirão que continue sendo o nosso líder tribal, se o nosso povo assim desejar, e o nosso alfa, se o seu bando concordar.- Joana disse suave olhando de Benjamin para mim e lhe agradecemos entre lágrimas, por ter nos dito tudo o que desejávamos ouvir. Sem dizer nada, ela soltou nossas mãos e ficou ao meu lado, enquanto meu marido olhava para todos a espera de algo.

Em seguida, Isaac olhou para os Quileutes ali reunidos que concordaram com a cabeça, antes de caminhar em nossa direção e segurar as nossas mãos, da mesma forma que Joana fez anteriormente.

—Como o mais velho do conselho Quileute e porta voz do nosso povo, dou-lhe as boas vindas Melissa Clearwater ao nosso conselho, para mim é uma honra tê-la como parte da nossa família. - Isaac disse gentil enquanto me olhava com admiração.

—Obrigada, a honra é minha em receber tal cargo. - disse concordando com a ideia, agora que sabia que os ancestrais haviam concordado, em deixar Benjamin ao meu lado por muito tempo.

Desviando os olhos de mim, Isaac olhou para Benjamin antes de sorrir para ele.

—Benjamin Clearwater, herdeiro da linhagem de Lyva, concedo a você o direito de continuar a ser o nosso líder tribal, para que continue nos guiando com sabedoria e nos protegendo, como sempre fez desde que assumiu o seu direito de nascença. - Isaac disse e Benjamin sussurrou um muito obrigado emocionado, intercalando olhares de Isaac para o seu povo, antes dele se afastar ficando ao lado de Joana.

Depois foi a vez de Harry, irmão mais novo de Leticia e primo de Benjamin, que tomou a frente antes de virar para todos que estavam ali. Percebi que ele olhava especificamente para alguns rapazes que estavam juntos, os quais balançaram a cabeça para o mesmo antes que se virasse e caminhasse em nossa direção, segurando nossas mãos da mesma forma que os outros haviam feito.

—Como representante da matilha Quileute, agradeço a você, Melissa Clearwater, por ter salvado a vida do nosso povo. Em retribuição a sua generosidade e boa ação para conosco, lhe entregamos a nossa lealdade e proteção, que se estenderá por toda a sua descendência. - Harry jurou seriamente olhando em meus olhos e olhei dele para os outros, antes de lhes agradecer entre lágrimas.

—Como representante da matilha Quileute, concedo a você, Benjamin Clearwater, herdeiro da linhagem de Lyva, o direito de continuar sendo o nosso alfa...O nosso irmão de bando para o resto das nossas vidas. -Harry disse olhando para o primo antes de se ajoelhar na sua frente, sem desviar os olhos de Benjamin.

—Eu, Harry Clearwater, herdeiro de Lyva, aceito e reconheço a sua autoridade como alfa. Aceito segui-lo sem contestar suas ordens. Suas lutas serão as minhas lutas, suas dores serão as minhas dores e defenderei o seu imprinting, acima de qualquer coisa. A partir de hoje, seremos irmãos de bando e a minha lealdade sempre estará com você. - Harry disse em voz alta enquanto todos assistiam a tudo em silêncio.

—Aceito a sua lealdade e honrarei os laços de irmãos de bando, que estamos construindo hoje. -Benjamin disse emocionado e Harry sorriu feliz para o primo antes de abraça-lo com carinho.

Assim que se afastou, Harry deu lugar a outro rapaz, que provavelmente deveria fazer parte do bando de Benjamin, pois o mesmo se ajoelhou na frente do meu marido segurando a sua mão antes de lhe dizer as mesmas palavras de Harry, que obtiveram a mesma resposta.

E tal cerimonia se repetiu nove vezes, dez com o juramento de Harry.

Após o último juramento de lealdade, Benjamin soltou a minha mão e se levantou sozinho da cadeira que estava sentado, antes de oferecer a sua mão esquerda para o primo, que a apertou com força puxando-o para um abraço apertado, enquanto ainda estava em choque por vê-lo levantar sozinho, sem precisar do auxílio de ninguém.

—É bom tê-lo de volta, seu inglês metido. -Harry sorriu com carinho para Benjamin que sorriu ainda abraçado ao primo.

