O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 39
Benjamin


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado, o qual todos estavam ansiosos para ler. Ele ficou um pouco grande, então me desculpem por isso e por qualquer possível erro de digitação, porque ainda estou trabalhando no meu TCC e não tive tempo de revisar novamente o capítulos.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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—Você nem vai acreditar quem encontrei lá fora querida, enquanto colocava o lixo. - o senhor Hastings disse assim que entramos na sua casa.

—Benjamin? - Sophia questionou surpresa por me ver ali, na verdade éramos dois, porque a forma como o pai de Melissa estava me tratando, destoava da imagem de pai de ciumento que vi em suas memorias.

—Você já o conhecia, Sophia? - ele questionou confuso enquanto olhava para a esposa.

—Fomos apresentados hoje, quando estava na loja de noivas. - Sophia explicou para o marido e concordei antes de falar.

—Nos conhecemos hoje na loja de noivas, quando fui levar o celular pessoal da Mel que levou o meu por engano. - expliquei olhando nos olhos do senhor Hastings, estudando-o enquanto tentava prever, quando ele finalmente iria mostrar que não estava contente com a minha presença em sua casa.

—Que bom, assim nós três podemos nos conhecer melhor. Eu o convide para uma xícara de chá, querida, afinal temos muito o que conversar. - ele disse e estreitei meus olhos tentando entender o significado por trás das suas palavras.

—Mas é claro, vou colocar a chaleira no fogo enquanto vocês conversam. - Sophia disse e me deu um sorriso encorajador antes de ir para a cozinha, nos deixando a sós na sala.

Não tinha medo do pai de Melissa, afinal ele não poderia me machucar, mas queria muito que pudéssemos nos entender. Sabia o quanto a família era importante para a minha namorada e que ela jamais iria contra eles, e nunca iria obriga-la a escolher entre mim ou eles, preferia sofrer os efeitos da rejeição do imprinting do que fazê-la brigar com a família por minha causa.

—A Melissa está bem? - questionei preocupado, mesmo podendo ouvir a sua respiração calma e os seus batimentos tranquilos que vinham do andar de cima, nada se comparava a vê-la com meus próprios olhos.

—Fisicamente sim, mas emocionalmente...-o senhor Hastings disse triste, como se ele próprio estivesse decepcionado com o comportamento do filho mais velho.

O que me deixou ainda mais preocupado com o que Theo havia falado para a minha namorada.

—Senhor Hastings, sei que o senhor mal me conhece e tem todo o direito de não confiar em mim, mas por favor, o que o Theo falou para a Melissa? - pedi sério olhando em seus olhos e ele me olhou surpreso.

—Achei que a Mel tivesse lhe contado tudo o que houve.- ele disse confuso e neguei com a cabeça.

—Não com detalhes, por mais que tenha insistido, mas pela reação do senhor ao lembrar o que houve, as coisas foram sérias. - disse olhando em seus olhos e ele concordou antes de indicar que nos sentássemos.

Depois que nos sentamos o pai de Melissa começou a me contar toda a discussão  que havia acontecido entre seus filhos, pois segundo ele as insinuações de Theo não denegriam só a imagem da irmã mas a minha também e saber de todas as coisas que ela havia ouvido, sem ao menos revidar as palavras ofensivas do irmão mais velho, partiu meu coração me levando as lágrimas, por não ter estado ao seu lado para defendê-la.

Afinal, esse era o propósito do imprinting, além da produção de descendentes mais forte.

Era a missão da minha vida mantê-la segura de qualquer perigo, ser para ela o que necessitasse, mas naquela noite havia falhado e saber disso, partiu meu coração ao meio enquanto escondia meu rosto em minhas mãos. Não me importei em chorar na frente do meu sogro, a dor que estava sentindo era pior do que qualquer constrangimento ou receio.

Sem dizer uma palavra, o senhor Hastings se levantou da poltrona em que estava sentado e veio para o meu lado antes de acariciar as minhas costas de leve, como se tentasse me confortar de alguma forma.

—Como o Theo teve coragem de falar isso pra Melissa, senhor Hastings? Logo para a Melissa? - questionei assim que consegui controlar minha crise de choro e pude olhar nos olhos do meu sogro. -A pessoa mais doce, gentil e inocente que já conheci na vida. Ela seria incapaz de se aproximar de mim ou de qualquer outra pessoa por interesse, ela é praticamente é um anjo.

—A Mel é boa demais para esse mundo, é o que sempre digo. Ela tem um coração tão grande e generoso, que com certeza amanhã já terá perdoado o irmão. - o senhor Hastings disse e sorri sem humor.

—Ela sim, mas eu não. Sei que ele é seu filho também, mas ele não tinha o direito de dizer que a Mel estava dormindo comigo para alavancar sua carreira, ela não precisa disso, e muito menos me acusar de estar usando o cargo que exerço no conglomerado para me aproveitar da irmã dele. Quem ele pensa que sou? Eu deveria processar o Theo, isso sim. - disse furioso, mas no fundo sabia que se Theo estivesse na minha frente agora, processá-lo não estaria na lista de coisas que faria na cara dele, isso se não o mandasse direto para o cemitério mais próximo.

—Entendo e respeito a sua revolta Benjamin, mas todos nós estamos de cabeça quente, acho melhor respiramos fundo antes de tomar qualquer decisão que faça a família inteira sofrer. - senhor Hastings disse sereno e gemi furioso antes de respirar fundo tentando me acalmar novamente.

Não podia perder a cabeça na primeira vez em que conhecia meu sogro, uma atitude impensada naquele momento poderia colocar tudo a perder.

