O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 50
Melissa


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos ao capitulo cinquenta de o Legado, mal posso acreditar que cheguei a esse número, sempre achei que essa história seria curta, tendo por volta de vinte ou vinte e quatro capítulos, uma doce ilusão.kkkkkkkkkk
Ao chegar a essa marca de cinquenta capítulos, tudo que queria era agradecer por me acompanharem nessa jornada desde Recomeçar, e prometo que ainda teremos muitas emoções pela frente, com a conclusão da história de amor do Ben e da Mel, e o inicio da história de amor do Ethan e da Cíntia.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Elliot dirigiu em alta velocidade direto para o aeroporto de Londres, onde embargamos sem qualquer contratempo em um jatinho que pertencia aos Thompson. Antes de tomarmos nossos lugares nas poltronas, Ethan acomodou o irmão mais velho na parte de trás, onde havia uma suíte com uma confortável cama de casal, em seguida meu cunhado e minha sogra foram colocar uma roupa, pois as suas foram rasgadas quando ambos se transformaram em lobos e mesmo tendo visto os três se transformando, ainda parecia ser surreal tudo o que tinha visto hoje. Era como se estivesse em um conto de fadas, dos quais meus pais liam para mim antes de dormir, mas o que tinha visto minutos atrás era a mais pura verdade.

Benjamin se transformava em um lobo, no sentindo literal da palavra, assim como seu irmão caçula e minha sogra, só não sabia se Ária e meu sogro também, mas apesar de saber disso não conseguia me ver deixando-o. Eu o amava mais do que tudo nesse mundo e podia parecer estranho, mas sabia que Benjamin jamais me machucaria, estando ele na forma humana ou na forma de lobo, me sentia muito mais segura na presença dele, não importando a forma, do que na de qualquer outra pessoa.

Além de saber que meu namorado se transformava em um lobo, descobri que ele havia sofrido um “golpe de estado”, orquestrado por alguém que tomou o seu lugar de alfa na matilha, ou seja a autoridade suprema entre os lobos, e para defender o seu lugar Benjamin havia me pedido em casamento e eu aceitei. Não apenas para ajudá-lo a recuperar o seu direito de nascença, mas porque eu o amava, dizer sim era a única resposta que poderia me vir a mente, mesmo que as circunstâncias fossem outras, minha resposta seria sempre a mesma, não importasse quanta vezes ele me pedisse em casamento.

Eu sempre diria sim para Benjamin.

—Melissa? - ouvi alguém me chamando e desviei os olhos da pequena janela que havia na aeronave para ver Ethan, que estava em pé ao meu lado. - Você está bem?

—Sim. - disse e ele suspirou antes de se sentar na poltrona ao meu lado.

—Mel, está tudo bem em ficar assustada, receosa ou até mesmo arrependida...Foi uma noite muito louca para qualquer um. - Ethan disse gentil me olhando com seus olhos escuros e neguei com a cabeça.

—Não estou assustada, receosa ou arrependida, Ethan. Amo seu irmão e faria qualquer coisa por ele, só não queria que você ou seus pais ficassem com raiva de mim. - disse segurando minhas lágrimas para não chorar e ele me olhou confuso.

—E porque ficaríamos com raiva de você?

—Porque Benjamin me nomeou sua beta. Esse cargo deveria ser de vocês e não meu. - expliquei e meu cunhado sorriu surpreso o que me deixou confusa.

—Mel, mamãe e eu não poderíamos assumir o lugar de beta. A mamãe se tornou uma alfa no meio da sua vida, isso a impedi de assumir o lugar de beta, além do mais ela já teve o seu momento como alfa e ele acabou quando a magia lhe deu o seu primogênito, Benjamin. Meu irmão nasceu para ser o alfa, a liderança está no seu sangue é algo natural para ele, já eu, nasci para estar o seu lado, para apoiar as suas decisões, protegê-lo e assegurar que a sua descendência perpetue. Se meu irmão me entregasse o seu lugar, nossos irmãos de bando não acatariam as minhas ordens, pois não tenho a “vocação” para comandar.

