O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 43
Benjamin


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado, espero que se divirtam com o capitulo de hoje,que foi dividido pois o jantar com a família Hastings promete muitas risadas.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Sabia que era errado esconder de Melissa quem havia lhe atropelado, mas não tomei tal atitude por mal, só queria que minha namorada se recuperasse em paz do acidente, que poderia ter tido resultados piores se não houve salvado a sua vida.

Respirei fundo mais uma vez antes de contar lhe contar tudo, tanto sobre o acidente quanto o real motivo pelo qual minha relação com Sylvia havia acabado.

Um motivo que nem a minha própria família sabia, pois escondi de todos.

—Sylvia lhe enviou a caixa de bombons e o cartão de melhoras, porque foi ela que quase nos atropelou. -disse por fim, decidindo ser direto e ela me olhou sem acreditar.

—Foi a Sylvia que nos atropelou? Não acredito nisso... Das inúmeras pessoas que moram em Londres justo a sua ex, com quem você não fala a quase dois anos, quase nos matou?! Isso é muito coincidência ou como diria a minha avó, foi o destino colocando os dois juntos para que resolvam assuntos inacabados. - Mel disse brincando e concordei.

— Depois de tudo que houve naquele dia, com certeza concordo com a sua avó, afinal o nosso termino não ocorreu de maneira amigável. - disse me lembrando daquele momento e pela primeira vez depois de anos, não me senti o pior homem da face da terra. -Me desculpe por esconder que a Sylvia quase nos atropelou, juro que não fiz por mal, só queria que você se recuperasse antes de saber o que houve.

—Hei amor está tudo bem, não fiquei chateada. Sei que ela não teve culpa de nada, afinal fui eu que atravessei a rua nervosa e sem olhar. Graças a Deus, ninguém se machucou...Quer dizer, a Sylvia está bem, certo? -Mel questionou preocupada em ter causado algum possível machucado em Sylvia.

Fiquei sabendo mais tarde por meio do meu pai, que encontrou Sylvia e David no corredor do hospital ambos de saída, que ela e o bebê estavam bem apesar de todo o susto que haviam passado, o que me deixou mais tranquilo.

—Está, graças a Deus ninguém saiu machucado seriamente. - assegurei e ela respirou aliviada o que me fez sorrir.

A empatia de Melissa era algo que sempre me encantaria, pois era tão raro hoje em dia. A maioria das pessoas só se preocupava consigo mesma, não se importando se prejudicariam alguém, mas ela era diferente.

Melissa sempre colocava os outros em primeiro lugar, chegando muitas vezes a se anular para que não prejudicasse ninguém. 

—Como foi encontrar sua ex depois de tanto tempo? Foi tão ruim assim vê-la novamente? - ela questionou preocupada comigo. Afinal havia lhe contado que meu termino com Sylvia tinha sido doloroso demais, mas pela primeira vez depois de tudo o que houve não havia mais dor.

Toda raiva, magoa, dor e sentimentos que ainda nutria por Sylvia, haviam ido embora.

E a explicação disso tudo era Melissa.

—Meu bem, não precisa me contar se isso lhe traz lembranças ruins, não quero que reviva algo que lhe faça mal.- ela disse amorosa enquanto acariciava minhas costas com carinho, tentando me reconfortar de alguma forma, da possível dor que poderia estar revivendo naquele momento.

Só que não havia mais dor alguma para ser revivida.

— Está tudo bem amor, o que aconteceu no passado não me machuca mais e quero lhe contar tudo que houve, na realidade deveria ter lhe contado antes, mas achei que não valia a pena falar sobre isso, afinal não me afeta mais.- disse suave olhando nos olhos de Melissa.

—O que aconteceu entre vocês dois, Benjamin? - ela questionou suave enquanto me olhava nos olhos.

— Minha relação com Sylvia nunca foi baseada em amor e companheirismo. Claro que gostávamos muito um do outro, mas amor? Isso não havia entre nós, sempre me surpreendo em como conseguimos ficar juntos por três anos e meio. - disse perdido em pensamentos enquanto relembrava o meu passado, que parecia ter acontecido a séculos atrás.- Éramos ocupados demais, ás vezes ficávamos meses  sem nos ver, mas conseguíamos levar à relação a diante. Até que notei que Sylvia ficou fria comigo de repente, sempre dando desculpas para não nos vermos, dizendo que estava muito ocupada e respeitei, afinal não era fácil estar no lugar dela. Minha família não apoiava o nosso namoro e ainda havia a pressão dos mais velhos da minha tribo, que não aprovavam o nosso relacionamento.