—Me desculpe, o senhor tem razão. -disse tentando domar a raiva que parecia querer queimar meu corpo naquele momento.

—Tudo bem, percebi que você parece ser um rapaz doce e sensato, mas tem um gênio forte. Herdou esse gênio de quem? - ele questionou curioso e sorri me lembrando da minha mãe.

—Dá minha mãe, meu pai é um doce de pessoa, já a minha mãe é uma força incontrolável da natureza. - segredei e ele sorriu surpreso.

—A minha esposa também é uma força incontrolável da natureza, Theo e Danny puxaram isso para ela, já a Mel, como o próprio nome diz, é um doce de menina que possui um coração enorme, Sophia sempre diz que ela herdou o gênio de mim.- ele disse e o olhei desconfiado o que lhe fez rir.

—Você não parece acreditar muito nisso, Ben.

—Longe de mim dizer isso, afinal mal o conheço. - disse educado e ele sorriu surpreso por minha resposta evasiva.

E respirei fundo antes de esclarecer todas as acusações que Theo fez contra nós, afinal se estivesse no lugar do senhor Hastings iria querer saber a verdade do namorado da minha filhotinha.

—Senhor Hastings...- comecei a dizer e ele me interrompeu suave.

—Me chame de Will, Ben.- ele pediu suave e concordei antes de voltar a falar.

—Will, a Melissa não merecia ouvir as acusações do Theo...Ela não fez nada de errado ou melhor, nós nunca fizemos nada de errado para sermos julgados dessa maneira. Juro por São Lucas, o protetor da minha família, que nunca me aproximei da sua filha porque queria me aproveitar dela ou usá-la de alguma forma e ela idem. A Mel e eu jamais dormimos juntos, como o Theo insinuou, juro para o senhor que nunca toquei na sua filha dessa forma. - disse olhando em seus olhos tentando fazê-la acreditar nas minhas palavras. 

—A minha filha me disse a mesma coisa e acredito nela, pelo que percebi em seus olhos desde que o encontrei em seu carro, você ama a minha filha de todo o coração, da forma mais sincera e pura, e jamais faria algo para magoá-la ou envergonhá-la. Estou errado? - ele questionou me olhando nos olhos.

—Não. Sou capaz de dar a minha vida pela Melissa sem pensar muito. Eu amo a sua filha mais do que tudo e só quero fazê-la feliz.

—E você a faz Benjamin. Mel tentou esconder que estava com você, mas já tive a idade de vocês sei como é estar apaixonado, afinal ainda continuou apaixonado pela mesma mulher, mesmo depois de trinta e quatro anos de casamento. - ele disse e Sophia entrou na sala com uma bandeja possuindo três xicaras de chá inglês e uma pequena taça contendo biscoitos de nata.

—Espero que estejam se entendendo, afinal os dois amam a mesma garota e querem a felicidade dela, não é verdade? - Sophia questionou enquanto nos entregava as xícaras de chá e concordamos o que lhe deixou feliz.

—Tudo que mais quero é que minha abelhinha seja feliz, e gostei do Benjamin. Ele é um rapaz doce, gentil e inteligente o que é raro hoje em dia, seus pais devem estar orgulhosos do homem de valor que você se tornou. - Will disse e fiquei surpreso com suas palavras, afinal aquele homem gentil e de olhos doces, que me fazia lembrar a personalidade da própria filha em alguns momentos, não era o mesmo que Mel havia me descrito. -Há algo errado Ben? Porque desde que entrou nessa casa você me olha desconfiado, como se estivesse à espera de que o atacasse?

—Me desculpe, é que a Melissa me contou que o senhor era bastante ciumento, por isso ela protelou tanto em contar a família que estávamos namorando. Na verdade, isso também fez com que ela demorasse tanto para aceitar namorar comigo.

—Não me diga que ela lhe contou a história do garoto que veio convidá-la para tomar sorvete, quando tinha quatorze anos? - ele questionou cansado, como se já tivesse falado o suficiente dessa história.

—Sim. - disse e ele suspirou antes de me contar a verdadeira história.

—Esse garoto era um idiota. - disse com raiva em saber que alguém já tentou se aproveitar da garota que amava.

—Nem todos querem fazer sacrifícios para poder colher os frutos mais tarde, muitos só querem se aproveitar das conquistas dos outros. - o senhor Hastings disse e concordei me lembrando de algumas garotas com quem fiquei, antes de conhecer Melissa, que só estavam interessadas no que meu sobrenome poderia lhes oferecer.

—O senhor tem razão. - disse suave antes de tomar um gole d meu chá e Sophia me ofereceu a taça de biscoitos, que fiquei tentado a comer, mas tive que recusar o que lhe deixou confusa. - Esses biscoitos possuem canela? Porque sou extremamente alérgico a canela.

—Oh sim, me desculpe. Acabei me esquecendo, Mel me contou mais cedo. Mas o quanto você é alérgico a canela? - Sophia questionou preocupada enquanto afastava a taça de biscoitos de perto de mim, como se ela estivesse em chamas o que me fez rir carinhoso por sua preocupação.

—Do tipo muito alérgico, com cheiros fortes só ficando espirando e com o nariz congestionado, mas a canela... Se não tiver uma seringa de adrenalina por perto, as chances são grandes de eu entrar em choque anafilático e morrer.- disse antes de tomar outro gole do meu chá e meus sogros me olharam preocupados.- Não se preocupe, sempre perguntou os ingredientes de qualquer comida que for consumir fora de casa e carrego comigo uma injeção de adrenalina desde que me entendo por gente.

—A Mel sabe sobre a sua alergia grave a canela? - Will questionou preocupado.

