O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 53
Melissa


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de o Legado, o penúltimo da sequência dos capítulos narrados pela Mel.
E tudo que tenho a dizer dele é que está surpreendente, nunca pensei que um personagem pudesse me surpreender como a Mel vem fazendo.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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—Leticia está tão louca por poder, que não percebeu o que pretendia quando lhe liguei. Sabia que precisávamos descobrir a localização dela e atrai-la para cá, onde conhecemos o local, o que seria uma grande vantagem para nós, por isso liguei...Para sondar seu paradeiro e as suas franquezas.- disse deixando o celular de Benjamin em cima da mesa antes de pegar o mapa da região, o mesmo que havíamos visto ontem, e abri-lo em cima da mesa.

—Quando disse que estava grávida do Ben, achei que ela fosse aparecer na porta do Jacob no mesmo instante, já que a fúria dela a dominou completamente, mas não. Leticia disse que só poderia me “visitar” daqui a três dias. - expliquei olhando para todos que ainda me olhavam como se tivesse perdido a razão, por ter ligado para a inimiga do meu marido.

—O que é estranho...Afinal, se quisesse me livrar de algum desafeto não esperaria nem um segundo para isso, quem dirá três dias. - Gael disse pensativo entendendo meu ponto de vista e concordei.

—Foi a mesma coisa que pensei e essa demora dela me deixou inquieta, o que me fez pensar...Leticia só desistiria de vir atrás do pseudo filho do Benjamin, se estivesse perseguindo algo maior do que o herdeiro do alfa. - disse e todos concordaram antes de Ethan me olhar alarmado.

—Ela está atrás dos irmãos de bando que sobraram. - meu cunhado concluiu e concordei.

—Foi o que pensei. Ela sabe que Benjamin precisa do juramento de lealdade dos irmãos de bando que lhe sobraram, para poder sobrevir e derrota-la. Apenas isso, a faria desistir de vir atrás de mim. - expliquei olhando para todos que concordaram, antes de voltar a minha atenção para Jacob. -Jacob, você sabe quantos dias faltam para o bando do Ben chegar até aqui?

—Uns cinco dias no mínimo, eles estão cansados e há crianças e idosos entre eles, talvez diminua para quatro dias, com a ajuda da patrulha que designei para trazê-los até aqui. - ele explicou apontando no mapa a última localização deles e fiquei alarmada, ao perceber a distância até nós.

—É muito tempo. Isso não é bom... Leticia vai acabar encontrando-os primeiro e fazendo outro massacre. -disse preocupada sem desviar os olhos do mapa, pensando em tudo que poderíamos fazer para trazer o bando de Benjamin em segurança e o mais rápido possível para nós.

—Espera...Nós viemos da Inglaterra para a América do norte de jatinho...Teria alguma pista de aterrisagem perto do local onde eles estão? - questionei para Jacob e ele desviou os olhos de mim para olhar meu cunhado.

—Isso é comigo. - Ethan disse prestativo saindo do lado de seus pais para ficar do meu, antes de olhar para o mapa enquanto o olhava confusa. -Eu piloto nas horas vagas, Mel. Sei pilotar de aeronaves a helicópteros.

—Ethan sempre gostou de velocidade desde pequeno, o que sempre nos deixa preocupados, principalmente quando ele está em cima daquela moto, correndo feio um louco. Sempre me pergunto, com quem será que ele aprendeu a gostar de velocidade. - Elliot explicou e a esposa concordou antes de ambos olharem para Rosalie, que disfarçou olhando suas unhas distraidamente.

—Nenhuma das pistas de aterrisagem são perto ou possuem o tamanho adequado, para que o jatinho do porte do nosso possa taxiar sem problemas. Sinto muito. - ele disse decepcionado por não poder ajudar.

—Tudo bem, vou pensar em uma alternativa. - disse tentando soar animada, mas sabia que não havia outra alternativa.

O jatinho era a nossa melhor chance de trazer todos o mais rápido possível.

Respirei fundo e olhei novamente para o mapa em cima da mesa, tentando pensar em algo que pudesse tirar várias pessoas, de forma segura e rápida de um local para outro, logo vi as várias linhas azuis e um símbolo que reconheci de imediato, os quais me fizeram sorrir aliviada por ter encontrado a minha alternativa.