—E o que você fez? - Mel questionou ainda acariciando as minhas costas.

—Usei meu lado Clearwater. - segredei olhando em seus olhos e ela sorriu suave.

—Ou seja, você ignorou todo mundo e seguiu em frente com o relacionamento. - Mel disse e concordei. - É por isso que digo que os nossos filhos precisam ter o seu temperamento, se eles tivessem o meu, desistiriam para não ter que magoar ninguém.

—Você não desistiu de mim, mesmo achando que a sua família não iria me aceitar...Você lutou pelo nosso amor. Isso prova que você sabe se impor também, Melissa. - apontei e ela concordou surpresa, afinal nem ela havia percebido que tinha tido tal postura perante sua família.

— E o que aconteceu depois?

 -Preocupado com o distanciamento dela, liguei para o meu amigo de infância David, que conhecia desde o primário, pela primeira vez desde que o conheço ele não quis me dar um conselho, só disse que não queria se meter no meu relacionamento e que deveria conversar com a Sylvia, o que foi estranho. Afinal, pelo que sei, os amigos sempre tentam ajudar os outros, isso é natural em uma amizade e a sua atitude me deixou confuso. Decidi ir até o apartamento do David para conversarmos melhor, quando a porta foi aberta vi Sylvia usando apenas a camisa que pertencia ao meu amigo, foi ai que entendi porque a minha namorada e o meu amigo estavam estranhos comigo...Sylvia e David estavam tendo um caso á meses. -disse me lembrando daquela noite em que descobri tudo e parecia que outra pessoa havia vivido esse momento, que já não me afetava mais.

—Sinto muito...Deus, isso deve ter acabado com você. - Mel disse solidária com o meu passado doloroso.

—E acabou... Depois de toda discussão e choro eu a perdoei, estava disposto a continuar o nosso namoro como se nada daquilo tivesse acontecido, mas Sylvia não quis. Ela estava apaixonada por David e queria ficar com ele, ela só não tinha me contado nada antes, por que não sabia como fazer isso sem me magoar.

—Só que a forma dela de não magoá-lo, deve ter lhe machucado mais. -Mel disse com lágrimas nos olhos, solidaria com o meu passado doloroso.

—Sim, isso me machucou por anos até que uma estranha de olhos cor de mel, entrou na minha sala de reuniões para fazer uma entrevista de emprego...Em pouco tempo ela se transformou na pessoa mais importante da minha vida...Ela virou o...Meu anjo...A minha linda...O meu amor...A luz que iluminou a minha vida. - disse carinhoso enquanto olhava nos olhos cor de mel do meu imprinting que sorriu amorosa para mim.

—Sinto muito por tudo que sofreu, você não merecia passar por tudo isso, Benjamin. Não merecia ser enganado pelas duas pessoas que mais confiava, o que eles fizeram foi cruel e egoísta. Agradeço por ter me contado a verdade, isso demonstra que confia em mim e prometo não contar nada a ninguém, assim como prometo também jamais fazê-lo passar por isso novamente. -Mel jurou olhando nos meus olhos, como se quisesse me transmitir toda a veracidade de suas palavras.

—Obrigado por entender querida, principalmente por não ficar magoada porque lhe escondi essa parte do meu passado e sei que jamais fará algo assim comigo, Mel. O que nós dois temos é muito mais forte e verdadeiro do que a relação que tive com a Sylvia.

—A sua família sabe sobre a traição da Sylvia e do David?

—Não. Nunca contei sobre a traição da Sylvia e do David pra ninguém. Sei que eles erram, mas os dois estão felizes agora e vão ter um filho, essa criança não tem culpa dos erros dos pais. -disse suave e Melissa concordou enquanto olhava nos meus olhos.

E percebi que havia um brilho diferente neles, algo que jamais havia visto nos olhos de Sylvia ou de qualquer outra mulher com quem estive antes de Melissa.

Era admiração, orgulho e amor, e isso me deixou extremamente feliz, por poder despertar algo tão lindo e genuíno nela.

