O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 38
Melissa


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O legado, sei que todo mundo está doido para saber como foi o encontro do Ben com o pai da Mel, mas esse momento só vai acontecer na quarta.Se vocês prestarem bastante atenção, esse capitulo dá uma pista do que pode ter acontecido.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788068/chapter/38

Depois das palavras horríveis que Theo me disse, não tive condições de permanecer na sala e preferi me trancar no meu quarto, antes que pudesse dizer ou fazer algo que me arrependesse. Apesar do meu irmão ter me magoado, não podia fazer o mesmo com ele, pois não era assim, preferia sofrer em silêncio do que retribuir suas ofensas gratuitas, afinal não havia feito nada de errado para ouvir tudo o que Theo me disse minutos atrás.

Sem pensar muito no que estava fazendo, peguei meu celular pessoal e liguei para a única pessoa que poderia me acalmar naquele momento, mesmo tentando me controlar para não chorar enquanto falava com Benjamin, acabei fracassando em minha tentativa. Ele havia percebido que havia algo errado comigo e não tive como negar a verdade, mas decidi deixar de fora todas as insinuações maldosas e sem fundamentos que meu irmão mais velho havia levantado.

Fiquei preocupada quando ouvi meu namorado perder a paciência pelo telefone, mas implorei que ele se aclamasse, pois não suportaria ser o pivô de qualquer discussão entre os quatros homens que amava, e sorri surpresa pela felicidade que ouvi na voz do meu namorado por ouvir que ele fazia parte dos homens que amava, me fazendo questionar como ele sabia da importância dessa classificação para mim?

Mas todos os meus questionamentos foram esquecidos, enquanto estava de olhos fechados ouvindo a voz doce e sensual do meu namorado do outro lado da linha, descrevendo todos os carinhos que me proporcionaria se estivéssemos juntos naquele momento, me fazendo imaginar de forma vivida cada mínimo detalhe, desejando que Benjamin estive comigo ali.

E ouvi-lo dizer que ainda não tinha visto nada, depois que confessei que meu coração não resistiria a tanta paixão, me fez notar que meu quarto havia ficado quente rapidamente além de me fazer desejar levantar daquela cama e pegar o primeiro taxi que passasse, indo parar na porta da sua casa para que pudéssemos colocar em prática a sua promessa. Mas antes que pudesse realizar o meu desejo, ouvi meu pai batendo na porta do meu quarto me trazendo de volta a realidade.

Afinal não podia ir até a casa de Benjamin, pois segundo o que havia me contado certa vez, sua casa era cerca por inúmeros pés de amores perfeitos, cultivados a gerações por sua família, o que me impossibilitava conhecer o local onde meu namorado havia nascido e crescido, se me arriscasse poderia acabar parando no hospital por causa da minha alérgica a flores. Resignada, me despedi do meu namorado antes de ir abri a porta para o meu pai, que estava do outro lado da porta com o olhar doce e compreensivo.

—Desculpe demorar para abrir a porta pai, mas estava conversando por telefone com o Benjamin. - disse envergonhada por deixá-lo esperando no corredor e meu pai suspirou cansado.

—Tudo bem filha, eu entendo. Como ele reagiu ao saber o que seus irmãos disseram? - papai questionou entrando no meu quarto antes de se sentar na beirada da minha cama.

—Não tive coragem de contar a ele, mas meu choro denunciou que algo sério aconteceu. -disse fechando a porta antes de me sentar ao seu lado.

—Porque não contou a verdade a ele, Melissa?

—Porque não quero criar mais briga pai. Não quero que se odeiem para o resto da vida, porque fui impulsiva e joguei mais lenha na fogueira. Uma palavra dita no calor da raiva, dói mais do que um tapa na cara, pai...Agora sei disso. -sussurrei tentando segurar as lágrimas, mas foi em vão. -Me desculpe.

—Vem cá minha abelhinha. - meu pai disse amoroso e me abraçou com carinho enquanto chorava em seus braços, lhe pedindo desculpas por tudo que havia acontecido. -Não me peça desculpas, filha. Você não teve culpa de nada...Apenas se permita chorar um pouco, para aliviar o seu coração, querida.

E foi o que fiz naquele momento, chorei inconsolável nos braços do meu pai ainda sem

acreditar que Theo, meu irmão mais velho e que havia me visto nascer e crescer, pensava tudo aquilo sobre mim, mas o pior foi perceber que ele havia dito aquilo na frente dos nossos pais. Meu Deus, o que eles não estariam pensando de mim agora? Depois de tudo que Theo havia gritado a plenos pulmões, na sala de casa.

Me afastei do peito do meu pai apenas o suficiente para olhá-lo nos olhos, para que ele pudesse ver a verdade nos meus olhos enquanto falava.

—Pai, juro por Deus que nada do que o Theo me acusou é verdade, nunca me aproximei do Benjamin para obter qualquer tipo de benefício e nem ele... Nós nunca ficamos juntos da forma que meu irmão insinuou...Juro por Deus, pai, que ainda sou virgem...Por favor, acredite em mim.