—Se você que nasceu e foi educado na cultura da matilha não seria ouvido, imagina eu, Ethan. Quero muito ajudar o Ben, mas não tenho ideia de por onde começar ou se ao menos irão me dar a chance de ser ouvida. - disse sincera, afinal precisava expressar meus temores para alguém, pois não queria conversar com Ben e ele acreditar que estava arrependida da decisão que havia tomado horas atrás, de me casar com ele e aceitar a missão de devolver o seu lugar de alfa.

—Tem razão. Quando vocês trocaram os votos matrimoniais, automaticamente se tornou a mulher dele e sua herdeira, já que os dois ainda não possuem nenhum filhote, perante a magia e a tribo Quileute. Benjamin lhe deu a honra de ser uma líder tribal provisória além de lhe conceder a voz de comando do alfa, uma ordem sua seria como estar ouvindo-a do meu irmão.

—Achei que o beta de um lobo, fosse uma espécie de apoio, uma segunda voz no comando. - disse confusa e meu cunhado concordou.

—E é Melissa, mas meu irmão sabia que você precisava de mais do que ser a segunda voz, para ser ouvida. Por isso Benjamin está tão fraco, ele a transformou numa extensão dele. Você pode não se transformar em uma loba, como nós, mas tem a voz de comando de um alfa e de uma líder tribal Quileute.

—Ethan, isso é poder demais para uma única pessoa...Não sei se sou capaz...- comecei a dizer e meu cunhado colocou a sua mão esquerda em cima da minha, tentando de alguma forma me reconfortar.

—Você foi escolhida pela magia Quileute para ser a companheira do meu alfa, toda a sua vida e as suas escolhas te levaram ao Benjamin, porque vocês dois eram destinados um ao outro. A magia do nosso povo jamais erra, se ela a escolheu foi para esse momento...Porque você é a única capaz de defender e devolver o lugar de nascença do meu irmão.

— Você vai estar ao meu lado também, como sempre esteve ao lado do Ben? Como meu beta? - questionei olhando em seus olhos e ele ficou surpreso com a minha pergunta.

—Você deseja que eu seja seu beta?

—Sim, posso não conhecê-lo muito, mas Benjamin confia plenamente em você e sinto que posso fazer o mesmo. Preciso de alguém para me ajudar nessa missão, para me direcionar e me ensinar sobre as leis, costumes, crenças...Enfim, tudo que se resume aos Quileutes, não posso chegar despreparada. Você me ajuda, por favor. -implorei desesperada, afinal não queria falhar no pedido que Benjamin havia me feito.

— Eu ajudo Mel. Além de protegê-la, como meu irmão pediu, serei o seu beta e seu professor em cultura Quileute.

—Obrigada Ethan. -disse agradecida antes de abraçá-lo com carinho, naquele momento percebi que poderíamos nos tornar bons amigos depois que toda essa confusão passasse, só esperava que meu cunhado também desejasse o mesmo.

Depois que nos separamos, minha sogra veio me chamar explicando que Benjamin já estava trocado e dormindo profundamente, que ela havia deixando uma roupa sua no banheiro da suíte para que pudesse trocar de roupa também. Leah sugeriu que aproveitasse a longa viagem que tínhamos pela frente, para dormir um pouco ou ligar para os meus pais, algo que estava evitando há algumas horas desde que embargamos.

Concordei agradecida antes de seguir para a suíte e encontrar Benjamin usando uma calça de moletom e uma camisa confortável tendo os cobertores embolados nos seus pés, e vê-lo daquele jeito todo vestido me fez gemer de frustação, enquanto lembrava de horas atrás quando o vi como veio ao mundo e senti meu rosto ruborizando, enquanto um calor desconhecido se apossava de mim, tornando impossível respirar direito ou raciocinar.

Tive que controlar o desejo desesperado de me deitar ao seu lado e acordá-lo com meus beijos, fechei meus olhos relembrando cada olhar, toque, beijo ou caricia que já havíamos trocado durante essas quase sete semanas de namoro e mordi o lábio inferior, tentando controlar um gemido de frustação por Benjamin está tão longe de mim e ainda dormindo.

Lutei bravamente, resistindo ao impulso de não acordá-lo com meus beijos, mas o desejo me dominou de uma forma que não conseguia pensar direto, já estava quase sentando na cama quando meu celular, que nem sabia como havia parado na suíte, começou a tocar insistente e gemi de frustação antes de ir ver quem era. Peguei a bolsa, que havia levado de manhã no casamento do meu irmão, que estava em cima da poltrona e a abri tirando meu celular de dentro.