—Alguns desses portos ficam perto daqui? - questionei desviando os olhos do mapa para olhar de Jacob a Ethan.

—Sim, esse aqui fica a poucos minutos daqui. - Jacob disse apontando-o no mapa.

—E tem algum perto da última localização em que o bando de Benjamin esteve?

—Esse aqui. Eles pararam aqui perto para passarem a noite, só sairão daqui pelo amanhã, segundo as informações que recebi da patrulha. -ele disse apontando no mapa o local e sorri aliviada, por finalmente as coisas estarem dando certo.

—Deus, você é um gênio...Jamais teria pensando em algo assim tão rápido. - Edward disse sorrindo surpreso pra mim por ter entendido o meu plano.

—Você vai trazê-los de barco até aqui?!- Carlisle questionou surpreso para mim e concordei. - Isso é genial...E totalmente inesperado, Melissa.

—É como no livro arte da guerra...Você precisa conhecer o seu inimigo...Para isso me aproximei da Leticia, descobri sua fraqueza e a iludi, para poder ter noção do que ela estava tramando, por último a irritei ao ponto dela me dizer onde estava.- expliquei olhando para todos que estavam surpresos com a minha estratégia audaciosa, menos Edward que sorria empolgado com o rumo dos meus pensamentos.

—Isso permitiu que Melissa tivesse uma noção, de onde e do que Leticia estaria fazendo...Três dias para chegar até aqui...Então, provavelmente ela está no leste, ou seja, longe dos portos que precisamos...O que deixa o seu plano e o bando em segurança.- Edward disse pensativo e concordei.

—Você sabe quantas pessoas são Jacob? -questionei voltando minha atenção a ele novamente.

—Umas quarenta pessoas ao todo, incluindo o bando, suas famílias e a patrulha que mandei.

—Ótimo, agora tudo que precisamos é de um barco grande e de alguém que sabia conduzi-lo, para que possamos trazermos todos em segurança e o mais rápido possível até nós. - disse tentando pensar onde conseguiria um barco capaz de trazer quarenta pessoas, mas não conseguia pensar em nada.

—Um veleiro serve? - Ayla questionou de repente e levantei a cabeça do mapa para olhá-la confusa.

—Um veleiro? -questionei sem entender a sua pergunta e Gael sorriu.

—Sim, um veleiro lindo, luxuoso e veloz ...O Ayla. Como acham que chegamos até aqui? Por sorte Ayla e eu, estávamos velejando a meses em lua de mel quando recebi a ligação do Ethan, nos pedindo ajuda. Em seguida liguei para meus filhos caçulas, que pegaram o primeiro avião para cá já que os mais velhos, não podem deixar o clã na minha ausência, enquanto navegávamos até aqui. -Gael explicou sorrindo para mim e sorri emocionada, ao perceber que conseguiríamos executar meu plano. - E eu achando que Benjamin era um estrategista nato...Você é muito mais esperta que ele.

—Não é para tanto. -disse corando sem graça e todos negaram.

—É para tanto sim, você sozinha conseguiu descobrir o que a Leticia estava tramando, elaborou um plano de resgate em segundos que permitirá salvar inúmeras vidas, incluindo a do meu filhote, além de nos dar vantagem em um possível confronto. Porque espero sinceramente, que Leticia caia em si e evite mais sofrimento para a nossa tribo. - Leah disse suave antes de vir para a minha frente e segurar as minhas mãos com carinho, enquanto me olhava nos olhos. - Estou muito orgulhosa de você, Mel. Não tenho palavras para lhe agradecer.

—Não precisa me agradecer Leah, só estou tentando ajudar. - disse suave olhando em seus olhos e ela sorriu emocionada antes de me abraçar com carinho.

Em seguida começamos a colocar o plano em prática.

Organizamos todos em cinco equipes.

 A primeira liderada por Jacob, era responsável por auxiliar as pessoas durante todo o percurso do iate até aqui, lhes disponibilizando lanches, cobertores e primeiros socorros emergenciais, que ficou na responsabilidade de Ethan.

