Resilience escrita por Aurora


Capítulo 3
Capítulo 3




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James havia mudado quase da noite pro dia.

Ele não falava mais com Lily, mal sorria em direção a garota. Antes, eles brincavam em uma borda perigosa entre serem colegas e algo a mais.

Nenhum deles havia falado sobre essa possibilidade, é claro, mas a ruiva percebia a forma como ele olhava para ela quando pensava que ninguém estava olhando. Ela sentia quando ele a encarava, e mesmo com o rosto sempre indiferente, Lily sabia o quanto mexia com ele quando a garota o provocava.

Lily também não era totalmente inocente. Ela também já havia sido pega admirando o maroto em seu uniforme de quadribol, e só Merlin sabe o tipo de sonhos que ela tinha com o moreno.

Nada disso teria problema, se tivesse começado antes dela ficar com Sirius.

— Você é perfeita – Sirius dizia para a garota, traçando uma linha de beijos por seu pescoço, o corpo atlético do maroto fazendo pressão contra o corpo de Lily na cama dele.

Como ele podia dizer que ela era perfeita, quando mal a conhecia? Ele não sabia de seus defeitos e não se importava com os sentimentos dela – se ele realmente se importasse, teria percebido a tristeza que a sondava, por mais que ela tentasse a dissipar.

O que era perfeito para ele era o corpo perfeitamente desenhado dela. Era a forma como os outros garotos o olhavam perfeitamente invejosos. Era como Lily o escutava e sabia perfeitamente o que falar para fazê-lo se sentir melhor.

— Nós deveríamos namorar, você não acha? – ele sussurrou em seu ouvido, e Lily decidiu que já havia ido longe demais.

— Não, eu não acho – ela disse suavemente, tentando não o magoar. Ainda assim, os olhos acinzentados que a encaravam eram pura decepção e Lily o beijou levemente nos lábios, como se isso fosse fazer a dor dele passar – Não parece certo.

Ela o empurrou gentilmente para conseguir sair debaixo de seu corpo largo, e Lily não se importou com os olhares malicioso que recebia conforme descia a escada dos dormitórios masculinos com seu uniforme amassado. Lily duvidava que houvesse uma alma em Hogwarts que acreditaria que ela era virgem – afinal, era algo difícil quando passava tanto tempo sozinha com Sirius Black.

Foi bom para Lily ter se afastado de Sirius, pois assim conseguiu se afastar ainda mais de James. Quanto menos ela o via, menos ele a perturbava. Ainda assim, uma chama continuava queimando dentro de Lily, querendo o irritar da forma como ele a irritava.

Então, quando Theodore McLaggen pediu para ir para o último passeio em Hogsmeade do ano com ela, Lily aceitou.

Ele era um rapaz muito bonito, com o cabelo castanho, os olhos azuis tão claros, e um corpo maravilho. Tinha um sorriso bonito e parecia ser bem divertido. O único motivo pelo qual Lily nunca havia se interessado pelo Corvino era James.

Assim que os garotos entraram no time de quadribol de sua respectiva casa – ambos como artilheiro – começou a rivalidade. Eles eram ótimos jogadores, sendo sempre comparados. E como o ego deles era enorme, não demorou para um querer se provar melhor, não só no quadribol, como nas aulas, e então com garotas. Quando um mostrava interesse em alguma, o outro aparecia para atrapalhar. Era exaustivo, na opinião de Lily, mas ela nunca se intrometeu na disputa, nem mesmo conversava com McLaggen, o que fez com que pensassem que ela estava do lado de James – o que só aumentou o interesse de Theodore por ela.

No mesmo dia, a escola inteira já sabia da notícia, e não demorou muito para James a confrontar.

— McLaggen, Evans? Sério? – o maroto perguntou, a voz baixa e cheia de raiva – O que aconteceu para precisar se rebaixar tanto?

Ela, assim como muitos alunos, estava indo para o Grande Salão para o jantar. Vários olhares curiosos passavam por eles, andando propositalmente mais devagar. Antes que Lily pudesse responder, sentiu um braço se apoiando em seu ombro.

— Boa noite, Potter – Theodore cumprimentou com um sorriso – Você sabia que tem uma veia pulsando na sua testa? O que aconteceu para te deixar tão bravo, cara?