—Sabe, quando começamos a trabalhar juntos a comuniquei à sobre a minha alergia. depois que começamos a namorar, dei a minha seringa reserva de adrenalina a ela e a ensinei a usar, assim como ando com o antialérgico dela comigo. - expliquei e os dois pareçam ficar mais calmos com a minha explicação.

—Espera, agora que me dei conta...Mel já está trabalhando no laboratório a quase dois meses e vocês só estão namorando a cinco semanas? - Sophia questionou surpresa e concordei o que fez os dois se olharem confusos.

—Achei que estivessem juntos a mais tempo. - Will disse confuso e neguei.

—Bem que eu gostaria. Me apaixonei pela Melissa no momento em que a vi entrar na sala de reuniões no dia da sua entrevista de emprego, mas não podia me envolver com ela, afinal seria o seu futuro chefe. Tentei de todas as formas resistir ao sentimento que estava sentindo, mas não consegui e desisti de lutar contra ele...E conquistar a filha de vocês, não foi uma tarefa fácil. - disse me lembrando de tudo que vivemos até Melissa admitir que me amava e o pai dela riu, me tirando das minhas lembranças.

—Nesse quesito ela puxou a mãe. Sophia me fez sofrer por um ano antes de aceitar sair comigo.

—Com certeza ficaria louco se a Melissa fizesse isso comigo. -disse pensando na possibilidade e Sophia riu enquanto Will concordou.

—Fiquei a um passo disso, mas em um belo dia de outono ela teve pena de mim e aceitou jantar comigo. - Will disse sorrindo enquanto olhava para a esposa.

—O que é bom tem que ser arduamente conquistado rapazes, se não qual seria a graça? - Sophia questionou sorrindo antes de tomar o seu chá e tivemos que concordar.

—Benjamim...- ouvi a voz de Melissa me chamar saudosa e virei para a escada que dava acesso aos quartos do andar de cima.

Ouvi-la me chamar dormindo e não poder ir ao seu encontro, doía no meu coração e na minha alma. Porque tudo o que queria desde que entrei em sua casa a convite do seu pai, era ver com meus próprios olhos se meu imprinting estava bem, mas ainda não sabia como poderia vê-la sem abusar de toda a confiança e hospitalidade que seus pais estavam me oferecendo naquela noite.

—Benjamin, está tudo bem? -Will questionou e pisquei confuso, desviando meus olhos com muita dificuldade, da escada para vê-lo.

—Sim...Só tive a sensação de ter ouvido a Mel me chamar. - disse e eles se olharam antes de voltar a me ver.

—Será que ela acordou? - o pai de Mel disse confuso olhando para a escada, tentando ver se a filha estava ali, mas não encontrou ninguém.

—Não estranharia, afinal quando fui até o quarto dela vê-la, depois que você foi levar o lixo para fora, percebi que Mel estava tão inquieta chamando pelo nome de Benjamin, e isso me deixou preocupada.

—Eu sei, quando ela pegou no sono em meu colo também chamou seu nome várias vezes, como se pressentisse que estivesse perto dela...E realmente você estava. - Will disse e fiquei ainda mais preocupado ao ouvir o relato dos pais da minha namorada.

Deus, eu precisava urgentemente vê-la.

Precisava tranquiliza-la de alguma forma. Afinal, Melissa já tinha passado por coisa demais essa noite e não merecia ser atormentada em seu sono também.

—Acho que não teria nenhum problema em levarmos o Ben para ver a Mel, assim os dois ficariam mais tranquilos e nós também, por saber que nossa caçula está dormindo em paz. O que acha querido? - Sophia sugeriu e parei de respirar à espera da resposta do senhor Hastings.

Sem dizer uma palavra, Wil se levantou do meu lado e sua esposa fez o mesmo, enquanto olhava para os dois confuso.

—Achei que quisesse ver a sua namorada, meu rapaz. - ele disse sorrindo e sorri surpreso por sua atitude.

—O senhor vai me levar até ela? - questionei emocionado e ele concordou sorrindo.

—Posso ver nos seus olhos, que só ficará em paz quando tiver certeza que Melissa está bem, e tenho absoluta certeza, que ela também só dormirá tranquila depois de sentir a sua presença. -Will disse e agradeci feliz antes de acompanha-los até o quarto de Melissa.

Assim que seu pai abriu a porta do seu quarto, não me importei com a decoração do local ou se ele era amplo e iluminado, pois toda a minha atenção estava concentrada na garota de cabelos castanhos adormecida na cama, que sussurrava o meu nome de forma baixa e necessitada e com a testa franzida, como se estivesse tendo algum pesadelo.

Nada havia me preparado para entrar no quarto de Melissa, onde seu cheiro natural de canela era tão forte e apelativo para mim, fazendo com que meu corpo se arrepiasse por inteiro só de estar no mesmo lugar que ela

Minha.

Minha fêmea.

Meu imprinting.

Minha Melissa.

A voz de lobo pensou em minha mente dominando todos os meus instintos, me fazendo dar um passo para entrar no quarto dela, mas assim que tomei consciência do que estava prestes a fazer voltei atrás. Não podia invadir a privacidade de Mel sem a sua autorização ou dos seus pais, e minha atitude deixou meu lobo furioso, mas o ignorei.

Jamais faria algo para quebrar a confiança que meus sogros estavam depositando em mim ou a de Mel.

—Posso me aproximar dela? Dou a minha palavra que não vou fazer nada demais. - implorei necessitado por estar longe do meu imprinting assim que virei para trás e olhei para os pais de Mel.