—Senti falta das suas implicâncias, Harry. - Benjamin disse sorrindo para ele assim que os dois se separaram. -Harry, não sei nem por onde...

—Então não comece. Vamos deixar as desculpas para depois, ainda temos que resolver a bagunça que a minha irmã criou, tudo bem? - Harry questionou depois que interrompeu o primo.

—Você tem razão.

—Eu sempre tenho, inglês, afinal sou mais velho que você. Agora, que tal se fossemos dar uma volta? Tenho certeza que deve estar louco para esticar as patas.

—Isso é verdade, Harry. -Benjamin concordou antes de me olhar com carinho e voltar a sua atenção para o primo. - Mas antes, preciso resolver algumas coisas e conversar a sós com a minha esposa.

—Tudo bem, vamos esperá-lo perto da colina. - Harry concordou e os dois se abraçaram novamente antes dele se afastar de nós.

—Joana e Isaac, por favor, podem levar todos para dentro? Está ficando frio aqui fora e não quero que ninguém fique doente. - Benjamin pediu olhando para os dois senhores de idade que concordaram e começaram a levar as outras pessoas para dentro.

Logo uma brisa fria passou por mim e me encolhi em resposta, percebendo que havia esfriado de repente e que não estava usando um casaco, para a mudança brusca de temperatura. Sem dizer uma palavra, Benjamin entrelaçou a sua mão direita a minha antes de me puxar para os seus braços, me aconchegando em seu calor, que tanto me fez falta.

 Enquanto ainda o olhava sem acreditar, que ele estava em pé na minha frente totalmente recuperado, com a mesma aparência de quando o vi pela primeira vez, no dia da minha entrevista de emprego na sede dos laboratórios Thompson.

—Você está gelada, meu anjo. - Benjamin disse preocupado antes de me abraçar mais perto de si, tentando me aquecer.

—Você...Está melhor. -sussurrei sem acreditar no seu peito e ele sorriu concordando, antes de me puxar para mais perto do seu peito, enquanto chorava de felicidade e alivio por saber que Benjamin estava bem.

—Estou, amor. Precisava ser aceito novamente pela magia Quileute, pelo nosso povo e por meu bando, para poder me recuperar totalmente...E isso aconteceu. - ele sussurrou e afastei meu rosto de seu peito para ver seus olhos.

—Isso quer dizer...Que você vai ficar comigo? - questionei entre lágrimas enquanto olhava em seus olhos castanho escuros.

—Sim...Vou ficar com você, para o resto das nossas vidas. -Benjamin jurou entre lágrimas enquanto me olhava e o abracei com carinho, enquanto agradecia a Deus e aos ancestrais Quileutes, por ter nos dado a chance de viver o nosso amor.

—É tudo que sempre desejei desde o começo.

—Eu também meu anjo. Prometo que a farei feliz, que a amarei durante cada segundo da nossa vida juntos, que será longa e tranquila, meu anjo. Sossegue seu coração preocupado, minha linda, estou bem e vou ficar assim por muito tempo. - ele jurou doce enquanto acariciava minhas costas com carinho, tentando me acalmar.

—Eu te amo, Benjamin. -disse suave assim que afastei meu rosto do seu peito para vê-lo.

—Eu te amo, Melissa. -Benjamin disse sincero e se inclinou para distribuir pequenos beijos por todo o meu rosto que provocaram algumas risadas em mim, por causa da sua barba.

Em seguida, ele acariciou seu nariz com o meu e beijou a sua ponta, antes de traçar um trilha de beijos da ponta do meu nariz até o meu ombro que me fizeram gemer satisfeita, por sentir seus lábios quentes em minha pele, antes que ele pudesse concluir o caminho inverso passei meus braços por seu pescoço e o puxei para os meus lábios, beijando-o com toda paixão e saudade que estava sentindo naquele momento sendo correspondida da mesma forma.

Sem interromper o nosso beijo, Benjamin segurou minha cintura com ambas as mãos e me levantou, automaticamente passei minhas pernas em sua cintura antes de envolver seu pescoço novamente com meus braços, segurando o seu cabelo enquanto ainda o beijava.