Quando vi o número da minha casa na tela, meu desejo desesperado de tocar Benjamin se apagou rapidamente me fazendo voltar para a realidade, na qual estava indo para o outro lado do mundo sem ter falado nada para os meus pais.

Tudo bem que era maior de idade, mas ainda morava na casa deles e lhes devia satisfações. Respirei fundo e encarei o celular até que a ligação caísse na caixa postal, não tinha ideia do que falaria para os meus pais, sabia que não podia contar a verdade, pois eles não acreditariam, além de ser perigoso saberem sobre o mundo sobrenatural, no qual havia literalmente caído de paraquedas horas atrás.

Resignada, decidi que devia tomar um bom banho para relaxar, me demorando em cada etapa dele, pois me daria tempo para pensar no que falaria para os meus pais. Respirei fundo e caminhei em direção ao banheiro enquanto o telefone começava a tocar novamente.

Já de banho tomado, mais calma e usando uma delicada camisola longa de seda branca que possuía rendas na parte do busto, caminhei descalça e resignada em direção a poltrona onde havia deixado o meu celular, o tirei da bolsa antes de desbloqueá-lo e ver que havia várias ligações perdidas de casa, além da que tinha visto antes de entrar no banho.

Respirei fundo tomando coragem antes de ligar para casa, enquanto a aeronave sobrevoava em algum lugar entre a Inglaterra e a América do norte.

—Mãe. - disse assim que ela atendeu e ouvi a sua respiração de alivio do outro lado da linha.

—Melissa, graças a Deus...Onde você e o Benjamin se meteram? - ela questionou preocupada e suspirei enquanto olhava para a pequena janela que havia ali, contemplando a noite sem estrelas do lado de fora.

—Melissa, você está ai? - mamãe questionou aflita me trazendo de volta a realidade.

—Estou mamãe.

—Ótimo, agora me diga onde você e o Benjamin se meteram, depois que saíram da festa de casamento do Danny? - ela exigiu severa do outro lado da linha e suspirei antes de falar o que havia ensaiado em minha mente, enquanto estava embaixo do chuveiro.

—Mãe, aconteceu algo muito sério com a família do Benjamin. Ele recebeu uma ligação enquanto estava me levando para casa, pedindo que voltasse imediatamente para La Push, terra natal da sua família. - disse pedindo a Deus que ela acreditasse na minha meia verdade, pois nunca fui boa em mentir.

—Sabia que tinha acontecido algo. Vocês nunca sumiriam assim sem dar notícias. O que aconteceu filha?

—Não sei muito bem o que houve porque ainda não chegamos lá, tudo que sei é que foi um problema muito grave, por isso decidi ficar ao lado do Ben e da sua família para apoiá-los.-expliquei devagar tentando me acalmar, antes de contar que estava a bordo de um jatinho seguindo em direção ao outro lado do mundo.

—Você fez o certo, filha é nas dificuldades que devemos mostrar que sempre estaremos ao lado de quem amamos. - meu pai disse sábio do outro lado da linha e concordei.

—Seu pai tem razão querida, fique ao lado deles o tempo que precisar. Amanhã, você me liga me passando o endereço da casa do Ben, assim posso levar uma bagagem de mão com algumas roupas e utensílios pessoais para o seu uso. - mamãe disse solicita e respirei fundo antes de contar a verdade.

—Mãe, eu não estou na casa do Ben.

—Não?! Então, onde você está, Melissa?

—Eles tiveram que embragar às pressas para a América do norte...E decidi vir com eles.

— Deus, então foi algo muito sério. - mamãe disse preocupada do outro lado da linha e concordei.

—Sim mamãe, foi muito grave. Sei que não falei nada ou se quer pedi a autorização de vocês, para acompanha-los para o outro lado do mundo...- comecei a me desculpar nervosa e ela me interrompeu.

—Filha, está tudo bem. Querida, você é adulta e responsável por seus atos nunca fez nada por impulso, se decidiu acompanhar seu namorado em uma viagem para lhe dar apoio é porque sentiu que era o certo a se fazer, e confio em seu julgamento, Melissa. - ela disse compreensiva e me senti tão culpa por não ter contado toda a verdade a ela.

—Obrigada por entender mamãe. E o senhor, papai? Está magoado por não ter falado nada?

