O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 51
Melissa


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindo a mais um capitulo de O Legado que está repleto de nostalgia e surpresas.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Depois que passamos pela placa de Bem-vindos a La Push, Ethan saiu da estrada principal e entrou em uma estreita pista no meio da floresta, ele continuou dirigindo por cerca de meia hora mata a dentro até que em uma curva, toda a vegetação verde  que nos acompanhavam por horas durante o caminho todo, deu lugar a uma grama extremamente verde e devidamente aparada, que possuía uma linda casa com grandes portas de vidro na frente e um amplo hall de entrada em seu final.

Ethan estacionou perto dos três degraus de entrada que davam acesso ao hall, permitindo que Benjamin não andasse tanto para entrar na casa.

—Onde estamos? - questionei confusa assim que meu cunhado estacionou o carro e vi dois jovens nos esperando no hall de entrada.

—Essa é a casa de um casal de amigos nossos. Ela tem uma ótima localização, porque fica na divisa da fronteira Quileute e dos Cullen...Nossos amigos gostam de chamar a sua casa de pequena Suíça. - minha sogra explicou suave enquanto me olhava pelo espelho do carro antes de desviar os olhos para Benjamin, que havia pegado no sono novamente em meu peito. -Vou falar com nossos amigos, para saber se tudo está seguro antes de tirarmos o Ben do carro.

—Tudo bem. - disse suave antes dos três saírem do carro e caminharem em direção ao casal de jovens que lhes esperavam na porta.

Pela janela do carro, vi os cinco se cumprimentarem e começarem a conversar de forma breve antes deles caminharem em direção ao carro, onde ainda permanecia com Benjamin. Em seguida, a porta do banco de trás foi aberta pelo rapaz, que estava esperando meus sogros no hall de entrada, automaticamente me posicionei na frente do meu marido, frágil e adormecido, tentando de alguma forma protegê-lo de uma possível ameaça.

—Pode ficar tranquila, não vou fazer mal algum ao Benjamin. Estou aqui apenas para ajudá-lo.- ele disse suave enquanto olhava em meus olhos e estreitei os olhos, analisando-o enquanto os outros quatro tiravam as malas do carro.

—Sua mulher é muito desconfiada, Ben. - ele disse sem desviar os olhos de mim e ouvi meu marido sorrir baixo, me surpreendendo por ele estar acordado.

—Ela não faz por mal... Tio Jake...Mel só está...Me protegendo...- Ben sussurrou cansado e seu tio olhou para nós dois antes de sorriu surpreso.

—Garoto esperto...Transformou sua esposa em uma extensão sua...Por isso ela está se comportando como alfa. -o rapaz, que descobri se chamar Jake, disse olhando para Ben que concordou.

—Só assim... Ela pode ser... Ouvida.

—Você tem razão. - ele disse concordando com Ben antes de me oferecer a sua mão direita enquanto sorria de maneira gentil para mim. - Sou Jacob Black, mas pode me chamar de Jake.

—Melissa, mas pode me chamar de Mel. - disse suave enquanto apertava a sua mão.

—É um prazer conhecê-la Mel, e não se preocupe porque jamais faria mal ao seu macho. Os filhos da Leah, são como filhos para mim. - ele disse suave sem deixar de me olhar nos olhos e fiz o mesmo.

—Pode confiar...Nele...Amor. - Ben pediu sonolento em meu pescoço e concordei resignada ainda segurando a mão de Jake.

—É um prazer conhecê-lo Jake, espero não me arrepender de confiar em você.

—É um prazer conhecê-la também Mel e não se preocupe, pois você não irá. Posso levar o Ben para dentro? - ele questionou assim que soltei a sua mão e concordei antes de descer do carro, permitindo que Jake pegasse meu marido no colo e o levasse para dentro.

Acompanhei Jake de perto enquanto ele carregava Benjamin, como se não pesasse nada, para dentro da casa sendo seguido por todos nós, assim que entramos na ampla sala vi os avôs do meu marido sentados no sofá, o que me deixou tranquila ao perceber que eles haviam conseguido fugir em segurança, afinal não sabíamos do que a prima de Benjamin era capaz.