Lily pensou que James iria explodir de raiva. A garota não se importava se era errado sentir tanta satisfação com a raiva do maroto, inclusive ela estava se sentindo tão bem que jantou na mesa da Corvinal naquela noite, e deixou que Theodore a acompanhasse para as aulas no dia seguinte.

Mesmo que o único motivo pelo qual a garota havia aceitado sair com McLaggen havia sido James, ela se encontrava gostando cada vez mais dele.

Ele era inteligente, não como James, que era naturalmente esperto e decorava tudo fácil. Theodore, assim como ela, precisava estudar e se esforçar, e ele gostava de estudar – eles passavam várias tardes na biblioteca, estudando de mãos dadas.

Theodore era divertido, e gostava de surpreender Lily todo dia – com uma pequena flor do jardim ou um chocolate. James não parecia ser o tipo romântico, Lily duvidava que ele faria esse pequeno esforço diário por alguma garota.

Enquanto James acordava tarde e mal humorado, Theodore levantava todos os dias de manhã para correr no campo de quadribol. Lily não costumava correr, mas acordava no mesmo horário que ele e gostava de sentar nos jardins para apreciar o início do dia. Quando perceberam o fato em comum, Theodore a chamou para correr com ele, achando que a garota não aguentaria – graças ao intenso treinamento que Lily cultivava desde oito anos no Acampamento, a ruiva conseguia não só correr por mais tempo que o colega, como mais rápido. A maioria dos garotos não gostava quando uma menina era melhor em algo, mas Theo não só gostou, como viu como algo incentivador para ele se esforçar mais.

E, o que ela mais gostava em Theodore, o rosto dele era sincero. Ele não tinha nenhuma máscara, não disfarçava o que sentia tão bem quanto James. Era bom olhar para o garoto e conseguir entender o que ele sentia, o que era impossível com Potter.

Logo havia chegado o último jogo de quadribol do ano, que determinaria quem ganharia a Taça de Quadribol. Seria Grifinória contra Corvinal, e ambas as casas tinham grandes chances de ganhar. Lily não entendia muito sobre o jogo, mas sabia que o que determinava quem venceria não era o último jogo, mas sim o total de pontos acumulados durante o ano, e as casas estavam com quase a mesma quantidade de pontos, a Corvinal com apenas dez a mais.

Lily era extremamente competitiva em tudo – admitia que não era seu traço de personalidade mais bonito, mas era parte de quem era. Não conseguia evitar, qualquer jogo que participava, qualquer competição, Lily fazia de tudo para ganhar.

Estava sentada na mesa de sua casa no Grande Salão, sentindo o olhar incrédulo de McLaggen – que agora era seu namorado.

Ele havia pensado que Lily torceria para ele, ou que se manteria neutra pelo menos. Estava completamente enganado, percebeu vendo Alice Prewett pintando o rosto da ruiva – uma linha vermelha e uma dourada nas bochechas de Lily. Como se achasse tudo aquilo um absurdo, Theo foi em direção a namorada.

— Preparado para perder, McLaggen? – Lily perguntou, sorrindo para o namorado. O time de quadribol da Grifinória estava sentado em frente a garota, e riram abertamente do rosto confuso do rival.

— Lily, você é minha namorada – Theodore disse, balançando a cabeça – Não pode torcer contra mim.

A ruiva levantou, aproximando-se do namorado com o olhar de quem iria aprontar.

— Não, querido, eu não sou sua namorada hoje. Hoje eu vou torcer pela minha casa e vou comemorar muito quando nós ganharmos, e amanhã eu volto a ser sua namorada e aí eu te consolo pela sua perda.

Lily levou as mãos até o rosto do namorado, que percebeu tarde demais que as pontas dos dedos da garota estavam coloridos – antes que pudesse reagir, Lily passou os dedos pelas bochechas do rapaz, deixando-as pintadas com as cores da Grifinória.

A mesa da Grifinória explodiu em risadas enquanto Lily voltava a se sentar e seu namorado voltava para a mesa da Corvinal, parecendo irritado, mas não o suficiente para preocupa-la.

Poucos minutos depois, Lily viu James levantando-se e foi atrás dele.

— Já vai para o campo? – a ruiva perguntou quando o alcançou, andando lado a lado.