A segunda liderada por mim, recepcionava os recém-chegados no desembargue e os direcionava para as outras equipes, que incluíam o setor médico avançado, liderada por meu sogro, que prestava assistência as pessoas que estavam mais graves além de reexaminar as que já haviam passado por uma pré-triagem a bordo do veleiro.

A quarta equipe liderada por Esme, ficou responsável em providenciar alimentos para todos assim como acomodações para os mesmos. Já a última equipe era liderada por Jasper, que cuidava da segurança de toda a operação que estávamos fazendo e da casa de Jacob, onde Benjamin estava sob os cuidados de Sue e Charlie, enquanto passávamos a madrugada fora.

Ao todo o veleiro fez um total de oito voltas, quatro viagens de ida e vinda.

Estávamos exaustos por termos passado a madrugada inteira trabalhando, mas estávamos felizes pois havíamos conseguido trazer todos em segurança para a casa de Jacob, mais pessoas até do que esperávamos, o que foi uma surpresa e felicidade para todos nós.

Só de saber que em breve Benjamin estaria bem e a salvo, já valia qualquer sacrifício ou madrugada insone, que tiver que passar novamente.

Depois que tive certeza que todos receberam assistência, pude finalmente voltar para o quarto que dividia com Benjamin, desde que chegamos em La Push. Encontrei Sue dormindo na poltrona que estava perto da cama do neto, com cuidado me aproximei dela e toquei seu ombro de leve antes de chamá-la.

—Sue? - sussurrei com medo de espantá-la ou de acordar Benjamin.

—Mel? -ela sussurrou sonolenta assim que me viu e concordei com a cabeça, antes dela se sentar direito na poltrona.

— E o plano, deu certo? - ela questionou preocupada enquanto me olhava e sorri concordando.

—Deu Sue. Estamos exaustos, mas conseguimos trazer todos em segurança. Só voltei para o quarto, depois que me certifiquei que todos haviam sido resgatados e tinham recebido assistência necessária antes de serem acomodados. - assegurei cansada enquanto olhava em seus olhos.

—Graças a Deus, deu tudo certo, rezei muito para Deus proteger a todos e ajuda-los no seu plano. Algum deles sabe algo sobre o meu filho e a sua família? - ela me questionou aflita e sorri suave o que lhe encheu de esperanças.

—Durante uma das viagens que Gael fez para buscar os refugiados, Ethan que estava a bordo do iate fazendo a triagem médica preliminar, sentiu um cheiro muito familiar e conseguimos resgatar mais dez pessoas em segurança. Temos cinquenta Quileutes seguros e disposto a lutar ao lado do Benjamin contra Leticia. -disse feliz e ela sorriu emocionada enquanto me olhava nos olhos, à espera de uma confirmação.

—Por favor, Melissa, me diga que o cheiro familiar que meu neto sentiu...- Sue começou a pedir entre lágrimas e concordei sorrindo.

—Sim, era o cheiro do seu filho Seth, da sua nora e do seu neto, Harry. - disse sorrindo e ela sorriu em meio as lágrimas antes de me abraçar com carinho.

Pelo que havia ouvido pessoalmente de Harry, filho mais novo de Seth, quando o recebi no porto junto com seus pais e as outras pessoas que fugiram com eles, Leticia teve seu plano descoberto pelo mesmo que ameaçou entregá-la para  o concelho, por tramar contra o alfa vigente, ela tentou convencer o irmão a ficar ao seu lado, mas ele se recusou a trair seu primo.

Por isso Leticia tentou eliminá-lo e os dois acabaram travando uma batalha, que quase tirou a sua vida. Harry só conseguiu escapar da irmã, porque a mesma começou a ameaçar Benjamin através dos seus pensamentos, lhe dando a chance que precisava de fugir mesmo que ferido seriamente.

Assim que voltou para casa, Harry levou os pais e alguns dos seus vizinhos para um local seguro, protegendo-os da sua irmã. Enquanto Leticia o caçava por toda a La Push assim como todos os aliados de Benjamin, que incluíam seu bando e os membros do conselho Quileute, promovendo um verdadeiro massacre contra aqueles que não quiseram ficar ao seu lado.

