Resilience escrita por Aurora


Capítulo 12
Capítulo 12




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Quando Lily voltou a frequentar as aulas, percebeu como tudo havia mudado em Hogwarts.

Depois do ataque de Voldemort, ela já havia percebido como todos os alunos ficaram terrorizados, ao ponto de não conseguirem pronunciar o nome dele, e Lily não os culpava. Um único homem havia balançado o castelo inteiro com seus feitiços, a mensagem clara: “Olha o quão perto eu estou. Se eu quiser, derrubo esse castelo bloco por bloco”.

Mas depois de verem a notícia no Profeta Diário sobre a família de Amy, os alunos haviam entrado em desespero. Os Bonavich eram o sangue mais puro que existia no mundo bruxo, sem nunca terem se relacionado com nascidos-trouxas ou mestiços. Lily constantemente escutava os cochichos sobre o quão rico eles eram, sobre como eram considerados uma das primeiras famílias bruxas, e se eles haviam sido assassinados de forma tão brutal, o que seria das outras famílias?

Um bom número de alunos saiu de Hogwarts. Não tinha mais nenhum nascido-trouxa na Sonserina e uma parte considerável dos mestiços haviam saído também. As casas com menos perdas eram a Grifinória e Corvinal, mas todos andavam com medo.

Marlene havia perguntado para Lily se estava tudo bem, mas de resto, ninguém falava sobre seu sumiço na primeira semana de aula ou porque ela não participava de nenhuma refeição no Grande Salão. Para eles, ela estava apenas com medo por ser nascida-trouxa.

O que a preocupava era a forma como os sonserinos olhavam para ela, e Lilian se lembrou de como muitos deles eram filhos de Comensais e estavam seguindo os passos da família. Ela sabia que era questão de tempo até tentarem a encurralar, mas não sabia qual ordem teriam. Duvidava que tentariam a matar, pois tinha certeza que Voldemort iria querer respostas sobre suas horcruxes, e ele não falaria seu segredo para estudantes, que nem tinham a marca ainda. Poderiam tortura-la, o que era algo natural para Comensais e aspirantes, poderiam tentar assusta-la a sair de Hogwarts, mas o mais provável é que tentariam apaga-la e leva-la para fora do castelo. Os Comensais não conseguiriam entrar lá, e Lily tinha certeza que seria Voldemort que iria conversar com ela, então o que quer que os alunos fossem fazer, Lily tinha a impressão que seria em algum fim de semana de Hogsmeade, onde seria mais fácil para leva-la até ele.

Não estava preocupada. A única forma de conseguirem a sequestrar seria usando a força física e até perceberem isso, Lily já teria conseguido estupora-los e se afastar.

Quando saiu da última aula do dia, Lily sentiu que alguém a seguia. Olhando para trás, encontrou um certo garoto caminhando devagar em sua direção e parou de andar, o esperando com os braços cruzados. Ele claramente estava constrangido por ter sido pego a seguindo, mas apressou o passo e logo estava ao lado de Lily.

— Nós precisamos conversar – ele disse, sua voz mostrando o quão nervoso ele estava.

Severo Snape não havia tentado falar com ela desde o quinto ano. Foi um ano horrível depois que ele a chamou de sangue-ruim, e várias vezes tentou se aproximar, tentou pedir desculpas, e Lily nunca parou para conversar por mais de cinco minutos. No sexto ano, Severo a encarava frequentemente, mas não se aproximou mais. Lilian sentia tanta falta dele que diversas vezes pensou em o perdoar apenas para ter seu amigo de novo.

Quando a garota não respondeu, Severo pareceu ainda mais desconfortável.

— O que você estava fazendo na casa dos Malfoy? – ele perguntou, sua voz baixa e apressada, mesmo que estivessem em um corredor vazio.

— Como você sabe que eu estava lá? – Lily perguntou de volta – Seus amigos Comensais te contaram?