—Claro que não querida, você é adulta e responsável. Se decidiu ir com o Ben, foi porque sabia que era o certo a se fazer. Diga ao Benjamin que vamos rezar pela família dele, para que tudo esteja bem e se resolva o mais rápido possível. -papai disse e me senti tão culpa por estar mentido em parte para eles, logo as lágrimas começaram a cair dos meus olhos ao perceber que poderia ser a última vez que falava com meus pais, afinal estava indo para o meio de uma guerra entre lobos e não sabia o que poderia acontecer, então decidi me despedir.

— Vou dizer pai... Quero agradecer aos dois, por todo amor que me deram durante a minha vida. Por sempre estarem ao meu lado e apoiarem meus sonhos, eu os amo muito e tenho orgulho de ser a filha de vocês, nunca se esqueçam disso. - disse entre lágrimas ao telefone.

—Nós também te amamos filha e não fale como se nunca mais fossemos nos ver de novo, logo você estará em casa. Não é verdade? - meu pai questionou e enxuguei minhas lágrimas antes de respirar fundo, desejando que papai tivesse razão.

—Sim papai, logo estarei em casa. - disse tentando segurar o choro para não assustá-los, mas sabia que estava prestes a desmoronar, por isso pensei em uma desculpa qualquer para dar aos meus pais. - Preciso desligar, mamãe e papai, o piloto está pedindo para nos sentarmos e colocarmos os cintos.

—Tudo bem, querida, pode ir tranquila, por favor, não nos deixe sem noticiais.

—Tudo bem, eu amo muito vocês.

—Nós também meu amor. - meu pai disse e me despedi dos dois antes de desligar o telefone, me entregando a toda angustia e medo que estava sentindo, diante da possibilidade de talvez nunca mais vê-los.

Em meio a dor minhas pernas perderem as forças enquanto chorava, antes que pudesse cair no chão senti alguém segurando a minha cintura, me impedindo de desabar. Sem dizer uma palavra, Benjamin me pegou no colo e se desequilibrou por um instante, mas ele respirou fundo e recuperou a sua postura me levando para a cama, onde me deitou com cuidado como se eu fosse feita de cristal, em seguida ele se deitou e me puxou para os seus braços, afagando meus cabelos enquanto chorava em seu peito.

—Prometo a você...Meu amor...Que irá ver seus pais...De novo...Nem que seja a última...Coisa que eu faça nessa vida. - ele sussurrou cansado sem parar de acariciar meu cabelo.

Não disse nada, apenas chorei em seus braços até adormecer de exaustão, afinal havia sido um dia extremamente longo e cheio de emoções.

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Abri os olhos incomodada com a fraca claridade que só poderia estar vindo da janela, me reprendi novamente por não ter fechado as cortinas antes de me deitar na cama, resignada decidi que se quisesse continuar dormindo mais um pouco, deveria fazer o sacrifício de levantar da minha cama, quentinha e aconchegante, e fechar as cortinas.

Antes que pudesse me levantar e acabar de vez com aquele incomodo, notei que havia uma respiração suave e ritmada no meu pescoço, responsável por provocar arrepios prazerosos por todo o meu corpo. Seu dono matinha um braço em volta da minha cintura me colando ao seu peito, prendendo-me em um casulo de calor e aconchego que seu corpo transmitia, não satisfeito com toda aquela proximidade que estávamos compartilhando naquele momento, sua perna esquerda estava em cima da minha e foi impossível continuar sonolenta, quando comecei a sentir o mesmo calor e impulso de ontem, só que dessa vez parecia que o quarto inteiro estava dentro de um forno.

—Porque está...Acordada tão cedo? Você nunca acorda...Cedo, meu anjo. - Benjamin sussurrou sonolento no meu pescoço me puxando mais para perto de si, como se quisesse eliminar qualquer distância que ainda estivesse nós separando.

—A claridade...Me acordou. -disse nervosa com tanta a proximidade e pelo impulso descontrolado, que comecei a sentir ontem quando vi Benjamin dormindo, e que ameaçava tomar conta de mim novamente.

—Me desculpe...Esqueci de fechar as janelas...Quando te trouxe pra cama...Ontem. - Benjamin se desculpou com a voz cansada antes de falar em voz alta “feche a janela”, logo todas as pequenas janelas que haviam na suíte do jatinho se fecharam automaticamente, deixando o local escuro novamente. -Pronto...Problema resolvido...Podemos voltar a dormir...De novo.