Enquanto Leah abraçava os pais e conversava com eles rapidamente, Benjamin pediu para Jacob colocá-lo sentado no sofá, pois ele queria falar algo.

—Vocês estão...Bem? - Benjamin questionou cansado olhando para seus avós e Sue sentou do seu lado direito no sofá, já que eu estava sentada do lado esquerdo dele.

—Estamos, apesar do susto de ver Jacob as duas da manhã em nossa porta pedindo que trocássemos de roupa e o acompanhássemos. - Charlie disse olhando para o neto que concordou.

—Desculpe...O susto...Mas foi preciso.

—Sabemos querido. - Sue disse carinhosa e se inclinou para beijar a testa do neto com carinho.

—Ben, amor, você está menos quente que o normal. - Sue disse preocupada assim que se afastou do neto e colocou a palma da mão direita em sua testa.

—Vovó...Não estou me sentindo bem...A senhora pode...Fazer sua famosa...Canja...Pra mim. - Benjamin pediu cansado olhando nos olhos da avó enquanto tirava a mão dela da sua testa.

—Claro que posso querido. Nessie me mostrou a linda horta dela, acho que ela não se importaria se colhesse alguns vegetais, para fazer uma canja bem reforçada para você. - Sue disse desviando os olhos do neto para a jovem, que estava em pé ao lado de Jacob.

—Claro que não Sue, fique à vontade. Vô, porque o senhor não leva a Sue até o jardim. - a jovem chamada Nessie pediu olhando para Charlie, que concordou desconfiado.

Sue deu um beijo em Benjamin antes de se despedir dos outros, saindo acompanhada de Charlie. Ficamos em silêncio por alguns minutos até que minha sogra o rompesse.

—Agora que a mamãe não está mais nos ouvido...Jake, e o Seth? Alguém teve alguma notícia dele? Da Molly e do Harry? -minha sogra questionou preocupada e Jacob desviou os olhos para Nessie.

—Enquanto Jake tirava seus pais de La Push, eu, tio Emmett e meu pai, fomos até a casa do Seth para tirá-los em segurança, mas não havia ninguém lá. Seguimos o rastro dos três até uns dois quilômetros, depois o cheiro sumiu no ar. -Nessie explicou enquanto olhava para Leah, que ficou visivelmente preocupada com a resposta dela. -Não se preocupe, Leah, Papai e o Tio Emm, ainda estão procurando por eles, logo teremos notícias.

—Espero que eles os encontrem, pois mamãe não vai suportar saber que algo de ruim aconteceu com seu filho por culpa da neta. - Leah disse com os olhos vermelhos e meu sogro a abraçou pela cintura antes de beijar a sua bochecha.

—Vamos ter fé, meu amor. Tenho certeza que nada de mal aconteceu com eles. - Elliot disse otimista e concordamos. -Jacob, os outros já deram alguma notícia?

—Sim, os Cullen estavam por perto, pois estavam vindo nos visitar como sempre fazem nessa época do ano, agora eles estão em busca de Seth e da sua família. Recebemos uma mensagem de Ayla antes de vocês chegarem, informando que ela e sua família estão a caminho. -Jacob explicou e Benjamin balançou a cabeça concordando.

—Assim que chegarem...E estiveram acomodados...Faremos uma reunião...Para discutir nossas estratégias...-Benjamin disse cansado e com dificuldade para respirar, era visível o esforço que ele estava fazendo para realizar atividades básicas exigidas pelo organismo.

Sem dizer nada, Jacob saiu do lado de Renesmee e caminhou até onde Benjamin estava sentado, se ajoelhando em seguida ao seu lado.

—Você precisa descansar Ben, conservar a pouca energia que ainda lhe resta até que a ajuda chegue, deixe as estratégias conosco. Tudo bem? - Jacob questionou olhando nos olhos do meu marido que concordou resignado.