 E foi impossível não lembrar de semanas atrás, quando nos beijamos da mesma forma na escada de incêndio da sede da rede dos laboratórios Thompson.

—Senti tanta saudade de te beijar assim.- Benjamim sussurrou sem fôlego assim que interrompemos nosso beijo quando o ar se fez necessário, em seguida ele encostou a sua testa na minha enquanto ainda me segurava em volta da sua cintura. -Você vai acabar me enlouquecendo de paixão qualquer dia desses.

—É bom saber que tenho todo esse poder, amor.

—Esse é muito mais, meu anjo. - ele disse antes de me dar um selinho suave e sorri antes de nos afastarmos novamente.

—Também sentia saudade de te beijar desse jeito, mas você estava tão frágil, que tinha medo de te machucar. - expliquei olhando em seus olhos e ele concordou compreensivo.

—Eu entendo, amor. Mas isso ficou no passado, não precisa mais se preocupar em me machucar.

—Então, posso concluir, que vou ganhar muitos mais beijos, como o que trocamos minutos atrás? -questionei esperançosa e Benjamin balançou a cabeça concordando antes de sorrir maliciosamente.

—Quantos minha esposa quiser. - ele disse com a voz rouca enquanto me olhava com um leve brilho escuro nos olhos, o qual ainda não conseguia nomear.

—Acho bom está preparado, pois a sua esposa vai querer muitos. - segredei e ele sorriu concordando antes de voltar a me beijar com a mesma paixão de antes, só que esse não durou muito pois Benjamin se separou de mim me deixando confusa, mas logo começamos a ouvir vários uivos altos.

—Seus irmãos de bando estão lhe chamando? -questionei enquanto Benjamin olhava para a esquerda, provavelmente onde eles deveriam estar.

—Sim. - ele disse frustrado por ter que se afastar de mim antes de virar para me ver, se desculpando com o olhar.

—Está tudo bem amor, pode ir tranquilo, eu entendo. - disse compreensiva enquanto acariciava sua nunca de leve. -Sei que quer correr com seus irmãos.

—Você vai me esperar? -Benjamin questionou esperançoso enquanto me olhava nos olhos.

—Sempre que precisar sair com eles. - segredei sorrindo e ele sorriu para mim me beijando em seguida, antes de me descer do seu colo e entrelaçar sua mão a minha, enquanto andávamos de mãos dadas em direção à casa de Jacob.

—Prometo não demorar, minha linda. - Benjamin prometeu me deixando na porta de entrada e concordei puxando-o para outro beijo.

—Eu te amo, Mel. - ele sussurrou com sua testa junto a minha, antes de acariciar seu nariz com o meu.

—Eu te amo, Ben. - sussurrei e ele sorriu amoroso e beijou a minha testa com carinho, antes de se afastar de mim, mas podia ver em seus olhos o quanto estava dividido, entre ficar comigo e se juntar aos seus irmãos de bando.

— Pode ir, tranquilo. Vou ficar bem. - assegurei olhando em seus olhos, tentando não deixar nenhuma dúvida das minhas palavras.

—Não vou demorar, prometo voltar antes de você dormir. -ele jurou e sorri concordando.

—Acho bom, porque não vou abrir mão de dormir agarrada com o meu travesseiro delicioso e quentinho, nesse frio. - brinquei e ele sorriu malicioso me puxando para mais um beijo, que foi interrompido por mais uivos.

—Parece que a paciência, não é o forte dos meus irmãos de bando. - Benjamin segredou para mim e concordei antes de rimos.

—Você precisa ir, antes que eles desistam de esperar e venham busca-lo a força. - brinquei e Benjamin sorriu concordando antes de me dar um último beijo, se afastando de mim ainda segurando a minha mão direta, a qual só soltou quando não havia mais como ficarmos de mãos dadas.

—Está tudo bem, pode ir tranquilo. -assegurei novamente olhando em seus olhos e ele concordou resignado, antes de correr em direção ao uivos dos seus irmãos de bando.

Acompanhei de longe Benjamin parar de correr assim que se aproximou de uma árvore, antes de tirar a roupa que usava e se transformar em um lobo, que uivou para a lua antes de correr em direção a colina que ficava nas terras de Jacob.