—Tudo bem. - disse fechando os olhos, tentando relaxar e me entregar novamente ao sono, mas haviam coisas demais na minha cabeça para que voltasse a dormir.

—Amor, o que foi? Você está inquieta e tensa...Está incomodada...Com algo? - Benjamin questionou desperto em meus cabelos.

—Nós dois...Nunca dormimos tão juntos dessa maneira. - disse sentindo meu rosto ficar quente, provavelmente deveria estar muito vermelha agora.

—Não mesmo...É isso que está...Te incomodando? Eu te deixei desconfortável...Por dormir agarrado com você...Dessa forma? - ele questionou preocupado e percebi que ainda haviam muitas pausas em sua fala, demonstrando que Benjamin ainda não havia se recuperado totalmente.

—Não, amor só fiquei surpresa.

—Isso quer dizer...Que você...- ele disse sugestivo, tentando controlar o seu entusiasmo e sorri da sua tentativa falha.

—Que eu gostei e espero acordar assim todos os dias com você. - disse e ele sorriu no meu pescoço antes de beijar os meus cabelos, me fazendo gemer de prazer em resposta.

Sem conseguir controlar o impulso que tomava conta de mim novamente, me virei de frente para Benjamin e logo fui beijada por ele, de forma intensa e profunda, um beijo totalmente diferente dos que já havíamos trocado. Antes que pudesse perceber ou entender o que estávamos fazendo, ele foi para cima de mim deixando de me beijar para começar a distribuir pequenos beijos torturantes, por todo o meu pescoço e descendo para o meu colo, enquanto me entregava aos sentimentos intensos que estava sentindo naquele momento.

—Me deixa amar você...Melissa Clearwater...Por favor...-Benjamin implorou no meu ouvido como se a sua vida dependesse disso.

—Eu deixo, amor...- sussurrei com a mesma necessidade que a dele e logo seus lábios voltaram aos meus me tirando o ar e razão por um instante, mas antes que pudesse me recuperar da onda de prazer que varreu meu corpo com aquele simples beijo, Benjamin se afastou de mim me olhando atordoado com se não entendesse o que estava acontecendo entre nós, o que me deixou confusa.

—Eu não...Me desculpe...- ele sussurrou com dor e saiu de cima de mim antes de sentar ao meu lado na cama.

Não podia acreditar que o homem que tanto amava havia me rejeitado daquela forma, perceber isso quebrou o meu coração em mil pedaços, com aquele gesto Benjamin me fez sentir...Humilhada... Não amada e... Furiosa.

—Mel, amor...Por favor, não chora...- ele disse angustiado enquanto tentava se aproximar de mim, mas me afastei dele.

—Você quer que fique feliz por ser rejeitada?! Posso não ter a mesma experiência que você, no quesito namoro, mas tenho certeza que nenhuma garota gosta de ser rejeitada pelo homem que ama, Benjamin. -disse enquanto chorava de raiva, por ter sido impedida privada de realizar a minha vontade.

—Querida...- ele começou a dizer com a voz suave enquanto se aproximava devagar de mim.

—Não chega perto de mim...Se me quisesse realmente, não teria me rejeitado minutos atrás. -disse revoltada enquanto olhava em seus olhos e antes que pudesse piscar, Benjamin já havia me puxado para o seu colo, nem mesmo aquela a proximidade foi capaz de suavizar minha fúria.

—Há minha linda, jamais te rejeitaria...Sou louco para te amar...Mas ainda não posso. - ele sussurrou com dor e pisquei confusa sem entender do que ele estava falando.

—Porque não pode?

—Porque não vou conseguir te amar...Da forma que você merece ser amada...Estou usando todas as minhas energias...Para me manter vivo. -ele me explicou cansado e me senti tão culpada por estar brigando com Benjamin enquanto ele estava lutando para se manter vivo.

—Deus, me desculpe...Não sei o que deu em mim para agir desse jeito...Desde ontem comecei a sentir esse...- expliquei nervosa enquanto escondia meu rosto em seu peito, envergonhada por minha atitude, e Benjamin me interrompeu.

—Impulso enlouquecido de me tocar?