Com cuidado Jacob pegou Benjamin no colo se levantando em seguida, deixei meus sogros, meu cunhado e Renesmee na sala e o acompanhei pelo largo corredor até pararmos na frente de uma porta e ele me pediu para abri-la.

—Vocês podem descansar aqui, assim que a reunião começar mandarei alguém vir avisá-los. -Jacob disse solicito assim que colocou Benjamin deitado na cama e o agradeci, antes dele nos deixar a sós no quarto.

—Mel? -Benjamin me chamou cansado assim que me sentei ao seu lado na cama, para ajeitar seus travesseiros.

—Sim, amor.

—Não vou...Conseguir ir...Para a reunião...Estou...- ele começou a dizer cansado e o silenciei com um selinho suave.

—Está tudo bem, amor. Eu vou no seu lugar, agora pare de se preocupar e tente descansar um pouco. -pedi assim que me afastei dele que concordou antes de tirar a medalhinha que usava em seu pescoço, um gesto que me deixou confusa.

 - São Lucas vai protegê-la... E guiá-la...Durante a reunião...- Benjamin explicou e concordei antes de me inclinar em sua direção para que ele pudesse colocar a medalhinha em meu pescoço. -Confie nele... Ele jamais...Desamparou um Thompson...E não será agora.

—Vou confiar amor. Agora, por favor, descanse um pouco, foi uma viagem extremamente desgastante para você.

—Tudo bem...Você fica comigo...- ele pediu e sorri com carinho antes de beijar a sua testa.

—Não vou a lugar algum. -prometi olhando em seus olhos castanhos escuros e ele concordou antes de fechar os olhos e logo escutei a respiração dele relaxar, confirmando que Benjamin havia pegado no sono.

Me levantei da cama sem fazer barulho e fui em direção a janela para fechar as cortinas, impedindo assim que a claridade incomodasse o sono de Benjamin. Com cuidado voltei a me sentar na cama enquanto olhava para o meu marido adormecido, pedindo a Deus e São Lucas que lhe ajudassem a ter força para suportar tudo aquilo até que a situação se resolvesse, e esperava desesperadamente que não demorasse muito para isso.

Fiquei ali sentada por cerca de meia hora apenas olhando Benjamin dormir, acompanhado cada movimento da sua respiração, sua com medo e que ela sumisse e ele não acordasse mais, e contrariado todos os meus temeres ele abriu os olhos depois de um tempo e sorriu para mim, aquele sorriso que sempre me deixava corada.

—Você...Ficou...Comigo.

—Eu disse que ficaria, amor. - disse suave antes de me sentar mais próximo dele que me olhou atentamente.

—O que foi? - ele questionou preocupado antes de fazer menção de se sentar e o ajudei a fazê-lo.

—Estou assustada, querido... Sei que disse que irei no seu lugar nessa reunião e não vou descumprir a minha palavra, mas não tenho ideia do que vou dizer, muito menos o que farei para convencer seus irmãos de bando a jurarei novamente lealdade a você. - admiti apreensiva enquanto olhava em seus olhos castanhos que apesar de cansados, ainda me olhavam com o mesmo amor e adoração de antes.

—Estar assustada é que te faz...Qualificada para a missão, Mel...Não precisa ficar preocupada...Com que irá dizer...A magia do imprinting vai te guiar...Apenas escute.- ele explicou cansado e concordei.- Queria que pudesse ver...Toda força e coragem...Que vejo...Nos seus olhos.

—Não sei se sou tão forte e corajosa assim.- disse insegura e ele sorriu amoroso para mim antes de se inclinar para acariciar seu nariz com o meu, um carinho que estava se tornando algo costumeiro entre nós nas últimas horas.

—A minha coragem e força... Sempre estarão com você...Nunca se esqueça disso...Promete? -Ben questionou com sua testa encostada na minha e concordei antes de abraça-lo com carinho.

—Eu te amo tanto...Meu anjo.

—Eu também te amo tanto, meu bem. -sussurrei e o beijei com carinho por alguns instantes antes de ouvirmos alguém batendo na porta.