Os olhos escuros de Snape vacilaram sobre o olhar firme de Lily. Ele não conseguia admitir que fazia parte do grupo, não para ela. Lily sabia que ele se envergonhava, que sabia como era errado o que faziam, mas a necessidade do sonserino de se sentir superior era mais forte. A necessidade de mostrar que mesmo sendo mestiço era poderoso. O orgulho dele sempre foi grande demais.

— Isso não importa – Severo respondeu – Ele está furioso, Lily, e ele vai vim atrás de você. Eu não sei o que você fez, mas a ordem é de te levar para ele sem se preocupar com consequências, e ele é sempre cauteloso, sempre fala para pensarmos primeiro nas consequências antes de fazer algo.

Lily deu um passo à frente e viu bem o olhar do antigo amigo para seu corpo. Não importava quanto tempo passasse, ele não conseguia evitar.

— E por que está me avisando?

Os dois se encararam, Snape não se importando em responder. Ele sabia que ela sabia. Lily não era inocente, não tinha como não saber. Ela balançou a cabeça, decepção transbordando em seu olhar.

— Se você não tivesse se juntado a eles, talvez nós tivéssemos alguma chance – ela disse, sabendo que era verdade – Mas o caminho que você escolheu, Sev... Você sabe o que fizeram com Amélia Bonavich, não sabe? Como pode apoiar isso?

— Você não entende...

— Não, você não entende – ela interrompeu, sua paciência dando lugar para raiva – Você pode falar para o seu chefe que eu sei o segredo dele e que ele não precisa se preocupar em mandar ninguém atrás de mim, eu mesma vou até ele, só precisa me falar o local e eu vou estar lá.

Severo a encarava de boca aberta, como se ela tivesse perdido seu juízo, e Lily se afastou, andando rapidamente para seu quarto.

Estava enfurecida com Snape, com os Comensais, com Voldemort, com toda a situação, mas assim que entrou em seu quarto e viu James ensinando Amy a conjurar o Lumus em sua varinha, toda sua raiva foi embora e ela se aproximou com um sorriso no rosto.

— Eu estou quase conseguindo – a menina disse, um pequeno sorriso em seu rosto.

— Ela é bem melhor do que eu era nessa idade – James disse – Eu ficava tão animado que nem conseguia conjurar feitiço nenhum, só quebrava as coisas.

— Uma porta é melhor que ele – Lily sussurrou para Amy, brincando, e James a puxou pela cintura, enchendo-a de cocegas como retribuição.

Lily ria abertamente, mas quando olhou para Amy, ela apenas encarava a varinha e Lily afastou James para ir ajuda-la com os feitiços. Queria poder ver a garota rindo de verdade, mas estava muito cedo e tudo havia sido muito traumático.

Quando Amy resolveu dormir, ainda era cedo, e Lily sentou na poltrona próxima do sofá em que James estava fazendo seu dever de Feitiços.

— Eu estou preocupado com Amy – ele disse eventualmente – Eu não sei se ela está passando pelo luto normal ou se está entrando em depressão.

Lily não precisou pensar muito para responde-lo.

— Ontem de noite, estávamos conversando sobre o dia em que eu a tirei da mansão dos Malfoy – Lily disse, seu olhar fixado na lareira – Ela me disse que já estava lá a dias e que sua mãe havia morrido bem no começo, e que ela tinha medo de fazer barulho e alguém ir lá fazer algo com ela ou tirar sua mãe dali. Mas quando eu cheguei, ela estava gritando incansavelmente, então eu perguntei o que fez ela mudar de ideia.

Ela parou de falar por um momento, enquanto saia da poltrona e sentava ao lado de James no pequeno sofá, que prontamente puxou as pernas de Lily para o seu colo e começou a massagear seus pés.

— Ela disse que um rato apareceu nas masmorras e começou a comer o rosto da mãe dela – Lily continuou, sua voz baixa e distante – Ela disse que só ali percebeu que sua mãe realmente tinha morrido e entrou em desespero. Deuses, James, você tem ideia de como deve ter sido? Quando Silena morreu, eu passei meses sem conseguir sorrir direito, e até hoje eu sinto tanta falta quando penso nela, e era minha meia-irmã. Eu só a conheci com nove anos. Eu não consigo imaginar como deve estar sendo para Amy.