—Sim...Eu nunca senti isso antes, não com a mesma proporção...É como se precisasse desesperadamente ficar com você. Você também senti isso?

—Sim, foi ele que tomou conta de mim minutos atrás. Esse impulso que sentimos...É um reflexo do nosso casamento, ontem. Depois que um lobo e o seu imprinting...Trocam votos matrimoniais, a magia toma conta deles...Impulsionando-os a conceberem um filhote, o novo alfa...Para que a continuidade da linhagem...Seja garantida. - Benjamin explicou e levantei meu rosto do seu peito para vê-lo. -Ele não é permanente, só aparece no melhor momento para se conceber um filhote mais forte e poderoso, que seu progenitor.

—Isso quer dizer que nós íamos fazer um filhote? -questionei sorrindo e ele sorriu surpreso por minha pergunta.

—Sim, se não estivesse tão fraco...Nós dois iriamos fazer...Uma linda filhotinha...-ele segredou sorrindo enquanto acariciava meu rosto com carinho sem deixar de me olhar nos olhos. -Isso não te assusta, Mel?

—Não, pela primeira vez na vida não tenho medo ou receio de nada. Eu nasci para ficar com você e posso esperar o tempo que for para que me ame. - disse olhando em seus olhos e ele sorriu emocionado antes de me beijar com carinho. - Você quer mesmo ser pai de menina, não é?

—Quero...Mas apesar de estar louco para ter filhotes com você...Acho que podemos esperar um pouco. Você ainda é tão nova...Viu tão pouco da vida...E queria tanto lhe mostrar o mundo...Enquanto aproveitamos...A companhia um do outro...Antes de sermos pais. Mas isso está em suas mãos...Vou respeitar a sua escolha...Seja qual for.- ele disse e concordei pensativa, pois no fundo sabia que ele tinha razão.

Esperar um pouco para ter um filho enquanto desfrutava da companhia de Benjamin, não seria tão ruim assim.

—Acho que pode ser uma opção. Você me deixa pensar um pouco? -pedi olhando em seus olhos.

—Leve o tempo...Que precisar, Melissa. - ele sussurrou compreensivo e notei que Benjamin parecia mais cansado, me deixando preocupada com o seu estado.

—Acho melhor deitarmos um pouco, ainda está cedo. - sugeri saindo do seu colo e ele concordou antes de se deitar na cama e me puxar para o seu peito.

—Já disse o quanto...Essa sua camisola...É perturbadora. - ele disse cansado enquanto acariciava meus cabelos sem pressa e sorri.

—Isso quer dizer que você gostou? - questionei interessada em sua resposta e ele sorriu suave.

—Eu adorei...Você ficou linda nela...Meu amor...Quem dera...Poder aproveitar mais. -ele sussurrou com pesar e me estiquei para beijar seu queixo, tentando reconfortá-lo de alguma forma.

—Agradeça a sua mãe. - disse suave tentando distrai-lo e ele sorriu como se já desconfiasse.

—Sabia que tinha o dedo...Da dona Leah, nisso.

—Porquê? -questionei confusa e ele suspirou.

—A minha mãe está louca...Para ter mais netos...Ária não pode ter mais filhos...Ethan passa até mal ...Em pensar em ser pai...A única esperança dela...Segundo à mesma...Sou eu. - ele disse e foi impossível não rimos.

—Coitada. Imagina se ela souber que você me sugeriu, que esperássemos para termos nossos filhotes.

—Já contei isso a ela...E a dona Leah...Não gostou nem um pouco disso. Mas ela respeitou...O meu desejo e irá respeitar...O seu também...Seja ele qual for.

—Posso te fazer outra pergunta?

—Quantas...Quiser, meu anjo.

—Ethan me contou que você me transformou numa extensão sua, que possuo a mesma voz de liderança para a tribo e para a matilha. Ele me explicou que uma ordem minha, seria a mesma coisa que uma ordem dada por você. Porque não me contou? - questionei em seu peito e Ben suspirou cansado.

—Porque iria contar com calma...Mas parece que meu irmão...Passou na minha frente. - ele disse chateado por Ethan ter me falado a verdade antes dele.

—Não fique chateado com o Ethan, querido, ele não fez por mal. Estávamos conversando quando o assunto acabou nesse tema. - disse tentando evitar uma possível briga entre ele e seu irmão caçula.