Dei um ultimo beijo em Benjamin antes de me afastar dele e autorizar a entrada de quem estava batendo na porta.

—Desculpe incomodar, mas todos já chegaram e estamos prontos para a reunião. - Elliot disse assim que abriu a porta do quarto.

— Mel irá no meu...Lugar, pai.

—Tudo bem, amor. Pode ir tranquila, Mel, vou ficar com o meu filho até que volte. -Elliot explicou e concordei antes de olhar para Benjamin.

—Pode ir tranquila...Amor...Vou ficar bem. - ele jurou suave e concordei antes de me inclinar para lhe dar um beijo suave.

—Eu te amo. -sussurrei com a minha testa encostada na sua.

—Te amo também. - ele sussurrou cansado e me beijou com carinho antes de me afastar dele.

Sair daquele quarto foi a tarefa mais difícil que fiz na vida, pois todo o meu ser desejava ficar ao lado de Benjamin, mas sabia que ele estria em boas mãos com seu pai, e que ele precisava de mim na reunião para convencer seus irmãos de bando a jurarem novamente lealdade a ele, ficando ao seu lado para derrotar Leticia.

Sabia que estava fazendo o certo, mas não era fácil saber que o homem que eu amava estava cada vez mais fraco e que poderia piorar, enquanto estivesse na reunião. Essa constatação me fez parar no meio do corredor tentando controlar a minha crise de choro, que ameaçava começar, pois me sentia um monstro fazendo isso com Benjamin, ainda mais no momento em que ele mais precisava de mim.

—Você não é um monstro Melissa. Benjamin entendi e a admira, por toda a sua coragem e força em lidar com tudo isso. Ele ainda está aqui por sua causa...Porque quer ficar ao seu lado, para o resto da sua vida. - uma voz suave disse e me assustei ao perceber que não estava mais sozinha, pois havia dois jovens no correndo me olhando de maneira preocupada.

—Edward. - a jovem de olhos dourados e cabelos longos repreendeu amorosamente o rapaz de cabelos acobreados, do mesmo tom dos de Renesmee, antes de virar para me ver sem graça. -Me desculpe, Melissa. Edward, o que conversamos sobre não invadir a mente das pessoas?

—Não invadi a mente dela, amor. Apenas não é difícil adivinhar o que deve estar se passando na mente dela, afinal seu amor está sofrendo e lembro bem como me senti na época...-o rapaz de cabelos acobreado, que descobri se chamar Edward, disse olhando para a jovem ao seu lado.

—Isso ficou no passado, amor. Agora precisamos nos preocupar apenas com o bem-estar do Benjamin. - ela disse acariciando o rosto de leve de Edward antes dos dois concordarem e voltarem a sua atenção para mim, que ainda estava confusa em vê-los na minha frente.

—Que falta de educação a nossa. Me chamo Bella e esse é o meu marido, Edward. -ela disse sorrindo enquanto apresentava ambos.

—Sou Melissa, mas podem me chamar de Mel. - disse suave antes de olhá-los novamente. -Então, posso supor que vocês vieram nos ajudar?

—Sim, viemos ajudar. Vim proteger a mente do Ben, segundo o que Leah nos contou por telefone, Leticia está tentando conectar a sua mente novamente a do primo, para descobrir seu próximo passo e porque ele está gastando todas as suas energias, para proteger um “cofre de segurança mental”. -Bella explicou e Edward sorriu orgulhoso concordando.

—Benjamin, sempre foi esperto e curioso desde pequeno, lhe ensinei o truque do “cofre de segurança mental” quando ele tinha cinco anos...E ele é muito bom nisso. Sempre conseguiu esconder coisas de mim e dos seus irmãos de bando, mas fraco do jeito que está, em algum momento as defesas dele acabaram caindo e Leticia vai saber sobre tudo...Que andamos planejando além de descobrir sobre você...A única fraqueza dele.- Edward disse preocupado enquanto o olhava surpresa por suas palavras.