—Pode Benjamin, se não confiássemos em você jamais o traríamos até aqui. - Wil disse gentil e agradeci entre lágrimas antes de caminhar em direção a cama onde Mel estava dormindo.

—Benjamin...- ela sussurrou adormecida e me sentei ao seu lado na cama antes de acariciar seu rosto com carinho.

—Estou aqui meu anjo, não precisa mais chamar por mim. - sussurrei baixo sem deixar de acariciar seu rosto.

Antes que pudesse perceber ou prevê o que estava prestes a acontecer, Melissa passou seus braços ao redor do meu pescoço me derrubando na cama, antes de se aconchegar a mim totalmente adormecida como havia feito no dia em que dividimos o mesmo quarto no hotel, em seguida enterrou seu rosto em meu pescoço gemendo satisfeita por sentir o meu perfume e meu calor. Corei de vergonha assim que ouvi seus pais rindo baixo, por terem presenciando a filha me agarrar daquela forma, só esperava que eles não começasse a duvidar de tudo que havia lhes dito minutos atrás, sobre nunca ter dormido com Melissa.

—Eu te amo Benjamin e senti tanto sua falta...- Mel sussurrou baixinho adormecida em meu pescoço e me esqueci de tudo ao meu redor ao ouvir a sua declaração.

Sorri suave antes de beijar a sua testa com carinho, sem deixar de acariciar seus cabelos.

—Eu te amo meu anjo e também senti sua falta. - sussurrei suave antes e Mel gemeu novamente satisfeita em ouvir a minha voz antes de voltar a dormir, dessa vez de forma tranquila.

Depois que Mel se acalmou decidi a contra gosto que era hora de deixá-la, afinal não podia abusar da confiança que seus pais me concederam. Mas foi uma verdadeira batalha me separar dela que sempre me puxava de volta para os seus braços, provocando risadas em seus pais, só consegui ir embora quando coloquei o travesseiro, que havia me deitado por alguns instantes em meu lugar.

—Me desculpem. - sussurrei envergonhado para eles no corredor assim que saímos do quarto de Mel, afinal eles haviam presenciado um momento tão íntimo entre nós, e meus sogros riram. 

—Você não teve culpa de nada, Ben. Nós é que devíamos lhe pedir desculpas, afinal foi a nossa filha que o agarrou. - Sophia segredou antes deles rira, o que me deixou surpreso por serem tão compreensivos.

 -Se senti mais tranquilo agora, Ben? -Will questionou enquanto descíamos os últimos degraus da escada.

—Sim, muito obrigado por me deixarem vê-la. - disse agradecido enquanto olhava para os dois.

—De nada meu filho, e seria um crime impedir que vocês se vissem um pouco. Nunca vi um amor tão grande e forte quanto o de vocês, e estão juntos a tão pouco tempo. - Sophia disse admirada e concordei.

—É verdade, nunca senti o que sinto pela Mel, por ninguém.

—Como diz a minha mãe, vocês dois se encontrarem foi um verdadeiro encontro de almas. - Will disse enquanto caminhávamos em direção a saída.

—É o que sinto toda vez que olho para a Mel. - disse suave antes de me despedir deles, mas me lembrei de algo que precisava fazer, mesmo que isso possa fazer com que meus sogros e a minha namorada me odiassem.

— Sei que não devia dizer isso, pois posso estar jogando fora toda a relação que começamos a construir essa noite, sem falar que posso colocar o meu namoro em risco fazendo com que a Mel fique com raiva de mim, mas não vou conseguir ficar quieto dessa vez. Theo já magoou a Melissa demais e não vou permitir que isso aconteça novamente, ele não pode dizer o que bem entender pra a garota que amo e depois pedir desculpas, como se nada tivesse acontecido. Por isso vou conversar com ele, porque seu filho precisa de um choque de realidade, a Melissa não é mais uma criança para ser tratada como tal. Tudo que peço é que não fiquem com raiva de mim por fazer isso. -pedi olhando para os dois e Wil olhou para a esposa antes de voltar seus olhos para mim.

—Odeio admitir, mas meu filho precisa ouvir umas verdades. Ele acha que está protegendo a irmã caçula, mas tudo que está fazendo é afastando-a. Tudo que peço é que abra os olhos do Theo e que não o faça mal, meu filho errou e merece uma segunda chance. - Will pediu e concordei a contragosto enquanto íamos para a varanda da sua casa.

—E Benjamin, dá próxima vez que vier deixar ou buscar a nossa filha, entre para tomar um chá, vou gostar muito de conversar com você novamente. - Will disse sorrindo e concordei sorrindo.

—E da próxima vez que vier para o chá, teremos biscoitos livres de canela, afinal não quero que o namorado da minha filha se senti em casa. - Sophia disse maternal e agradeci feliz antes de me despedir deles enquanto seguia para o meu carro.

Assim que cheguei em casa todos estavam acordados à minha espera, menos meus sobrinhos que já estavam na cama, pois a minha irmã decidiu passar a noite na casa dos nossos pais à espera de alguma notícia minha e me senti culpado por deixá-los preocupados, mas após todas as explicações devidas todos ficaram felizes em saber que havia me entendido com os meus sogros, e que não havia mais nenhum empecilho para a Melissa e eu vivêssemos o nosso amor de forma plena.

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 Na manhã seguinte acordei cedo para correr, algo que havia deixado de fazer desde que tive meu imprinting, mas decidi fazê-lo hoje pois precisava acalmar a raiva que estava dentro de mim, ou acabaria fazendo uma besteira com o meu cunhado.