—Não estou chateado, amor... Só queria ter tido a chance...De lhe contar sobre isso.

—Mas as minhas duvidas ainda não acabaram, Ben.

—Que bom...O que gostaria...De saber?

—O que é um impri...- comecei a perguntar, mas tive que me interromper tentando lembrar como se pronunciava a palavra corretamente.

—Imprinting? - ele questionou sem deixar de acariciar meus cabelos e concordei. - O imprinting... é como se fosse amor à primeira vista...Só que muito mais forte. É uma espécie de atração...Gravitacional. Quando vemos nosso objeto de imprinting...Não é mais a terra que o mantém aqui...É ela. E nada importa mais do que ela...Você faria e seria qualquer coisa por ela...Se tornaria o que ela precisa que seja... Um protetor, amante, amigo ou irmão...Saciando assim a necessidade...Do seu imprinting. Os lobos são capazes de morrer por seus imprinting... Sem ao menos pensar...Para nós não existe mais ninguém no mundo...Que não seja nosso imprinting. É como se não víssemos mais as outras pessoas...Apenas o nosso objeto de imprinting...Somos capazes de tudo para que ela esteja segura...Feliz e amada...Muitos dizem que esse fenômeno...Só acontece para que nasça...Uma geração mais forte que a anterior...Afinal esse laço é guiado pela magia que nos transforma...E só ocorre uma vez na vida...Jamais podendo ser quebrado...Pois resultará na morto do lobo em questão.

—E você...Senti tudo isso por mim? - questionei apoiando meu queixo em seu peito para poder ver seus olhos.

—Sim...Sinto tudo isso por você...Desde a primeira vez que a vi...Sabe porque sai da sala...Feito um louco...No dia da sua entrevista?

—Não.

—Sai feito um louco no dia da sua entrevista...Porque não conseguia me controlar...Você me tirou a razão, Melissa...Se não tivesse saído naquele momento...Tenho certeza que pularia aquela mesa de reuniões...E te beijaria sem ao menos saber seu nome. -ele explicou e mordi o lábio inferior tentando imaginar a cena que ele estava descrevendo.

—Eu queria ter visto isso. - disse sentindo meu rosto quente após tentar imaginar a cena sem sucesso.

—Melissa...Você ainda vai me fazer cometer uma loucura, garota. - ele segredou com a voz rouca e sorri suave antes de voltar a deitar a cabeça no seu peito.

—Queria acordar todos os dias assim com você. -confessei rompendo o silêncio que havia se instalado entre nós, depois do comentário de Benjamin.

—E nós vamos...Ou acha que vou deixá-la... Ficar longe de mim...Agora que somos casados?! Claro que não. - ele segredou e sorri antes de me esticar novamente para lhe dar um selinho carinhoso. -Nosso casamento pode não valer...Perante a lei dos homens, mas perante a lei Quileute...Você é a minha esposa.

—Sei que defender o seu lugar não será uma tarefa fácil, mas como vou conseguir fazer isso, Ben? Nem sei por onde começar...Ou o que fazer. - disse com medo de falhar com ele. -Não quero fazer algo errado e te prejudicar, ou pior, acabar te machucando ainda mais.

Sem dizer nada, ele nos deitou de lado para que pudéssemos ficar frente a frente, olhando um nos olhos do outro.

—Melissa, olha pra mim...Você jamais vai me prejudicar...Ou me machucar, amor...Está certa em dizer que não será uma tarefa fácil...Mas vejo tanta força e coragem...No fundo dos seus olhos cor de mel...Que tenho pena da pessoa...Que acha que você não é capaz.

—Você acha? Acha que tenho tanta força e coragem assim? - questionei em dúvida e ele sorriu concordando.

—Sim. Se você tivesse nascido na minha tribo...Tenho certeza que seria uma loba nata...Que dona Leah não me ouça...Mas acredito que você...Seria melhor que ela. - ele segredou e foi impossível não sorrir agradecida, por ele tentar espantar da minha mente todos os temores de um possível fracasso. - Você não terá que lutar contra ninguém...Essa parte deixe comigo...Tudo que terá que fazer...É convencer e unir ir os lobos que ainda são leais a mim.

—Ainda existem lobos leais a você? - questionei surpresa, afinal achei que todos haviam lhe deixado.