E foi naquele momento que compreendi que precisava ser forte, que não poderia me entregar ao desesperado, pois Benjamin e todo um povo contavam comigo.

—Obrigada por nos ajudarem, mas ao contrário do que pensa Edward, não sou a fraqueza do Benjamin, sou sua fortaleza. Não tenho medo da Leticia, ela é que deveria ter medo de mim por estar machucando o homem que amo...E quando encontrá-la...Porque vou encontra-la aonde quer que ela esteja, vou fazê-la pagar por cada lágrima de dor que Benjamin está derramando por causa da traição dela. -disse severa antes de caminhar decidida em direção a sala onde seria realizada a reunião.

—Como o Ben está? - Leah questionou preocupada assim que entrei na sala e a vi me esperando sentada no sofá ao lado de Ethan.

—Nada bem, ele está mais fraco e cansado do que ontem. - disse preocupada e ela respirou fundo, como se estivesse tentando controlar suas lágrimas, já que seus olhos estavam levemente vermelhos.

—Não podemos perder mais tempo, só Deus sabe o quanto meu filhote ainda pode aguentar. -Leah segredou com dor e concordei, em seguida ela respirou fundo e se levantou do sofá antes de indicar que a seguisse.

Andei em silencio atrás da minha sogra enquanto pensava no que iria dizer nessa reunião, mas nada parecia bom o bastante para encorajar alguém a se unir a nossa causa. E comecei a ficar nervosa de novo, perdendo toda a coragem que havia se apossado minutos atrás de mim. Afinal, a quem eu queria enganar?

 Não era boa em falar em público e nem me sentia confortável com isso, sempre acabava corada como um tomate e me atrapalhando com as palavras, ainda mais sobre algo que não tinha nenhum tipo de conhecimento e nem tinha estudado previamente, para ter domino sobre o assunto.

Eu era uma farmacêutica, ou como meus colegas de faculdade adoravam me classificar pelos corredores da instituição, a nerd dos remédios, que preferia passar horas na biblioteca debruçada nos livros ou no laboratório escolar, colocando em prática tudo aquilo que aprendi nas aulas teóricas ou que li nos livros.  

Nunca fui uma líder nata, muito menos tinha a coragem e força que Benjamin transmitia apenas com o olhar, quando falava nas reuniões da empresa. Assim que cheguei na sala de jantar e vi todas aquelas pessoas desconhecidas, que desviaram seus olhos do mapa que estavam vendo em cima da mesa para me olharem de cima a baixo, me analisando da mesma forma que meus colegas de faculdade questionando a minha capacidade ou meu direito de estar ali, presenciar isso novamente me fez querer sair correndo dali, como sempre fazia.

Mas antes que pudesse fazer isso, vi meu reflexo na janela de vidro que havia na sala de jantar e meus olhos recaíram para a medalhinha de São Lucas no meu pescoço, me lembrando de todas as palavras de força e encorajamento que meu marido havia me dito nas últimas horas. Respirei fundo tentando controlar meu nervosismo, pois não podia sair correndo dali mesmo que fosse a minha vontade interior, o homem que eu amava contava comigo e por ele seria capaz de enfrentar todos os meus temores interiores.

—Vai ficar tudo bem, Mel.- Leah disse suave ao meu lado e concordei com a cabeça, pois não confiava em minha voz para dizer algo.

Sem dizer uma palavra, Ethan saiu do lado de seu avô e veio até mim, parando em minha frente.

—Eles só têm cara de assustadores, mas no fundo são pessoas maravilhosas. Não se preocupe com nada, vou estar ao seu lado. - meu cunhado disse gentil e concordei antes dele indicar que me aproximasse da ampla mesa, que dominava metade da sala de jantar.

—Senhores, antes de começarmos a discutir nossas estratégias acho que devemos fazer algumas apresentações, afinal minha nora não conhece ninguém aqui além de nós. - Leah disse gentil assim que parou ao meu lado esquerdo já que Ethan ficou do lado direito.