Meu lado humano e o espirito animal, que habitava dentro de mim desde que nasci, concordavam que precisava deixar claro para os irmãos da nossa fêmea, que ela não estava mais indefesa a merecer de seus caprichos, Melissa tinha a mim agora e a defenderia com garras e dentes de qualquer um.

—Já de pé querido, você voltou a correr? - Stella questionou surpresa assim que entrei pela cozinha e a surpreendi fazendo o café da manhã.

—Sim Stella, precisa me acalmar para não perder a cabeça mais tarde. - disse enquanto ela me entregava uma garrafa de isotônico e agradeci antes de tomar um gole.

—Só não perca a cabeça Ben, tente ser frio e racional como sempre foi. - Stella pediu maternal e suspirei antes de fechar a garrafa de isotônico.

—Estou tentando Stella, mas não é fácil saber que minha fêmea ouviu coisas horríveis dos próprios irmãos...Você acredita que o irmão mais velho dela, insinuou que a Mel estava tendo um caso comigo para se promover profissionalmente? Como se a Melissa precisasse dormir com alguém, para ser reconhecida e respeitada no nosso campo de atuação. - disse indignado, sem ainda conseguir acreditar no que Theo havia falado. - Ele praticamente colocou em dúvida a integridade profissional, moral e física da própria irmã.

—Isso é vergonhoso, Ben. - ela disse chocada após ouvir minhas palavras e concordei. - Mas se os irmãos da Mel reagiram dessa forma tão extrema é porque devem estar com ciúmes de você.

—Ciúmes de mim? Isso é impossível. - disse sem acreditar e ela sorriu da minha inocência.

—Claro que é possível. Você está ocupando um espaço importante no coração da irmã deles, em consequência Mel lhe dará mais atenção, carinho e amor o que é natural, afinal você é o homem que ela ama. Mas para eles, você é uma ameaça que pode fazer com que ela esqueça dos dois. -ela explicou e fiquei em silêncio apenas absorvendo as suas palavras.

—Não sei Stella. - sussurrei ainda pensativo e ela sorriu maternal pra mim.

—Você agiu da mesma forma Ben quando a Ária se casou, ficou todo choroso e febril quando sua irmã saiu em lua de mel, talvez não se lembre disso porque ainda era muito pequeno. -ela explicou paciente e tive que dar o braço a torcer.

 Quando Ária ficou grávida de Charlie, me senti deixado de lado pela atenção que ela estava dedicando a gravidez, quando percebeu o que se passava minha irmã resolveu me levar em todas as consultas e exames e assim que ouvi o coração do meu sobrinho, todo ciúme havia ido embora, ficando em seu lugar apenas o amor que sentia por aquele garotinho que crescia dentro da minha irmã. Por isso Ária e Henry haviam me escolhido para ser padrinho do seu primogênito.

—Talvez você tenha razão Stella, obrigada por seus concelhos. - agradeci suave antes de lhe dar um beijo na bochecha e subir para tomar um banho.

Depois que estava devidamente pronto, desci para tomar meu café da manhã e em seguida dirigi para o laboratório com uma missão em mente, iria provar para Theo que a irmã dele não era nada daquilo que pensava. Assim que cheguei, cumprimentei os seguranças da portaria e passei meu crachá de acesso antes de pegar o elevador, apertando o andar do setor jurídico antes mesmo de ir para o meu.

—Bom dia Lourdes, o doutor Hastings já chegou? - questionei assim que me aproximei da mesa da secretária de Theo, que pelo que percebi havia acabado de chegar.

As secretárias e assistentes do conglomerado sempre chegam uma hora antes de seus chefes, para lhes dar tempo de se organizarem ou até mesmo de tomar café da manhã no restaurante da empresa, pois algumas moravam longe do trabalho ou tinham que deixar os filhos cedo na escola.

—Ainda não Ben, mas pelo horário ele já deve estar a caminho. Aconteceu alguma urgência? - Lourdes questionou curiosa e revirei os olhos, como se fosse dar algum detalhe da minha conversa com Theo para a maior fofoqueira do conglomerado.

—Sim, quando ele chegar diga para ir até a minha sala. - pedi e ela concordou enquanto ia em direção ao elevador apertando o número do meu andar.

—Bom dia Ben, isso chegou para você. - Cíntia disse me entregando uma pequena caixa de papelão que possuía uma carta presa nela, sorri feliz assim que reconheci a caligrafia elegante da minha madrinha e senti seu cheiro de lavanda na caixa.

—Obrigado Cíntia, estou esperando o Theo na minha sala, assim que ele chegar mande-o entrar e não deixe ninguém interromper a nossa conversa, nem mesmo a Mel.- disse olhando em seus olhos e ela piscou surpresa, afinal minha namorada podia entrar a qualquer hora na minha sala sem precisar ser anunciada.

—Me diz que você vai bater naquele idiota? Porque ele merece apanhar depois de tudo que disse para a Mel. - ela disse sincera e gemi a contra gosto. - Não acredito que você não vai bater nele? De que adianta ser faixa preta em jiu jitsu, se você não pode nem bater no idiota do seu cunhado?

—Acredite em mim, adoraria quebrar a cara do Theo, mas isso faria a Mel e os meus sogros ficarem com raiva de mim e não uso o que aprendi para violência, o jiu jitsu é um esporte para a minha família. Não o usamos para bater em ninguém, apesar de estar querendo muito quebrar a cara do meu cunhado. - disse e respirei fundo tentando controlar a minha raiva enquanto minha secretária me olhava chocada.

—Espera, como assim seus sogros? Você conheceu os pais da Melissa, ou melhor o pai ciumento dela? Como é que isso aconteceu? E porque ela não me contou?