—Estão todos bem? Seth? Molly? Harry? - Sue questionou nervosa me tirando dos meus pensamentos, assim que nos separamos e ela me olhou nos olhos.

Decidi que Sue não precisava saber de todo o terror, que sua neta havia infligido aos sobreviventes ou de todas as vidas que ela havia tirado, durante sua tomada a força do lugar de alfa da tribo Quileute. Aquela senhora tão gentil e amável, não merecia ter uma decepção dessas na vida.

—Sim, estão todos bem. Os deixei na cozinha comendo algo antes de avisá-la, assim aproveito para descansar um pouco e ficar com o meu marido. -segredei cansada e ela concordou sorrindo antes de sair do quarto, eufórica para reencontrar a outra parte da sua família.

Sorri feliz pelo plano ter dado certo e por Sue, ter tido a felicidade de encontrar seu filho, sua nora e seu neto são e salvos.

Exausta fui em direção ao banheiro, afim de tomar um bom banho antes de deitar um pouco, pois não havia dormindo um minuto se quer na noite passada. Me deitei com cuidado na cama tentando não acordar Benjamin que dormia profundamente, apesar de exausta não consegui pegar no sono, pois minha mente ainda estava agitada pela noite frenética que havíamos tido.

Fiquei ali deitada de frente para Benjamin, que havia se tornado todo o meu mundo em tão pouco tempo, olhando-o dormir...Acompanhando a sua respiração irregular antes de acariciar a sua bochecha esquerda com carinho, percebendo que a sua pele estava mais pálida e fria do que quando lhe deixei dormindo, notar isso não me assustou mais, pois sabia que agora era só uma questão de tempo, até ele está recuperado.

—Isso é bom...- Benjamin sussurrou sonolento me tirando dos meus pensamentos e vi seus olhos abertos me encarando com amor.

—Me desculpe, amor, não quis te acordar. -disse envergonhada por tê-lo acordado e Benjamin revirou os olhos me fazendo rir, antes de passar a sua mão livre pela minha cintura me puxando para mais perto dele.

Logo percebi que suas pálpebras estavam levemente inchadas, denunciando que ele havia chorado por horas, com cuidado me aproximei de seu rosto e beijei seus olhos com carinho antes de me afastar.

—Você não...Me acordou...Na verdade mal consegui dormir...Senti muito...A sua falta. - Ben sussurrou cansado e me senti culpada, por tê-lo privado da minha companhia por tantas horas, ainda mais quando ele mais precisava de mim.

—Me desculpe, meu amor, mas estava resolvendo algo muito importante. -expliquei e ele me olhou contrariado o que me fez rir de leve.

—Mais importante...Do que dormir...Agarrada comigo? -ele questionou me olhando com o olhar de menino carente e sorri suave concordando, o que lhe deixou confuso. -Achei que gostasse...De dormir... Agarrada comigo?!

—Amo dormir agarrada com você todas as noites, será algo que mais sentirei falta, quando tivermos que voltar para Londres e para as nossas casas. -sussurrei sentindo um nó se formar em minha garganta só de lembrar tal fato.

—Não vamos...Pensar nisso agora. Vamos só aproveitar...Esse momento que estamos...Vivendo...E deixar tudo para depois. -ele pediu suave me olhando nos olhos e concordei antes dele sorrir curioso para mim. - Agora...Adoraria saber...O que minha esposa...Andou aprontando...Enquanto eu dormia?!

—Gosto quando você me chama de minha esposa. - disse corada e ele sorriu malicioso antes de me puxar para mais perto dele, como se ainda não estivéssemos perto o suficiente.

—E eu...Gosto muito...De chamá-la assim.- ele segredou cansado acariciando seu nariz com o meu antes de se afastar. -E pare de tentar me enrolar... Porque sinto que aconteceu algo...Importante...Só não sei o que é.

—E aconteceu algo importante mesmo.

—O que...Aconteceu...Melissa? - Benjamin questionou aflito e respirei fundo antes de começar a contar tudo a ele.