—Mel, estão são os parentes do meu marido...Carlisle e sua esposa Esme, os padrinhos de Benjamin, e seus filhos adotivos...Alice, Rosalie, Emmett e Jasper, apresentarei Edward e Bella, quando eles voltarem. -Leah explicou suave depois que indicou todos, que me cumprimentaram com um aceno de cabeça assim que seus nomes eram falados, e retribui seus gestos da mesma forma.

—Está é a minha prima Ayla, seu marido Gael e seus filhos mais novos, Brendo e Helena. -ela continuou me apresentando indicando todos, que me cumprimentaram com um aceno de cabeça e retribui da mesma forma. -Este é Sam Uley, herdeiro da linhagem Uley, outra linhagem que liderou por anos a matilha Quileute antes da minha linhagem assumir novamente.

—Posso dizer algumas palavras. - pedi a minha sogra assim que ela terminou de fazer as apresentações.

—Claro querida, estamos todos lhe ouvido.

—Obrigada. - disse suave e toquei na medalhinha do meu marido que trazia no pescoço, como se de alguma forma ele estivesse ao meu lado naquele momento.

Respirei fundo e olhei nos olhos de todos aqueles desconhecidos, que estavam ali dispostos a colocar suas vidas em risco para defender o nosso legado, meu e do meu marido, e foi impossível não sentir gratidão por cada um daqueles rostos. Antes que pudesse pensar direito ou voltar a ter uma nova crise de insegurança, senti uma força desconhecida tomando conta de mim, me impulsionando a seguir em frente e não ter medo do futuro, pois ganharíamos aquela guerra, foi quando compreendi que essa força, que estava me dominando agora só podia vir do imprinting e agradeci a magia Quileute, por estar ao meu lado nesse momento.

Retirei minha mão de cima da medalhinha antes de começar a falar, sem desviar os olhos de todas aquelas pessoas que estavam ali para nos ajudar a vencer aquela guerra.

—Sei que é pedir muito para que arrisquem suas vidas por nós, e entenderei se não quiserem fazê-lo, mas preciso da ajuda de todos para defender o direito de nascença do meu marido e o futuro do nosso legado. Não vou garantir que será uma tarefa fácil, muitos de vocês terão que enfrentar irmãos, amigos, vizinhos, talvez até seus filhos...Mas quero que saibam que estarei ao lado de vocês em cada momento incentivando-os a não desistir, pois se estão aqui hoje é porque se importam de verdade com Benjamin, ao ponto de colocarem em risco suas próprias vidas e gostaria de agradecer a todos pelo que estão fazendo por nossa família.- disse séria e todos se olharam surpresos após o meu discurso, na realidade até eu estava surpresa por todas aquelas palavras terem saindo de mim e por não ter corado ou me atrapalhado em falar nenhuma vez.

Carlisle olhou para todos da sua família e deu um passo à frente, antes de começar a falar.

—Eu e a minha família estaremos do seu lado até o fim, vamos ajudá-la a defender o seu legado e do meu afilhado e estamos honrados em sermos liderados por você, Melissa Clearwater- ele disse sério enquanto me olhava e lhe olhei com gratidão por sua resposta.

—Todos os descendentes da linhagem de Ephraim Black, vamos ajudá-la a defender o seu legado e do Ben. E me sinto um felizardo, em ser liderado por alguém tão forte quanto você, Melissa Clearwater. - Jacob disse enquanto me olhava e Renesmee concordou com suas palavras.

—Parece que os Thompson, tem faro para mulheres fortes e lideres naturais...Só espero que meu afilhado, tenha a mesma sorte do pai e do irmão mais velho. - um homem de olhos verdes e cabelos que alternavam entre o preto e o branco, disso sorrindo para mim enquanto Ethan revirava os olhos, fazendo todos rirem.

— Não chamaria isso de faro e sim de destino, Gael. -minha sogra disse suave e Gael concordou antes de olhar para mim.