—Você não é só lindo por fora Benjamin Thompson, é lindo por dentro também e agradeço a Deus todos os dias por tê-lo colocado no meu caminho. Você é o meu presente, o qual vou cuidar para o resto da minha vida e prometo lhe dar todo amor, carinho, compreensão e respeito que merece, sempre estarei ao seu lado não importando o que aconteça. - Mel prometeu amorosa enquanto olhava em meus olhos.

—É tudo que mais desejo na vida, Melissa. - disse suave e ela sorriu amorosa antes de beijar a ponta do meu nariz com carinho e encostar a sua testa na minha, enquanto acariciava a minha nunca sem pressa.

Ficamos ali juntos em silêncio, desfrutando da cumplicidade que estávamos construindo a cada passo que dávamos, nos dando como resultado o começo de uma relação sólida e linda, repleta de companheirismo, confiança e amor. Mas ao mesmo tempo em que ficava feliz por estarmos construindo uma relação forte, sabia que o segredo que ainda escondia de Melissa podia colocar tudo a perder e isso me assustava, pois não queria perde-la por nada nesse mundo.

Apesar de querer desesperadamente dividir com ela o ultimo segredo que ainda guardava, sabia que meu imprinting ainda não estava pronta para ouvi-lo e respeitaria esse tempo.

Só esperava que quando contasse a verdade, Melissa me perdoasse por tê-lo escondido por tanto tempo.

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Melissa voltou ao trabalho três dias depois do acidente, só depois que tive a confirmação por parte do seu médico que o leve inchaço em sua cabeça havia se desfeito, deixando todos mais tranquilos. Tentei deixá-la mais alguns dias em casa para que descansasse mais, mas minha namorada recusou a proposta, alegando que já não aguentava mais ficar de repouso o que me fez rir e autorizar a sua volta, ainda que com algumas restrições pelo menos por alguns dias, uma solução que foi aceita a contra gosto por parte dela.

Em comemoração à notícia maravilhosa da sua recuperação, finalmente pude jantar com a família de Melissa e ser apresentando de maneira adequada a todos como o seu namorado, contrariado todas as nossas expectativas estávamos nos dando muito bem. Até meus pais ficaram amigos dos pais de Mel, ambos se conheceram no hospital enquanto minha namorada estava em observação, Sophia e Will já haviam até saindo para jantar com eles, pelos comentários dos meus pais quando chegaram do jantar, os quatro haviam se divertido muito juntos, o que me deixou feliz. Afinal, depois de tudo pelo que havíamos passado nos últimos dias, merecíamos um momento de tranquilidade.

Cheguei à casa de Melissa com alguns minutos de antecedência, respirei fundo algumas vezes antes de descer do meu carro e pegar os presentes que havia grato, afinal minha avó Sue sempre dizia que não devíamos visitar ninguém de mãos abanando. Minha caminhada do carro até a casa de Mel, que havia se tornado tão conhecida pra mim nos últimos quatro dias, foi rápida.

Respirei fundo uma última vez, tentando controlar meu nervosismo, antes de tocar a campainha da única casa do bairro que possuía um pessegueiro na frente e um balanço em um dos seus trocos, provavelmente herança da infância dos filhos dos senhores Hastings.

Sorri assim que a porta foi aberta por Melissa, que usava um lindo vestido floral com um decote discreto, já seu longo cabelo castanho estava dividido de lado e ostentando alguns cachos naturais na ponta... Tão encantadora e linda como um anjo.

—Que bom que você chegou. - Mel disse feliz antes de encostar a porta da frente de leve, me levando para longe dela, impedindo que alguém nos visse ou ouvisse. -Como se senti prestes a conhecer oficialmente a minha família?

—Apavorado. - segredei e ela sorriu com carinho antes de acariciar meu rosto. - Mesmo já conhecendo a todos hoje é um dia especial, afinal você vai me apresentar como o seu namorado. Tenho medo que algo dê errado hoje à noite e que tudo que construímos nesses quatro dias se perca.

—Não precisa ficar apavorado amor, vai dar tudo certo. E além do mais, a minha família inteira te adora. - ela segredou suave e me beijou com carinho antes de nos afastarmos. - Pronto para entrar, ou precisa de um tempo para respirar se acalmar?