Desde a ligação que fiz para a sua prima e todas as ameaças que a mesma fez, a mim e ao nosso pseudo filho. Saber disso deixou meu marido preocupado e assustado, com a possibilidade de que Leticia pudesse se aproximar de mim e cumprir suas promessas, mas lhe assegurei que ela não poderia mais nos fazer mal o que lhe deixou confuso, logo lhe relatei  sobre o plano que havia feito e colocado em ação, durante toda a madrugada enquanto ele dormia em segurança sob a vigilância de Sue, de alguns lobos e vampiros, designados para protegê-lo enquanto estávamos fora.

Em seguida, contei que havíamos encontrado seus tios e seu primo, enquanto levávamos sua tribo em segurança no veleiro de Gael. Ver o alivio e a felicidade nos olhos de Benjamin, ao saber que sua família e seu povo, estavam vivos e em segurança, não tinha preço para mim.

Valia qualquer cansaço ou noite em insone que tivesse que passar novamente, apenas para ajudá-lo.

—Você salvou...Não sou a minha vida...Mas a da minha família...E do meu povo... Não tenho palavras para lhe...Agradecer...Tudo que fez por nós, Melissa. -Benjamin disse entre lágrimas me olhando com gratidão e sorri amorosa para ele, antes de enxugar suas lágrimas.

—Fiz tudo isso por amor, querido. Além do mais, jurei que seu povo seria o meu povo assim como a sua família e faria qualquer coisa, para defendê-los e protegê-los.

—Tenho tanto orgulho...De você...- ele disse me olhando com os olhos brilhando de orgulho o que me deixou emocionada e envergonhada ao mesmo tempo. - Eu te amo... Muito, Melissa.

—Eu também te amo muito Benjamin. - sussurrei apaixonada antes de nos beijarmos com carinho.

Assim que nós separamos para respirar, meu marido me puxou para o seu peito e começou a fazer cafuné no meu cabelo e o ouvi sorri satisfeito, assim que gemi de prazer diante do seu carinho, antes de adormecer profundamente.

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—Tem certeza disso? - questionei preocupada enquanto ajudava Benjamin a ir para fora por volta do entardecer, pois ele insistiu que gostaria de falar com todos os Quileutes resgatados por nós ontem.

—Tenho...Preciso lhes pedir perdão...Eles...Precisam saber...Que a dor deles...É a minha a dor também. - ele sussurrou cansado e parei de andar no meio do caminho, lhe olhando com preocupação.

—Benjamin, por favor, você está fraco demais...-comecei a pedir preocupada com seu estado, enquanto olhava em seus olhos castanho escuros e ele me interrompeu.

—Estou bem, amor...Não precisa se preocupar. - ele sussurrou suave antes de beijar a minha testa com carinho.

—Jamais vou deixar de ficar preocupada com você, eu te amo e tudo que desejo é que volte a ser saudável como antes.

—E eu vou ser...Se meu povo...Meus irmãos de bando...E a magia Quileute...Me acharem digno novamente...Em continuar sendo...O líder tribal e o Alfa.- Benjamin explicou exausto e olhei assustada.

—E se eles...Se eles não o acharem digno novamente? -questionei tentando segurar as minhas lágrimas, pois os olhos de Benjamin já me diziam a resposta.

E foi impossível conter as minhas lágrimas de desespero, enquanto Benjamin me abraçava com carinho. Não podia acreditar que mesmo depois de todo o sacrifício que havia feito, para assegurar a nossa vitória contra Leticia e a recuperação do meu marido, ainda estava correndo o risco de perdê-lo, se seu povo e a magia achassem que ele não era mais digno de guia-los.

—Está tudo bem...Melissa...Estou em paz...E o que eles decidirem...Eu respeitarei. -ele disse resignado e neguei com a cabeça em meio a dor.

—Mas eu não...Estou...-sussurrei entre lágrimas antes de abraça-lo, como se impedisse qualquer um de tirá-lo de mim. - Jamais vou desistir de nós...E você também não deveria.