Fiquei ali olhando de maneira concentrada para a direção que meu marido havia ido que não percebi que alguém se aproximava de mim, acabei me assustando quando senti algo quente e pesado nos meus ombros.

—Me desculpe, não quis assustá-la, filha. Só achei que estaria com frio aqui fora. - meu sogro se desculpou sem graça assim que virei para trás e o vi ali.

—Tudo bem, acho que ando tensa demais. - disse e ele sorriu suave antes de me entregar uma das xícaras que estavam em sua mão.

—Acho que todos nós, estamos sofrendo desse mal, Melissa- ele disse suave antes de se sentar ao meu lado. -Posso lhe fazer companhia, até meu filho voltar?

—Claro, e o senhor tem razão sobre isso. Obrigada pela manta e pelo chocolate quente com marshmallow. -disse agradecida por reconhecer a minha bebida preferida.

—De nada. Enquanto cuidava do Ben, ele me contou que você não gosta de café. O que é estranho. -meu sogro disse sem entender antes de tomar um gole da sua bebida e fiz o mesmo.

—Se levar em conta, que meu marido vive a base de café para tudo. - apontei e meu sogro riu concordando.

—Minha culpa. Ele puxou esse hábito de mim.

—Ainda bem que o senhor se casou com a dona de uma cafeteria. -brinquei e sorrimos antes de voltarmos a tomar mais um gole das nossas bebidas.

—Eu sempre esperei a Leah também...Todas as noites, mesmo quando os garotos eram bebês e nos deixavam sem dormir ou quando trabalhava o dia inteiro no hospital, mesmo assim sempre a esperava...Sentado na varanda, com uma manta e uma grande xícara de café forte e sem açúcar. -meu sogro disse suave enquanto olhava distraidamente para a frente, talvez se lembrando de algo do passado.

—Porque o senhor a esperava? - questionei olhando para ele que voltou a sua atenção para mim.

—Porque era a única forma que tinha de estar em contato com a outra parte da minha esposa, pois sabia o quanto seu espirito de loba ansiava pela minha companhia, da mesma forma que a parte humana. Afinal, as duas me amavam da mesma forma e eu idem.

—É isso o que desejo, senhor Thompson. Desejo conhecer a outra parte de Benjamin, o espirito de lobo dele, não só a parte humana. Quero poder amá-lo por inteiro, sem divisões. - disse suave e ele sorriu para mim.

—E você vai, minha filha, apenas dê tempo ao tempo. - ele disse suave e concordei enquanto ficávamos ali sentados um ao lado do outro em silêncio, tomando as nossas bebidas quentes à espera de Benjamin.

—Posso lhe fazer uma pergunta, senhor Thompson? -questionei rompendo o silêncio no qual havíamos ficado por um tempo.

—Claro e por favor, me chame de Elliot, afinal estamos em família.

—Vou tentar. - disse sincera e tomei um gole do meu chocolate quente antes de voltar a falar. - Como o senhor sabe tanto, sobre a cultura Quileute?

—Comecei lendo o diário do marido de Lyva, pois eu e minha esposa, queríamos descobrir se poderíamos ter filhos. Depois que recebi a honra de me tornar um ancião do conselho, para que pudesse repassar a verdadeira história dos líderes tribais, continuei estudando e me graduei em história com especialização em cultura nativo americana, especificamente a cultura Quileute, o que me ajudou a exercer a minha função no conselho da melhor forma, além de poder ajudar minha esposa e meus filhos, assim como todos os outros que passam pela transformação.

—O senhor fez tudo isso por amor.

—Fiz. E faria quantas vezes fosse preciso. - ele disse sem arrependimento algum no olhar e olhou para a frente antes de sorrir.

—Meu filho está voltando, acho melhor entrar antes que ele sinta meu cheiro. -ele disse se levantando e pegando as xícaras.

—O senhor pode ficar se quiser. - disse suave e ele negou sorrindo.

—É melhor não. Os lobos são ciumentos e territorialista com seus parceiros, ainda mais no caso do meu filhote, que seu espirito de lobo ainda não teve a chance de conhecê-la. Esse momento e exclusivamente dos dois.