—Só preciso de você ao meu lado para me acalmar. - pedi olhando em seus olhos e ela concordou me dando um último beijo antes de entrarmos em sua casa de mãos dadas.

—Benjamin, que bom que chegou, estava perguntando agora mesmo a Mel, quando iria chegar. - Will disse sorrindo e veio me abraçar assim que entrei na sala com a sua filha caçula.

Mesmo depois de quatro dias que conheci pessoalmente o pai da minha namorada, ainda era surreal pra mim imaginar que ele estava realmente feliz em me ver, afinal pelas memórias da sua filha que tive acesso por causa do imprinting, achei que quando nos conhecemos ele me odiaria de primeira mas não.

Will Hastings me surpreendia a cada momento, demonstrando sempre o quanto estava feliz por me ter em sua casa e por ser o namorado da sua filha.

—Não sei quem estava mais ansioso para a sua chegada querido, se era a Mel ou o Will. - Sophia disse e sorrimos enquanto Mel corava. - Mas o que tem nas mãos, meu filho?

—Trouxe presentes para vocês, minha avó sempre diz que não devemos visitar ninguém pela primeira vez de mãos abanando. Eu já os tinha, mas acabei não tendo tempo de entregá-los depois de tudo que houve com a Melissa. - disse suave e eles concordaram antes de entregar uma sacola para Will e outra para Sophia.

—Meu Deus, é o que acho que é? - Will questionou emocionado assim que tirou o livro antigo da sacola.

—Sim. Meu padrinho é bibliófilo nas horas vagas e lhe pedi algumas indicações sobre locais que vendiam livros raros. Entrei em contato com ele, depois que Mel me contou que o senhor foi professor de língua inglesa na universidade, mas ao em vez de me enviar uma lista com os locais em que poderia adquirir uma obra rara, ele fez questão de me enviar uma das suas edições raras.- expliquei enquanto olhava nos olhos emocionados do meu sogro por ter aquele livro nas mãos.

—Que livro é papai? - Mel questionou curiosa e seu pai sorriu antes de mostrar a capa para a minha namorada que ficou surpresa.

—Orgulho e preconceito de Jane Austen, edição de 1813 e está em perfeito estado. - Will disse ainda emocionado e Mel me olhou surpresa.

—Mas esse não é o ano da primeira edição, papai?

—Sim. - disse e Melissa ficou chocada.

— Benjamin, isso deve ter custado uma fortuna. - Mel disse preocupada enquanto seu pai abraçava o livro com força, como se estivesse garantindo de que não o pegaria de volta.

— Não me custou nada, querida. Meu padrinho tinha dois exemplares da primeira edição e como expliquei, ele fez questão de me dar um deles para presentear seu pai.

—Mesmo assim...- Mel começou a dizer preocupada com o valor do livro, mas foi interrompida por seu pai.

—Melissa, o presente foi pra mim e estou muito feliz com ele, então, por favor, não queira acabar com a minha alegria, filha. -meu sogro repreendeu a filha com doçura antes de virar para me ver. -Obrigado Benjamin, foi o melhor presente que ganhei em toda a minha vida.

—De nada Will, fico feliz que tenha gostado. - disse feliz por ter acertado no presente.

— E o que você ganhou querida? - ele questionou curioso enquanto olhava para a esposa.

— Há que amor, não precisava meu filho... Ganhei uma caixa dos meus bombons preferidos, obrigada Benjamin. - Sophia disse feliz assim que tirou a caixa de chocolates importados da sacola. -Querido, não precisava nos agradar para gostarmos de você, nós já te adoramos.

—Ou melhor já amamos, nunca tive um genro tão atencioso, gentil, educado e amoroso como você. - Will disse sorrindo pra mim e Sophia concordou, enquanto corava sem graça pelo elogio do meu sogro.

—Mãe, pai, se não lembram Benjamin é o primeiro genro de vocês, nunca teve outro antes dele.

—E espero que não haja mais nenhum outro, porque já amamos ele. - Sophia disse e Will concordou enquanto os dois olhavam para a filha de forma interrogativa.

—Não estou pretendo ter outro namorado tão cedo estou muito feliz com o Ben, mamãe e papai. - Mel disse corando enquanto seus pais respiravam aliviados o que me fez rir.