Ele sorriu para ela, e Lily desejou que tivesse jogos de quadribol todos os dias. James sabia a paixão da garota pelo jogo e nesses dias eles sempre agiam como amigos – mesmo em momentos como esse, quando apenas um dia anterior eles mal se falavam. Lily sabia que no dia seguinte, voltaria a estar irritada com o moreno e ele voltaria a trata-la como desconhecida, e não pode evitar pensar em como era melhor quando se tratavam bem.

— Bom saber que suas lealdades não mudaram – ele disse – Eu realmente pensei que você fosse torcer pela Corvinal.

— Você sabe que eu não sou esse tipo de garota – Lily respondeu, revirando os olhos.

— E que tipo de garota você é? – ele havia parado de andar para observar melhor a garota. Lily gostava do jeito que ele a olhava, como se realmente a enxergasse.

— Eu sou o tipo de garota que tem informações – respondeu, imitando o sorriso pretencioso que James exibia – Eu sei, por exemplo, que a apanhadora da Corvinal machucou o braço direito durante os treinos ontem, mas preferiram não a substituir porque o reserva não é de longe tão bom quanto ela.

— Um balaço a tiraria do jogo?

— Com certeza. E eu também sei que o goleiro está em péssimo estado, já que a namorada terminou com ele anteontem.

Lily deu um passo para frente, ficando com o corpo mais próximo de James, e disse em um tom baixo, como se fosse um segredo:

— Eu talvez tenha dito para McLaggen que Marlene deslocou o braço semana passada e desde então não consegue lançar um balaço com a mesma força de antes.

James riu da estratégia da garota, entendo bem a consequência da pequena mentira.

— Então eles vão focar no Sirius, achando que Marlene não é uma ameaça – James disse – E Marlene odeia quando é ignorada no jogo, então vai transformar essa raiva em força, e eles vão estar perdidos. E Sirius ama a atenção de ser focado e joga excepcionalmente melhor, apenas para garantir que a atenção continuará nele. Evans, você é um gênio.

Eles estavam rindo juntos como duas crianças ao aprontar e Lily o acompanhou até o campo de quadribol, escolhendo o melhor lugar na arquibancada, onde gritou até ficar rouca ao assistir ao jogo. Corvinal não teve chance e em trinta minutos a Grifinória já havia ganhado. Lily seguiu a onda de alunos que corriam para o campo comemorar, e logo viu o olhar decepcionado do namorado ao perder, e ela sabia que uma boa namorada iria o consolar, mas quando viu o rosto feliz de James que gritava seu nome para ir comemorar a vitória com ele, Lily sabia que não tinha escolha a não ser ir com o maroto.

A festa durou a noite inteira no Salão Comunal da Grifinória, e os marotos haviam contrabandeado bebidas alcoólicas, e Lily dançou e bebeu com James como se o dia seguinte nunca fosse chegar.

Mas chegou, e ao acordar sentindo a cabeça doer com a ressaca, percebeu que, assim como muitos alunos, havia dormido no chão do Salão Comunal. A diferença é que Lily estava deitada em cima do peito musculoso de James Potter, e ao estudar o rosto adormecido do maroto, Lily sentiu uma chama se ascendendo dentro dela, uma chama que não aparecia quando estava com Sirius ou seu namorado, e no fundo Lily sabia que apenas James conseguia ascender essa chama nela.

Como se sentisse que alguém o encarava, James abriu os olhos, e só então Lily percebeu o quão próximo o seu rosto estava do dele. Por alguns segundos, eles apenas se encararam, como se decidissem o que deveria ser feito em seguida.

Lily queria beija-lo. Ele tinha lábios bonitos, e parecia um pecado estar tão próxima dele sem o tocar.

Mas Lilian tinha namorado.

Como se soubesse o que ela estava pensando, o rosto de James se endureceu, a mascara que ela tanto odiava voltando para o seu rosto.

— Você está fedendo – ele disse, e Lily não conseguiu segurar o gemido irritado que escapou por sua garganta.

O dia seguinte havia chegado, e James havia voltado a ser o Insuportável Potter – ainda assim, a chama continuava queimando dentro de Lily.


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Notas finais do capítulo

No próximo cap já vamos para o quinto ano e ai a historia vai começar a se desenvolver de vdd. Obrigada a todos que estão acompanhando sz



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