—Não estou...Desistindo de nós, amor. Se pudesse escolheria sem pensar...Ficar com você...Mas nasci para ser o alfa...E o líder tribal dos Quileutes...A magia ajudou meus pais...A me conceberem para essa função...Assim como ela... Lhe escolheu para ser o meu...Imprinting...A companheira do espirito de lobo...Que vive dentro de mim. A decisão sempre estará...Nas mãos da Magia...Vamos apenas confiar e ter fé. - ele sussurrou cansado e concordei, resignada enxuguei as minhas lágrimas, respirei fundo e voltamos a caminhar em direção ao jardim, onde todos nós esperávamos.

Assim que nos aproximamos deles, os mesmos se dividiram em dois grupos deixando o caminho livre, para que pudesse conduzir Benjamin até a frente de todos, que logo voltaram a se juntarem formando um semicírculo, quando paramos em sua frente.

—Antes de falar qualquer...Coisa...Quero saber se todos...Estão bem assistidos? Se precisam...De algo além...Do que minha esposa, minha família e amigos...Lhe ofereceram? -Benjamin questionou cansado e preocupado, enquanto olhava para cada uma das cinquenta pessoas que havíamos conseguido salvar.

—Estamos bem, Benjamin. Assustados e cansados, mas bem. - um senhor de idade disse, após ter olhado para todos antes de falar.

—Fico...Mais tranquilo...Em saber...Isaac. - ele sussurrou cansado e Isaac desviou seus olhos dele para me ver, com um braço do meu marido em volta do meu pescoço, enquanto segurava a sua cintura tentando mantê-lo em pé, para que Benjamin pudesse conversar olhando nos olhos de todos.

— Você finalmente encontrou o seu imprinting...Ela é uma moça muito gentil e forte...Agora consigo entender, porque passava tanto tempo em Londres...Você estava em busca dela sem ao menos saber. -Isaac concluiu sorrindo gentil para nós.

—Você tem razão, Isaac...Sempre amei La Push...E desejei muitas vezes morar aqui...Mas algo me prendia a Inglaterra. - meu marido disse desviando seus olhos de Isaac para me ver com carinho.

—Você estava procurando por ela...Sua companheira. Só ficamos surpresos em conhecer a sua esposa, em uma situação tão difícil quanto está. Na realidade, nem sabíamos que você havia se casado. - uma senhora de idade, com o cabelo branco repartido ao meio e usando duas traças, disse confusa olhando para nós e Benjamin sorriu, desviando os olhos dela para me ver.

—Nosso casamento...Foi uma medida de emergência...Joana. Melissa é o meu imprinting...Só estamos namorando...Há sete semanas...Quando tudo isso aconteceu. Ela se tornou minha esposa...Para poder proteger...o legado do nosso povo...Enquanto estou...Fraco. Mesmo não tendo sido planejado...Ou feito da forma que minha esposa merecia...Não me arrependo de ter...Me casado com Melissa...Porque eu a amo...-Benjamin disse sem forças enquanto olhava nos meus olhos, sem desviar um minuto se quer para olhar todas as pessoas, que estavam presentes.

—Eu também te amo e não me arrependo, de ter me casado com você. Não me arrependo de nada, que vivemos juntos. - disse olhando em seus olhos castanhos escuros e ele acariciou meu nariz com o seu, antes de perder os sentidos  em meus braços, confirmando que todo aquele esforço havia sido demais para Benjamin.

—Benjamin...- sussurrei entre lágrimas e tremula enquanto tentava segurar meu marido desmaiado evitando que caíssemos, mas ele era pesado demais para mim.

 Só não caímos no chão porque Emmett apareceu do nada e pegou Benjamin no colo,

rapidamente Ethan trouxe uma cadeira confortável, para que sentássemos seu irmão e seus pais vieram examiná-lo, enquanto segurava a mão fria do meu marido perto do meu coração chorando, como se pudesse impedi-lo de me deixar.

Só consegui soltar o ar que nem sabia que estava segurando, quando Benjamin apertou a minha mão de leve antes de abrir os olhos novamente, voltando a si.

—Estou bem...Meu anjo. - ele sussurrou exausto me olhando nos olhos e concordei antes de beijar a sua mão com carinho, agradecendo a Deus por ele está vivo.

—Você não está bem filhote, precisa ir para a cama descansar, agora mesmo. -Elliot disse preocupado enquanto olhava para o filho.