—Filha, eu acredito em você. - meu pai disse segurando meu rosto em suas mãos e vi em seus olhos que não havia nenhuma sombra de dúvida neles, que pudesse desmentir suas palavras. -Você não precisa se justificar ou jurar pra ninguém, se ainda é virgem ou se o seu relacionamento é baseado em interesses, isso só diz respeito a você e ao seu namorado. Theo e Daniel, apesar de serem seus irmãos mais velhos, não tinham o direito de dizer aquilo para você. Melissa, você é adulta e sabe muito bem o que é o certo ou o errado.

—Tem certeza disso pai? - questionei ainda sem acreditar em suas palavras.

—Tenho minha abelhinha, se seus irmãos são tolos o suficiente para duvidarem da sua integridade física ou profissional, é porque eles não merecem a irmã incrível que têm. Porque eu tenho muito orgulho de você, Melissa. Tanto pela filha amorosa, doce e gentil que você é, quanto pela profissional brilhante e reconhecida que tem se tornado a cada dia. -papai disse sincero e foi impossível não chorar, enquanto agradecia ao meu pai por ser tão compreensivo e amoroso comigo.

Em seguida mamãe entrou no meu quarto com uma xícara de chá de camomila, que segundo ela me deixaria mais calma e agradeci antes de tomar um gole.

—Como ele é Mel? - meu pai questionou de repente e pisquei confusa, enquanto colocava a xicara de chá em cima do criado mudo, que havia ao lado da minha cama.

—Quem pai? - questionei sem entender de quem ele estava falando e mamãe sorriu da minha inocência.

—Seu namorado, filha. Sabia que havia algo diferente em você, mas não tinha certeza do que era. Eram mudanças sutis, que ficaram mais evidentes depois que fez aquela viagem a trabalho com seu chefe. E o fato da senhora Scott, me abordar na porta de casa outro dia, toda preocupada porque minha filha sempre chegava em casa no mesmo carro e que demorava horas dentro dele antes de descer, confirmou as minhas suspeitas. Você acredita que ela me deu o número da placa e do modelo carro, para que pudesse descobrir com quem você andava pegando carona. Por que segundo ela, a minha filha poderia estar correndo um sério risco de vida. - meu pai disse e fiquei chocada com o nível de desocupação da minha vizinha.

O que me fez perceber que podia achar que estava sendo discreta em esconder o meu relacionamento, mas no fundo não estava sendo nenhum pouco.

—O senhor não vai brigar comigo, também não é papai? Porque não tenho condições psicológicas de ser magoada novamente. - implorei quase chorando e meu pai sorriu surpreso para a minha mãe.

—Nunca achei que a nossa caçulinha, Sophia, achasse que seu pai fosse tão cruel. -meu pai segredou a minha mãe que sorriu como se duvidasse do que meu pai havia falado.

—Seu pai pode parecer todo sério e assustador querida, mas na verdade ele é o homem mais doce e gentil que já conheci na vida, e você puxou isso dele, filha. -mamãe segredou e beijou a minha testa com carinho, em seguida se levou da cama e pegou a minha xícara, em cima do criado mudo, antes de nos deixar a sós.

—O senhor não ficou furioso por saber que estou namorando? - questionei com medo da sua reação e ele sorriu negando, o que me deixou confusa.

— Claro que não filha. Mas fiquei triste em saber que você está namorando a cinco semanas e nem trouxe o seu namorado aqui, para que pudéssemos conhecê-lo. Porque não nos falou dele ou o trouxe para jantar aqui em casa, para que pudéssemos nos conhecer? - papai questionou e pisquei confusa com a sua atitude.

—Pai, você está mesmo bem? Tem certeza que entendeu o que lhe contei?

—Eu entendi Melissa. Porque acha que não entendi que você está namorando? -papai questionou confuso enquanto me olhava sem entender o meu receio.

—Porque essa não é a reação que estava esperando. Pai, o senhor colocou pra correr da nossa porta um garoto da minha sala de álgebra quando tinha catorze anos, só porque ele me chamou para tomar sorvete, lembra? Depois disso, o que queria que eu pensasse? - questionei me defendendo e ele suspirou triste, como se não quisesse me contar a verdade.

—O Tyler era um idiota. - meu pai disse convicto e o olhei sem entender do que ele estava falando, afinal ele nem teve tempo de conhecê-lo direito na época. - Na época, fui até o supermercado comprar algumas coisas para o jantar e vi vários garotos da mesma idade de vocês, na porta do supermercado ouvindo ele se gabar de que conquistaria a garota mais nerd da sua sala de álgebra para que ela fizesse suas atividades, já que ele estava praticamente reprovado. Naquele momento pensei o quanto aquele moleque era idiota e cruel, por querer usar alguém para obter benefícios próprios, mas quando abri a porta da minha casa horas depois,  e vi aquele mesmo  moleque cruel e egoísta, fingindo que gostava de você perdi a cabeça, porque sabia quais eram as intenções dele...Você sempre foi tão doce, gentil e inocente...E estava tão feliz por alguém tê-la convidado para sair, mas sabia que não podia deixar que ele lhe usasse ou que a magoasse, por mais que você me odiasse depois, eu simplesmente não podia permitir que ninguém destruísse, toda a magia e beleza do primeiro amor, para a minha filhinha.