—Ela nem sabe que isso aconteceu Cíntia, depois com calma conto tudo as duas. - disse e vimos o elevador abrir antes de Theo sair dele.

Vê-lo caminhando em minha direção, como se nada tivesse acontecido só me deu mais raiva, mas tive que respirar fundo e pensar que não poderia perder a paciência. Afinal, havia prometido a minha fêmea e aos seus pais que não faria nada contra o seu irmão, e jamais quebraria uma promessa feita a Melissa.

— Bom dia Benjamin, aconteceu algo? Lourdes me disse que você queria falar comigo. - Theo questionou usando seu tom profissional e concordei antes de olhar para minha secretária.

—Cíntia. - disse lembrando-a do que havíamos conversado.

—Estou ciente. - ela disse e agradeci antes de indicar que Theo me seguisse até a minha sala.

Deixei a caixa que havia acabado de receber em cima da minha mesa, afinal seu conteúdo era muito frágil, mesmo estando curioso para saber se o que havia pedido a tia Rosalie havia ficado do jeito que imaginei, tive que me controlar pois tinha um assunto mais importante para resolver antes.

—Por favor, Theo sente-se. - disse sério apontando o sofá que ficava na minha sala.

Sem dizer uma palavra ele fez o que pedi, em seguida me sentei na poltrona que ficava em frente o sofá enquanto o olhava sério sem acreditar em como ele podia ter tido coragem, de fazer uma criatura tão doce e gentil com Melissa chorar.

—Não vou ficar enrolado sobre a razão de você estar aqui na minha sala Theo, porque não tenho paciência e vocação pra esse tipo de coisa. - disse severo enquanto olhava em seus olhos e vi a sua fachada profissional cair, dando lugar ao olhar de um homem furioso.

Ótimo, preferia que conversássemos as claras, mesmo que o ambiente não seja o mais apropriado para isso.

— Quero que me escute bem Theo para que não haja ruídos de comunicação, pois não voltaremos mais a ter essa conversa porquê da próxima vez, espero sinceramente que não haja uma próxima vez para o seu próprio bem, que fizer a garota que eu amo chorar ou dizer qualquer coisa que possa ofendê-la, não vou conversar ou ser cortês como agora, vou quebrar a sua cara sem nenhum remoço, Theo. Você me ouviu? - questionei frio olhando em seus olhos querendo saber se ele havia entendido o que havia acabado de lhe falar.

—Não acredito que a minha irmã foi se queixar para você.

—Ela não se queixou pra mim, Theo, conheço minha namorada o suficiente, para saber quando alguém a magoa. E foi o seu pai que me contou as coisas horríveis que disse para a Melissa. - disse sério e ele ficou sem palavras.

—Como é que você conheceu o meu pai? Até ontem ele nem sabia da sua existência, ou melhor, nenhum de nós.

—É uma longa história, que tenho certeza que ele contará depois. - disse e ele me olhou furioso.

—Não acredito que teve coragem de aparecer na minha casa e falar com meus pais, tentando minimizar o fato da minha irmã estar dormindo com você para alavancar a carreira dela. - ele disse com nojo e me levantei da cadeira com raiva, antes de parti para cima dele segurando-o pelo paletó.

Quem ele pensava que era para ofender a minha fêmea novamente ainda mais na minha presença?

—O que foi que você disse? Repeti na minha cara se for homem. - disse furioso enquanto olhava nos seus olhos, estava praticamente a um passo de quebrar a cara de Theo.

—Acho melhor me soltar, porque não vou ficar com medo de processá-lo por agressão, só porque é o filho do meu chefe. - ele disse me olhando com raiva e o soltei antes de cometer uma loucura, que faria Mel me odiar.

O que não fazemos por amor?!

Deixamos até um idiota sair inteiro, depois de ter ofendido a garota que amava na minha cara. Podia até não bater no Theo, por mais que ele estivesse pedindo por isso, mas iria mostrar que a irmã dele não precisava dormir com ninguém, para ser reconhecida e bem-sucedida profissionalmente. Muito mais até do que ele provavelmente possa saber.

—Essa é a típica atitude de um covarde, tem palavras para atacar alguém mais fraco mais não tem coragem de enfrentar um igual. Você acha que vou recorrer aos privilégios de ser filho do dono do conglomerado Thompson, para intimidá-lo? Olha pra mim, Theo Hastings...Sou um homem e não um moleque como você, que prefere magoar a própria irmã insinuando coisas absurdas, só porque está com ciúme de perder um lugar no coração da Melissa.

—Não estou com ciúmes da minha irmã e muito menos sou um covarde. - ele tentou argumentar furioso me interrompendo.

—Cala essa boca que eu ainda não terminei de falar. - disse furioso me aproximando dele para olhar bem nos seus olhos. -Se quisesse usar o privilégio de ser filho do doutor Elliot Thompson, dono de todo esse império, não estaríamos tendo essa conversa seu imbecil, porque você estaria recebendo as suas coisas em uma caixa de papelão minúscula das mãos do seguranças, que nem te deixariam entrar para busca-las e ainda faria questão de acabar com a sua carreira em um piscar de olhos. Você não arrumaria emprego de advogado nem na porta da pior cadeia do mundo.

—Isso é uma ameaça Benjamin? - Theo questionou com raiva e sorri furioso.

—Não sou do tipo que ameaça cunhadinho...Eu aviso e depois cumpro. Se voltar a fazer a Melissa chorar ou dizer qualquer coisa que a faça se sentir a pior pessoa do mundo, não vai adiantar se esconder de mim porque vou até no inferno atrás de você.- disse com a voz ameaçadora e automaticamente Theo se afastou de mim receoso.