—Todo o clã Amorini está a sua disposição senhora, estamos dispostos a tudo para ajudá-la a defender o seu legado e do Ben. E estou muito contente em saber, que finalmente Benjamin encontrou uma mulher à altura da posição dele... Uma mulher que nasceu para liderar assim como ele...Uma verdadeira rainha para um rei. - Gael disse sério antes de fazer uma reverencia para mim e ser acompanhado por toda a sua família.

—Muito obrigada a todos pela confiança que estão depositando em mim. - disse emocionada por suas palavras e eles concordaram antes de Charlie começar a nos explicar sobre a geografia da região, em seguida Jacob tomou a palavra e começou a explicar sobre as divisas entre as terras dos Cullen e dos Quileutes, um trado com séculos de história, e que provavelmente não seria respeitado pela prima de Benjamin.

—Benjamin está fraco demais para se locomover, por isso precisamos ir atrás dos lobos que fugiram para a floresta e convencê-los a jurar lealdade a ele antes de trazê-los para cá. Já mandamos algumas patrulhas para a região norte e sul depois da divisa do tratado, eles me darão o relatório daqui a algumas horas. - Jacob explicou enquanto indicava no mapa o local onde as patrulhas deveriam estar.

—Tudo bem, que tal se formássemos equipes? Assim poderemos cobrir mais terreno, além de alcançar mais rápido o nosso objetivo. - sugeri olhando nos olhos de todos que concordaram.

—Dividir para conquistar...Uma excelente ideia, Mel. - Carlisle disse sorrindo e agradeci antes de começarmos a formar as equipes e designar quais locais seriam cobertos pelas mesmas.

Todos concordaram que eu deveria ficar ao lado de Benjamin, enquanto eles iriam atrás dos lobos exilados e os enviariam para cá, meu papel seria recebê-los, lhes dar assistência e conversar com os mesmos convencendo-os a jurarem lealdade ao meu marido, que só apareceria na presença deles quando tivesse certeza de que não haveria nenhum perigo para ele.

Passamos praticamente duas horas de relógio discutindo e planejando estratégias quando a reunião finalmente terminou, estava esgotada fisicamente e mentalmente, tudo que desejava agora era um bom banho e uma cama confortável para dormir, mas antes disso tudo precisava ver se Benjamin estava bem.

—Nada disso Mel, você está precisando realizar necessidades humanas básicas urgentes, antes de ver o Ben...Como por exemplo...Tomar um bom banho... Trocar de roupa... Comer alguma coisa... Desfrutar de algumas horas de sono...- Alice disse amável me olhando de lado, depois que todos haviam seguido com suas equipes para começarem suas missões. -Se quiser, posso ajudá-la com isso.

—Minha aparência está tão ruim assim Alice? - questionei confusa e ela concordou se desculpando envergonhada o que me rir.

—Tudo bem, me sinto exausta mesmo e vou aceitar a sua ajuda. - disse e ela sorriu animada antes de me abraçar pelos ombros, enquanto me conduzia novamente para o corredor onde ficava o quarto em que havia deixado Benjamin com seu pai.

Alice tentou me animar de inúmeras formas e lhe seria eternamente grata por isso, fiquei extremante emocionada quando me contou que havia trago consigo uma mala para mim, cheia de roupas, acessórios, itens de higiene pessoal e uma nécessaire de medicamentos.

A sua atitude me deixou tocada, afinal havíamos acabado de nos conhecer e ela pensou nas minhas necessidades, antes mesmo de me conhecer pessoalmente.

—Alice...Não sei como lhe agradecer, muito obrigada. - disse suave antes de abraça-la com carinho e notar que ela estava um pouco fria.

—Não precisa agradecer Mel, você acabou de se casar...Tudo bem que você não teve uma cerimônia linda, um vestido de noiva e uma festa glamurosa...Coisas que toda garotinha sempre sonhou em ter, no dia mais importante da sua vida...E espero sinceramente que meu sobrinho repare rapidamente essa falta.- ela segredou pensativa e sorri antes dela começar a falar empolgada de novo.- Deixando essa falta de lado, você se casou e tenho certeza que não deseja que seu marido a olhe toda desarrumada, afinal vocês são recém casados e estão em clima de lua de mel.