—Pai, porque não me contou tudo isso na época? - questionei chocada com a revelação do meu pai.

—Porque você ficou com raiva de mim e quando me perdoou, uma hora depois, não quis arriscar perder o seu amor. Depois você não quis mais saber de garotos, começando a se dedicar de corpo e alma aos estudos, que julgue que o assunto não havia mais importância. Só queria te proteger na época filha, mas tudo que fiz foi criar uma imagem na sua cabeça de pai ciumento e super protetor, que acabou fazendo-a ficar com medo de se relacionar com alguém ou de me contar, o que se passava em seu coração. Você me perdoa por tentar te proteger da maneira errada, filha? - meu pai implorou entre lágrimas e sorri emocionada antes de abraça-lo com carinho.

—Sim pai, e eu te amo muito. Obrigada por ter me protegido, mesmo que dá maneira errada. - disse abraçada a ele que beijou minha testa com carinho.

—Eu também te amo minha abelhinha. - meu pai sussurrou amoroso o que me fez sorrir, afinal abelha era um dos significados do meu nome.

Depois que nos separamos, meu pai fez questão de saber tudo sobre o meu namoro, desde o momento em que nos conhecemos até quando decidimos ficar juntos, até como estava sendo o nosso relacionamento na empresa, afinal Benjamin ainda era o meu chefe. Claro que não contei sobre as sensações que meu namorado despertava em mim, toda vez que me tocava ou me beijava, fora isso fui o mais verdadeira possível e perceber o sorriso de felicidade do meu pai, por saber que estava feliz e sendo amada me deixou emocionada.

O que me fez entender que uma história sempre teria dois lados, e que nunca deveríamos julgar as pessoas apenas por uma versão, afinal fiz isso com meu pai e acabei criando uma imagem dele totalmente diferente, no final nem eu mesma conhecia o meu pai de verdade.

—Estou feliz que tenha encontrado alguém que te ame pelo que você é, que não esteja atrás do que o seu esforço e dedicação aos estudos lhe deu. Gostaria muito de conhecer o Benjamin, filha, será que poderia trazê-lo amanhã para jantar conosco? Isso se não tiver desistido disso, depois do comportamento vergonhoso dos seus irmãos, horas atrás.

—O senhor quer mesmo conhecê-lo? - questionei com o coração acelerado de emoção.

—Quero filha, afinal gostaria de agradecê-lo por fazê-la tão feliz, feliz como nunca a vi antes.

—O senhor não se importa dele ser mais velho do que eu? Ou dele ser o meu chefe? -questionei ainda preocupada e meu pai suspirou enquanto segurava minhas mãos.

—Não me preocupo com isso Melissa, minha mãe sempre diz que o amor não possui uma lógica ou razão, ele simplesmente acontece. Se você o escolheu é porque ele é o homem certo, além do mais, sou quatro anos mais velho que a sua mãe e essa diferença de idade nunca nos importou.

—Obrigada por tudo pai, por me entender e por sempre tentar me proteger. - disse emocionada por tudo que descobri sobre o meu pai naquela noite.

—Não precisa agradecer filha, é meu dever de pai fazer de tudo para que você seja feliz. - ele disse me abraçando com carinho, antes de beijar o topo da minha cabeça e sorri. - Deus, quando foi que você cresceu tão rápido, abelhinha?

—Não importa o que aconteça, sempre vou ser a sua abelhinha, papai. - disse e ele sorriu feliz antes de me abraçar mais forte e beijar a meus cabelos com carinho.

Acho que acabei pegando no sono enquanto estava abraçada ao meu pai, afinal havia tido muitas emoções para um só dia, que acabaram me deixando esgotada fisicamente e mentalmente, mas no meio do meu sono profundo tive a sensação de sentir o toque quente e carinhoso que pertencia a Benjamin no meu rosto, assim como o seu perfume e o seu calor perto de mim.

Não parei pra pensar na explicação do porquê Benjamin estaria ali no meu quarto, agi apenas por impulso e saudade, agarrando-o para mais perto de mim antes de me aconchegar em seu peito, como havia feito no dia em que dividimos o mesmo quarto no hotel.

Assim que senti seu cheiro de avelã e mel, que reconheceria em qualquer lugar, e seu calor, gemi satisfeita enterrando ainda mais meu rosto em seu pescoço, desfrutando da companhia do Benjamin do meu sonho, que parecia tanto com o real, ao fundo escutei algumas risadas e não me importei.

 Só queria aproveitar o carinho que o Benjamin do meu sonho começou a fazer em meus cabelos, me fazendo gemer satisfeita enquanto caia novamente no sono profundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sobre o capitulo de hoje: A atitude do pai da Mel me surpreendeu.
Beijos e até quarta.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Legado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.