—Alguma dica? - questionei nervosa para o meu sogro que já seguia em direção a porta da frente, mas deu meia volta assim que voltei a falar.

—Na verdade tenho...Deixe-o sentir seu cheiro, seu calor, ouvir as batidas do seu coração...Registar tudo que faz parte de você... E aproveite o momento. - meu sogro segredou sorrindo antes de entrar.

Respirei fundo e olhei para a frente, onde logo pude ver um lobo de pelo vermelho, correndo apressado em direção a casa, mas assim que chegou perto o suficiente do local ele parou e ficou ali sem tirar os olhos de mim, o que me deixou confusa. Afinal, Benjamin já havia me dito que seu lobo estava ansioso para me conhecer, por isso não entendia sua hesitação de não querer se aproximar de mim, pois podia ver em seus olhos que ele queria fazer justamente o contrário.

Fiquei ali sentada nos degraus da entrada olhando nos olhos castanho escuros do lobo, que eram idênticos aos do homem que eu amava, parado na minha frente sem entender o seu comportamento e acabei me lembrando da noite em que nos beijamos pela primeira vez, na qual Benjamin havia me prometido que não exigiria ou esperaria nada de mim.

Foi quando compreendi o motivo dele não ter se aproximado de mim como gostaria, Benjamin estava me dando a chance de escolha novamente, como havia feito com o nosso primeiro beijo e perceber isso, só me deixou ainda mais apaixonada por ele.

Com cuidado, para não assustá-lo, me levantei do local onde estava sentada e me aproximei do lobo que me olhava ansioso, enquanto acompanhava cada movimento meu com o olhar.

—Oi, estava ansiosa para conhecê-lo pessoalmente. Posso fazer um carinho em você? -questionei suave assim que parei em sua frente e ele balançou a cabeça concordando, sem desviar os olhos dos meus.

Devagar para não assustá-lo, comecei a fazer carinho entre as suas orelhas e fiquei surpresa, ao notar o quanto seus pelos eram macios e quentinhos.

—Você realmente tinha razão quando disse que era idêntico ao meu lobo de pelúcia, só que você é mais quentinho e macio que ele. - segredei sorrindo enquanto olhava em seus olhos sem deixar de fazer carinho nele. - É um prazer conhecê-lo pessoalmente.

Sem desviar os olhos dos meus o lobo de pelos vermelhos, encostou de leve a ponta do seu focinho molhado no pulso em que usava a pulseira que havia ganhado de Benjamin, como presente de namoro, era como se ele quisesse me dizer algo.

—O pingente de lobo da minha pulseira é você, amor? É isso que está tentando me dizer? - questionei vendo-o tocar com a ponta do seu focinho o pingente.

E como resposta ele balançou a cabeça concordando, enquanto me olhava ansioso.

—Você quer sentir meu cheiro, amor? - questionei sorrindo e ele balançou a cabeça afirmativamente enquanto seu rabo balançava freneticamente. -Está tudo bem, você pode se aproximar de mim para sentir meu cheiro.

Devagar, Benjamin se aproximou de mim, sem deixar de olhar nos meus olhos e começou a acariciar meu cabelo com o seu focinho, aspirando meu cheiro nele por alguns instantes antes de descer para o meu pescoço, seu focinho molhado em contato com a minha pele, provocou arrepios por todo o meu corpo.

Ali, sob a luz do luar, recebendo carinho da outra parte do homem que amava, foi impossível conter as lágrimas de emoção por estar vivenciando algo tão forte e intenso, no qual consegui sentir todo o amor, cuidado e adoração que ele sentia por mim.

E da mesma forma que havia me apaixonado pela parte humana de Benjamin, de maneira intensa e sem perceber, me apaixonei pelo espirito de lobo que habitava nele o que me fez chorar de felicidade e emoção, pois parecia que o amor que sentia por ele havia dobrado de tamanho ou melhor, havia finalmente ficado completo.

—Eu amo você, Benjamin...Não importa em que forma esteja. Eu sempre vou amar suas duas partes, sem divisões, meu amor. -jurei entre lágrimas e o lobo encostou de leve a sua testa na minha antes de se afastar, para lamber a minha bochecha direita me fazendo sorrir surpresa.