—Eu também estou muito feliz com você, meu anjo. - disse com carinho antes de beijar a sua bochecha.

—Vamos nos sentar enquanto esperamos os outros. Theo e Becca devem estar chegando, já Daniel e Rafa devem estar a caminho, eles foram buscar a minha mãe. - Will explicou enquanto nos sentávamos.

—Mel me falou sobre a avó e estou ansioso para conhecê-la.

—Imagine a minha avó, ela só fala sobre desse jantar. Vocês ainda nem se conheceram e ela já se tornou sua fã. - Mel segredou suave e seus pais concordaram rindo.

—Verdade, nunca vi Athena tão animada para conhecer alguém. Deseja algo para beber, Ben? -Sophia questionou se levantando do sofá antes de pegar o livro das mãos do seu marido, que o entregou relutante, como se não quisesse se separar da obra.

—Não obrigado, Sophia.

—Tudo bem, fique à vontade enquanto dou os últimos retoques no jantar. -Sophia disse suave e concordei antes dela nos deixar a sós.

—Agradeça ao seu padrinho por mim, Ben. Deus, não acredito que ganhei a primeira edição de orgulho e preconceito de presente, me sinto uma criança na manhã de natal e ainda estamos em março. - Will disse ainda eufórico e sorrimos.

—Não se preocupe Will transmitirei seu agradecimento, quando ligar hoje à noite para ele.

—Obrigado, mas o seu padrinho também trabalha com a literatura?

—Não, ele é médico como meus pais, mas nas horas vagas é um grande amante das artes, principalmente a literatura. Ele possui uma biblioteca particular de dar inveja em qualquer universidade. - segredei me lembrando dos poucos momentos em que visitei a casa dos meus padrinhos, pois eles preferiam se manter afastados para a nossa própria segurança.

—E ele mora em Londres? - Will questionou interessado e Mel o olhou sem graça, o que me fez rir.

—Não, meu padrinho se aposentou da medicina e decidiu morar em um local afastado, aproveitando a paz e o sossego da aposentadoria, nem sei direito onde ele mora. - menti em parti para o meu sogro. Afinal, meu padrinho não estava aposentado, ele ainda atuava na área há séculos, mas era verdade que não sabia onde ele e meus outros familiares moravam.

Nem mesmo a caixa que recebi na empresa possuía o atual endereço deles, o único contato que tínhamos era por telefone, por que quando tinha seis anos peguei o telefone do meu pai e liguei para o meu padrinho, pois estava com saudades de ouvir a voz dele e da minha madrinha, já que os dois raramente se comunicavam com meu pai para nos manter seguros.

Depois da minha ligação, eles passaram a ligar duas vezes ao mês para nós, com o avanço da tecnologia, hoje passava horas em uma vídeo chamada conversando com eles e matando as saudades que sentia, pois a ultima vez em que os vi pessoalmente, foi na minha formatura do curso de farmácia.

  -É uma pena, achei que pudesse fazer um novo amigo...Sinto falta de falar com alguém sobre literatura, pelo menos alguém que me entenda. Afinal, nenhum dos meus filhos seguiu meus passos. - ele disse e me solidarizei com o pai de Mel, afinal era o único farmacêutico de uma família de médicos.

—Pai, porque o senhor não convida um dos seus ex colegas de universidade, para mostrar o livro que ganhou do Ben? O senhor pode até aproveitar para discutir à vontade sobre literatura. - Mel sugeriu e seu pai sorriu animado.

—É uma excelente ideia filha. Espere até o Tom e a Célia saberem que ganhei a primeira edição de orgulho e preconceito, eles ficarão loucos para verem com os próprios olhos. - Will disse animado e logo ouvimos a porta da frente ser aberta, passando por ela uma senhora de cabelos brancos, que brigava com alguém.

—Por Deus Danny, você dirigiu como um velho. Disse que queria chegar antes do lobinho da abelhinha, mas graças a sua “direção cautelosa” cheguei atrasada. - a senhora disse e viramos para vê-la enquanto ficava sem reação por ela me chamar de lobinho.

Afinal nem a minha namorada sabia do meu segredo.

 Como a sua avó, que nunca havia me visto na vida, havia descoberto meu segredo?

—Mamãe que bom que chegou. - Will disse sorrindo enquanto se levantava e ia até a senhora de idade que havia acabado de entrar.