— Mas você perdeu seus pais – ele disse, a olhando como se quisesse saber cada parte de sua vida, cada pequeno detalhe. Lilian tinha certeza que, se oferecesse, James passaria semanas escutando tudo que Lily lembrava, desde seu nascimento até os dias atuais.

— Era diferente – Lily respondeu – Eles não eram tão presentes ou amorosos, sempre deixavam claro o quanto preferiam Petúnia e você não tem noção do quanto eu apanhava em casa. A casa já estava em chamas a horas, quando nosso pai apareceu – Lily nunca havia falado aquela parte para ninguém. O único que sabia era Severo, porque estava lá quando aconteceu – Ele veio até nós duas e perguntou da nossa mãe, e quando falamos que ela estava dentro da casa... Ele nem hesitou, só correu até a casa em chamas, tão rápido que ninguém conseguiu parar ele. Ele não se importava que sua mulher já estava morta e que suas filhas precisavam dele, ele só entrou lá, sabendo que morreria junto. Eles se amavam tanto que não sobrava nada para mim ou Petúnia, e a culpa que meu pai sentia por ter a traído... Talvez, se eu não fosse filha de Afrodite, eu teria crescido em um ambiente melhor, mas Susan abrir a porta de casa e encontrar um bebê recém-nascido em uma cesta, com uma notinha dizendo que era filha do marido dela com uma deusa. Ela ter me aceitado e não me mandado para um orfanato já muito nobre da parte dela. Bom, de qualquer forma, a morte deles não me afetou como deveria.

James não sabia o que dizer e Lily preferia o silencio de qualquer forma. Eventualmente ele foi dormir, e ela ficou sentada no sofá encarando a lareira e apreciando o silêncio, que não durou muito.

— Ah, adorável – ela ouviu a voz de Nico atrás de si – Eu esperando na Floresta e você aqui, sentada.

Lily sorriu quando Nico sentou ao seu lado e deitou, colocando a cabeça no colo dele, que a olhava irritado.

— Eu esqueci você – ela disse despreocupada e logo mudou de assunto – Eu achei que iria te ver no natal...

Simples assim, a irritação dele também passou, e passou os dedos gelados pelo cabelo de Lily.

— Eu estava na casa do Will – falou, um pequeno sorriso em seu rosto – Conheci a mãe dele e a irmãzinha mais nova.

— Hm, e aí?

Ele estava corado e Lilian estava sorrindo.

— A mãe dele é legal, gostou de mim – disse, e Lily soube que aquilo seria toda a informação que iria receber – E você deve estar muito bem, deixando seu melhor amigo te esperando em uma floresta no meio do inverno.

Ela revirou os olhos para o drama e seu sorriso vacilou um pouco.

— James e eu estamos em uma situação parecida com você e Will no começo. Gostamos um do outro, mas existem forças externas que nos forçam a manter segredo por enquanto... não que eu esteja me importando, honestamente – ela olhou para cima e mordeu o lábio inferior, um pouco nervosa – Eu meio que estou criando uma garota aqui em Hogwarts agora, e tem um monte de bruxos atrás dela e todos querem me matar. E meu gato é um tigre.

Diante do olhar cético e questionador, Lily explicou brevemente tudo que ele havia perdido.

— Bom, você está perdoada por me esquecer – ele disse quando ela terminou.

— Eu acho melhor a gente parar esse treinamento – Lily respondeu – Com Amy aqui, eu acho melhor ficar com ela.

— Eu estava cansado de te ver toda semana – ele concordou brincando.

James saiu de seu quarto, estava sem óculos, o cabelo ainda mais bagunçado que o normal, a carinha de sono e confusão e a varinha em mão.

— Eu ouvi vozes – ele murmurou, como se ainda estivesse dormindo.