—Acho que isso deve ser um eu te amo também, Melissa. -disse ainda sorrindo e ele me olhou preocupado, o que me fez lembrar das lágrimas que havia derramado minutos atrás.

—Estou tudo bem amor, não precisa ficar preocupado, só fiquei emocionada em conhecê-lo.- jurei olhando em seus olhei e ele concordou antes de se aproximar de mim, para sentir o cheiro do meu pescoço novamente antes de lamber a minha bochecha com carinho.

Confusa, o vi se afastar poucos metros de mim sem deixar de me olhar, como se quisesse registrar a minha imagem na sua memória, antes do lobo de pelos vermelhos dar lugar ao homem que eu amava.

Benjamin caminhou na minha direção de forma apressada e totalmente pelado, me fazendo corar por vê-lo daquela forma novamente, antes dele parar na minha frente e acariciar minha bochecha direita com o seu polegar, me olhando de forma preocupada.

—Tem certeza que está tudo bem? Que não chorou por que a assustei?

—Tenho amor, só chorei por causa da emoção do momento...Mas você conseguia me entender, enquanto estava na forma de lobo?

—Sim, só não consigo expressar verbalmente para você, apesar de ter me entendido perfeitamente. - ele disse e me olhou de forma questionadora. -Você realmente gostou de ter conhecido meu outro lado, amor?

—Sim, eu amei conhecer o seu outro lado. E ele, gostou de me conhecer? - questionei preocupada e ele sorriu amoroso para mim.

—Ele adorou te conhecer, Mel. Meu espirito de lobo tem esperado meses, para passar alguns instantes com você. - ele explicou suave ainda acariciando meu rosto como o polegar.

—Agora que o conheço, posso vê-lo sempre que quiser? - questionei curiosa e ele sorriu surpreso. -Isso se ele desejar também.

—Ele sempre vai desejar estar com você, meu anjo e sim, pode vê-lo sempre que desejar. -Benjamin disse suave e percebi que ele corou um pouco antes de voltar a falar. - Me desculpe pelas...Lambidas...Às vezes não controlo as minhas ações quando sou lobo.

—Está tudo bem, amor. Quer saber um segredo?

—Quero. - ele disse curioso e sorri.

—Eu gostei das lambidas ou melhor, dos beijos de lobo. - brinquei e sorrimos.

—É como a minha mãe costuma chamar. - ele segredou para mim enquanto me olhava nos olhos. -Acho melhor entrarmos, meu anjo, você já ficou tempo demais aqui fora.

—Você tem razão, mas acho que vai precisar disso. - disse corada enquanto tirava a manta que ainda me envolvia e oferecia a Benjamin, tentando não olhar para baixo.

—Minha nudez a incomoda senhorita Hastings? -ele questionou com a voz rouca no meu ouvido e estremeci de leve, sem saber se era por sua causa ou pela mudança de temperatura.

—Na verdade...Ela não me deixa...Pensar de forma...Coerente. - disse me esforçando para responder de forma segura, mas acabei falhando.

—É dessa mesma forma que me sinto todas as noites, quando você deita do meu lado usando aquelas camisolas...Perturbadoras. -ele disse me olhando torturado e sorri surpresa por seu comentário.

—Você se importaria? - Benjamin questionou sorrindo divertido indicando que virasse de costas e concordei antes de fazê-lo.

Esperei pacientemente ele passar a manta na cintura, cobrindo assim a sua nudez, antes de sentir a sua aproximação. Com cuidado Benjamin, afastou meu cabelo para um dos lados e beijou meu ombro com carinho, me fazendo estremecer de leve antes de traçar um caminho de beijos do meu ombro até a minha orelha, a qual ele mordiscou de leve me fazendo gemer baixo.

—Que tal irmos para o quarto agora, amor? -Benjamin sussurrou rouco no meu ouvido e fechei os olhos, me perdendo nas sensações que a sua voz despertava em mim.

—Por favor. -implorei e ele me pegou no colo antes de me beijar com carinho, enquanto caminhava em direção a casa de Jacob.      


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Legado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.