—Ainda não...Pai...Preciso me desculpar...Com o meu povo...Nem que seja a última coisa...Que faça. - Benjamin disse decidido e Elliot tentou argumentar, mas foi impedido pela esposa.

—Deixe-o cumprir seu destino, amor. Sempre soubermos que Benjamin, não era só nosso filho, fruto do nosso amor...Ele nasceu para ser o líder de um povo e precisamos deixa-lo cumprir seu destino, por mais que nos doa vê-lo sofrer dessa forma. - Leah disse entre lágrimas enquanto tocava o ombro do marido que concordou chorando, antes de sair da frente do filho, ficando do seu lado esquerdo.

—Obrigado...Mamãe e papai...Por entender. - Benjamin sussurrou agradecido enquanto olhava para os pais antes de olhar para mim, que ainda segurava a sua mão junto ao meu peito. -Você vai...Ficar do meu lado...Até o fim, amor?

—Até o fim, amor. - jurei entre lágrimas e ele balançou a cabeça concordando, antes de voltar a sua atenção novamente para o seu povo.

—Estou aqui na frente de vocês...Para lhes pedir perdão. Perdão...Por não ter sido o líder...Que esperavam que fosse...Por ter sido negligente com o lugar...Que me foi confiado pela magia dos nossos ancestrais. Me perdoem por ter confiado...Meu lugar para a pessoa errada...A pessoa que por ser do meu sangue...Achei que fosse cuidar de todos...Da mesma forma com que sempre cuidei. Me perdoem...Por não estar ao lado de vocês...Quando mais precisavam de mim, para defende-los...Por não poder salvar nossos irmãos...Por permitir que minha prima...Manchasse novamente a nossa terra...Com o sangue dos nossos irmãos. Sei que meu pedido de perdão...Pode soar apenas como palavras sem significado...Diante da dor que todos estão sentindo, mas saibam...Que também sinto...A mesma dor. Se pudesse daria a minha vida sem pensar duas vezes...Para trazer todos que perdemos de volta. - -Benjamin soluçou com dor e entre lágrimas enquanto olhava para todos que não desviavam sua atenção dele.

—Sei que não mereço...Estar na frente de vocês...Lhes pedindo perdão...Depois de tê-los abandonado...Quando mais precisavam de mim, mas imploro o perdão de vocês...Imploro que me dei outra chance...De ser um líder tribal melhor...De ser um alfa melhor...De ser um Quileute melhor...De poder aprender com meus erros...Por favor...Me deem mais uma chance... De fazer o que é certo e o melhor para todos. -Benjamin implorou entre lágrimas cheio de culpa e dor, enquanto suplicava uma segunda chance ao seu povo.

—Por favor, deem outra chance a ele. - implorei entre lágrimas segurando a mão de Benjamin, enquanto suplicava olhando nos olhos de a todas aquelas pessoas que havia salvado ontem, esperando que pudessem perdoar o meu marido por qualquer culpa, que eles estavam lhe atribuindo.

Que pudessem dar uma segunda chance para Benjamin, reparar todo o mal que Leticia havia feito e ainda estava fazendo, ao povo deles.

Que pudessem nos dar a chance de viver o nosso amor, que estava apenas no começo.

Segurei a respiração assim que Joana deu um passo a frente de todos e começou a cantar uma música em uma língua desconhecida para mim, mas que logo começou a ser cantada por todos os Quileutes que estavam presentes, me deixando totalmente confusa e sem entender o que estava acontecendo ali.

—O que está acontecendo? - questionei confusa para Benjamin que apertou a minha mão sem desviar os olhos de todos.

—Eles estão...Chamando...Nossos ancestrais...Só eles...Podem responder...O meu pedido. -Benjamin explicou cansado, enquanto olhávamos para Joana que estava de olhos fechados, entoado a canção mais alto que todos.  

E ficamos ali em silêncio, esperando pela resposta do nosso pedido.


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Notas finais do capítulo

Imagem do capitulo:
Veleiro do Gael:
https://br.pinterest.com/pin/337981147041761383/

E agora?
Será que os ancestrais Quileutes, irão dar uma segunda chance para o Ben?
Beijos até quarta.



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