Como ele iria lutar com alguém sem seus óculos e no estado sonolento em que estava, Lily não fazia ideia e isso a divertiu imensamente.

— Ele é fofo – Nico disse – Mas não é tudo isso que você diz.

— Você claramente está fora de si – Lily respondeu – Ele é muito lindo, principalmente sem a blusa.

Eles olharam para o garoto de forma avaliativa, e James parecia menos sonolento, mas muito mais confuso.

— Você consegue enxergar alguma coisa, James? – Lily perguntou.

James apertou os olhos, se esforçando para distinguir algo.

— Você está com o Sirius? – perguntou indignado, se aproximando.

Nico tinha cabelo preto e estava um pouco grande, mas as semelhanças com o maroto acabavam ali. James devia ser mais cego do que Lily pensava.

— Vou colocar ele na cama – ela disse, saindo do colo de Nico.

— E eu vou embora – respondeu, se levantando também e dando um breve abraço em Lily.

Ela foi até James e o empurrou de volta para o quarto.

— Você está com Sirius de novo? – ele perguntou com a voz triste.

Lily o colocou na cama e James a puxou para deitar um tanto brutamente, fazendo-a cair em cima dele, que a abraçou com força.

— Eu estou contigo – ela respondeu baixinho e deu um beijo breve nele, que mesmo quase dormindo, não hesitou em corresponder.

A resposta foi satisfatória e segundos depois já estava dormindo. Lily, porém, não conseguia sentir sono algum. Precisava fazer algo.

Com o boné de Annabeth bem colocado, fez o caminho que sua mãe havia explicado e foi até a Sala Precisa, mentalizando o esconderijo de Voldemort.

A sala era uma bagunça total, cheio de objetos que ninguém queria que fossem encontrados. Tinha pilhas e pilhas enormes e Lily duvidava que conseguiria encontrar.

Passou horas procurando, já havia se cortado escalando as montanhas de artefatos, tentando achar o diadema de Rowena. Foi só depois de quatro horas, quando estava quase desistindo, que encontrou o objeto largado pateticamente no chão. Era difícil não ficar irritada, depois de ter escalado tudo aquilo, mas tentou apenas se focar que havia conseguido. Quando estava saindo, invisível, dois rapazes estavam entrando. Eram dois sonserinos que dividiam dormitório com Régulo.

— Ele disse que é tipo uma tiara, com uma joia bem grande – o mais alto disse.

— Nós temos até quando para encontrar? – o outro perguntou.

— Dois dias, ou ele mata nós dois.

Lily poderia se sentir mal, mas não conseguia. Se haviam escolhido aquele caminho, se haviam escolhido seguir um homem tão cruel, eles mereciam o destino.

Mas, um pouco alarmada, Lily percebeu que Voldemort estava indo atrás de suas horcruxes e estava desesperado o suficiente para mandar estudantes atrás de uma delas. Então não foi para seu quarto, mas sim em direção ao Salão Comunal da Sonserina.

Nunca havia entrado nele antes, mas sabia que tinha senha, então ficou do lado de fora até algum sonserino aparecer, o que não demorou. Era um primeiranista, e Lily entrou rapidamente, indo direto para o dormitório masculino, sem parar para apreciar o quão sofisticado o Salão Comunal era. Logo encontrou o dormitório do sexto ano e encostou seu ouvido na porta para tentar escutar alguém conversando, algo que indicasse que tinha alguém dentro. Quando não escutou nada, abriu lentamente a porta, e viu que tinha um sonserino dentro, mas estava dormindo, então lançou um feitiço ao redor das cortinas de sua cama para que ele não escutasse nada e foi procurar pela última horcrux.

A arrogância dos sangue-puros era algo incrível. Assim como Lucio Malfoy, Régulo não pensou que alguém fosse o roubar – o medalhão estava dentro de sua segunda gaveta, totalmente desprotegido. Era patético.

Voltou para o quarto dos monitores, onde guardou os novos objetos. Tudo que precisava agora era descobrir como destruí-las.


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