Ótimo, era bom mesmo ele ter medo de mim.

—A minha intenção nunca foi ofender a minha irmã, só estava tentando fazê-la abrir os olhos, afinal, você se aproveitou do fato da Melissa nunca ter se envolvido com ninguém, para convencê-la a terem um caso. -Theo tentou justificar seus atos e respirei fundo, tentando controlar a vontade que estava sentido de quebrar o seu nariz.

— Nunca me aproveitei da posição que exerço para convencê-la a nada. Melissa não é a minha amante é a minha namorada, minha família inteira a conhece e todos a amam.  Você acha que se a sua irmã fosse a minha amante, me daria o trabalho de apresentá-la a minha família? Claro que não. A Melissa não é uma qualquer pra mim, ela é a garota que amo e sou capaz de tudo por ela. -disse sério enquanto sustentava o seu olhar, para que ele tivesse a certeza de que não estava brincando.

—Se a Mel conhece a sua família, porque ela nunca nos disse que estava namorando com você?

—Quer mesmo que eu te responda essa pergunta? Porque pra mim, diante da sua atitude, está bem claro o porquê. - disse de braços cruzados enquanto olhava para ele.

—Não me trate como um idiota, Benjamin. - Theo disse furioso e sorri sem humor.

—Então pare de agir feito um Theo. Você conviveu durante vinte e um anos com a sua irmã caçula, mas não a conhece. Você nem acredita que a Melissa, possa ocupar um cargo de chefia sem precisar frequentar a cama do chefe para isso, vou ser bem claro para que isso possa entrar na sua mente atrasada, preconceituosa e machista...A Melissa nunca transou comigo. - disse olhando em seus olhos e percebi o choque passar por eles.- E mesmo que tivemos transado, não seria da sua conta ou do Daniel, isso só seria da nossa conta e de mais ninguém.

—Deus, você tem razão. - Theo sussurrou envergonhado sentando novamente no sofá em que estava minutos atrás, e percebi que a razão estava começando a voltar em seus olhos.

— A sua irmã não precisa recorrer a nenhum artifício desonroso para se destacar no ramo da farmácia, Melissa é a segunda farmacêutica mais respeitada e requisitada do ramo, ela só fica atrás de mim, porque tenho uma especialização a mais. Você por acaso já leu alguns dos artigos ou teses que ela já escreveu? A sua irmã é brilhante Theo, é uma pena que seja tão idiota ao ponto de não valorizar e reconhecer as suas conquistas. Como seu namorado e chefe, me sinto o homem mais sortudo do mundo, por poder conviver e ser amado por uma garota tão incrível quanto ela. - disse sério e fui até a minha mesa pegando a revista que havia chegado ontem à tarde da gráfica, a qual não tive a chance de ler ainda. Sem dizer uma palavra, voltei para perto dele e joguei a revista em sua direção, que a pegou confuso.

—O que é isso? - Theo questionou abrindo a revista e olhando sua irmã na capa.

—Isso é a Pharmacy periodic, o periódico mais conceituado na área de farmácia. Melissa foi escolhida para ser a capa da revista desse mês, por causa do grande destaque que está tendo na administração das filias dos laboratórios Thompson da Oceania, que entreguei ao seu comando no mês passado. Você deveria ler a matéria e ver com seus próprios olhos, que a sua irmã não precisa de ninguém para alavancar a carreira dela. - disse sério enquanto Theo ainda olhava para a revista que tinha em mãos.

—E Theo, não precisa ficar com receio de perder a sua irmã. Você sempre será o irmão dela e respeito esse laço, nada irá mudar isso ou fazer com que ela deixe de te amar, mas se continuar agindo feito um idiota você mesmo irá afastá-la.- disse sério e ele desviou os olhos da revista para me ver.

—Porque ela nunca me contou nada disso? - ele questionou ainda sem acreditar no quanto sua irmã era respeitada profissionalmente.

—Alguma vez você já perguntou a ela sobre o seu trabalho? Qual é a sua especialização, ou melhor especializações? - questionei e ele balançou a cabeça negando.

—Não tenho nem ideia do que a minha irmã realmente faz aqui. - ele disse sincero e envergonhado por admitir que não sabia nada da vida profissional da irmã.

—Sugiro que jogue o nome da sua irmã na internet ou pegue o catálogo interno do conglomerado, especificamente na seção do laboratório, item responsáveis técnicos, lá contém um resumo de toda a vida profissional de todos que trabalham no meu setor. -expliquei e ele concordou ainda em choque com tudo que havia lhe dito.

—Benjamin...Obrigado por ter aberto meus olhos para o que realmente importava...E me desculpe por tudo que disse. - Theo disse envergonhado e percebi em seus olhos que ele estava falando a verdade.

—Não precisa me agradecer Theo, só achei que já passou da hora de você saber o quanto a sua irmã é maravilhosa, não só como pessoa mas como profissional também, e não é a mim que você deve desculpas  e sim a Melissa.- disse sério e ele concordou antes de se encaminhar em direção a porta da minha sala, mas parou em sua frente virando para me ver.

—Posso por favor, ficar com a revista? - ele pediu me encarando antes de desviar os olhos para a revista que estava em suas mãos.

—Claro ela é sua, posso ligar para a gráfica e pedir outra. - disse e ele agradeceu novamente antes de deixar a minha sala e respirei exausto antes de me sentar novamente na poltrona, pensando que já havia falando com um irmão, agora só faltava o outro.

Só esperava que a minha paciência continuasse até o final da minha conversa com Daniel Hastings, que não passaria de hoje.