—Alice...Eu e Benjamin...Nós nunca...-sussurrei corando e ela sorriu gentil antes de segurar as minhas mãos com carinho enquanto me olhava nos olhos.

—Eu sei querida, mas quer saber um segredo? - ela questionou e concordei.

—Isso vai acontecer muito em breve...E você vai gostar muito. - ela sussurrou a ultima parte para mim e senti meu rosto esquentar de vergonha enquanto ela sorriu, antes de me incentivar em seguir para o banheiro.

Tirei toda a roupa que estava usando, tentando não pensar no que Alice havia acabado de me falar, e liguei o chuveiro antes de entrar, assim que a água quente começou a fazer efeito em meu corpo, relaxando-o, comecei a sentir algumas dores nos meus braços e pernas, reflexo do esforço repetitivo que tinha feito ontem ao tirar Benjamin do seu carro. Fiquei mais um pouco relaxando em baixo da água, sem pensar em nada, antes de sair do banheiro vestido apenas um roupão felpudo e macio que havia ali.

Entrei no quarto e fiquei confusa por não ver Alice ali, logo minha atenção foi para a cama onde havia uma delicada camisola de seda preta e um robe da mesma cor em cima dela, mas o que realmente me deixou surpresa foi ver uma cartela de analgésicos ao lado do robe, o que me fez gostar ainda mais de Alice, que só voltou depois que estava devidamente vestida e tinha acabado de tomar um comprimido da cartela de analgésico.

—Enquanto estava no banho, fui buscar algo para você comer antes de descansar um pouco. - Alice disse gentil assim que entrou no quarto com uma bandeja em mãos.

—Obrigada Alice, por tudo. Você sabe se o Benjamin já acordou? Se ele já comeu alguma coisa?

—Já. Elliot o ajudou a levantar da cama, tomar um bom banho e trocar de roupa, em seguida Sue levou a sua famosa canja para ele e deixou um pouco para você, porque segunda ela, precisa de toda a força do mundo para enfrentar essa situação. Agora, bom apetite. - ela disse gentil colocando a bandeja em minha frente e me incentivando a comer.

Sorri agradecida para ela antes de começar a comer, ficando surpresa ao perceber o quanto estava faminta. Depois que terminei de comer e escovei os dentes, sai acompanhada de Alice, que fez questão de me deixar na porta do quarto onde Benjamin estava, pois segundo a mesma estava com a aparência de quem desmaiaria de cansaço a qualquer momento e não tive como negar.

—Como ele está? -questionei a Elliot que estava de costas para a porta, sentado em um poltrona perto da cama onde seu filho estava deitado dormindo.

—Melhor. Depois que Bella protegeu a mente dele, Ben conseguiu descansar mais tranquilo. - ele explicou enquanto me aproximava da cama.

—Isso me deixar mais tranquila. Porque o senhor não vai descansar um pouco, eu fico com o Ben. - disse cansada me sentando do outro lado da cama.

—Vou seguir o seu conselho, estou realmente cansado. - ele disse se levantando da poltrona e caminhou até o filho e beijou a sua testa com carinho antes de se afastar, desviando os olhos para mim. -Se ele sentir qualquer coisa, por menor que seja, Mel, por favor, não hesite em nos chamar, Leah e eu estamos no quarto em frente a esse.

—Não se preocupe Elliot, se algo acontecer não hesitarei em chamá-los. -prometi olhando em seus olhos escuros e nos despedirmos antes dele deixar o quarto.

Exausta, tirei o robe que estava usando antes de me deitar ao lado de Benjamin na cama, tentando ao máximo não acordá-lo já que ele dormia profundamente, fiquei ali olhando o homem que amava dormindo, tentando gravar na memória cada detalhe do seu rosto, do seu cheiro, do seu calor, de tudo que se resumia a ele até que adormeci de cansaço.


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