—Sim, foi uma surpresa pra mim também...Minha prima não conseguiu convencer todos...Como queria...Os que permaneceram leais a mim...Tiveram que se esconder...E precisamos acha-los...Preciso do juramento...De lealdade deles...Para derrota-la.- ele explicou e me lembrei da conversa que tive ontem com Ethan, na qual ele havia citado a prima.

—Espera, foi a sua prima que deu um “golpe de estado” na liderança da sua tribo? - questionei e ele concordou. -E como está se sentindo com isso tudo?

—Estou me sentindo...Furioso...Revoltado...Traído e culpado...- ele disse perdido em pensamentos e acariciei sua bochecha tentando trazê-lo de volta para mim.

—Você não tem culpa de nada, Benjamin.

—Tenho Mel, deixei meu povo de lado...Mais vezes do que se é aceitável. Tratei o meu lugar com irresponsabilidade...Agora estou sendo punido por isso.

—Claro que não. Podemos estar juntos a quase sete semanas, mas conheço você o suficiente para saber que jamais trataria o seu povo ou as suas obrigações, de forma irresponsável. O que sua prima fez foi imperdoável e você não deveria se sentir responsável pelo que houve. A errada foi ela, que traiu a sua confiança, sua lealdade e os laços de sangue que os unem. - disse séria olhando em seus olhos tentando fazê-lo acreditar em minhas palavras.

—Você tem razão...Não adianta me culpar por algo que já aconteceu...Porque não irá mudar nada...Tudo que posso fazer agora...É lutar para defender o meu lugar...E proteger aqueles que amo.

—É assim que se fala, amor. - disse incentivando-o e ele sorriu antes de acariciar o seu nariz com o meu, antes de voltarmos a aproveitar a companhia um do outro.

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Aterrissamos em Forks por volta do meio dia, segundo Benjamin aquele aeroporto havia sido recém-inaugurado resultado de um consórcio entre o conglomerado Thompson e o governo local, facilitando assim o deslocamento da produção do laboratório que possuía uma filial na cidade. Andei abraçada com Benjamin, que ainda precisava de ajuda para caminhar, em direção ao carro que estava nos esperando perto da aeronave, permitindo que ele não andasse muito até o mesmo, já não estava mais usando a camisola branca de ontem, pois minha sogra havia me emprestado mais uma peça de roupa que coube perfeitamente.

Entramos no carro e Ethan deu partida nos conduzindo em direção ao nosso tão desejado destino, enquanto Benjamin voltava a dormir aconchegado em meus braços, com o rosto enterrando no meu pescoço já que havia feito uma traça no meu cabelo.

—Tudo bem, querida, você parece preocupada? - Leah questionou se virando no banco em que estava sentada para me ver já que o carro parecia uma minivan, só que de luxo.

—E estou. Benjamin não está dormindo demais para vocês? Porque para mim está. - questionei preocupada acariciando seu cabelo enquanto ele dormia profundamente.

—Isso é normal, filha, Ben está fraco e precisa preservar as energias dele.- ela me explicou e concordei com a cabeça antes dela voltar a sua atenção para a frente.

Em pouco tempo as casas que haviam na cidade, foram dando lugar ao verde que era de tirar o folego, a cada nova paisagem que passava na minha janela eu arfava com a intensidade e as combinações harmoniosas de cores que aquele lugar possuía, era um verdadeiro paraíso na terra. Fiquei admirando aquela rica vegetação que não encontraria em Londres, quando todo o verde mudou de repente, dando lugar a uma extensa praia que possuía grandes paredões de rocha, que me fiz suspirar encantada e maravilhada com toda aquela beleza, tão bem preservada.

Como se aquele lugar, fosse um pequeno pedaço do paraíso na terra.

—Eu sei... fiquei desse mesmo jeito quando percebi...Toda riqueza e beleza que esse local possuía. - Benjamin sussurrou sonolento em meu pescoço e notei que ele também estava olhando pela janela.

—Bem-vinda a La Push, amor. - ele sussurrou assim que passamos pela placa que nos davas as boas-vindas ao local.

—Obrigada. - sussurrei sem desviar os olhos da paisagem, tentando imaginar como um lugar tão lindo e calmo quanto aquele aparentava ser, poderia se transformar muito em breve em um cenário de uma possível guerra familiar.


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