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Depois que resolvi todas as pendências urgentes da empresa, avisei Cíntia que iria sair para tratar de um assunto particular e que só voltaria depois do almoço, ela concordou antes de informar que transferiria todo o meu trabalho da manhã para o período da tarde e lhe agradeci.

—Senhor Clearwater? - a recepcionista da White arquitetura chamou e fechei a revista que estava lendo antes de ir até a sua mesa.

Usar o sobrenome de solteira da minha mãe, havia me passado pela cabeça quando pedi a recepcionista para falar com Daniel. Afinal, ele podia se recusar a me ver, já que sabia o meu nome e a minha aparência mesmo que tenhamos nos vistos apenas uma vez, quando nos encontramos naquela loja de arquitetura onde fui com Mel comprar o presente de aniversário para o meu afilhado.

—O senhor Hastings já chegou da vistoria da obra e está lhe aguardando no terceiro andar. - ela disse gentil enquanto sorria de forma exagerada, tentando flertar comigo.

Como se alguma das táticas de sedução dela ou de qualquer outra mulher, fossem funcionar comigo.

 Pra mim só existia uma garota que queria, e ela se chamava Melissa Hastings.

—Obrigada Leila. - agradeci lendo o nome que estava em seu crachá e ela sorriu como se tivesse ganhado o dia, me fazendo revirar os olhos antes de seguir para o elevador e apertar o andar em que Daniel estaria.

Assim que cheguei ao local, me identifiquei a secretária do setor que me levou até a sala de Daniel, que não pareceu nem um pouco surpreso em me ver.

—Esperava pela sua visita, por favor, sente-se. - Daniel pediu indicando o sofá que havia em sua sala. - Deseja algo para beber?

—Não, estou bem. Porque disse que esperava pela minha visita? - questionei sem entender e ele suspirou antes de nos sentarmos no sofá, após a secretária ter nos deixado a sós.

—Porque é o que faria, se alguém magoasse a mulher que amo. - ele disse sincero olhando em meus olhos. -Na realidade, acho que bateria primeiro antes de dizer “Oi”.

—Acredite em mim, tive que me controlar o bastante para não fazer isso com o Theo e agora com você. - disse olhando nos olhos de Daniel e ele concordou.

—E não tiraria o seu direito. Só agora de cabeça fria, consigo perceber o quanto fui controlador com a minha irmã, achei que estava protegendo-a de caras que poderiam se aproveitar dela e acabei impedindo-a de viver. - ele disse culpado enquanto me olhava sem realmente ver. -Foi preciso um estranho entrar na vida dela, para que percebesse o que estávamos fazendo.

—Fico feliz que tenha percebido, mesmo que tarde, que estava fazendo a sua irmã infeliz. Porque não gostei nenhum pouco, de ouvir a minha namorada chorando do outro lado do telefone, e não vou permitir que isso se repita novamente, Daniel. -disse sério e ele concordou enquanto me olhava.

—Isso jamais vai acontecer de novo. Passei a noite toda em claro pensando no que aconteceu ontem, nas coisas em que disse e em como pude ficar calado, enquanto meu irmão mais velho ofendia a minha irmãzinha caçula. - Daniel disse ainda perturbado pelo que havia acontecido ontem a noite e percebi por sua fisionomia cansada, que ele realmente não havia pregado o olho. -Só consegui ficar mais tranquilo depois que pedi desculpas para a Mel.

—Isso me deixa aliviado. Porque sei o quanto Melissa valoriza a família de vocês e o quanto ela tem medo de magoá-los, mas parece que vocês não têm a mesma consideração com ela. -disse e ele concordou enquanto escondia o rosto em suas mãos.

— Você tem razão, nem merecia ter uma irmã como ela.

—Não vim até aqui para fazê-lo se sentir culpado por seus erros, porque vejo nos seus olhos o quanto está arrependido e sofrendo por ter magoado a Melissa. Achei que tivesse que ter mais uma briga na conta hoje, para que percebesse que estava errado Daniel, mas não. Você mesmo percebeu isso e se desculpou com a sua irmã, o que já me deixa feliz. Mas quero que saiba duas coisas, a primeira é que a Melissa não é uma qualquer pra mim, ela é a garota que amo e sou capaz de tudo por ela.

—O que já me deixa mais tranquilo, saber que você será capaz de tudo pela minha irmã. - Daniel disse depois que tirou as mãos do rosto e virou para me ver.- Qual é a segunda coisa?

Sem dizer uma palavra me aproximei do meu cunhado, para que ele pudesse ver muito bem meus olhos e percebesse que não estava brincando.

—Da próxima vez que fizer a garota que eu amo chorar ou ser omisso enquanto alguém a ofendi, não vou conversar ou ser cortês como agora, vou quebrar a sua cara sem nenhum remoço Daniel. Você me ouviu? -questionei severo e ele concordou antes de rir, o que me deixou confuso.

—Eu gostei de você, Benjamin...Espero sinceramente que possamos nos dar bem e que não precise quebrar a minha cara, afinal amamos a mesma garota, não é verdade?

—Sim, amamos a mesma garota. - disse sincero e ele sorriu antes de me oferecer a sua mão e a apertei.

—É um prazer conhece-lo Benjamin, e muito obrigado por amar e cuidar da minha irmã. - Daniel disse sincero olhando em meus e naquele momento percebi, que talvez pudesse estar nascendo algum tipo de camaradagem entre nós.


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Notas finais do capítulo

Imagem do capitulo:
Capa da Pharmacy periodic:
https://www.facebook.com/photo?fbid=2427230140900492&set=gm.2141290756016378



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