—Me desculpem a demora, mas a tartaruga ali nos atrasou. - ela disse olhando feio para neto que entrou na sala sendo seguido por sua noiva.

—Vovó só estava assegurando que chegaríamos bem. - Daniel explicou e sua avó revirou os olhos.

—Garoto, nasci antes da invenção do cinto de segurança, andar em um carro naquele tempo era mais emocionante que as montanhas russas de hoje. - ela segredou e todos riram menos eu, que ainda estava atordoado pela fala da matriarca dos Hastings.

Sem dizer uma palavra ela foi até Will e o abraçou com carinho, antes de afastá-lo para ver os seus olhos.

—Filho, você parece muito feliz, pelo jeito gostou do lobinho da abelhinha. - a avó de Mel disse e segurei a respiração enquanto ficava tenso, tentando ainda entender como ela havia descoberto a verdade.

—Vovó. - Mel disse sem graça repreendendo a avó, por me chamar daquela forma.

—O nome dele é Benjamin, mamãe e não lobinho. -Will disse paciente enquanto olhava para a sua mãe.

—Benjamin é um nome bonito, mas prefiro lobinho combina mais com ele. Além do mais se me lembro bem, quando a abelhinha era pequena vivia dizendo que só se casaria com um lobinho, igual ao do livro do Mogli. -Athena explicou e respirei aliviado por entender o porquê dela me chamar daquela forma.

—Vovó, pelo amor Deus, vamos esquecer essa história?! Eu só tinha dois anos, nem sabia direito o que estava falando. - Mel disse corada de vergonha enquanto escondia o seu rosto em suas mãos e todos riam.

—Está tudo bem, amor, não fiquei chateado. - sussurrei para ela enquanto tirava suas mãos do seu rosto e Mel me olhou confusa.

—Tem certeza? - Mel sussurrou preocupada pra mim e sorri carinhoso para ela.

—Tenho, meu anjo. Está tudo bem. - assegurei suave olhando em seus olhos e ela ficou mais tranquila. Antes que Mel pudesse dizer algo, fomos interrompidos por sua avó, que se aproximou do sofá em que estávamos sentados.

—Desculpe interromper o momento romântico de vocês, mas se a abelhinha não me apresenta eu mesma faço isso. Sou Athena Hastings, avó da abelhinha, mas conhecida como Melissa. - a senhora incomum disse sorrindo enquanto me oferecia a sua mão.

Sorrindo me levantei do sofá e a cumprimentei com carinho, afinal estava conhecendo alguém que era muito importante para Melissa.

—Sou Benjamin Thompson, é um prazer conhecê-la senhora Hastings. -disse com carinho antes de apertar a sua mão.

—O prazer é meu, querido. Por favor, me chame apenas de Athena. - ela pediu amorosa e concordei, antes dela virar para ver a neta que ainda permanecia sentada no mesmo lugar. -Seu lobinho é muito mais lindo e simpático do que o senhor google me mostrou, abelhinha.

—Por Deus, vovó a senhora nunca vai esquecer essa história de lobinho? - Mel questionou corada de vergonha pelos comentários da sua avó.

—Claro que não é a sua melhor história de infância. - Athena segredou e todos riram concordando enquanto minha namorada voltava a esconder o rosto corado em suas mãos.

—Obrigado pelo elogio Athena... E ultimamente tenho sido muito pesquisado no google. - brinquei e ela sorriu concordando.

— O senhor google que o diga. Gostaria de ver algumas fotos de quando a abelhinha era pequena? Ela era uma verdadeira fofura, assim você já pode ter uma ideia de como serão seus futuros filhos. - Athena sugeriu olhando em meus olhos e concordei, afinal estava curioso para conhecer mais sobre a infância de Melissa.

—Eu adoraria Athena. - disse sorrindo e ela sorriu em resposta.

—Que bom, porque vim preparada. Trouxe varias fotos dela de todas as idades.

—Vovó. - Mel disse sem graça enquanto corava envergonhada pela sinceridade de sua avó.

Pelo jeito carismático e divertido de Athena Hastings, esse jantar prometia ser leve e divertido, o que me deixou feliz, afinal todos merecíamos um momento assim depois da semana tumultuada que vivemos.


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